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ESG: o papel das lideranças empresariais para integrar a agenda ESG aos negócios

A integração ESG deveria ocorrer a partir da conscientização de todas as áreas da empresa

DR

Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2022 às 00h05.

O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco

Como mencionei no meu último artigo [1], considerando a necessidade de exemplos concretos e discussão mais aprofundada sobre a agenda ESG [2], este texto tem por objetivo debater o papel do Conselho de Administração e das demais lideranças das empresas para integrar as práticas ESG à estratégia do dia a dia das empresas.

Conforme apresentado em minha dissertação, uma nota ESG alta (ou um “selo ESG”) não é garantia de que a empresa é aderente aos critérios ESG e possui boas práticas. Isso porque, como explorado anteriormente [3], mesmo as empresas que possuem notas ESG altas se envolvem em casos de escândalos corporativos. Uma das possíveis explicações para isso é que os indicadores ESG estão mal calibrados e as empresas não integraram de fato as questões ESG a sua estratégia.

Nesse sentido, a literatura é vasta em relação ao papel da liderança em determinar a sua visão e motivar todos os níveis da empresa para engajar nos temas considerados estratégicos [4]. Caso o tema ESG seja considerado estratégico, se faz necessário que a liderança demonstre isso aos demais tomadores de decisão, comunique de forma clara e transparente e estabeleça metas específicas para considerar os critérios ESG nas decisões mais relevantes da companhia.

A integração ESG deveria ocorrer a partir da conscientização de todas as áreas da empresa. No entanto, o que se observa é que o tema fica, por muitas vezes, concentrado em uma ou duas pessoas, ou, nos melhores casos, a uma área específica, geralmente a área de GRC (Governança, Riscos e Compliance). Dessa forma, inúmeras decisões relevantes para a continuidade dos negócios permanecem desconsiderando os aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa.

As evidências acerca de como a alta liderança vem se posicionando em relação ao tema ESG ainda são difusas. De acordo com dados divulgados no relatório intitulado “Sustainability in the Spotlight: Board ESG Oversight and Strategy” [5], divulgado pela Spencer Stuart e pelo Diligent Institute, enquanto 71% das empresas afirmam que as metas e objetivos ESG estão sendo incorporadas à estratégia da companhia como um todo, apenas 33% afirmam que o conselho está disposto a repensar sua estrutura e práticas ESG.

A boa notícia é que a mudança de mindset está começando. No final de 2020, o IBGC [6] formou a primeira turma de conselheiros capazes a responder pelos temas ESG. No curso, os conselheiros discutiram os principais temas estratégicos da agenda. Não à toa os profissionais vêm demonstrando crescente interesse pelo tema. ESG é um assunto recente e amplamente noticiado e, apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido dentro das empresas, sem dúvida, a agenda só é capaz de avançar com o respaldo e apoio da alta liderança.

*Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG. Atualmente, trabalha como economista-sênior na Tendências Consultoria Integrada.


[1] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/esg-desafios-para-integracao-a-estrategia-de-negocios/

[2] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/desmistificando-conceitos-diferencas-entre-investimentos-esg-e-de-impacto/

[3] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/indices-esg-bons-preditivos-de-desvios-morais-futuros-das-empresas/

[4] Link: https://www.mheducation.com/highered/product/managerial-economics-organizational-architecture-brickley-smith/M9781260004748.html

[5] Link: https://www.diligentinstitute.com/research/sustainability-in-the-spotlight-board-esg-oversight-and-strategy/

[6] Link: https://www.ibgc.org.br/blog/curso-ESG-conselhos

O conteúdo desse blog é gerenciado pelo Insper Metricis , o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco

Como mencionei no meu último artigo [1], considerando a necessidade de exemplos concretos e discussão mais aprofundada sobre a agenda ESG [2], este texto tem por objetivo debater o papel do Conselho de Administração e das demais lideranças das empresas para integrar as práticas ESG à estratégia do dia a dia das empresas.

Conforme apresentado em minha dissertação, uma nota ESG alta (ou um “selo ESG”) não é garantia de que a empresa é aderente aos critérios ESG e possui boas práticas. Isso porque, como explorado anteriormente [3], mesmo as empresas que possuem notas ESG altas se envolvem em casos de escândalos corporativos. Uma das possíveis explicações para isso é que os indicadores ESG estão mal calibrados e as empresas não integraram de fato as questões ESG a sua estratégia.

Nesse sentido, a literatura é vasta em relação ao papel da liderança em determinar a sua visão e motivar todos os níveis da empresa para engajar nos temas considerados estratégicos [4]. Caso o tema ESG seja considerado estratégico, se faz necessário que a liderança demonstre isso aos demais tomadores de decisão, comunique de forma clara e transparente e estabeleça metas específicas para considerar os critérios ESG nas decisões mais relevantes da companhia.

A integração ESG deveria ocorrer a partir da conscientização de todas as áreas da empresa. No entanto, o que se observa é que o tema fica, por muitas vezes, concentrado em uma ou duas pessoas, ou, nos melhores casos, a uma área específica, geralmente a área de GRC (Governança, Riscos e Compliance). Dessa forma, inúmeras decisões relevantes para a continuidade dos negócios permanecem desconsiderando os aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa.

As evidências acerca de como a alta liderança vem se posicionando em relação ao tema ESG ainda são difusas. De acordo com dados divulgados no relatório intitulado “Sustainability in the Spotlight: Board ESG Oversight and Strategy” [5], divulgado pela Spencer Stuart e pelo Diligent Institute, enquanto 71% das empresas afirmam que as metas e objetivos ESG estão sendo incorporadas à estratégia da companhia como um todo, apenas 33% afirmam que o conselho está disposto a repensar sua estrutura e práticas ESG.

A boa notícia é que a mudança de mindset está começando. No final de 2020, o IBGC [6] formou a primeira turma de conselheiros capazes a responder pelos temas ESG. No curso, os conselheiros discutiram os principais temas estratégicos da agenda. Não à toa os profissionais vêm demonstrando crescente interesse pelo tema. ESG é um assunto recente e amplamente noticiado e, apesar de ainda haver um longo caminho a ser percorrido dentro das empresas, sem dúvida, a agenda só é capaz de avançar com o respaldo e apoio da alta liderança.

*Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG. Atualmente, trabalha como economista-sênior na Tendências Consultoria Integrada.


[1] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/esg-desafios-para-integracao-a-estrategia-de-negocios/

[2] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/desmistificando-conceitos-diferencas-entre-investimentos-esg-e-de-impacto/

[3] Link: https://exame.com/colunistas/impacto-social/indices-esg-bons-preditivos-de-desvios-morais-futuros-das-empresas/

[4] Link: https://www.mheducation.com/highered/product/managerial-economics-organizational-architecture-brickley-smith/M9781260004748.html

[5] Link: https://www.diligentinstitute.com/research/sustainability-in-the-spotlight-board-esg-oversight-and-strategy/

[6] Link: https://www.ibgc.org.br/blog/curso-ESG-conselhos

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