planeta clima (John Khuansuwan/Freepik)
Colunista
Publicado em 28 de maio de 2025 às 16h55.
A Semana do Meio Ambiente vem com a tradicional enxurrada de campanhas publicitárias, anúncios e promessas verdes de empresas e governos. O dilúvio de greenwashing é quase um evento climático extremo. É a famosa maquiagem verde. Em um ano como 2025, com a COP30 se aproximando e Belém no centro das atenções globais, os incentivos para alardear compromissos ambientais se intensificam — e a capacidade de avaliação crítica, tanto do público quanto de investidores, nem sempre acompanha esse ritmo.
É comum que, nesse período, empresas e governos invistam muito mais em marketing verde do que em ações concretas. Bom, não só nesse período, né? Principalmente quando os desafios reais envolvem temas complexos, como cadeias de fornecedores irregulares, emissões indiretas ou impactos territoriais. Em vez de enfrentar esses problemas de frente, muitas organizações adotam estratégias de aparência: criam programas pilotos que não saem do papel, anunciam iniciativas simbólicas que representam uma fração mínima de suas operações, ou patrocinam projetos ambientais desconectados de seus impactos reais.
Um exemplo clássico é o uso de programas demonstrativos para gerar narrativa. A empresa anuncia que vai regularizar parte de seus fornecedores ou coletar uma pequena fração de suas embalagens. O projeto nunca escala, nunca atinge volume relevante e continua sendo apresentado como "case de sucesso" por anos — enquanto a lógica estrutural segue intacta.
Outra estratégia recorrente é financiar ações de grande visibilidade, mas irrelevantes do ponto de vista de impacto. A empresa patrocina o plantio de árvores urbanas ou a limpeza de uma praia, enquanto sua atividade principal contribui para desmatamento, emissões e degradação de ecossistemas inteiros. Isso funciona, em parte, porque o conhecimento sobre os problemas ambientais mais graves ainda é limitado.
Pouca gente sabe, por exemplo, que a maior contribuição do Brasil para a crise climática não vem dos combustíveis fósseis, mas do desmatamento — e que mais da metade das emissões nacionais vem da cadeia da pecuária. Comprar carne livre de desmatamento é, hoje, mais relevante para o clima do que trocar combustíveis. Mas quase nenhum compromisso ambiental de empresa ou governo menciona isso. Mesmo empresas que podem influenciar essa cadeia.
Diante disso, é importante ter critérios claros para distinguir propaganda de compromisso real. A seguir, sete filtros que ajudam a identificar o greenwashing:
Diante da avalanche de marketing ambiental, o ceticismo informado é uma ferramenta democrática. A sustentabilidade não se mede por intenção, mas por resultado. E resultados exigem coragem para enfrentar contradições, rever modelos e priorizar o bem comum. A Semana do Meio Ambiente é um bom momento para enfatizar isso.