Se exponha, saia da sua zona de conforto, afirma Ana Gring da Piccadilly
Na coluna desta semana, conheça a história de Ana Carolina Grings, vice-presidente e diretora de produto da Piccadilly
Colunista
Publicado em 22 de setembro de 2023 às 12h00.
Nasci em Igrejinha, Rio Grande do Sul, em 13 de fevereiro de 1976. Sou a terceira geração da empresa familiar Piccadilly, fundada pelo meu avô e mais três sócios em 1955. Sou casada com Marlon Martins, com quem tenho dois filhos – Arthur, de 20 anos, e Davi, de 15.
Desde criança, sempre gostei muito de tudo que envolve criatividade. Ajudava minha mãe nos artesanatos e nas criações, fazendo de tudo um pouco, com o objetivo de buscar minha independência financeira.
Aos 14 anos, confeccionava rabicós de cabelo para vender, o que me levou a fazer um curso de bijuterias aos 15 anos. Encontrava realização na criação de peças únicas. Concluí o Ensino Médio sem saber qual curso escolher no vestibular. Meu pai sugeriu Direito, mas não era algo que fazia meus olhos brilharem. Prestei o exame e não fui aprovada. Fiquei um pouco decepcionada, mas entendi que a vida estava me conduzindo ao que verdadeiramente amava: a criação.
Naquela época, as faculdades de Moda eram exclusivas dos grandes centros urbanos. Diante disso, decidi começar a trabalhar, visando conquistar minha independência financeira.
Meu pai, Paulo Grings, diretor comercial na Piccadilly, que entendia meu desejo de começar a trabalhar, sempre me deixou muito à vontade para ingressar no negócio da família. Me sugeriu então fazer um curso de estilismo em calçados, de duração de três meses, com o renomado estilista espanhol José Maria Carrasco Menna, que morava em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Logo após o curso, a convite do meu tio, Tibúrcio Grings, diretor de produto da Piccadilly, na época, comecei a trabalhar na empresa na parte de criação, pois sabia do meu lado criativo.
Iniciei então minha carreira na área de calçados aos 17 anos, em 1993, como designer de produto, passando por um longo período de treinamento e buscando especialização na parte técnica, destacando modelos – o que ajudou muito para eu ter segurança na minha carreira. O calçado tem um lado bastante técnico, além do lado criativo, pois não adianta a gente criar produtos que não podem ser produzidos. Nesse processo, passei também pela parte de custos, ficha técnica e burocrática. Isso formou toda a minha base para eu estar na posição que estou hoje. Além disso, é bom lembrar que eu fui a primeira mulher a trabalhar neste setor.
Quando mostrei meu primeiro protótipo para o meu avô, sócio-fundador da empresa, escorreu uma lágrima. Ali percebi o quanto seria importante para ele dar sequência a esse legado. Sempre fui muito curiosa e interessada em aprender e, por conta disso, fazia todos os cursos técnicos que surgiam para me atualizar e construir uma boa base técnica.
O primeiro produto que eu criei na Piccadilly foi um chinelo chamado Camila – a gente sempre dá nome de mulheres para os calçados. Era o chinelo mais vendido da marca, e é até hoje. A minha ansiedade era saber se meu tio ia gostar do que eu estava criando. Eu entrei achando que as coisas tinham que ser do meu jeito. Eu queria fazer produtos que eu gostasse muito, fazer modelos mais jovens. Então, fui adaptando meu estilo ao longo do tempo. Meu maior desafio foi a falta de maturidade, porque quando a gente começa a trabalhar muito cedo, como eu, com 17 anos, não tem muito preparo emocional. Eu não me dava conta, na época, mas hoje eu vejo isso. Eu questionava algumas coisas, porque ainda não conhecia o DNA da marca. Isso podia trazer até uma ruptura com o público que conhecia a Piccadilly como uma marca mais tradicional.
Tenho muita clareza de que nunca teria chegado onde cheguei se não buscasse atualização contínua. O trabalho e a prática são fundamentais. A gente só aprende quando executa.
Em 2001, resolvi iniciar o curso de Administração na Faccat, trocando mais tarde por Publicidade e Propaganda. Hoje, a forma de aprendizado mudou bastante. É possível aprender com especialistas no tema de interesse e necessidade, trazendo resultados muito rápidos e otimizando o nosso tempo. Somente estudar e não fazer nada com o que aprendemos não nos leva a lugar nenhum. Por isso que hoje me interessa muito saber o que as pessoas fizeram com o que estudaram ou aprenderam.
Minha carreira foi influenciada por muitas pessoas, e teria medo de esquecer alguém. Começaria com meu pai, Paulo Grings, que foi CEO da Piccadilly por muitos anos e que me deu muitos bons conselhos. Eu fui muito tímida na pré-adolescência, e meu pai me ensinou a importância de um bom aperto de mão e o poder do relacionamento, além de sempre apoiar os meus desejos e iniciativas de carreira, inclusive quando optei por me afastar da empresa após o nascimento do meu primeiro filho. A ele sou grata pelo exemplo de liderança, de coragem, honestidade e dedicação ao trabalho. Minha mãe, Rejane Grings, me deu a oportunidade de descobrir e desenvolver meu talento na criação. Até hoje, ela é uma grande inspiração para mim e carrega muita sabedoria e resiliência, me munindo sempre de bons conselhos.
Meu avô paterno, Almiro Grings, um dos fundadores da Piccadilly, me ensinou muito. Seu lado humano, visionário, nos deixou muitos bons exemplos. Meu tio, Tibúrcio Grings, que acreditou no meu potencial e foi um grande professor. Além da família, foram muitas consultorias e muitos conselheiros que me desafiaram a sair da minha zona de conforto e a me reinventar, fazendo com que eu construísse uma carreira de 30 anos no ramo de calçados.
O meu propósito dentro da Piccadilly foi trazer rejuvenescimento para a marca. Eu consegui fazer esse movimento atingindo um público mais jovem sem romper com o DNA da marca.
Em 1999, ganhei a responsabilidade de criar completamente por minha conta uma nova marca do grupo, chamada Cally. A marca deu supercerto, nós chegamos a vender 2,5 milhões de pares ao longo de um ano. Mas acabamos descontinuando a Cally quatro depois, porque ela era produzida no Nordeste e na época não havia cadeia de fornecimento lá como tem hoje. O processo de produção foi extremamente desafiador, uma vez que enfrentamos escassez de mão de obra. Além disso, a marca Cally começou a diminuir a participação da marca Piccadilly no mercado, o que representou uma ameaça para a marca principal. Apesar de ter sido descontinuada, eu a considero um case de sucesso, porque até hoje os clientes falam da Cally. Em 2003, saí da empresa para abrir meu próprio negócio, o Studio Ana Grings, onde desenvolvia coleções de calçados para alguns países como Israel, Austrália, Espanha e Portugal.
Em 2006, quando se iniciou o trabalho de sucessão na Piccadilly, fui convidada para voltar com o compromisso de fazer produtos com essa cara mais jovem, como era a Cally, e de me desenvolver para uma possível Diretoria Júnior. O período em que estive ausente foi benéfico, pois me permitiu obter uma perspectiva fresca sobre a empresa, o que foi uma experiência enriquecedora. Quando retornei, meu tio comentou: “Uau, você voltou completamente diferente, Ana”.
Acredito que consegui rejuvenescer a Piccadilly, que até então era vista como uma marca de produtos para senhoras, para trabalho, mais tradicionais.
Em 2008, assumi o cargo de diretora júnior de desenvolvimento de produto. Os clientes pediam muito a criação de um produto de conforto infantil da Piccadilly, então lançamos a Liliby, por volta de 2010, mas não conseguimos administrar as duas marcas por muito tempo. São mundos muito diferentes, pois havia um volume muito pequeno e isso não trouxe uma eficiência operacional para o nosso negócio. Então resolvemos descontinuar e dar um foco bem grande na Piccadilly.
Em 2011, iniciei um novo negócio de confecção, a Maad Moda, que lançava coleções de camisetas divertidas, com o objetivo de levar diversão para a vida das pessoas, com o objetivo de sair do negócio da família num futuro próximo.
Liderei a criação de uma nova marca pop-up da Piccadilly em 2015, a So.Si, que teve o conceito de sapatilha ajustável. Contratamos um escritório para nos ajudar a desenvolver o produto, que foi superpremiado em concursos de design. Vendíamos produtos em quiosques localizados em shoppings, o que proporcionou à Piccadilly uma valiosa compreensão do setor varejista. Esse enfoque nos trouxe um vasto conhecimento e representou uma experiência de aprendizado significativa para nós. Neste mesmo momento estávamos começando a entrar com as franquias no mercado. Quando chegou a Pandemia de Covid-19, fomos obrigados a fechar algumas torneiras e acabamos descontinuando as operações em shoppings, pois elas não se pagavam (o custo operacional dos shoppings é muito alto), e então a marca Piccadilly acabou incorporando os produtos da So.Si.
Mais recentemente, logo após o início da pandemia, criamos um produto de EVA injetado, o Marshmallow, que nasceu a partir de uma pesquisa comportamental, quando as pessoas estavam usando produtos mais confortáveis, com cores bem alegres, em razão do momento triste que estávamos passando, com um custo-benefício muito bom, conseguiu uma venda recorde histórica e atingiu um público jovem. Fomos a primeira marca a lançar um produto dessa categoria, sendo reconhecida como uma empresa moderna, atual, um case de sucesso no mercado.
A nossa empresa sempre investiu muito em pesquisas quantitativas e qualitativas. Em 1995, a Piccadilly levantou a bandeira do conforto. Foi a primeira marca a fazer isso. Sempre foi algo muito importante para nós. Hoje o mundo digital facilita muito, e a gente consegue ter respostas rápidas para as nossas dúvidas. Após a pandemia, observamos um considerável aumento nas vendas pela internet. Muitas pessoas foram impelidas a fazer suas primeiras compras on-line devido às circunstâncias. Mas uma coisa não vai excluir a outra, ou seja, a compra pelo site não vai eliminar a loja física e vice-versa, como muitos achavam, mesmo antes da pandemia. As duas coisas são complementares.
Os momentos mais difíceis foram os que mais me fizeram crescer
No ano de 2012, com a saída do meu tio da empresa e o convite dele para que eu ocupasse o seu lugar, enfrentei um momento crucial em minha carreira. De um dia para o outro, fui desafiada a tomar todas as decisões que uma diretoria de produto exige. Aprendi que junto com o medo e a insegurança, logo vem a coragem. Tomei a decisão de encerrar as atividades do meu negócio de confecção para dar foco total à Piccadilly, honrando a confiança em mim depositada. Eu estava assumindo a posição de um líder muito forte, uma referência no setor calçadista brasileiro, e confesso que me senti muito honrada e desafiada. Naquele momento, tomei a decisão de que faria dar certo, porque eu queria ser um exemplo bem-sucedido e um dia iria contar essa história, assim como estou fazendo agora.
E de repente, fazer uma mudança tanto de geração quanto de gênero gerava dúvida em muita gente. Perdemos pessoal da equipe, foi bem difícil no começo. Eu tinha que provar para as pessoas que estava lá por competência e não porque era da família. E hoje temos um faturamento histórico. Fico arrepiada só de lembrar, porque é muito bom também você poder ser usada como um case. A Piccadilly vem sendo muito procurada para falar de liderança feminina e de sucessão por sermos um exemplo muito bem-sucedido. No ano de 2023, fizemos uma collab com a Barbie. Foi a primeira collab em 68 anos de história e foi um grande case de sucesso. Foi uma união de propósitos das duas marcas, que encorajam, que respeitam a diversidade e se reinventaram e evoluíram ao longo das décadas. O mundo foi pintado de rosa, de pink. A coleção Piccadilly e Barbie foi lançada junto com o filme da Barbie, que valida nosso discurso, nosso propósito de encorajamento feminino. Acreditamos na igualdade de gênero. Não acreditamos que as mulheres são melhores do que os homens. Somos diferentes e totalmente complementares.
Precisamos trazer essa consciência de que o ego pode puxar o nosso tapete. Ao longo desses 30 anos, eu vi muita gente que tinha um grande potencial para crescer na carreira sendo traída pelo ego.
As armadilhas que considero mais prejudiciais incluem a ausência de autoconhecimento e a imaturidade. É extremamente frustrante quando alguém não consegue dar continuidade a projetos, e acomodar-se também é um risco. Limitar os estudos apenas à sua própria área é outra cilada a ser evitada.
É necessário ter um olhar aberto, diversificar o conhecimento e tomar cuidado com o ego. Saber que tudo tem a hora certa de acontecer. Querer acelerar demais as coisas pode acarretar em desperdício de tempo e de recursos. A fruta tem o seu tempo para amadurecer, e quando retirada antes da hora, não é tão saborosa.
A sua infância te dá pistas muito claras sobre o seu talento e o seu propósito. Não se preocupe com as críticas. Você nunca vai agradar todo mundo. Os problemas são do tamanho da atenção que damos para eles. Somos o que pensamos e sentimos. Não perca energia com coisas que você não pode controlar. Tenha a expectativa certa das pessoas. Se eu tivesse ouvido isso lá atrás, teria poupado momentos muito difíceis da minha carreira.
Tem uma frase que eu gosto muito: “A gente não precisa amar o líder, mas precisa confiar nele”.
“Até que um dia a gente aprende que tudo é uma questão de gente.”
O papel de um líder é desenvolver e inspirar pessoas, gerar reflexões, desenvolvimento e aprendizados. Vejo que as habilidades comportamentais hoje são mais importantes que as habilidades técnicas. A técnica a gente aprende. O líder precisa ter um perfil adaptativo e uma resiliência muito evidentes, além de uma visão estratégica. Ter carisma e se comunicar bem são elementos fundamentais. Tem que entender de gente e estar disposto a treinar gente, para colocar a pessoa certa no lugar certo, acreditando e confiando no time. É preciso fazer com que as pessoas do time se tornem melhores a cada dia, além de ser um bom exemplo de conduta e ética, porque o exemplo arrasta. O líder tem que ser uma inspiração.
O autoconhecimento, assim como a inteligência emocional é essencial.
Eu valorizo muito as pessoas que não têm medo de aprender, surpreendem, têm curiosidade e criatividade para solucionar problemas, têm cabeça aberta e cooperam com o todo. Gosto de ter na empresa pessoas que sabem trabalhar em equipe, que são criativas na solução de problemas e que têm senso de urgência. Muitos profissionais têm um ótimo currículo, conhecimento, mas não conseguem trabalhar bem em grupo e, por causa disso, não ficam muito tempo na empresa.
É uma grande oportunidade trabalhar para o público de consumidoras que valoriza fatores diferenciais, como o conforto, a tecnologia, o ESG e a sustentabilidade, que vêm sendo cada vez mais valorizados no mundo da moda.
Eu percebo que existe um caminho promissor para as marcas que têm um propósito claro e que criam produtos para um público que valoriza o diferencial, a qualidade e a durabilidade. Cada vez mais, os consumidores buscam uma relação vantajosa entre qualidade e custo. Nesse quadro, acredito que as marcas enfrentam uma crise existencial devido à transformação do mundo. A Geração Z, especialmente, busca por marcas que compartilhem a mesma visão de propósito que eles. É importante que elas façam essa autorreflexão como as pessoas estão fazendo. A Piccadilly teve esse momento entre 2015 e 2017, e foi aí que a gente identificou nosso propósito: encorajar a mulher na sua caminhada. E então iniciamos um processo de rejuvenescimento da marca, sem perder a identidade de conforto. Tudo o que a gente faz tem que ter essa verdade. O mundo está carente de marcas que tenham um objetivo. Vejo que as crises trazem muitas oportunidades, mas também muitos riscos. Quando não fazemos as reflexões certas de quem somos, passamos a nos comparar no mercado entrando na vala comum de preço baixo. Assim, passamos a saber o PREÇO de tudo e não percebendo o VALOR em nada.
No que diz respeito à governança corporativa, o ESG destaca a importância da transparência, da prestação de contas e da adoção de boas práticas de gestão.
Hoje, além de vice-presidente diretora de produto e inovação, sou apoiadora dos assuntos voltados ao tema ESG na empresa.
ESG significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português). Trata-se de um conjunto de critérios utilizados para avaliar o desempenho de uma empresa ou organização em relação a questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
Em relação ao aspecto ambiental, as empresas que incorporam o ESG buscam reduzir seu impacto negativo no meio ambiente, adotando práticas sustentáveis, diminuindo a emissão de poluentes, gerenciando de forma eficiente seus recursos naturais e contribuindo para a preservação da biodiversidade. Isso é crucial em um momento em que as preocupações com as mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais estão cada vez mais evidentes.
Quanto ao aspecto social, o ESG envolve a promoção de práticas justas e éticas em relação aos funcionários, fornecedores, comunidades locais e demais partes interessadas. Isso inclui tratar os colaboradores de forma justa, garantindo igualdade de oportunidades, respeitando os direitos humanos, promovendo a diversidade e a inclusão, além de se engajar em iniciativas de responsabilidade social.
Uma governança eficaz implica em ter uma estrutura organizacional sólida, com líderes responsáveis e comprometidos com a integridade e a ética nos negócios.
Ao incorporar o ESG, as organizações podem desfrutar de diversos benefícios. Além de contribuírem para um mundo mais sustentável, elas também podem fortalecer sua reputação, atrair investidores e talentos, reduzir riscos operacionais, aumentar a eficiência e a inovação, bem como gerar valor compartilhado para a sociedade como um todo .
Antes de liderar uma equipe, precisamos ser habilidosos em liderar nossa própria vida. Um livro que gostei muito e que inspira tanto na vida pessoal quanto na profissional, gerando muitas reflexões profundas, é Comece pelo porquê, de Simon Sinek.
Nunca tive interesse em livros extensos, mas ao longo dos anos, percebi que estava escolhendo as leituras equivocadas. Com o tempo, encontrei um caminho mais adequado. Comecei lendo livros sobre inteligência emocional e autoajuda, buscando desenvolver minha resiliência. É crucial iniciar essa jornada com foco no autoconhecimento, posteriormente adentrando na inteligência emocional e na autoajuda. Minha jornada começou ao compreender o funcionamento da mente e como crenças limitantes moldam nossas vidas e resultados. Ao compreender esse aspecto, tudo se tornou mais fluente e diversas oportunidades se revelaram.
O livro que iniciou essa jornada foi Como se tornar sobrenatural, do Dr. Joe Dispenza. Desde então, já tive a oportunidade de ler todos os livros dele.
Um livro que estou atualmente lendo e apreciando bastante é Maestria, escrito por Robert Greene. Eu o recomendo especialmente para jovens que ainda não têm clareza sobre seu propósito, pois ele provoca reflexões profundas e significativas.
A única coisa que não podemos é desistir e parar de aprender. O resultado vem da repetição e da persistência, e só fracassa quem desiste.
Não se preocupe tanto com o amanhã e com a opinião e julgamento dos outros, porque quando somos jovens, temos muitas dúvidas e as coisas e os planos mudam muito rápido. Num período de 10 anos, nossa vida dá muitas voltas. A gente pode não trabalhar com aquilo que foi nossa formação. Podemos não casar com o primeiro amor, e está tudo bem. É muito comum ter uma formação em administração, por exemplo, e seguir a carreira de designer. Por isso, precisamos estar muito atentos aos sinais que a vida dá. Escolha fazer aquilo que você ama. É normal que as pessoas próximas queiram direcionar nosso futuro ou as nossas escolhas, mas precisamos ouvir nosso coração e encontrar nosso propósito. Não há problema nenhum em mudar de planos, mudar de ideia. Saiba que a vida é uma jornada de erros, acertos, perdas e conquistas. É nas dificuldades que aprendemos e nos tornamos mais fortes e sábios, afinal, não se treina bons marinheiros em águas calmas. Se você está confortável, é porque está parado no tempo. O conforto é a passagem barata para a depressão, então esteja sempre se desafiando, explorando e aprendendo coisas novas. Não despreze a sabedoria dos mais velhos. Isso vai tornar a sua vida muito mais fácil. E, lembre-se: não se esqueça de ser grato(a), sempre.
Nasci em Igrejinha, Rio Grande do Sul, em 13 de fevereiro de 1976. Sou a terceira geração da empresa familiar Piccadilly, fundada pelo meu avô e mais três sócios em 1955. Sou casada com Marlon Martins, com quem tenho dois filhos – Arthur, de 20 anos, e Davi, de 15.
Desde criança, sempre gostei muito de tudo que envolve criatividade. Ajudava minha mãe nos artesanatos e nas criações, fazendo de tudo um pouco, com o objetivo de buscar minha independência financeira.
Aos 14 anos, confeccionava rabicós de cabelo para vender, o que me levou a fazer um curso de bijuterias aos 15 anos. Encontrava realização na criação de peças únicas. Concluí o Ensino Médio sem saber qual curso escolher no vestibular. Meu pai sugeriu Direito, mas não era algo que fazia meus olhos brilharem. Prestei o exame e não fui aprovada. Fiquei um pouco decepcionada, mas entendi que a vida estava me conduzindo ao que verdadeiramente amava: a criação.
Naquela época, as faculdades de Moda eram exclusivas dos grandes centros urbanos. Diante disso, decidi começar a trabalhar, visando conquistar minha independência financeira.
Meu pai, Paulo Grings, diretor comercial na Piccadilly, que entendia meu desejo de começar a trabalhar, sempre me deixou muito à vontade para ingressar no negócio da família. Me sugeriu então fazer um curso de estilismo em calçados, de duração de três meses, com o renomado estilista espanhol José Maria Carrasco Menna, que morava em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Logo após o curso, a convite do meu tio, Tibúrcio Grings, diretor de produto da Piccadilly, na época, comecei a trabalhar na empresa na parte de criação, pois sabia do meu lado criativo.
Iniciei então minha carreira na área de calçados aos 17 anos, em 1993, como designer de produto, passando por um longo período de treinamento e buscando especialização na parte técnica, destacando modelos – o que ajudou muito para eu ter segurança na minha carreira. O calçado tem um lado bastante técnico, além do lado criativo, pois não adianta a gente criar produtos que não podem ser produzidos. Nesse processo, passei também pela parte de custos, ficha técnica e burocrática. Isso formou toda a minha base para eu estar na posição que estou hoje. Além disso, é bom lembrar que eu fui a primeira mulher a trabalhar neste setor.
Quando mostrei meu primeiro protótipo para o meu avô, sócio-fundador da empresa, escorreu uma lágrima. Ali percebi o quanto seria importante para ele dar sequência a esse legado. Sempre fui muito curiosa e interessada em aprender e, por conta disso, fazia todos os cursos técnicos que surgiam para me atualizar e construir uma boa base técnica.
O primeiro produto que eu criei na Piccadilly foi um chinelo chamado Camila – a gente sempre dá nome de mulheres para os calçados. Era o chinelo mais vendido da marca, e é até hoje. A minha ansiedade era saber se meu tio ia gostar do que eu estava criando. Eu entrei achando que as coisas tinham que ser do meu jeito. Eu queria fazer produtos que eu gostasse muito, fazer modelos mais jovens. Então, fui adaptando meu estilo ao longo do tempo. Meu maior desafio foi a falta de maturidade, porque quando a gente começa a trabalhar muito cedo, como eu, com 17 anos, não tem muito preparo emocional. Eu não me dava conta, na época, mas hoje eu vejo isso. Eu questionava algumas coisas, porque ainda não conhecia o DNA da marca. Isso podia trazer até uma ruptura com o público que conhecia a Piccadilly como uma marca mais tradicional.
Tenho muita clareza de que nunca teria chegado onde cheguei se não buscasse atualização contínua. O trabalho e a prática são fundamentais. A gente só aprende quando executa.
Em 2001, resolvi iniciar o curso de Administração na Faccat, trocando mais tarde por Publicidade e Propaganda. Hoje, a forma de aprendizado mudou bastante. É possível aprender com especialistas no tema de interesse e necessidade, trazendo resultados muito rápidos e otimizando o nosso tempo. Somente estudar e não fazer nada com o que aprendemos não nos leva a lugar nenhum. Por isso que hoje me interessa muito saber o que as pessoas fizeram com o que estudaram ou aprenderam.
Minha carreira foi influenciada por muitas pessoas, e teria medo de esquecer alguém. Começaria com meu pai, Paulo Grings, que foi CEO da Piccadilly por muitos anos e que me deu muitos bons conselhos. Eu fui muito tímida na pré-adolescência, e meu pai me ensinou a importância de um bom aperto de mão e o poder do relacionamento, além de sempre apoiar os meus desejos e iniciativas de carreira, inclusive quando optei por me afastar da empresa após o nascimento do meu primeiro filho. A ele sou grata pelo exemplo de liderança, de coragem, honestidade e dedicação ao trabalho. Minha mãe, Rejane Grings, me deu a oportunidade de descobrir e desenvolver meu talento na criação. Até hoje, ela é uma grande inspiração para mim e carrega muita sabedoria e resiliência, me munindo sempre de bons conselhos.
Meu avô paterno, Almiro Grings, um dos fundadores da Piccadilly, me ensinou muito. Seu lado humano, visionário, nos deixou muitos bons exemplos. Meu tio, Tibúrcio Grings, que acreditou no meu potencial e foi um grande professor. Além da família, foram muitas consultorias e muitos conselheiros que me desafiaram a sair da minha zona de conforto e a me reinventar, fazendo com que eu construísse uma carreira de 30 anos no ramo de calçados.
O meu propósito dentro da Piccadilly foi trazer rejuvenescimento para a marca. Eu consegui fazer esse movimento atingindo um público mais jovem sem romper com o DNA da marca.
Em 1999, ganhei a responsabilidade de criar completamente por minha conta uma nova marca do grupo, chamada Cally. A marca deu supercerto, nós chegamos a vender 2,5 milhões de pares ao longo de um ano. Mas acabamos descontinuando a Cally quatro depois, porque ela era produzida no Nordeste e na época não havia cadeia de fornecimento lá como tem hoje. O processo de produção foi extremamente desafiador, uma vez que enfrentamos escassez de mão de obra. Além disso, a marca Cally começou a diminuir a participação da marca Piccadilly no mercado, o que representou uma ameaça para a marca principal. Apesar de ter sido descontinuada, eu a considero um case de sucesso, porque até hoje os clientes falam da Cally. Em 2003, saí da empresa para abrir meu próprio negócio, o Studio Ana Grings, onde desenvolvia coleções de calçados para alguns países como Israel, Austrália, Espanha e Portugal.
Em 2006, quando se iniciou o trabalho de sucessão na Piccadilly, fui convidada para voltar com o compromisso de fazer produtos com essa cara mais jovem, como era a Cally, e de me desenvolver para uma possível Diretoria Júnior. O período em que estive ausente foi benéfico, pois me permitiu obter uma perspectiva fresca sobre a empresa, o que foi uma experiência enriquecedora. Quando retornei, meu tio comentou: “Uau, você voltou completamente diferente, Ana”.
Acredito que consegui rejuvenescer a Piccadilly, que até então era vista como uma marca de produtos para senhoras, para trabalho, mais tradicionais.
Em 2008, assumi o cargo de diretora júnior de desenvolvimento de produto. Os clientes pediam muito a criação de um produto de conforto infantil da Piccadilly, então lançamos a Liliby, por volta de 2010, mas não conseguimos administrar as duas marcas por muito tempo. São mundos muito diferentes, pois havia um volume muito pequeno e isso não trouxe uma eficiência operacional para o nosso negócio. Então resolvemos descontinuar e dar um foco bem grande na Piccadilly.
Em 2011, iniciei um novo negócio de confecção, a Maad Moda, que lançava coleções de camisetas divertidas, com o objetivo de levar diversão para a vida das pessoas, com o objetivo de sair do negócio da família num futuro próximo.
Liderei a criação de uma nova marca pop-up da Piccadilly em 2015, a So.Si, que teve o conceito de sapatilha ajustável. Contratamos um escritório para nos ajudar a desenvolver o produto, que foi superpremiado em concursos de design. Vendíamos produtos em quiosques localizados em shoppings, o que proporcionou à Piccadilly uma valiosa compreensão do setor varejista. Esse enfoque nos trouxe um vasto conhecimento e representou uma experiência de aprendizado significativa para nós. Neste mesmo momento estávamos começando a entrar com as franquias no mercado. Quando chegou a Pandemia de Covid-19, fomos obrigados a fechar algumas torneiras e acabamos descontinuando as operações em shoppings, pois elas não se pagavam (o custo operacional dos shoppings é muito alto), e então a marca Piccadilly acabou incorporando os produtos da So.Si.
Mais recentemente, logo após o início da pandemia, criamos um produto de EVA injetado, o Marshmallow, que nasceu a partir de uma pesquisa comportamental, quando as pessoas estavam usando produtos mais confortáveis, com cores bem alegres, em razão do momento triste que estávamos passando, com um custo-benefício muito bom, conseguiu uma venda recorde histórica e atingiu um público jovem. Fomos a primeira marca a lançar um produto dessa categoria, sendo reconhecida como uma empresa moderna, atual, um case de sucesso no mercado.
A nossa empresa sempre investiu muito em pesquisas quantitativas e qualitativas. Em 1995, a Piccadilly levantou a bandeira do conforto. Foi a primeira marca a fazer isso. Sempre foi algo muito importante para nós. Hoje o mundo digital facilita muito, e a gente consegue ter respostas rápidas para as nossas dúvidas. Após a pandemia, observamos um considerável aumento nas vendas pela internet. Muitas pessoas foram impelidas a fazer suas primeiras compras on-line devido às circunstâncias. Mas uma coisa não vai excluir a outra, ou seja, a compra pelo site não vai eliminar a loja física e vice-versa, como muitos achavam, mesmo antes da pandemia. As duas coisas são complementares.
Os momentos mais difíceis foram os que mais me fizeram crescer
No ano de 2012, com a saída do meu tio da empresa e o convite dele para que eu ocupasse o seu lugar, enfrentei um momento crucial em minha carreira. De um dia para o outro, fui desafiada a tomar todas as decisões que uma diretoria de produto exige. Aprendi que junto com o medo e a insegurança, logo vem a coragem. Tomei a decisão de encerrar as atividades do meu negócio de confecção para dar foco total à Piccadilly, honrando a confiança em mim depositada. Eu estava assumindo a posição de um líder muito forte, uma referência no setor calçadista brasileiro, e confesso que me senti muito honrada e desafiada. Naquele momento, tomei a decisão de que faria dar certo, porque eu queria ser um exemplo bem-sucedido e um dia iria contar essa história, assim como estou fazendo agora.
E de repente, fazer uma mudança tanto de geração quanto de gênero gerava dúvida em muita gente. Perdemos pessoal da equipe, foi bem difícil no começo. Eu tinha que provar para as pessoas que estava lá por competência e não porque era da família. E hoje temos um faturamento histórico. Fico arrepiada só de lembrar, porque é muito bom também você poder ser usada como um case. A Piccadilly vem sendo muito procurada para falar de liderança feminina e de sucessão por sermos um exemplo muito bem-sucedido. No ano de 2023, fizemos uma collab com a Barbie. Foi a primeira collab em 68 anos de história e foi um grande case de sucesso. Foi uma união de propósitos das duas marcas, que encorajam, que respeitam a diversidade e se reinventaram e evoluíram ao longo das décadas. O mundo foi pintado de rosa, de pink. A coleção Piccadilly e Barbie foi lançada junto com o filme da Barbie, que valida nosso discurso, nosso propósito de encorajamento feminino. Acreditamos na igualdade de gênero. Não acreditamos que as mulheres são melhores do que os homens. Somos diferentes e totalmente complementares.
Precisamos trazer essa consciência de que o ego pode puxar o nosso tapete. Ao longo desses 30 anos, eu vi muita gente que tinha um grande potencial para crescer na carreira sendo traída pelo ego.
As armadilhas que considero mais prejudiciais incluem a ausência de autoconhecimento e a imaturidade. É extremamente frustrante quando alguém não consegue dar continuidade a projetos, e acomodar-se também é um risco. Limitar os estudos apenas à sua própria área é outra cilada a ser evitada.
É necessário ter um olhar aberto, diversificar o conhecimento e tomar cuidado com o ego. Saber que tudo tem a hora certa de acontecer. Querer acelerar demais as coisas pode acarretar em desperdício de tempo e de recursos. A fruta tem o seu tempo para amadurecer, e quando retirada antes da hora, não é tão saborosa.
A sua infância te dá pistas muito claras sobre o seu talento e o seu propósito. Não se preocupe com as críticas. Você nunca vai agradar todo mundo. Os problemas são do tamanho da atenção que damos para eles. Somos o que pensamos e sentimos. Não perca energia com coisas que você não pode controlar. Tenha a expectativa certa das pessoas. Se eu tivesse ouvido isso lá atrás, teria poupado momentos muito difíceis da minha carreira.
Tem uma frase que eu gosto muito: “A gente não precisa amar o líder, mas precisa confiar nele”.
“Até que um dia a gente aprende que tudo é uma questão de gente.”
O papel de um líder é desenvolver e inspirar pessoas, gerar reflexões, desenvolvimento e aprendizados. Vejo que as habilidades comportamentais hoje são mais importantes que as habilidades técnicas. A técnica a gente aprende. O líder precisa ter um perfil adaptativo e uma resiliência muito evidentes, além de uma visão estratégica. Ter carisma e se comunicar bem são elementos fundamentais. Tem que entender de gente e estar disposto a treinar gente, para colocar a pessoa certa no lugar certo, acreditando e confiando no time. É preciso fazer com que as pessoas do time se tornem melhores a cada dia, além de ser um bom exemplo de conduta e ética, porque o exemplo arrasta. O líder tem que ser uma inspiração.
O autoconhecimento, assim como a inteligência emocional é essencial.
Eu valorizo muito as pessoas que não têm medo de aprender, surpreendem, têm curiosidade e criatividade para solucionar problemas, têm cabeça aberta e cooperam com o todo. Gosto de ter na empresa pessoas que sabem trabalhar em equipe, que são criativas na solução de problemas e que têm senso de urgência. Muitos profissionais têm um ótimo currículo, conhecimento, mas não conseguem trabalhar bem em grupo e, por causa disso, não ficam muito tempo na empresa.
É uma grande oportunidade trabalhar para o público de consumidoras que valoriza fatores diferenciais, como o conforto, a tecnologia, o ESG e a sustentabilidade, que vêm sendo cada vez mais valorizados no mundo da moda.
Eu percebo que existe um caminho promissor para as marcas que têm um propósito claro e que criam produtos para um público que valoriza o diferencial, a qualidade e a durabilidade. Cada vez mais, os consumidores buscam uma relação vantajosa entre qualidade e custo. Nesse quadro, acredito que as marcas enfrentam uma crise existencial devido à transformação do mundo. A Geração Z, especialmente, busca por marcas que compartilhem a mesma visão de propósito que eles. É importante que elas façam essa autorreflexão como as pessoas estão fazendo. A Piccadilly teve esse momento entre 2015 e 2017, e foi aí que a gente identificou nosso propósito: encorajar a mulher na sua caminhada. E então iniciamos um processo de rejuvenescimento da marca, sem perder a identidade de conforto. Tudo o que a gente faz tem que ter essa verdade. O mundo está carente de marcas que tenham um objetivo. Vejo que as crises trazem muitas oportunidades, mas também muitos riscos. Quando não fazemos as reflexões certas de quem somos, passamos a nos comparar no mercado entrando na vala comum de preço baixo. Assim, passamos a saber o PREÇO de tudo e não percebendo o VALOR em nada.
No que diz respeito à governança corporativa, o ESG destaca a importância da transparência, da prestação de contas e da adoção de boas práticas de gestão.
Hoje, além de vice-presidente diretora de produto e inovação, sou apoiadora dos assuntos voltados ao tema ESG na empresa.
ESG significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em português). Trata-se de um conjunto de critérios utilizados para avaliar o desempenho de uma empresa ou organização em relação a questões ambientais, sociais e de governança corporativa.
Em relação ao aspecto ambiental, as empresas que incorporam o ESG buscam reduzir seu impacto negativo no meio ambiente, adotando práticas sustentáveis, diminuindo a emissão de poluentes, gerenciando de forma eficiente seus recursos naturais e contribuindo para a preservação da biodiversidade. Isso é crucial em um momento em que as preocupações com as mudanças climáticas e a escassez de recursos naturais estão cada vez mais evidentes.
Quanto ao aspecto social, o ESG envolve a promoção de práticas justas e éticas em relação aos funcionários, fornecedores, comunidades locais e demais partes interessadas. Isso inclui tratar os colaboradores de forma justa, garantindo igualdade de oportunidades, respeitando os direitos humanos, promovendo a diversidade e a inclusão, além de se engajar em iniciativas de responsabilidade social.
Uma governança eficaz implica em ter uma estrutura organizacional sólida, com líderes responsáveis e comprometidos com a integridade e a ética nos negócios.
Ao incorporar o ESG, as organizações podem desfrutar de diversos benefícios. Além de contribuírem para um mundo mais sustentável, elas também podem fortalecer sua reputação, atrair investidores e talentos, reduzir riscos operacionais, aumentar a eficiência e a inovação, bem como gerar valor compartilhado para a sociedade como um todo .
Antes de liderar uma equipe, precisamos ser habilidosos em liderar nossa própria vida. Um livro que gostei muito e que inspira tanto na vida pessoal quanto na profissional, gerando muitas reflexões profundas, é Comece pelo porquê, de Simon Sinek.
Nunca tive interesse em livros extensos, mas ao longo dos anos, percebi que estava escolhendo as leituras equivocadas. Com o tempo, encontrei um caminho mais adequado. Comecei lendo livros sobre inteligência emocional e autoajuda, buscando desenvolver minha resiliência. É crucial iniciar essa jornada com foco no autoconhecimento, posteriormente adentrando na inteligência emocional e na autoajuda. Minha jornada começou ao compreender o funcionamento da mente e como crenças limitantes moldam nossas vidas e resultados. Ao compreender esse aspecto, tudo se tornou mais fluente e diversas oportunidades se revelaram.
O livro que iniciou essa jornada foi Como se tornar sobrenatural, do Dr. Joe Dispenza. Desde então, já tive a oportunidade de ler todos os livros dele.
Um livro que estou atualmente lendo e apreciando bastante é Maestria, escrito por Robert Greene. Eu o recomendo especialmente para jovens que ainda não têm clareza sobre seu propósito, pois ele provoca reflexões profundas e significativas.
A única coisa que não podemos é desistir e parar de aprender. O resultado vem da repetição e da persistência, e só fracassa quem desiste.
Não se preocupe tanto com o amanhã e com a opinião e julgamento dos outros, porque quando somos jovens, temos muitas dúvidas e as coisas e os planos mudam muito rápido. Num período de 10 anos, nossa vida dá muitas voltas. A gente pode não trabalhar com aquilo que foi nossa formação. Podemos não casar com o primeiro amor, e está tudo bem. É muito comum ter uma formação em administração, por exemplo, e seguir a carreira de designer. Por isso, precisamos estar muito atentos aos sinais que a vida dá. Escolha fazer aquilo que você ama. É normal que as pessoas próximas queiram direcionar nosso futuro ou as nossas escolhas, mas precisamos ouvir nosso coração e encontrar nosso propósito. Não há problema nenhum em mudar de planos, mudar de ideia. Saiba que a vida é uma jornada de erros, acertos, perdas e conquistas. É nas dificuldades que aprendemos e nos tornamos mais fortes e sábios, afinal, não se treina bons marinheiros em águas calmas. Se você está confortável, é porque está parado no tempo. O conforto é a passagem barata para a depressão, então esteja sempre se desafiando, explorando e aprendendo coisas novas. Não despreze a sabedoria dos mais velhos. Isso vai tornar a sua vida muito mais fácil. E, lembre-se: não se esqueça de ser grato(a), sempre.