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ESG da pecuária: cadeia da proteína animal sustentável é viável até 2030?

Uma cadeia de carne bovina sustentável requer os incentivos certos que virão dos consumidores, da sociedade, de tecnologias, e linhas de financiamentos

O desafio do agronegócio é que simplesmente mostrar a origem geográfica do produto não é o único ponto importante agora - ou não é mais suficiente (Kadijah Suleiman/Embrapa Gado do MS/Divulgação)
JR

Janaína Ribeiro

Publicado em 3 de setembro de 2020 às 15h25.

Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 19h03.

Se tivermos um entendimento de que a proteína animal sustentável ou a cadeia de valor sustentável da carne bovina envolve o abastecimento responsável de áreas com desmatamento zero, com pecuária neutra em carbono e metano, rastreabilidade ao longo de toda a cadeia e o bem-estar animal, então o prazo de dez anos provavelmente não será suficiente.

Uma cadeia de carne bovina sustentável requer os incentivos certos que virão dos consumidores, de uma sociedade consciente dos riscos das mudanças climáticas, novas tecnologias, linhas de financiamentos criativas e, principalmente, da educação em diversos níveis.

O papel dos mercados consumidores

No Brasil existem 14% dos consumidores que se declararam simpatizantes dos veganos . Em números absolutos, isso representa 30 milhões de pessoas. De uma perspectiva global, o mercado de proteínas vegetais se expandirá de US$ 4,6 bilhões em 2018 para US$ 85 bilhões em 2030.

Tanto as startups como as grandes empresas tradicionais do setor de alimentos estão percebendo a importância da natureza em seus negócios e adotando uma abordagem inovadora - como demonstra um relatório recente do Fórum Econômico Mundial. No entanto, uma pressão pelo lado da demanda por carne tradicional ainda está longe de ser vista. Em 2020, enquanto se esperava uma redução no consumo de carne bovina devido à Covid-19, uma diminuição no nível de produção de países concorrentes levou o Brasil a uma vantagem competitiva. Como consequência, no primeiro semestre de 2020, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram 9%[1].

O papel da tecnologia

O desafio do agronegócio é que simplesmente mostrar a origem geográfica do produto não é o único ponto importante agora - ou não é mais suficiente. O consumidor começa a querer saber como aquele alimento foi produzido e quais foram as práticas utilizadas. Para responder a essas questões, novas soluções tecnológicas estão sendo adotadas para transformar as cadeias de valor da proteína animal.

Em 2019, a EMBRAPA lançou as marcas conceito de Carne Carbono Neutro (CCN) e a Carne de Baixo Carbono (CBB), que envolvem um método de produção, certificam produtores e definem métricas para medir o carbono equivalente e outros indicadores ambientais.

As Natural Climate Solutions têm despertado a atenção de empresas e governos como forma de estabelecer um valor às boas práticas ambientais através do mercado de carbono à medida que inovações tecnológicas permitem mensurar estas variáveis.

Seguramente há soluções tecnológicas para um incremento real e relevante para uma cadeia de proteína animal sustentável. O desafio está em demonstrar os benefícios aos produtores, como ganhos financeiros via preço premium e compensação por redução de emissões ou sequestro de carbono. Outro ponto fundamental são as linhas de crédito criativas para uma agricultura inteligente para o clima.

 

Por Angelica Rotondaro (Alimi Impact Ventures e membro do conselho Insper Metricis), Leticia Kawanami (Forum Econômico Mundial) eMariana Vasconcelos (Agrosmart)

 

[1]Fonte: Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

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Se tivermos um entendimento de que a proteína animal sustentável ou a cadeia de valor sustentável da carne bovina envolve o abastecimento responsável de áreas com desmatamento zero, com pecuária neutra em carbono e metano, rastreabilidade ao longo de toda a cadeia e o bem-estar animal, então o prazo de dez anos provavelmente não será suficiente.

Uma cadeia de carne bovina sustentável requer os incentivos certos que virão dos consumidores, de uma sociedade consciente dos riscos das mudanças climáticas, novas tecnologias, linhas de financiamentos criativas e, principalmente, da educação em diversos níveis.

O papel dos mercados consumidores

No Brasil existem 14% dos consumidores que se declararam simpatizantes dos veganos . Em números absolutos, isso representa 30 milhões de pessoas. De uma perspectiva global, o mercado de proteínas vegetais se expandirá de US$ 4,6 bilhões em 2018 para US$ 85 bilhões em 2030.

Tanto as startups como as grandes empresas tradicionais do setor de alimentos estão percebendo a importância da natureza em seus negócios e adotando uma abordagem inovadora - como demonstra um relatório recente do Fórum Econômico Mundial. No entanto, uma pressão pelo lado da demanda por carne tradicional ainda está longe de ser vista. Em 2020, enquanto se esperava uma redução no consumo de carne bovina devido à Covid-19, uma diminuição no nível de produção de países concorrentes levou o Brasil a uma vantagem competitiva. Como consequência, no primeiro semestre de 2020, as exportações brasileiras de carne bovina cresceram 9%[1].

O papel da tecnologia

O desafio do agronegócio é que simplesmente mostrar a origem geográfica do produto não é o único ponto importante agora - ou não é mais suficiente. O consumidor começa a querer saber como aquele alimento foi produzido e quais foram as práticas utilizadas. Para responder a essas questões, novas soluções tecnológicas estão sendo adotadas para transformar as cadeias de valor da proteína animal.

Em 2019, a EMBRAPA lançou as marcas conceito de Carne Carbono Neutro (CCN) e a Carne de Baixo Carbono (CBB), que envolvem um método de produção, certificam produtores e definem métricas para medir o carbono equivalente e outros indicadores ambientais.

As Natural Climate Solutions têm despertado a atenção de empresas e governos como forma de estabelecer um valor às boas práticas ambientais através do mercado de carbono à medida que inovações tecnológicas permitem mensurar estas variáveis.

Seguramente há soluções tecnológicas para um incremento real e relevante para uma cadeia de proteína animal sustentável. O desafio está em demonstrar os benefícios aos produtores, como ganhos financeiros via preço premium e compensação por redução de emissões ou sequestro de carbono. Outro ponto fundamental são as linhas de crédito criativas para uma agricultura inteligente para o clima.

 

Por Angelica Rotondaro (Alimi Impact Ventures e membro do conselho Insper Metricis), Leticia Kawanami (Forum Econômico Mundial) eMariana Vasconcelos (Agrosmart)

 

[1]Fonte: Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).

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