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ESG: desafios para integração à estratégia de negócios

Apesar de o conceito de investimento socialmente responsável não ser novo, é notório o crescente interesse sobre assuntos relacionados aos critérios ESG

Créditos de carbono (Thithawat_s/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2022 às 09h00.

O conteúdo desse blog é gerenciado peloInsper Metricis, o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco*

Nos últimos dias, participei de um evento promovido por um grande escritório de advocacia com o tema “Encontro ESG: Mudanças Climáticas”. Essa iniciativa é um exemplo de como a temática ESG (sigla em inglês para Environmental, Social, and Governance) é ampla e envolve profissionais com diferentes interesses e especializações.

Isso não é surpresa. Apesar de o conceito de investimento socialmente responsável não ser novo, é notório o crescente interesse sobre assuntos relacionados aos critérios ESG. De acordo com o Google Trends, ferramenta do Google que mostra a frequência com a qual um termo particular é procurado, a busca pelo termo ESG, monitorada desde 2004, atingiu seu pico global em maio de 2022.

No entanto, há ainda vários passos para uma integração ESG concreta no modelo de negócios das empresas. Entre eles, destaca-se:

  1. Reconhecimento das empresas, do conselho de administração e demais lideranças de que ESG deve fazer parte da estratégia do dia a dia das companhias. Infelizmente, de forma equivocada, ainda é senso comum para grande parte do mercado que ESG é um “selo” ou uma “estampa”, que faz com que as empresas pareçam “bem na fita”, em vez de se tratar de ações efetivas, mensuráveis e passíveis de monitoramento;
  2. Falta uma taxonomia clara e comum em relação ao que se classifica como excelente no que diz respeito aos critérios ESG. Apesar de órgãos reguladores e agentes de mercado se movimentarem para criar regras para acompanhamento dos temas ESG, a realidade é que ainda estamos longe de uma referência comum, capaz de uniformizar o report de informações dessa natureza;
  3. Considerando que os recursos são escassos, há uma problemática de caráter ético e legal que pode implicar custos altos no futuro em relação à priorização de alguns temas críticos para as empresas em detrimento de outros. Nesse sentido, algumas ferramentas são propostas, como a elaboração da matriz de materialidade, que tem como finalidade apontar quais são os assuntos críticos de acordo com os stakeholders das companhias e que, portanto, deveriam ser priorizados. Ainda assim, mesmo com a hierarquização, aqueles temas controversos deixados em segundo plano hoje podem gerar processos complexos daqui 5 ou 10 anos. Daí a necessidade de ser estratégico na análise de riscos e oportunidades ESG;
  4. Relacionado aos itens anteriores, mas merecendo destaque à parte, é necessário que as empresas e seus auditores caminhem para integrar os critérios ESG à análise econômico-financeira do negócio. Enquanto os impactos positivos e negativos do ponto de vista socioambiental não forem precificados, não será possível realizar análises completas do custo-benefício de projetos e as decisões de alocação de capital terão um risco elevado e, pior, não mapeado.

Em suma, o que se observa é que, com o crescente interesse e procura pelo tema, há um novo paradigma para o modelo de negócios de todas as empresas. Os desafios são muitos. A sociedade civil e o mercado cobram cada vez mais atitudes efetivas dos gestores no que diz respeito a diminuir o impacto dos negócios no meio ambiente e na sociedade. Dada a extensão do assunto e a necessidade de apresentar exemplos concretos, retornarei ao tema em outras oportunidades. Não perca!

* Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG.

O conteúdo desse blog é gerenciado peloInsper Metricis, o núcleo do Insper especializado em realizar estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.

Por Mariana Palandi Medeiros Pacheco*

Nos últimos dias, participei de um evento promovido por um grande escritório de advocacia com o tema “Encontro ESG: Mudanças Climáticas”. Essa iniciativa é um exemplo de como a temática ESG (sigla em inglês para Environmental, Social, and Governance) é ampla e envolve profissionais com diferentes interesses e especializações.

Isso não é surpresa. Apesar de o conceito de investimento socialmente responsável não ser novo, é notório o crescente interesse sobre assuntos relacionados aos critérios ESG. De acordo com o Google Trends, ferramenta do Google que mostra a frequência com a qual um termo particular é procurado, a busca pelo termo ESG, monitorada desde 2004, atingiu seu pico global em maio de 2022.

No entanto, há ainda vários passos para uma integração ESG concreta no modelo de negócios das empresas. Entre eles, destaca-se:

  1. Reconhecimento das empresas, do conselho de administração e demais lideranças de que ESG deve fazer parte da estratégia do dia a dia das companhias. Infelizmente, de forma equivocada, ainda é senso comum para grande parte do mercado que ESG é um “selo” ou uma “estampa”, que faz com que as empresas pareçam “bem na fita”, em vez de se tratar de ações efetivas, mensuráveis e passíveis de monitoramento;
  2. Falta uma taxonomia clara e comum em relação ao que se classifica como excelente no que diz respeito aos critérios ESG. Apesar de órgãos reguladores e agentes de mercado se movimentarem para criar regras para acompanhamento dos temas ESG, a realidade é que ainda estamos longe de uma referência comum, capaz de uniformizar o report de informações dessa natureza;
  3. Considerando que os recursos são escassos, há uma problemática de caráter ético e legal que pode implicar custos altos no futuro em relação à priorização de alguns temas críticos para as empresas em detrimento de outros. Nesse sentido, algumas ferramentas são propostas, como a elaboração da matriz de materialidade, que tem como finalidade apontar quais são os assuntos críticos de acordo com os stakeholders das companhias e que, portanto, deveriam ser priorizados. Ainda assim, mesmo com a hierarquização, aqueles temas controversos deixados em segundo plano hoje podem gerar processos complexos daqui 5 ou 10 anos. Daí a necessidade de ser estratégico na análise de riscos e oportunidades ESG;
  4. Relacionado aos itens anteriores, mas merecendo destaque à parte, é necessário que as empresas e seus auditores caminhem para integrar os critérios ESG à análise econômico-financeira do negócio. Enquanto os impactos positivos e negativos do ponto de vista socioambiental não forem precificados, não será possível realizar análises completas do custo-benefício de projetos e as decisões de alocação de capital terão um risco elevado e, pior, não mapeado.

Em suma, o que se observa é que, com o crescente interesse e procura pelo tema, há um novo paradigma para o modelo de negócios de todas as empresas. Os desafios são muitos. A sociedade civil e o mercado cobram cada vez mais atitudes efetivas dos gestores no que diz respeito a diminuir o impacto dos negócios no meio ambiente e na sociedade. Dada a extensão do assunto e a necessidade de apresentar exemplos concretos, retornarei ao tema em outras oportunidades. Não perca!

* Mariana Palandi Medeiros Pacheco é mestre em Administração de Empresas pelo Insper e Bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Possui experiência em estratégia de negócios e finanças corporativas, além de estudar e pesquisar temas relacionados à agenda ESG.

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