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Senado Americano: com a Geórgia em mente

Os republicanos vivem um problema sério de comunicação política que ainda não foi endereçado plenamente

Os desafios da disputa para o Senado americano (Hill Street Studios/Getty Images)
KS

Karina Souza

Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 22h12.

Um dos clássicos do genial músico americano Ray Charles é “Georgia on my mind (ou Geórgia na minha memória em português). Na canção o artista compartilha o sentimento de não encontrar a paz sem a Geórgia. E a política americana não encontrará paz enquanto as eleições para o senado nesse importante estado americano não se resolverem. A votação é dia 05 de janeiro e o resultado decide o futuro do Senado e do Congresso dos Estados Unidos.

Se os democratas vencerem os dois pleitos terão 50 senadores e mais o voto de minerva da Vice-Presidente Kamala Harris. Se os republicanos ganharem pelo menos uma vaga seguirão controlando o Senado. Nada mais emocionante depois da eleição presidencial. São dois candidatos republicanos buscando a re-eleição (Senador David Perdue e Senadora Kelly Loeffler) e dois democratas (Jon Ossoff e Raphael Warnock). E a indefinição é total.

As pesquisas (ah! as pesquisas...) mostram um empate estatístico em ambas as corridas. A média das pesquisas públicas apontam Ossoff numericamente a frente de Purdue (48,3% x 47,6%) e o Reverendo Warnock também a frente da Loeffler por 48,4% versus 46,8%. Vale lembrar que Joe Biden surpreendeu e venceu Donald Trump na Geórgia por aproximadamente 6.000 votos (com recontagem e tudo). Uma margem mínima e apertada.

Porém tal mostrou um estado dividido entre as regiões metropolitanas (como Atlanta e Savannah) democratas e um interior totalmente republicano. Essa divisão segue na eleição de senado e é muitíssimo provável que o partido vencedor leve as duas vagas. Quase impossível encontrar um(a) eleitor(a) do estado que vote democrata e republicano ao mesmo tempo.

A vantagem histórica é fortemente republicana. O partido tem as duas vagas atuais e tem vencido as eleições majoritárias para essas vagas com folga. Os democratas precisariam repetir o comparecimento histórico da eleição presidencial em plena semana pós festas. Um gigantesco desafio de mobilização.

Todavia, os republicanos vivem um problema sério de comunicação política que ainda não foi endereçado plenamente. O presidente Donald Trump (que inclusive recentemente fez comício no interior do estado) afirma, sem qualquer evidencia, que o resultado da presidencial na Geórgia foi fraudado. Inclusive acusa o próprio governador republicano de não fazer nada a respeito. Com essa retórica de realidade paralela (para dizer o mínimo) criou-se uma dissonância cognitiva na cabeça dos eleitores republicanos locais. Pesquisas qualitativas já mostram que muitos trumpistas pensam não ir votar em janeiro porque não acreditam no sistema eleitoral. Ambos candidatos republicanos tem sofrido com isso em entrevistas e debates.

Portanto, são muitas as variáveis que adicionadas tornam a disputa imprevisível. A opinião pública americana, a imprensa, os pesquisadores e o mundo político certamente acordam e vão dormir com a Georgia on their mind.

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Um dos clássicos do genial músico americano Ray Charles é “Georgia on my mind (ou Geórgia na minha memória em português). Na canção o artista compartilha o sentimento de não encontrar a paz sem a Geórgia. E a política americana não encontrará paz enquanto as eleições para o senado nesse importante estado americano não se resolverem. A votação é dia 05 de janeiro e o resultado decide o futuro do Senado e do Congresso dos Estados Unidos.

Se os democratas vencerem os dois pleitos terão 50 senadores e mais o voto de minerva da Vice-Presidente Kamala Harris. Se os republicanos ganharem pelo menos uma vaga seguirão controlando o Senado. Nada mais emocionante depois da eleição presidencial. São dois candidatos republicanos buscando a re-eleição (Senador David Perdue e Senadora Kelly Loeffler) e dois democratas (Jon Ossoff e Raphael Warnock). E a indefinição é total.

As pesquisas (ah! as pesquisas...) mostram um empate estatístico em ambas as corridas. A média das pesquisas públicas apontam Ossoff numericamente a frente de Purdue (48,3% x 47,6%) e o Reverendo Warnock também a frente da Loeffler por 48,4% versus 46,8%. Vale lembrar que Joe Biden surpreendeu e venceu Donald Trump na Geórgia por aproximadamente 6.000 votos (com recontagem e tudo). Uma margem mínima e apertada.

Porém tal mostrou um estado dividido entre as regiões metropolitanas (como Atlanta e Savannah) democratas e um interior totalmente republicano. Essa divisão segue na eleição de senado e é muitíssimo provável que o partido vencedor leve as duas vagas. Quase impossível encontrar um(a) eleitor(a) do estado que vote democrata e republicano ao mesmo tempo.

A vantagem histórica é fortemente republicana. O partido tem as duas vagas atuais e tem vencido as eleições majoritárias para essas vagas com folga. Os democratas precisariam repetir o comparecimento histórico da eleição presidencial em plena semana pós festas. Um gigantesco desafio de mobilização.

Todavia, os republicanos vivem um problema sério de comunicação política que ainda não foi endereçado plenamente. O presidente Donald Trump (que inclusive recentemente fez comício no interior do estado) afirma, sem qualquer evidencia, que o resultado da presidencial na Geórgia foi fraudado. Inclusive acusa o próprio governador republicano de não fazer nada a respeito. Com essa retórica de realidade paralela (para dizer o mínimo) criou-se uma dissonância cognitiva na cabeça dos eleitores republicanos locais. Pesquisas qualitativas já mostram que muitos trumpistas pensam não ir votar em janeiro porque não acreditam no sistema eleitoral. Ambos candidatos republicanos tem sofrido com isso em entrevistas e debates.

Portanto, são muitas as variáveis que adicionadas tornam a disputa imprevisível. A opinião pública americana, a imprensa, os pesquisadores e o mundo político certamente acordam e vão dormir com a Georgia on their mind.

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