A saúde das pessoas é a prioridade na Amazônia
A pandemia mostrou como a região é carente de infraestrutura. A preocupação com a saúde cria oportunidade para quem quer oferecer soluções na região
felipegiacomelli
Publicado em 1 de setembro de 2020 às 13h23.
Última atualização em 1 de setembro de 2020 às 14h38.
A chegada do novo coronavírus à Amazônia evidenciou o abismo que separa a infraestrutura da região das outras áreas do país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro são os locais com mais respiradores e leitos de UTI, enquanto os estados na região Norte figuram entre os menos equipados. Em Santarém, município polo do Tapajós, no oeste do Pará, só havia 1 respirador para cada 20 mil habitantes. A distribuição de médicos, enfermeiros e insumos, segue a mesma lógica: privilegia os estados Sul e Sudeste.
Isso sem falar que a região Norte também é a pior do país quando o assunto são as condições de higiene e saneamento básico, decisivas para o combate ao covid-19 e a muitas outras doenças. Os números são preocupantes em todo o país, onde 35 milhões de pessoas não têm acesso à água. Mas, dados do Instituto Trata Brasil mostram que, enquanto no Sudeste mais de 90% da população tem água tratada, no Norte esse número é de apenas 57%. Se falamos de rede de esgoto, a situação é ainda pior: pouca mais de 10% da população da região Norte têm acesso a esse serviço tão básico. Não por acaso, o Amazonas foi o primeiro estado brasileiro a entrar em colapso.
Diante desse cenário e com a pandemia avançado para o interior dos estados, a questão da saúde deve ser, mais do que nunca, tema prioritário nas eleições deste ano. Gestores públicos serão cobrados a falar sobre isso e a pressão por melhorias urgentes pode ser uma oportunidade para negócios que ofereçam soluções que atendam as especificidades da região. São investimentos necessários e que geram economia — a Organização Mundial da Saúde estima que, no Brasil, cada R$ 1 investido em saneamento pode gerar uma economia de R$ 4 na saúde.
Quem conhece a Amazônia e escuta as demandas das populações que lá vivem sabe que a infraestrutura básica é muito mais importantes que os megaprojetos caríssimos, que costumam ganhar atenção da mídia. Na prática, eles não atendem às comunidades locais e ainda servem para fomentar negócios que devastam a região. Pensar em oportunidades de negócios na Amazônia é pensar em soluções para a logística, saneamento básico e atendimento médico, antes de tudo. O motivo é simples: sem respostas aos problemas sociais, não é possível encaminhar soluções para a preservação ambiental, nem caminhos para um desenvolvimento regional sustentável.
Os desafios são imensos. Para começar, as populações estão distribuídas ao longo de rios e estradas em uma área muito grande, o que significa custos logísticos superiores a qualquer outra região do país. Por isso, quando pensamos em modelos de negócio e investimentos públicos em infraestrutura para a Amazônia, eles precisam ser adaptadas a esse contexto. Não basta apenas pegar o que está funcionando em outros lugares e levar para lá. Quem pensar nisso, vai ter atenção e fechar negócio. Esse tema será aprofundado no webinário “Sem social não tem ambiental: Saúde, Saneamento e as Políticas Sociais para o Desenvolvimento Regional”, realizado pelo GT Infraestrutura e parceiros, dia 2 de setembro, às 16 horas (horário de Brasília). O debate será transmitido pelo Youtube. A saúde da população na Amazônia é uma condição para o desenvolvimento sustentável na região e para a implantação de negócios duradouros. A saúde da floresta depende da saúde das pessoas, e vice-versa.
*com Angélica Queiroz
A chegada do novo coronavírus à Amazônia evidenciou o abismo que separa a infraestrutura da região das outras áreas do país. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro são os locais com mais respiradores e leitos de UTI, enquanto os estados na região Norte figuram entre os menos equipados. Em Santarém, município polo do Tapajós, no oeste do Pará, só havia 1 respirador para cada 20 mil habitantes. A distribuição de médicos, enfermeiros e insumos, segue a mesma lógica: privilegia os estados Sul e Sudeste.
Isso sem falar que a região Norte também é a pior do país quando o assunto são as condições de higiene e saneamento básico, decisivas para o combate ao covid-19 e a muitas outras doenças. Os números são preocupantes em todo o país, onde 35 milhões de pessoas não têm acesso à água. Mas, dados do Instituto Trata Brasil mostram que, enquanto no Sudeste mais de 90% da população tem água tratada, no Norte esse número é de apenas 57%. Se falamos de rede de esgoto, a situação é ainda pior: pouca mais de 10% da população da região Norte têm acesso a esse serviço tão básico. Não por acaso, o Amazonas foi o primeiro estado brasileiro a entrar em colapso.
Diante desse cenário e com a pandemia avançado para o interior dos estados, a questão da saúde deve ser, mais do que nunca, tema prioritário nas eleições deste ano. Gestores públicos serão cobrados a falar sobre isso e a pressão por melhorias urgentes pode ser uma oportunidade para negócios que ofereçam soluções que atendam as especificidades da região. São investimentos necessários e que geram economia — a Organização Mundial da Saúde estima que, no Brasil, cada R$ 1 investido em saneamento pode gerar uma economia de R$ 4 na saúde.
Quem conhece a Amazônia e escuta as demandas das populações que lá vivem sabe que a infraestrutura básica é muito mais importantes que os megaprojetos caríssimos, que costumam ganhar atenção da mídia. Na prática, eles não atendem às comunidades locais e ainda servem para fomentar negócios que devastam a região. Pensar em oportunidades de negócios na Amazônia é pensar em soluções para a logística, saneamento básico e atendimento médico, antes de tudo. O motivo é simples: sem respostas aos problemas sociais, não é possível encaminhar soluções para a preservação ambiental, nem caminhos para um desenvolvimento regional sustentável.
Os desafios são imensos. Para começar, as populações estão distribuídas ao longo de rios e estradas em uma área muito grande, o que significa custos logísticos superiores a qualquer outra região do país. Por isso, quando pensamos em modelos de negócio e investimentos públicos em infraestrutura para a Amazônia, eles precisam ser adaptadas a esse contexto. Não basta apenas pegar o que está funcionando em outros lugares e levar para lá. Quem pensar nisso, vai ter atenção e fechar negócio. Esse tema será aprofundado no webinário “Sem social não tem ambiental: Saúde, Saneamento e as Políticas Sociais para o Desenvolvimento Regional”, realizado pelo GT Infraestrutura e parceiros, dia 2 de setembro, às 16 horas (horário de Brasília). O debate será transmitido pelo Youtube. A saúde da população na Amazônia é uma condição para o desenvolvimento sustentável na região e para a implantação de negócios duradouros. A saúde da floresta depende da saúde das pessoas, e vice-versa.
*com Angélica Queiroz