Desbravando os caminhos entre o campo e a favela
Nas grandes cidades brasileiras, o problema de acesso a uma alimentação segura e saudável é um enorme desafio a ser vencido
Janaína Ribeiro
Publicado em 1 de outubro de 2020 às 08h30.
Fome zero e agricultura sustentável é o segundo dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS ) definidos pela ONU (Organização das Nações Unidas. Até 2030, este objetivo visa a acabar com a fome, garantindo acesso a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para todos, em particular, às populações mais vulneráveis e aos mais pobres. Ao mesmo tempo, também faz parte do mesmo objetivo dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, em especial, os agricultores familiares.
Nas grandes cidades brasileiras, o problema de acesso a uma alimentação segura e saudável é um enorme desafio a ser vencido. Muitas das áreas mais vulneráveis, como as favelas, são consideradas desertos alimentares, onde o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou inexiste.
Pesquisa recente do UNICEF no Brasil revelou que, com a pandemia, as famílias de baixa renda com crianças e adolescentes foram as que mais sofreram com a queda na renda e com o aumento da insegurança alimentar e do consumo de alimentos não saudáveis.
Na outra ponta da cadeia de alimentos frescos, as dores também foram enormes. O fechamento de bares e restaurantes fez com que boa parte dos pequenos produtores de hortifrútis não tivessem como comercializar e escoar sua produção. Alguns produtores preferiram destruir suas plantações ao invés de colhê-las. Os custos altos de colheita sem uma perspectiva de venda foram as explicações para a destruição dos alimentos frescos.
Desbravar os caminhos entre o Campo e a Favela é um dos objetivos do projeto de pesquisa que estamos desenvolvendo no Insper em parceria com a LSE (London School of Economics). O projeto (Engineering food: infrastructure exclusion and 'last mile' delivery in Brazilian favelas, além de entender hábitos de compra e consumo de alimentos saudáveis dos moradores de favelas, busca entender as dores e as dificuldades dos pequenos agricultores familiares e, com isto, propor alternativas e soluções para aproximar estes dois elos tão carentes.
O projeto de pesquisa também foi o gatilho para uma iniciativa de grande impacto social no momento da pandemia. Vários professores e alunos do Insper se uniram para criar o Projeto Campo-Favela . Esta iniciativa conseguiu até este momento mais de R$ 2 milhões em doações, que foram usadas para comprar aproximadamente 600 toneladas de alimentos frescos ajudando, direta ou indiretamente, cerca de 1.300 famílias de pequenos produtores agrícolas. Estes produtos foram distribuídos em 50 comunidades vulneráveis de São Paulo e do Rio de Janeiro, beneficiando outras 63.000 famílias de baixa renda.
Mais do que uma iniciativa temporária, estamos buscando soluções de longo prazo, duradouras, que proporcionem uma relação ganha-ganha para moradores de comunidades vulneráveis e para os pequenos produtores familiares do campo, impactando assim toda a sociedade com mais segurança alimentar e menos desigualdade.
Fome zero e agricultura sustentável é o segundo dos 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS ) definidos pela ONU (Organização das Nações Unidas. Até 2030, este objetivo visa a acabar com a fome, garantindo acesso a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para todos, em particular, às populações mais vulneráveis e aos mais pobres. Ao mesmo tempo, também faz parte do mesmo objetivo dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, em especial, os agricultores familiares.
Nas grandes cidades brasileiras, o problema de acesso a uma alimentação segura e saudável é um enorme desafio a ser vencido. Muitas das áreas mais vulneráveis, como as favelas, são consideradas desertos alimentares, onde o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou inexiste.
Pesquisa recente do UNICEF no Brasil revelou que, com a pandemia, as famílias de baixa renda com crianças e adolescentes foram as que mais sofreram com a queda na renda e com o aumento da insegurança alimentar e do consumo de alimentos não saudáveis.
Na outra ponta da cadeia de alimentos frescos, as dores também foram enormes. O fechamento de bares e restaurantes fez com que boa parte dos pequenos produtores de hortifrútis não tivessem como comercializar e escoar sua produção. Alguns produtores preferiram destruir suas plantações ao invés de colhê-las. Os custos altos de colheita sem uma perspectiva de venda foram as explicações para a destruição dos alimentos frescos.
Desbravar os caminhos entre o Campo e a Favela é um dos objetivos do projeto de pesquisa que estamos desenvolvendo no Insper em parceria com a LSE (London School of Economics). O projeto (Engineering food: infrastructure exclusion and 'last mile' delivery in Brazilian favelas, além de entender hábitos de compra e consumo de alimentos saudáveis dos moradores de favelas, busca entender as dores e as dificuldades dos pequenos agricultores familiares e, com isto, propor alternativas e soluções para aproximar estes dois elos tão carentes.
O projeto de pesquisa também foi o gatilho para uma iniciativa de grande impacto social no momento da pandemia. Vários professores e alunos do Insper se uniram para criar o Projeto Campo-Favela . Esta iniciativa conseguiu até este momento mais de R$ 2 milhões em doações, que foram usadas para comprar aproximadamente 600 toneladas de alimentos frescos ajudando, direta ou indiretamente, cerca de 1.300 famílias de pequenos produtores agrícolas. Estes produtos foram distribuídos em 50 comunidades vulneráveis de São Paulo e do Rio de Janeiro, beneficiando outras 63.000 famílias de baixa renda.
Mais do que uma iniciativa temporária, estamos buscando soluções de longo prazo, duradouras, que proporcionem uma relação ganha-ganha para moradores de comunidades vulneráveis e para os pequenos produtores familiares do campo, impactando assim toda a sociedade com mais segurança alimentar e menos desigualdade.