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Blue Bonds – um Oceano Azul de oportunidades

Investidores estão cada vez mais atentos ao fato que sustentabilidade ambiental e social já não são mais uma preocupação secundária

O Brasil possui uma costa de 7.491 km de extensão faceando o Oceano Atlântico (Alcides Falanghe/Ocean Eyes Productions/Divulgação)
JR

Janaína Ribeiro

Publicado em 21 de julho de 2020 às 08h00.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 01h12.

O Brasil possui uma costa de 7.491 km de extensão faceando o Oceano Atlântico, ao mesmo tempo que contém cerca de 12% das reservas mundiais de água doce do planeta. No entanto, o investimento de impacto relacionado à ODS 14, que foca na “preservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos”, é incipiente no país.

Um elemento fundamental dessa equação envolve os incentivos financeiros que tangibilizam os serviços ambientais. Um exemplo concreto é o mercado de crédito de carbono que oferece um prêmio pela floresta em pé. No caso dos oceanos, poderia se pensar no crédito de oxigênio, uma vez que mais de 50% do oxigênio que respiramos vem dos oceanos. A boa notícia reside no fato que empresas e investidores estão mais atentos e engajados para alinhar seus investimentos com temas de sustentabilidade. Um bom exemplo neste sentido são os Blue Bonds.

Os Blue Bonds seguem a mesma lógica dos Green Bonds (títulos verdes) baseada em: definição clara dos projetos elegíveis (use of proceeds); processo interno na empresa para a seleção de projetos elegíveis (process for project selection); gestão dos recursos para assegurar que os fundos captados são segregados e alocados para projetos verdes e azuis (management of proceeds); e acompanhamento e divulgação dos resultados desses projetos (reporting).

Em 2014, o banco holandês NWB emitiu o primeiro Water Bond, reforçando a dependência dos Países Baixos com a água, em um país em que dois terços da população vive em terras que ficam abaixo do nível do mar. Em 2017, a República das Seychelles e o IFC estruturaram o primeiro Blue Bond, nesse arquipélago no qual as duas maiores indústrias são o turismo e a pesca, que emprega 17% da população e representa 95% das exportações do país.

Há ‘diferentes tons de azul’ no que diz respeito ao investimento de impacto na ODS 14, que vai desde tecnologias de rastreabilidade de pescados, aquicultura sustentável, gestão da cadeia de embalagens, iniciativas de ecoturismo e a conservação dos corais, dentre outros. Chegamos num ponto de inflexão, que se inicia com o mapeamento do sistema de startups no Brasil e o desenho de oportunidades, tendo como base o que aprendemos com os títulos verdes.

Investidores estão cada vez mais atentos ao fato que sustentabilidade ambiental e social já não são mais uma preocupação secundária ou um apêndice em apresentações corporativas, mas representam uma dimensão essencial dos investimentos. A sustentabilidade contribui para diminuir riscos e aumentar retornos financeiros. Estudos da gestora Blackrock sugerem que fundos ASG (ESG, em inglês) tiveram performance superior às ações tradicionais em 2020.

Vale lembrar a relação sistêmica entre mar e terra “No water, no life. No blue, no green”, diz a bióloga Sylvia Earle, para enfatizar o nível de dependência que todos nós temos dos oceanos.

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O Brasil possui uma costa de 7.491 km de extensão faceando o Oceano Atlântico, ao mesmo tempo que contém cerca de 12% das reservas mundiais de água doce do planeta. No entanto, o investimento de impacto relacionado à ODS 14, que foca na “preservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos”, é incipiente no país.

Um elemento fundamental dessa equação envolve os incentivos financeiros que tangibilizam os serviços ambientais. Um exemplo concreto é o mercado de crédito de carbono que oferece um prêmio pela floresta em pé. No caso dos oceanos, poderia se pensar no crédito de oxigênio, uma vez que mais de 50% do oxigênio que respiramos vem dos oceanos. A boa notícia reside no fato que empresas e investidores estão mais atentos e engajados para alinhar seus investimentos com temas de sustentabilidade. Um bom exemplo neste sentido são os Blue Bonds.

Os Blue Bonds seguem a mesma lógica dos Green Bonds (títulos verdes) baseada em: definição clara dos projetos elegíveis (use of proceeds); processo interno na empresa para a seleção de projetos elegíveis (process for project selection); gestão dos recursos para assegurar que os fundos captados são segregados e alocados para projetos verdes e azuis (management of proceeds); e acompanhamento e divulgação dos resultados desses projetos (reporting).

Em 2014, o banco holandês NWB emitiu o primeiro Water Bond, reforçando a dependência dos Países Baixos com a água, em um país em que dois terços da população vive em terras que ficam abaixo do nível do mar. Em 2017, a República das Seychelles e o IFC estruturaram o primeiro Blue Bond, nesse arquipélago no qual as duas maiores indústrias são o turismo e a pesca, que emprega 17% da população e representa 95% das exportações do país.

Há ‘diferentes tons de azul’ no que diz respeito ao investimento de impacto na ODS 14, que vai desde tecnologias de rastreabilidade de pescados, aquicultura sustentável, gestão da cadeia de embalagens, iniciativas de ecoturismo e a conservação dos corais, dentre outros. Chegamos num ponto de inflexão, que se inicia com o mapeamento do sistema de startups no Brasil e o desenho de oportunidades, tendo como base o que aprendemos com os títulos verdes.

Investidores estão cada vez mais atentos ao fato que sustentabilidade ambiental e social já não são mais uma preocupação secundária ou um apêndice em apresentações corporativas, mas representam uma dimensão essencial dos investimentos. A sustentabilidade contribui para diminuir riscos e aumentar retornos financeiros. Estudos da gestora Blackrock sugerem que fundos ASG (ESG, em inglês) tiveram performance superior às ações tradicionais em 2020.

Vale lembrar a relação sistêmica entre mar e terra “No water, no life. No blue, no green”, diz a bióloga Sylvia Earle, para enfatizar o nível de dependência que todos nós temos dos oceanos.

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