CPI da Covid: a sorte do governo está lançada
A pesquisa Exame/IDEIA apresentou um sentimento elevado de suporte e alta expectativa da opinião pública em relação a CPI no Senado Federal
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2021 às 12h04.
Por Mauricio Moura
“Alea jact est” é a expressão em latim para “a sorte está lançada” e é uma frase histórica supostamente dita pelo General romano Júlio César. O militar soltou essa máxima as margens do Rio Rubicão (no território atual da Itália). Em tempos anteriores, Júlio César estava a frente do comando das campanhas de conquista da Gália (atual França). No entanto, o General foi duramente traído por seu colega Pompeu, o Grande. Pompeu com o apoio do Senado de Roma destituiu Júlio César do comando na Gália. Nesse contexto, César decidiu voltar para Roma, a fim de resolver o problema. Quando exércitos de Júlio Cesar chegaram no território italiano, o Senado ordenou que este imediatamente se destitui-se da sua patente, porém o General César se negou, e diante das margens do Rubicão sua mais famosa frase. No Brasil de 2021, a CPI Covid traz vários elementos desse episódio épico: Senado, General traído, disputa de comando e a “sorte lançada” sem nenhuma previsão sobre o que irá acontecer e muita expectativa da opinião pública.
A pesquisa de amostra nacional telefônica Exame/IDEIA (aplicada nos dias 04 e 05 de maio de 2021) apresentou um sentimento elevado de suporte e alta expectativa da opinião pública em relação a CPI no Senado Federal. São 2/3 dos brasileiros que tem conhecimento da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. E são aproximadamente 60% que aprovam a mesma. Um número bastante robusto que projeta um caráter único dessa comissão. Houve CPI’s históricas como a de Paulo César Farias no governo Fernando Collor de Mello (que levou ao impeachment do presidente em 1992) ou a CPI dos Correios que detonou o esquema do mensalão no Governo Lula. Todavia, nenhuma delas abordavam uma tragédia corrente, atual e tão trágica como essa. A proximidade nos temas debatidos diariamente no Senado com a tragédia sanitária nas ruas nunca foi tão estreita.
Nesse contexto, a expectativa da sociedade é imensa para um ato político (quase teatral). Da pesquisa depurou-se que 45% acreditam que o governo federal vai mudar sua abordagem em relação a pandemia em função dos trabalhos liderados pelo Senador Omar Aziz do Amazonas. Também são 41% que esperam que a CPI traga um aumento do ritmo de vacinação, enquanto 32% tem expectativa que o processo aponte culpados e 15% ainda torcem pelo aumento do auxilio emergencial. Sem dúvida uma expectativa da envergadura do Império Romano.
Todavia, a julgar pelas correlações estatísticas dos dados da pesquisa, a CPI tem baixo impactado para mudar a visão da opinião pública a cerca da popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Quem desaprova o presidente (e são 52% dos entrevistados) tem maiores expectativas em relação ao trabalho parlamentar. E a Gália brasileira, ou seja, os resistentes apoiadores do governo federal (24%) não esperam muito do processo.
As consequências políticas, no entanto, são imprevisíveis. Teremos personagens altamente esperados pela arena da opinião pública como o ex-ministro General Eduardo Pazuello e muito circo promovido pelos Senadores de todos os lados (governistas, oposição e “independentes”). Seria Pazuello o Pompeu do Planalto central? Para Jair Bolsonaro, as conclusões podem complicar ou facilitar a travessia do seu Rubicão: a eleição de 2022.
Por Mauricio Moura
“Alea jact est” é a expressão em latim para “a sorte está lançada” e é uma frase histórica supostamente dita pelo General romano Júlio César. O militar soltou essa máxima as margens do Rio Rubicão (no território atual da Itália). Em tempos anteriores, Júlio César estava a frente do comando das campanhas de conquista da Gália (atual França). No entanto, o General foi duramente traído por seu colega Pompeu, o Grande. Pompeu com o apoio do Senado de Roma destituiu Júlio César do comando na Gália. Nesse contexto, César decidiu voltar para Roma, a fim de resolver o problema. Quando exércitos de Júlio Cesar chegaram no território italiano, o Senado ordenou que este imediatamente se destitui-se da sua patente, porém o General César se negou, e diante das margens do Rubicão sua mais famosa frase. No Brasil de 2021, a CPI Covid traz vários elementos desse episódio épico: Senado, General traído, disputa de comando e a “sorte lançada” sem nenhuma previsão sobre o que irá acontecer e muita expectativa da opinião pública.
A pesquisa de amostra nacional telefônica Exame/IDEIA (aplicada nos dias 04 e 05 de maio de 2021) apresentou um sentimento elevado de suporte e alta expectativa da opinião pública em relação a CPI no Senado Federal. São 2/3 dos brasileiros que tem conhecimento da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito. E são aproximadamente 60% que aprovam a mesma. Um número bastante robusto que projeta um caráter único dessa comissão. Houve CPI’s históricas como a de Paulo César Farias no governo Fernando Collor de Mello (que levou ao impeachment do presidente em 1992) ou a CPI dos Correios que detonou o esquema do mensalão no Governo Lula. Todavia, nenhuma delas abordavam uma tragédia corrente, atual e tão trágica como essa. A proximidade nos temas debatidos diariamente no Senado com a tragédia sanitária nas ruas nunca foi tão estreita.
Nesse contexto, a expectativa da sociedade é imensa para um ato político (quase teatral). Da pesquisa depurou-se que 45% acreditam que o governo federal vai mudar sua abordagem em relação a pandemia em função dos trabalhos liderados pelo Senador Omar Aziz do Amazonas. Também são 41% que esperam que a CPI traga um aumento do ritmo de vacinação, enquanto 32% tem expectativa que o processo aponte culpados e 15% ainda torcem pelo aumento do auxilio emergencial. Sem dúvida uma expectativa da envergadura do Império Romano.
Todavia, a julgar pelas correlações estatísticas dos dados da pesquisa, a CPI tem baixo impactado para mudar a visão da opinião pública a cerca da popularidade do presidente Jair Bolsonaro. Quem desaprova o presidente (e são 52% dos entrevistados) tem maiores expectativas em relação ao trabalho parlamentar. E a Gália brasileira, ou seja, os resistentes apoiadores do governo federal (24%) não esperam muito do processo.
As consequências políticas, no entanto, são imprevisíveis. Teremos personagens altamente esperados pela arena da opinião pública como o ex-ministro General Eduardo Pazuello e muito circo promovido pelos Senadores de todos os lados (governistas, oposição e “independentes”). Seria Pazuello o Pompeu do Planalto central? Para Jair Bolsonaro, as conclusões podem complicar ou facilitar a travessia do seu Rubicão: a eleição de 2022.