A produção de alimentos compatíveis com a floresta inspira novos negócios na Amazônia
Três das cinco startups selecionadas pela aceleradora de impacto AMAZ para receber investimentos no próximo ano estão nos sistemas alimentares
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 14h21.
A AMAZ é uma das principais aceleradoras de novos negócios na Amazônia. Ela seleciona startups promissoras para ajudar a proteger a floresta, gerar empregos e renda para as populações locais. Agora, a AMAZ selecionou cinco novos negócios para receber investimentos no próximo ano. Deles, três envolvem a cadeia de produção de alimentos. As três startups envolvidas no Sistema Comida são: Cumbaru, Manawara e Mazô Maná. Situada em Cuiabá (MT), a Cumbaru trabalha com a recuperação de pastagens degradadas por meio da implantação de sistemas agrossilvipastoris e manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade. Tem foco em três cadeias principais, cultivadas simultaneamente: baru (semente comestível proveniente do baruzeiro, árvore do Cerrado brasileiro), bezerro de corte e produção de leite. Atua em parceria com pequenos e médios produtores rurais, viabilizando acesso a recursos e assistência técnica para maior eficiência produtiva de áreas degradadas e redução da pressão do desmatamento. Já a Manawara, sediada em Manaus (AM), é uma marca de doces veganos, sem glúten e sem lactose, produzidos a partir de matérias-primas amazônicas. Conta com um portfólio de balas de goma, biscoitos, cereais e castanhas. Possui uma estratégia de crescimento rápido para os próximos anos, que conta com uma estruturação de fornecedores de matéria prima a partir da produção agroflorestal e extrativista. A Mazô Maná, sediada em Altamira (PA), tem como proposta a produção e comercialização de alimentos funcionais com insumos oriundos do extrativismo sustentável e comunitário na Amazônia, com foco no mercado nacional e exportação. O modelo de negócio conta, também, com o desenvolvimento de plataforma de Pagamentos por Serviços Ambientais. Todas de alguma forma fazem parte do que se convencionou chamar sistemas alimentares.
Essa concentração de oportunidades em torno da produção alimentar é uma tendência na região. Segundo o estudo “Conhecendo o sistema comida na Amazônia”, da iniciativa Amazônia 2030, existem hoje mais de 3,5 milhões de pessoas – ou um terço de todos os ocupados – trabalhando no Sistema Comida na Amazônia. Além disso, em áreas rurais da região, o Sistema Comida chega a empregar 69% da força de trabalho. A produção de alimentos pode causar grande impacto ambiental especialmente sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas. Por outro lado, também podem ser a grande geradora de empresas e empregos sustentáveis. Para isso, é preciso mudar o foco das políticas públicas e dos financiamentos na região. No entanto, hoje existe um descompasso entre a importância do Sistema Comida e a formulação de políticas públicas para o setor. Políticas que podem efetivamente aproveitar o potencial de desenvolvimento econômico que esse Sistema traz para a Amazônia.
Além das três startups de sistemas alimentares, também receberão investimentos outras duas jovens empresas. A Ekilibre Amazônia, sediada em Santarém (PA), é uma marca vegana de cosméticos naturais, com 10 anos no mercado, pautada na valorização da floresta em pé. Seus produtos contêm cerca de 90-96% de insumos florestais, extraídos de forma sustentável por comunidades do Oeste do Pará. A outra empresa, a Impacta Finance, é sediada em Jundiaí (SP) e é focada em acelerar a economia 3D (digital, descentralizada e descarbonizada) por meio da tecnologia blockchain, um banco de dados que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. A Impacta Finance desenha projetos em web3, que é considerada a nova fase da internet, onde o usuário pode ter um controle maior de seus dados pessoais, e se irá monetizá-los ou não, e até mesmo lucrar em criptomoedas por navegar na internet e visualizar anúncios. Com esses projetos em web3, os negócios de impacto então podem transformar suas intervenções socioambientais em ativos digitais, que podem ser expostos a investidores globais através de um índice de finanças regenerativas.
Para Rafael Moreira Ribeiro, analista de investimentos da AMAZ, o processo de seleção deste ano considerou as emergências de mercado. “Estamos falando de finanças descentralizadas, recuperação de áreas de pastagens, pecuária sustentável e, claro, alimentação. São áreas muito interessantes e extremamente importantes para o foco e para a tese da AMAZ. Para o futuro, a gente imagina que esse processo de composição do portfólio da aceleradora vai continuar buscando diversidade e novas áreas de mercado a explorar, e acreditamos que esses empreendimentos têm alto potencial para impulsionar a sociobiodiversidade amazônica nos próximos anos”.
Os cinco negócios foram selecionados pela AMAZ aceleradora de impacto para receber investimento e serem acelerados em 2023. A última etapa do processo de seleção – a apresentação dos pitches – aconteceu em Manaus no último dia 30 de novembro, durante o 2º FIINSA (Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia).
Agora, os negócios passarão por uma jornada de aceleração que durará aproximadamente seis meses, e que é formatada a partir das necessidades coletivas e individuais do grupo, programada em cocriação entre o time da AMAZ e os empreendedores. Também receberão investimento inicial de R$ 200 mil, havendo a possibilidade de novo aporte ao término da aceleração.
O potencial de impacto aproximado dos negócios selecionados, entre cinco e dez anos, inclui mais de 1 milhão de hectares de floresta preservados, desenvolvimento de mais de 15 cadeias de valor amazônicas, 2.000 hectares de florestas recuperados, centenas de fornecedores comunitários beneficiados e aumento no fluxo de investimentos na região amazônica em R$ 50 milhões.
A AMAZ aceleradora de impacto é coordenada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), e conta com um fundo de financiamento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos, o primeiro voltado exclusivamente para a região. Tem como fundadores e parceiros estratégicos Fundo Vale, Instituto Humanize, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Good Energies Foundation, Fundo JBS pela Amazônia e PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia). Conta também com uma ampla rede de parceiros como Move.Social, Sense-Lab, SBSA Advogados, Mercado Livre, ICE, Costa Brasil, Climate Ventures e investidores privados.
Segundo Mariano Cenamo, CEO da AMAZ e diretor de novos negócios do Idesam, na Chamada de 2022, a AMAZ buscou diversificar seu portfólio, se concentrando em negócios que testam conceitos inovadores. “Entraram negócios em áreas totalmente novas para o ecossistema, como a Impacta Finance, por exemplo, que deve construir e aplicar soluções de web 3.0 que irão servir outros negócios de impacto até mesmo em nosso próprio portfólio. Selecionamos também negócios já estabelecidos na região e com estruturas de governança envolvendo lideranças locais, sempre buscando empreendimentos nos quais a AMAZ pode aportar conhecimento e recursos complementares, como por exemplo no desenvolvimento da tese de impacto, estrutura organizacional, conexões com parceiros locais, fornecedores, clientes ou outros negócios de nosso portfólio”, explica.
A AMAZ é uma das principais aceleradoras de novos negócios na Amazônia. Ela seleciona startups promissoras para ajudar a proteger a floresta, gerar empregos e renda para as populações locais. Agora, a AMAZ selecionou cinco novos negócios para receber investimentos no próximo ano. Deles, três envolvem a cadeia de produção de alimentos. As três startups envolvidas no Sistema Comida são: Cumbaru, Manawara e Mazô Maná. Situada em Cuiabá (MT), a Cumbaru trabalha com a recuperação de pastagens degradadas por meio da implantação de sistemas agrossilvipastoris e manejo sustentável de produtos da sociobiodiversidade. Tem foco em três cadeias principais, cultivadas simultaneamente: baru (semente comestível proveniente do baruzeiro, árvore do Cerrado brasileiro), bezerro de corte e produção de leite. Atua em parceria com pequenos e médios produtores rurais, viabilizando acesso a recursos e assistência técnica para maior eficiência produtiva de áreas degradadas e redução da pressão do desmatamento. Já a Manawara, sediada em Manaus (AM), é uma marca de doces veganos, sem glúten e sem lactose, produzidos a partir de matérias-primas amazônicas. Conta com um portfólio de balas de goma, biscoitos, cereais e castanhas. Possui uma estratégia de crescimento rápido para os próximos anos, que conta com uma estruturação de fornecedores de matéria prima a partir da produção agroflorestal e extrativista. A Mazô Maná, sediada em Altamira (PA), tem como proposta a produção e comercialização de alimentos funcionais com insumos oriundos do extrativismo sustentável e comunitário na Amazônia, com foco no mercado nacional e exportação. O modelo de negócio conta, também, com o desenvolvimento de plataforma de Pagamentos por Serviços Ambientais. Todas de alguma forma fazem parte do que se convencionou chamar sistemas alimentares.
Essa concentração de oportunidades em torno da produção alimentar é uma tendência na região. Segundo o estudo “Conhecendo o sistema comida na Amazônia”, da iniciativa Amazônia 2030, existem hoje mais de 3,5 milhões de pessoas – ou um terço de todos os ocupados – trabalhando no Sistema Comida na Amazônia. Além disso, em áreas rurais da região, o Sistema Comida chega a empregar 69% da força de trabalho. A produção de alimentos pode causar grande impacto ambiental especialmente sobre a biodiversidade e as mudanças climáticas. Por outro lado, também podem ser a grande geradora de empresas e empregos sustentáveis. Para isso, é preciso mudar o foco das políticas públicas e dos financiamentos na região. No entanto, hoje existe um descompasso entre a importância do Sistema Comida e a formulação de políticas públicas para o setor. Políticas que podem efetivamente aproveitar o potencial de desenvolvimento econômico que esse Sistema traz para a Amazônia.
Além das três startups de sistemas alimentares, também receberão investimentos outras duas jovens empresas. A Ekilibre Amazônia, sediada em Santarém (PA), é uma marca vegana de cosméticos naturais, com 10 anos no mercado, pautada na valorização da floresta em pé. Seus produtos contêm cerca de 90-96% de insumos florestais, extraídos de forma sustentável por comunidades do Oeste do Pará. A outra empresa, a Impacta Finance, é sediada em Jundiaí (SP) e é focada em acelerar a economia 3D (digital, descentralizada e descarbonizada) por meio da tecnologia blockchain, um banco de dados que permite o compartilhamento transparente de informações na rede de uma empresa. A Impacta Finance desenha projetos em web3, que é considerada a nova fase da internet, onde o usuário pode ter um controle maior de seus dados pessoais, e se irá monetizá-los ou não, e até mesmo lucrar em criptomoedas por navegar na internet e visualizar anúncios. Com esses projetos em web3, os negócios de impacto então podem transformar suas intervenções socioambientais em ativos digitais, que podem ser expostos a investidores globais através de um índice de finanças regenerativas.
Para Rafael Moreira Ribeiro, analista de investimentos da AMAZ, o processo de seleção deste ano considerou as emergências de mercado. “Estamos falando de finanças descentralizadas, recuperação de áreas de pastagens, pecuária sustentável e, claro, alimentação. São áreas muito interessantes e extremamente importantes para o foco e para a tese da AMAZ. Para o futuro, a gente imagina que esse processo de composição do portfólio da aceleradora vai continuar buscando diversidade e novas áreas de mercado a explorar, e acreditamos que esses empreendimentos têm alto potencial para impulsionar a sociobiodiversidade amazônica nos próximos anos”.
Os cinco negócios foram selecionados pela AMAZ aceleradora de impacto para receber investimento e serem acelerados em 2023. A última etapa do processo de seleção – a apresentação dos pitches – aconteceu em Manaus no último dia 30 de novembro, durante o 2º FIINSA (Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia).
Agora, os negócios passarão por uma jornada de aceleração que durará aproximadamente seis meses, e que é formatada a partir das necessidades coletivas e individuais do grupo, programada em cocriação entre o time da AMAZ e os empreendedores. Também receberão investimento inicial de R$ 200 mil, havendo a possibilidade de novo aporte ao término da aceleração.
O potencial de impacto aproximado dos negócios selecionados, entre cinco e dez anos, inclui mais de 1 milhão de hectares de floresta preservados, desenvolvimento de mais de 15 cadeias de valor amazônicas, 2.000 hectares de florestas recuperados, centenas de fornecedores comunitários beneficiados e aumento no fluxo de investimentos na região amazônica em R$ 50 milhões.
A AMAZ aceleradora de impacto é coordenada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), e conta com um fundo de financiamento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos, o primeiro voltado exclusivamente para a região. Tem como fundadores e parceiros estratégicos Fundo Vale, Instituto Humanize, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Good Energies Foundation, Fundo JBS pela Amazônia e PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia). Conta também com uma ampla rede de parceiros como Move.Social, Sense-Lab, SBSA Advogados, Mercado Livre, ICE, Costa Brasil, Climate Ventures e investidores privados.
Segundo Mariano Cenamo, CEO da AMAZ e diretor de novos negócios do Idesam, na Chamada de 2022, a AMAZ buscou diversificar seu portfólio, se concentrando em negócios que testam conceitos inovadores. “Entraram negócios em áreas totalmente novas para o ecossistema, como a Impacta Finance, por exemplo, que deve construir e aplicar soluções de web 3.0 que irão servir outros negócios de impacto até mesmo em nosso próprio portfólio. Selecionamos também negócios já estabelecidos na região e com estruturas de governança envolvendo lideranças locais, sempre buscando empreendimentos nos quais a AMAZ pode aportar conhecimento e recursos complementares, como por exemplo no desenvolvimento da tese de impacto, estrutura organizacional, conexões com parceiros locais, fornecedores, clientes ou outros negócios de nosso portfólio”, explica.