Procuram-se negócios que resolvam nossas crises
Organização que mapeia negócios com impacto social e ambiental já traz resultados e investidores para essas empresas
Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às, 10h00.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2021 às, 15h23.
O mundo passa por um momento desafiador. Pandemia e mudanças climáticas são duas crises simultâneas que nos desafiam a pensar soluções completamente inéditas. A boa notícia é que já existem vários negócios novos, revolucionários e inovadores dando exemplo de como o empreendedorismo pode causar impactos positivos tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. Esse é um mercado que, globalmente, tem o capital estimado em US$ 715 bilhões, levando investidores a aplicarem mais de US$ 600 milhões, segundo último levantamento da Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE Brasil), que reuniu dados de 2018 e 2019.
No entanto, esses negócios de impacto ainda enfrentam muitos desafios para crescerem. Segundo um levantamento feito pela Pipe.Social, cerca de 80% desses empreendedores estão em busca de recursos financeiros. Pensando em encurtar o caminho entre quem empreende e quem dispõe de recursos para investir, a plataforma organiza, desde 2017, uma espécie de censo que acompanha a evolução do pipeline de negócios de impacto socioambiental no Brasil. A intenção é reunir esses negócios criativos, capazes de resolver várias lacunas deixadas pelos negócios tradicionais e incentivar o crescimento de empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental escalável ao mesmo tempo que geram resultado financeiro, garantindo a sua sustentabilidade.
Desde 2017, o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental já identificou mais de mil empresas e startups que se enquadram na definição de impacto. “O Mapa acaba sempre sendo uma fonte de referências e atuação para o mercado nos anos seguintes. As informações levantadas nos ajudam a planejar melhor como apoiar os empreendedores de impacto no país e a se organizar enquanto ecossistema", afirma Mariana Fonseca, cofundadora da Pipe.Social. “Quanto mais dados a gente tiver, melhor a gente consegue mostrar que esse é um mercado aquecido, que tem investimentos, soluções e tecnologia, que dá para empreender fazendo o que gosta, gerando impacto positivo e pagando as contas”, completa.
Algumas dessas iniciativas empreendedoras tiveram papel importante para reduzir os efeitos da crise do coronavírus. A Fleximedical, que desenvolve unidades móveis e portáteis para suprir a falta de leitos hospitalares e exames, é um exemplo de negócio que só precisava de uma ajudinha para ganhar escala e potencializar sua atuação. Com a chegada da pandemia, eles tinham a solução para suprir uma demanda do governo federal, mas como ainda eram pequenos, não conseguiam atender às demandas burocráticas para vender direto para ele. No entanto, o trabalho deles é tão inovador, que bancos e investidores entraram como fiadores para viabilizar o crescimento do negócio, quase como o que acontece quando alugamos um apartamento. Assim, a empresa conseguiu escalar a sua produção para atender às demandas da pandemia. “Esse é um exemplo de negócio que estava pronto para resolver o problema, mas, por ser jovem, precisava de apoio”, relata Mariana Fonseca.
Segundo a última edição do Mapa, de 2019, a região Sudeste ainda concentra mais de 60% dos negócios de impacto mapeados. A região Centro-oeste é a que tem menos negócios, com apenas 5%. O levantamento também mostrou que as áreas com mais investimentos são produção e consumo sustentável, seguido de projetos para as cidades, saúde e bem-estar. A Pipe.Social agora está começando a atualizar esse mapa para sua próxima edição. Quem tem um negócio pode se inscrever ou atualizar seu cadastro até o dia 15 de fevereiro pelo site www.pipe.social.
Esta é uma oportunidade para os agentes desse ecossistema de impacto mostrarem que querem e podem fazer a diferença, sendo vistos por quem pode ajudá-los a crescer. Ideias de impacto, juntas, são saídas inteligentes para esse momento completamente desafiador.
*com Angélica Queiroz