É possível lucrar com as mudanças climáticas?
Empresas de todos os tamanhos acham que sim. Veja algumas iniciativas promissoras para explorar essas oportunidades no Brasi
Janaína Ribeiro
Publicado em 28 de março de 2019 às 18h02.
Última atualização em 20 de setembro de 2019 às 16h40.
É amplo o consenso de que o aquecimento global é uma das maiores ameaças à humanidade e a diversas outras espécies do planeta. Ele ameaça o bem-estar de todos os povos, incluindo ricos e pobres nos impactos primordialmente negativos que provoca. Mas isso não significa que seus efeitos sejam igualitários. Alguns lugares vão sofrer mais que outros.
Da mesma forma, o necessário esforço de transição para uma economia de baixo carbono será mais vantajoso para algumas nações do que para outras. O Brasil está no primeiro grupo. Talvez em primeiro lugar, até. De todas as economias do mundo, provavelmente a brasileira é a mais bem colocada para obter vantagens na redução global de emissões de gases de efeito estufa. Por isso tantas empresas e empreendedores estão enxergando as mudanças climáticas como oportunidades.
“O Brasil ainda é visto como tendo uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo”, diz Lauro Marins, diretor executivo do CDP para a América Latina. O CDP é uma organização criada pelos grandes investidores para promover a transparência dos dados e as ações das empresas em relação ao clima. “A transição traz ainda outras oportunidades para atrair investimentos, como por exemplo para área de agricultura de baixo carbono (com melhor uso do solo) e alternativas ao uso de petróleo, como biocombustíveis e etanol”, afirma Lauro.
Como toda mudança, a transição para a economia de baixo carbono (ou carbono nenhum) abre um mundo de possibilidades para os empreendedores. Isso explica a profusão de iniciativas para estimular novos negócios com soluções para o clima. Boa parte dessas iniciativas surgiu recentemente.
- A plataforma Climate Ventures, lançada no ano passado, apoia o desenvolvimento de negócios que oferecem alternativas e serviços para reduzir as emissões. “Essa iniciativa é fruto de uma visão de que a economia de baixo carbono não só é um universo em que o Brasil pode ter protagonismo, mas também uma grande oportunidade”, diz Ricardo Gravina, diretor da Climate Ventures. A plataforma mapeou 440 iniciativas que querem atuar nesse campo nos setores público, privado ou no terceiro setor. São ideias como um tipo de crédito rural verde para pequenos e médios agricultores, um sistema de geração de energia a partir dos resíduos e uma central de distribuição para melhorar a logística na Amazônia.
- O Centro de Empreendedorismo da Amazônia explora o potencial para soluções em redução das emissões no Brasil nas cadeias ligadas ao uso da terra. Afinal, a maior parte das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vêm do desmatamento, da criação de bois ou do manejo do solo na agricultura. Há muito espaço para melhorar os processos e mudar práticas, com benefícios financeiros e para o meio ambiente. Um dos caminhos para isso é estimular a economia florestal. Dali surgiram produtos inovadores como nuggets de peixes da região ou uma plataforma de comercialização de produtos da floresta sem atravessadores.
- A Secretaria da Educação do Estado da Bahia criou fábricas-escola para estimular o empreendedorismo dos jovens na cadeia de produção do chocolate. A cadeia do chocolate é especialmente benéfica, porque os cacaueiros crescem à sombra da floresta na Bahia e no Pará, os dois principais estados produtores do país. Estudantes no município de Arataca, por exemplo, desenvolveram embalagens sustentáveis com um tipo de plástico derivado de banana verde. Além de biodegradável, a embalagem aumenta o mercado dos bananeiros.
- A Conexsus, também criada no ano passado, é uma rede com escritórios em Belém, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, além de correspondentes nos EUA e na Europa. Procura acelerar a transição para a economia de baixo carbono, com foco e iniciativas de negócios ligados ao uso da terra. A Conexsus cadastrou mais de 1.000 organizações para capacitar as lideranças e acelerar os negócios de 70 organizações selecionadas. “O papel principal que imaginamos e estamos construindo para a Conexsus é o de ser uma organização intermediárias, promotora de conexões, mobilizadora de processos de co-criação”, diz Valmir Ortega, diretor executivo da organização.
As plataformas de empreendedores recém-criadas e as empresas já engajadas na economia de baixo carbono ganharão agora um ponto de encontro inédito. A primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, a Conexão Carbono Zero, acontece em junho deste ano em São Paulo. É uma realização conjunta da agência O Mundo Que Queremos, do CDP e da ONG WWF Brasil.
A feira reunirá centenas de representantes de empresas de todos os tamanhos. A proposta é facilitar o diálogo para troca de experiências e para identificação de oportunidades conjuntas. O evento promoverá rodadas de negócios explorando interesses comuns dos participantes. “Colocar em um mesmo ambiente soluções inovadoras para combate das mudanças climáticas, empresas engajadas e comprometidas com o tema e investidores gera uma procura por produtos e serviços nessa linha”, diz Lauro, do CDP. “O propósito da feira é disseminar esse conteúdo e aproximar esses atores para que haja maior participação de outros players e adesão de mais empresas e investidores nesse mercado”.
O crescimento do mercado de baixo carbono no Brasil tem um ganho colateral para o país, porque acelera a redução das emissões brasileiras e também diminui nossa exposição aos riscos das mudanças climáticas. Além de desenvolver uma vocação natural do país, gerando empregos e riqueza, também promove benefícios secundários para a segurança nacional.
É amplo o consenso de que o aquecimento global é uma das maiores ameaças à humanidade e a diversas outras espécies do planeta. Ele ameaça o bem-estar de todos os povos, incluindo ricos e pobres nos impactos primordialmente negativos que provoca. Mas isso não significa que seus efeitos sejam igualitários. Alguns lugares vão sofrer mais que outros.
Da mesma forma, o necessário esforço de transição para uma economia de baixo carbono será mais vantajoso para algumas nações do que para outras. O Brasil está no primeiro grupo. Talvez em primeiro lugar, até. De todas as economias do mundo, provavelmente a brasileira é a mais bem colocada para obter vantagens na redução global de emissões de gases de efeito estufa. Por isso tantas empresas e empreendedores estão enxergando as mudanças climáticas como oportunidades.
“O Brasil ainda é visto como tendo uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo”, diz Lauro Marins, diretor executivo do CDP para a América Latina. O CDP é uma organização criada pelos grandes investidores para promover a transparência dos dados e as ações das empresas em relação ao clima. “A transição traz ainda outras oportunidades para atrair investimentos, como por exemplo para área de agricultura de baixo carbono (com melhor uso do solo) e alternativas ao uso de petróleo, como biocombustíveis e etanol”, afirma Lauro.
Como toda mudança, a transição para a economia de baixo carbono (ou carbono nenhum) abre um mundo de possibilidades para os empreendedores. Isso explica a profusão de iniciativas para estimular novos negócios com soluções para o clima. Boa parte dessas iniciativas surgiu recentemente.
- A plataforma Climate Ventures, lançada no ano passado, apoia o desenvolvimento de negócios que oferecem alternativas e serviços para reduzir as emissões. “Essa iniciativa é fruto de uma visão de que a economia de baixo carbono não só é um universo em que o Brasil pode ter protagonismo, mas também uma grande oportunidade”, diz Ricardo Gravina, diretor da Climate Ventures. A plataforma mapeou 440 iniciativas que querem atuar nesse campo nos setores público, privado ou no terceiro setor. São ideias como um tipo de crédito rural verde para pequenos e médios agricultores, um sistema de geração de energia a partir dos resíduos e uma central de distribuição para melhorar a logística na Amazônia.
- O Centro de Empreendedorismo da Amazônia explora o potencial para soluções em redução das emissões no Brasil nas cadeias ligadas ao uso da terra. Afinal, a maior parte das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vêm do desmatamento, da criação de bois ou do manejo do solo na agricultura. Há muito espaço para melhorar os processos e mudar práticas, com benefícios financeiros e para o meio ambiente. Um dos caminhos para isso é estimular a economia florestal. Dali surgiram produtos inovadores como nuggets de peixes da região ou uma plataforma de comercialização de produtos da floresta sem atravessadores.
- A Secretaria da Educação do Estado da Bahia criou fábricas-escola para estimular o empreendedorismo dos jovens na cadeia de produção do chocolate. A cadeia do chocolate é especialmente benéfica, porque os cacaueiros crescem à sombra da floresta na Bahia e no Pará, os dois principais estados produtores do país. Estudantes no município de Arataca, por exemplo, desenvolveram embalagens sustentáveis com um tipo de plástico derivado de banana verde. Além de biodegradável, a embalagem aumenta o mercado dos bananeiros.
- A Conexsus, também criada no ano passado, é uma rede com escritórios em Belém, Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, além de correspondentes nos EUA e na Europa. Procura acelerar a transição para a economia de baixo carbono, com foco e iniciativas de negócios ligados ao uso da terra. A Conexsus cadastrou mais de 1.000 organizações para capacitar as lideranças e acelerar os negócios de 70 organizações selecionadas. “O papel principal que imaginamos e estamos construindo para a Conexsus é o de ser uma organização intermediárias, promotora de conexões, mobilizadora de processos de co-criação”, diz Valmir Ortega, diretor executivo da organização.
As plataformas de empreendedores recém-criadas e as empresas já engajadas na economia de baixo carbono ganharão agora um ponto de encontro inédito. A primeira feira de negócios pelo clima da América Latina, a Conexão Carbono Zero, acontece em junho deste ano em São Paulo. É uma realização conjunta da agência O Mundo Que Queremos, do CDP e da ONG WWF Brasil.
A feira reunirá centenas de representantes de empresas de todos os tamanhos. A proposta é facilitar o diálogo para troca de experiências e para identificação de oportunidades conjuntas. O evento promoverá rodadas de negócios explorando interesses comuns dos participantes. “Colocar em um mesmo ambiente soluções inovadoras para combate das mudanças climáticas, empresas engajadas e comprometidas com o tema e investidores gera uma procura por produtos e serviços nessa linha”, diz Lauro, do CDP. “O propósito da feira é disseminar esse conteúdo e aproximar esses atores para que haja maior participação de outros players e adesão de mais empresas e investidores nesse mercado”.
O crescimento do mercado de baixo carbono no Brasil tem um ganho colateral para o país, porque acelera a redução das emissões brasileiras e também diminui nossa exposição aos riscos das mudanças climáticas. Além de desenvolver uma vocação natural do país, gerando empregos e riqueza, também promove benefícios secundários para a segurança nacional.