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Educação em tempos de pandemia: o papel dos professores

Gestão das unidades escolares e engajamento dos professores tiveram papel fundamental em ações bem-sucedidas para retomada da educação

(Rovena Rosa/Agência Brasil)
VS

Victor Sena

Publicado em 13 de julho de 2021 às 20h55.

Última atualização em 16 de julho de 2021 às 11h56.

Em artigo recente, discutimos a importância da gestão escolar para o retorno das atividades educacionais. Neste texto, voltamos ao tema educação, com foco no papel dos professores. A qualidade do quadro docente, questão essencial no aprendizado dos alunos, tornou-se ainda mais crucial na pandemia, dada a transferência de espaços decisórios. O novo cenário exigiu, sobretudo daqueles que lecionam em escolas públicas periféricas, uma atuação mais ampla do que apenas a de ensinar, demandando também um papel de tradução das diretrizes aos contextos locais.

O processo de adaptação ao ensino remoto teve dois obstáculos principais: dificuldades de adesão às novas ferramentas e a adequação do conteúdo programático. Dada a condição de baixa coordenação e suporte, os educadores tiveram de lidar com as dificuldades de migração para o virtual quase que de forma isolada e individual. A ausência de protocolos, convenções e medidas de acompanhamento resultou em uma diversidade de práticas pedagógicas. As soluções foram construídas a partir de escolhas discricionárias dos professores. São exemplos de práticas adotadas: a utilização da plataforma oficial de forma exclusiva ou parcial, e ainda, o não uso dela; a realização de aulas ao vivo, com conteúdo gravado, usando a plataforma oficial ou outros meios; e a entrega das atividades de forma agendada na escola ou online, via plataforma formal ou rede social. A comunicação com os alunos também variou em dois formatos: unidirecional, isto é, quando apenas o professor informa o aluno, ou multidirecional, aberta para sanar dúvidas dos pais e alunos. Neste contexto, falas como a reportada abaixo demonstram alguns dos desafios adicionais: “A professora estava com dificuldade, esses dias, com internet, mas tudo o que as crianças perguntam, ela responde. Ela é bem receptiva com as crianças”.

Apesar dos esforços das escolas bem geridas e da adaptação dos professores, a participação dos alunos foi muito menor. Em salas que costumavam ter aproximadamente 35 alunos, somente em torno de 12 a 15 alunos acompanharam as atividades de forma sistemática. As aulas ao vivo eram seguidas por uma média de 2 a 3 alunos. Manter os filhos engajados exigiu mais dos pais e responsáveis. O cuidado com o aprendizado, que tradicionalmente já recaía sobre as mães, foi acentuado durante o ensino remoto. Houve um aumento da responsabilidade dos pais em motivar e monitorar a realização das atividades escolares e elucidar o conteúdo passado pela escola, que se somaram às demais atividades domésticas. Muitas mães encontraram dificuldades em apoiar os filhos de forma mais estruturada por terem uma agenda sobrecarregada, por serem mães solo e/ou trabalharem fora, ou por problemas de alfabetização.

Dado o aprendizado gerado a partir das políticas adotadas no período da pandemia, muitas delas implementadas de maneira descentralizada e sem acompanhamento adequado, e a importância da retomada das aulas presenciais para o futuro do país, espera-se que as próximas soluções estabelecidas sejam muito mais conectadas com a realidade.

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Em artigo recente, discutimos a importância da gestão escolar para o retorno das atividades educacionais. Neste texto, voltamos ao tema educação, com foco no papel dos professores. A qualidade do quadro docente, questão essencial no aprendizado dos alunos, tornou-se ainda mais crucial na pandemia, dada a transferência de espaços decisórios. O novo cenário exigiu, sobretudo daqueles que lecionam em escolas públicas periféricas, uma atuação mais ampla do que apenas a de ensinar, demandando também um papel de tradução das diretrizes aos contextos locais.

O processo de adaptação ao ensino remoto teve dois obstáculos principais: dificuldades de adesão às novas ferramentas e a adequação do conteúdo programático. Dada a condição de baixa coordenação e suporte, os educadores tiveram de lidar com as dificuldades de migração para o virtual quase que de forma isolada e individual. A ausência de protocolos, convenções e medidas de acompanhamento resultou em uma diversidade de práticas pedagógicas. As soluções foram construídas a partir de escolhas discricionárias dos professores. São exemplos de práticas adotadas: a utilização da plataforma oficial de forma exclusiva ou parcial, e ainda, o não uso dela; a realização de aulas ao vivo, com conteúdo gravado, usando a plataforma oficial ou outros meios; e a entrega das atividades de forma agendada na escola ou online, via plataforma formal ou rede social. A comunicação com os alunos também variou em dois formatos: unidirecional, isto é, quando apenas o professor informa o aluno, ou multidirecional, aberta para sanar dúvidas dos pais e alunos. Neste contexto, falas como a reportada abaixo demonstram alguns dos desafios adicionais: “A professora estava com dificuldade, esses dias, com internet, mas tudo o que as crianças perguntam, ela responde. Ela é bem receptiva com as crianças”.

Apesar dos esforços das escolas bem geridas e da adaptação dos professores, a participação dos alunos foi muito menor. Em salas que costumavam ter aproximadamente 35 alunos, somente em torno de 12 a 15 alunos acompanharam as atividades de forma sistemática. As aulas ao vivo eram seguidas por uma média de 2 a 3 alunos. Manter os filhos engajados exigiu mais dos pais e responsáveis. O cuidado com o aprendizado, que tradicionalmente já recaía sobre as mães, foi acentuado durante o ensino remoto. Houve um aumento da responsabilidade dos pais em motivar e monitorar a realização das atividades escolares e elucidar o conteúdo passado pela escola, que se somaram às demais atividades domésticas. Muitas mães encontraram dificuldades em apoiar os filhos de forma mais estruturada por terem uma agenda sobrecarregada, por serem mães solo e/ou trabalharem fora, ou por problemas de alfabetização.

Dado o aprendizado gerado a partir das políticas adotadas no período da pandemia, muitas delas implementadas de maneira descentralizada e sem acompanhamento adequado, e a importância da retomada das aulas presenciais para o futuro do país, espera-se que as próximas soluções estabelecidas sejam muito mais conectadas com a realidade.

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