Persevere e jamais aceite cair no piloto-automático, afirma Andrios da SIPA
Executivo é vice-presidente para o Brasil e todo Cone Sul da SIPA
Colunista
Publicado em 28 de julho de 2023 às 19h40.
A minha trajetória contou com um planejamento muito bem estruturado para poder tomar decisões nos momentos pontuais, com o propósito de me manter em desenvolvimento contínuo. Amparado por conselhos essenciais, conforme amadurecia, tratei de estar preparado para novas oportunidades, especialmente ao decidir migrar rumo à área comercial. Atualmente, tenho o orgulho de ser o vice-presidente para o Brasil e todo Cone Sul da SIPA.
Natural de São Paulo, nasci em 1977, mas cresci e estudei durante toda a juventude em Osasco, dedicando-me com afinco aos afazeres escolares. Filho de Christovam dos Passos, da região de São Sebastião, no litoral norte paulista, e de Maria Luiza dos Passos, de origem italiana, sou casado com a Renata, com quem tenho dois filhos, o Lorenzo e a Carolina.
Considero que a minha formação começou precocemente, com a orientação dos meus pais. Lembro-me de ser um pouco introvertido – havia uma certa resistência acerca de algumas tarefas. Meu pai possuía um camping no litoral e colocava todos os filhos para auxiliá-lo, como deixar o espaço organizado para os frequentadores. Limpava banheiros, removia o lixo, ajudava os turistas, mas tudo isso foi me ensinando a não ter vergonha de colocar a mão na massa. Meus pais diziam: “Acabou o que tem para fazer, procure outra coisa”, ou seja, era imperativo manter-me ocupado, e sempre disposto a ajudar, o que me moldou desde cedo como uma pessoa muito proativa. Estava com 11, 12 anos, e aprendi o valor de não estagnar, além de como lidar com os clientes.
Sem dúvida, a influência ao optar pelo caminho da Engenharia se deu quando, com somente 14 anos, ingressei no SENAI, onde me formei em Mecânica Geral. Saliento como o esforço de me dedicar à formação técnica, concomitantemente com as tarefas do Ensino Médio, ajudaram-me a edificar um perfil mais completo e preparado para estar apto aos desafios do universo corporativo.
Além disso, durante essa etapa da vida, obtive o meu primeiro trabalho com carteira assinada na ABB (Asea Brown Boveri ). Ao observar os engenheiros trabalhando, acendeu-se uma chama de seguir por esta carreira, levando-me a estabelecer uma estratégia bem adequada visando os próximos passos. A empresa me proveu todo o suporte durante estes três anos, até chegar a um ponto de vislumbrar novos horizontes.
O planejamento de carreira e as primeiras experiências
Decidi priorizar uma experiência no exterior, com o intuito de aprender outro idioma. A intenção era voltar mais qualificado e, assim, poder sair na frente no mercado de trabalho. Curiosamente, cheguei a me formar em prótese dentária, mas era algo que nem sequer detinha desejo de seguir adiante – foi algo motivado por pura admiração ao trabalho do meu irmão.
Com esta programação devidamente acertada, em 2000 parti para Londres, com US$ 600 no bolso, com três meses de escola paga, para morar em albergues. Na metrópole britânica, busquei trabalhos diversos com o intuito de complementar a renda, inclusive em uma cafeteria, iniciando como faxineiro, depois lavando louça, até começar a atender no balcão, pois o meu inglês já contemplava esse pré-requisito – já havia aprimorado o suficiente.
Ao regressar, entrei na UNIP para cursar Engenharia de Produção, graduando-me em 2005. À época, atuava na área de Packaging, na qual me encontro até hoje. Segui me desenvolvendo, realizando uma pós-graduação em embalagens no CETEA da Engenharia Mauá. Mais adiante, em 2010, dei outro passo ao concluir um curso de formação profissional e gerenciamento de negociações em Harvard na cidade de Boston, algo marcante para o meu crescimento.
Logo que comecei os estudos acadêmicos, obtive uma vaga na United Airlines, no segmento de vendas e telemarketing. O plano de ter realizado intercâmbio provou ter sido uma escolha bastante acertada, pois dominar o inglês foi um diferencial para ser admitido na companhia, sendo que, inclusive, cheguei a ser enviado para Miami, no programa de treinamentos.
Na sequência, pedi para ser transferido para o aeroporto, no setor de engenharia, onde eram realizadas as manutenções dos aviões. Não podia mexer em nada, mas acompanhava de perto. Posteriormente, eles me ofereceram a oportunidade de dar um salto profissional, desde que realizasse alguns cursos. Porém, comprometeria a faculdade, o que me levou a olhar com entusiasmo a oportunidade de testar o mercado.
A ascensão e o desafio de migrar para a área comercial
Sendo assim, a Sidel me convidou para assumir como gerente de Projetos Jr., em 2003. Atuei com projetos na Colômbia, Trinidad e Tobago, e regiões do Brasil, de modo geral. Posteriormente, fui alocado para trabalhar em um projeto específico em Miami, chamado de ABC, para montar uma fábrica de sucos a partir do zero, no formato startup. Provinha suporte diretamente para o gerente sênior e permaneci alocado no EUA durante parte do período de implementação.
Integrar o gerenciamento de projetos de sucos em Miami marcou demais em minha trajetória, e se tornou um case de enorme sucesso, responsável por me prover uma experiência gigantesca. A pessoa à frente do projeto na época me deixou bem à vontade para poder tocar os negócios, organizar questões de obras, sendo que eu era ainda bastante jovem.
Ao retornar ao Brasil, recebi uma proposta da SIPA, empresa italiana na qual me encontro. Entrei como gerente de projetos pleno, conduzindo projetos para clientes como o Detergente Ypê, Bombril e Bunge. Dentro da organização, logrei uma experiência deveras interessante, participando da construção da maior fábrica da Bunge, gerenciando o projeto de packaging desde o seu início.
Já com resultados expressivos, o pessoal da Direção, na sede Europeia, enxergou o meu enorme potencial para abarcar o nicho comercial. Com isso, recebi a oferta para deixar a parte de gerenciamento de projetos e migrar para o departamento comercial. Ressalto que, neste período, as vitórias e os sucessos se sucederam com enormes triunfos pessoais e para a empresa. Angariei inúmeras áreas para atender, sendo promovido a gerente comercial.
Enalteço como gerenciar a montagem da fábrica da Bunge, em Rondonópolis (MT), significou como uma etapa de enorme relevância em minha trajetória, porque envolvia outras indústrias. Transferimos linhas de produção inteiras ao precisar fechar plantas em outros locais, como Ourinhos (SP). Além disso, há a questão de termos partido do zero em Rondonópolis, para algo que se tornou imenso. Isso se deu em um período relativamente curto de tempo, pois iniciamos em meados de 2005, concluindo o projeto no meio de 2007.
Todavia, em 2011, fui convidado pela AROL – outra companhia italiana – para assumir como diretor-geral. Estava com somente 33 anos, e era algo que havia determinado como target – alcançar uma posição de Presidência antes dos 40 anos. Ou seja, bem antes do planejado, tornei-me CEO da Arol Brazil, uma conquista maravilhosa, liderando uma instituição líder mundial do setor de capsulamento.
Novamente, edifiquei um projeto a partir do zero no Brasil, pois assumi a organização necessitando estruturar os processos, contratar funcionários, colocando o maquinário para importar e vender, assim como as peças de reposição, além de prover ênfase no atendimento de qualidade. Alcançamos grandes clientes, como Coca-Cola, Ambev, Danone, enfim, parceiros de enorme credibilidade mercadológico.
Na AROL, destaco o enorme orgulho de ter participado do case envolvendo o lançamento da garrafa em lata da Coca-Cola, o Can Bottle, em 2014. Esse processo envolveu a Coca-Cola Brasil, Coca-Cola Atlanta – onde fica a sede do grupo –, AROL Itália e AROL Brasil, além da CCL do Rio de Janeiro, que comanda toda essa parte de qualidade e desenvolvimento de embalagens. A minha principal missão foi a de trazer esse produto ao país, com a atribuição de cuidar de toda a parte de tampamento, testes de temperatura, vazão, enfim, contemplando todas as etapas dos processos.
O retorno para SIPA como vice-presidente
Já em maio de 2019, a SIPA me chamou para voltar, desta vez, para assumir o cargo de vice-presidente, como responsável pelas filiais do Brasil e de todo Cone Sul. Considerei positivo efetuar essa movimentação, amparado por uma proposta bem interessante. O trabalho que realizara no passado transmitia confiança ao grupo, portanto, deixei um legado da primeira vez, com as portas abertas para conseguir conquistar metas ainda maiores.
De imediato, recebi carta branca para implementar tudo que fosse necessário com o propósito de colocar a empresa novamente na rota de crescimento. Assim, implementei mudanças nas quais, antes do meu retorno, estavam sendo evitadas, como a troca de pessoal, a alteração das sedes de filiais e a montagem do setor de microferramentaria.
Com todo este empenho, tudo deu certo, e a companhia tem logrado um crescimento exponencial gigantesco. Só para se ter uma ideia, em quatro meses de 2023, já obtivemos faturamento superior ao de 2021 inteiro. Mesmo durante a Pandemia de Covid-19, contamos com resultados positivos, o que explica como a metodologia adotada funcionou com amplo êxito. Em pouco tempo, triplicamos os lucros da companhia em relação aos últimos dez anos.
A SIPA fabrica injetoras, sopradoras, injetoras e linhas completas de envase. A AROL é uma empresa que faz máquinas tampadoras e as vende também para SIPA, como fornecedora. Porém, a AROL é a maior empresa do mundo de máquinas deste produto, ou seja, também municia mercadorias para os concorrentes.
Persevere e jamais aceite cair no “piloto-automático”
Ao repassar os meus passos, nem sequer hesito em apontar como o meu maior ponto de inflexão o fato de ter migrado para a área comercial, na primeira passagem pela SIPA, logo após terminar o projeto da Bunge. O presidente mundial queria que eu efetuasse esse movimento, para assumir maiores responsabilidades. Obviamente, as demandas aumentaram, junto com os compromissos.
Contudo, marcou como um grande aprendizado, pois, de certa forma, deixou-me fora da possibilidade de entrar na perigosa zona de conforto. Compreendi como funciona a área comercial e percebi que se tratava de um nicho amplo, inclusive com necessidade de aplicações técnicas. Recordo-me de um debate na sala de aula, nos tempos de faculdade, quando um amigo me aconselhou a realizar tal movimentação para poder crescer na vida. À época, achava sem sentido, mas a maturidade me trouxe lucidez.
Outro ponto que evidencio como destaque em minha jornada abrange o sucesso na AROL, ao assumir a direção-geral da instituição com somente 33 anos. Dali em diante, tive a certeza de que estava no caminho certo, de que havia tomado as decisões corretas e poderia ir além, caso mantivesse o foco e a perseverança.
Ao analisar a minha trajetória, cito como a principal armadilha para um executivo a questão de entrar no modo “piloto-automático”, de pensar que está tudo muito certo – isso gera acomodação. E o profissional nem sequer percebe que o tempo o ultrapassa, ou seja, é preciso estar sempre atento, com certa dose de cautela, mas em busca de desafios, impondo o seu melhor em cada empreitada. Simplesmente, passa pela lógica de manter-se evoluindo constantemente.
São aprendizados que obtive ainda jovem, fora do contexto da mentoria estruturada. Lá atrás, a minha mãe teve esse papel, pois me instigava a batalhar, perseverar, e a continuar perseguindo os meus propósitos. Ela me ensinou a não desistir, pois, cedo ou tarde, viria a vencer. E deu certo!
A Pirâmide Invertida e o valor de saber escutar
No passado, as pessoas tinham muito medo da figura do chefe, por ele possuir o perfil mais sisudo, pouco acessível. Atualmente, no meu entender, esse cenário mudou demais – a pirâmide inverteu. O chefe não está lá em cima, ele precisa estar embaixo. Preciso ajudar a servir os meus colaboradores, compreender as suas demandas, para fazer com que eles se sintam bem, resultando em melhorias em todos os âmbitos.
O livro O Monge e o Executivo , do James C. Hunter, reflete o que eu sempre tive dentro de mim. A obra aborda com fidelidade o aspecto da pirâmide invertida, o fato de querer servir antes de ser servido, de se colocar na mesma altura que o próximo. Isso faz com que as pessoas se sintam valorizadas e cuidadas. Afinal, esses indivíduos constituem o verdadeiro cartão de visitas para os meus clientes.
Saliento como ouvimos um monte de coisas a todo instante. A grande questão é: será que escutamos de fato? Ouvi ótimos conselhos ao longo da vida, de parentes, amigos, pares profissionais, mas não assimilava adequadamente, por falta de maturidade. Só fui aprender o valor da escuta ativa depois de me tornar mais experiente, adquirindo mais capacidade para compreender o meu entorno.
Como líder, gosto de interagir, conversar com o pessoal, escutar a opinião deles. Por exemplo, as equipes são capazes de solucionar determinados problemas aos quais, sozinho, não conseguiria. Não raro, escuto em reuniões propostas essenciais provenientes dos profissionais que estão ao meu lado. São trocas imprescindíveis para o desenvolvimento das pessoas e dos negócios. Portanto, é mandatório saber trabalhar em equipe, ser capaz de escutar e reconhecer que outros indivíduos podem contribuir com ideias importantes, muitas vezes muito melhores que suas próprias e muito mais valiosas para o futuro da empresa como um todo.
Ademais, exalto o respeito ao próximo como algo fundamental – já presenciei casos de debates infrutíferos – algo péssimo para os relacionamentos interpessoais e para a empresa. Ou seja, deve haver a humildade para reconhecer como aprender com os outros, ou com os próprios erros, pois são as habilidades comportamentais basilares do mundo corporativo.
O trabalho consciente em prol da sociedade
O segmento do plástico está passando por mudanças significativas não somente no Brasil, mas também a nível global. Menciono como uma das principais metas o investimento na matéria biodegradável, haja vista como será o grande “boom” dos anos vindouros. Já temos os recicláveis disponíveis, que foram responsáveis por elevar ainda mais a solução de aplicação e aceitação em relação ao plástico. Enfim, é imperativo apresentar algo biodegradável como prioridade, mas, caso seja inviável, ao menos que seja reciclável.
O ESG é uma pauta bastante presente dentro do grupo SIPA. Já conseguimos medir a quantidade de emissão de gás carbono durante a produção, incluindo a montagem das máquinas. Com base nisso, um estudo foi realizado para reduzir tal impacto, e melhoramos muito em pouco tempo. Há a preocupação também com o descarte do lixo, com o propósito de se evitar contaminação do solo, dos lençóis freáticos.
Tudo isso convém para ajudar a sociedade, de forma direta. A qualidade da água e do ar melhoram, as doenças respiratórias diminuem com essas iniciativas. Todavia, não podemos parar somente nestes processos, pois existe a necessidade de enfatizar a ajuda direta, levar conhecimento à população com menos acesso.
É importante parar para pensar: o que a empresa deve fazer para ajudar as pessoas? Uma doação é valiosa, mas não é o suficiente. O conhecimento auxiliará o indivíduo a obter um trabalho melhor, estar mais conectado ao contexto social. Tudo isso faz parte do Governance, para assim alcançarmos o Environmental e o Social. Ajudar em projetos certamente impactará na construção de uma sociedade mais justa, propensa a prover mais oportunidades.
Junto a tais aspectos, aproveito para abordar a temática do aprendizado contínuo. Não se trata de estar somente atualizado, mas sim da força de permanecer estudando, permanecer em contato com o conhecimento, seja por meio de livros, cursos EaD, para aprender um pouco mais sobre outras áreas, ampliando o seu leque. São experiências que pessoas de setores diversos promovem que irão lhe ajudar mais adiante. Certamente, isso resultará em frutos na edificação de uma carreira exitosa.
“ O mundo que você anseia é real e pode ser seu! É possível chegar longe, acreditar nas conquistas, sempre lutando. O sucesso está logo ali – esperando a todos nós. ”
A minha trajetória contou com um planejamento muito bem estruturado para poder tomar decisões nos momentos pontuais, com o propósito de me manter em desenvolvimento contínuo. Amparado por conselhos essenciais, conforme amadurecia, tratei de estar preparado para novas oportunidades, especialmente ao decidir migrar rumo à área comercial. Atualmente, tenho o orgulho de ser o vice-presidente para o Brasil e todo Cone Sul da SIPA.
Natural de São Paulo, nasci em 1977, mas cresci e estudei durante toda a juventude em Osasco, dedicando-me com afinco aos afazeres escolares. Filho de Christovam dos Passos, da região de São Sebastião, no litoral norte paulista, e de Maria Luiza dos Passos, de origem italiana, sou casado com a Renata, com quem tenho dois filhos, o Lorenzo e a Carolina.
Considero que a minha formação começou precocemente, com a orientação dos meus pais. Lembro-me de ser um pouco introvertido – havia uma certa resistência acerca de algumas tarefas. Meu pai possuía um camping no litoral e colocava todos os filhos para auxiliá-lo, como deixar o espaço organizado para os frequentadores. Limpava banheiros, removia o lixo, ajudava os turistas, mas tudo isso foi me ensinando a não ter vergonha de colocar a mão na massa. Meus pais diziam: “Acabou o que tem para fazer, procure outra coisa”, ou seja, era imperativo manter-me ocupado, e sempre disposto a ajudar, o que me moldou desde cedo como uma pessoa muito proativa. Estava com 11, 12 anos, e aprendi o valor de não estagnar, além de como lidar com os clientes.
Sem dúvida, a influência ao optar pelo caminho da Engenharia se deu quando, com somente 14 anos, ingressei no SENAI, onde me formei em Mecânica Geral. Saliento como o esforço de me dedicar à formação técnica, concomitantemente com as tarefas do Ensino Médio, ajudaram-me a edificar um perfil mais completo e preparado para estar apto aos desafios do universo corporativo.
Além disso, durante essa etapa da vida, obtive o meu primeiro trabalho com carteira assinada na ABB (Asea Brown Boveri ). Ao observar os engenheiros trabalhando, acendeu-se uma chama de seguir por esta carreira, levando-me a estabelecer uma estratégia bem adequada visando os próximos passos. A empresa me proveu todo o suporte durante estes três anos, até chegar a um ponto de vislumbrar novos horizontes.
O planejamento de carreira e as primeiras experiências
Decidi priorizar uma experiência no exterior, com o intuito de aprender outro idioma. A intenção era voltar mais qualificado e, assim, poder sair na frente no mercado de trabalho. Curiosamente, cheguei a me formar em prótese dentária, mas era algo que nem sequer detinha desejo de seguir adiante – foi algo motivado por pura admiração ao trabalho do meu irmão.
Com esta programação devidamente acertada, em 2000 parti para Londres, com US$ 600 no bolso, com três meses de escola paga, para morar em albergues. Na metrópole britânica, busquei trabalhos diversos com o intuito de complementar a renda, inclusive em uma cafeteria, iniciando como faxineiro, depois lavando louça, até começar a atender no balcão, pois o meu inglês já contemplava esse pré-requisito – já havia aprimorado o suficiente.
Ao regressar, entrei na UNIP para cursar Engenharia de Produção, graduando-me em 2005. À época, atuava na área de Packaging, na qual me encontro até hoje. Segui me desenvolvendo, realizando uma pós-graduação em embalagens no CETEA da Engenharia Mauá. Mais adiante, em 2010, dei outro passo ao concluir um curso de formação profissional e gerenciamento de negociações em Harvard na cidade de Boston, algo marcante para o meu crescimento.
Logo que comecei os estudos acadêmicos, obtive uma vaga na United Airlines, no segmento de vendas e telemarketing. O plano de ter realizado intercâmbio provou ter sido uma escolha bastante acertada, pois dominar o inglês foi um diferencial para ser admitido na companhia, sendo que, inclusive, cheguei a ser enviado para Miami, no programa de treinamentos.
Na sequência, pedi para ser transferido para o aeroporto, no setor de engenharia, onde eram realizadas as manutenções dos aviões. Não podia mexer em nada, mas acompanhava de perto. Posteriormente, eles me ofereceram a oportunidade de dar um salto profissional, desde que realizasse alguns cursos. Porém, comprometeria a faculdade, o que me levou a olhar com entusiasmo a oportunidade de testar o mercado.
A ascensão e o desafio de migrar para a área comercial
Sendo assim, a Sidel me convidou para assumir como gerente de Projetos Jr., em 2003. Atuei com projetos na Colômbia, Trinidad e Tobago, e regiões do Brasil, de modo geral. Posteriormente, fui alocado para trabalhar em um projeto específico em Miami, chamado de ABC, para montar uma fábrica de sucos a partir do zero, no formato startup. Provinha suporte diretamente para o gerente sênior e permaneci alocado no EUA durante parte do período de implementação.
Integrar o gerenciamento de projetos de sucos em Miami marcou demais em minha trajetória, e se tornou um case de enorme sucesso, responsável por me prover uma experiência gigantesca. A pessoa à frente do projeto na época me deixou bem à vontade para poder tocar os negócios, organizar questões de obras, sendo que eu era ainda bastante jovem.
Ao retornar ao Brasil, recebi uma proposta da SIPA, empresa italiana na qual me encontro. Entrei como gerente de projetos pleno, conduzindo projetos para clientes como o Detergente Ypê, Bombril e Bunge. Dentro da organização, logrei uma experiência deveras interessante, participando da construção da maior fábrica da Bunge, gerenciando o projeto de packaging desde o seu início.
Já com resultados expressivos, o pessoal da Direção, na sede Europeia, enxergou o meu enorme potencial para abarcar o nicho comercial. Com isso, recebi a oferta para deixar a parte de gerenciamento de projetos e migrar para o departamento comercial. Ressalto que, neste período, as vitórias e os sucessos se sucederam com enormes triunfos pessoais e para a empresa. Angariei inúmeras áreas para atender, sendo promovido a gerente comercial.
Enalteço como gerenciar a montagem da fábrica da Bunge, em Rondonópolis (MT), significou como uma etapa de enorme relevância em minha trajetória, porque envolvia outras indústrias. Transferimos linhas de produção inteiras ao precisar fechar plantas em outros locais, como Ourinhos (SP). Além disso, há a questão de termos partido do zero em Rondonópolis, para algo que se tornou imenso. Isso se deu em um período relativamente curto de tempo, pois iniciamos em meados de 2005, concluindo o projeto no meio de 2007.
Todavia, em 2011, fui convidado pela AROL – outra companhia italiana – para assumir como diretor-geral. Estava com somente 33 anos, e era algo que havia determinado como target – alcançar uma posição de Presidência antes dos 40 anos. Ou seja, bem antes do planejado, tornei-me CEO da Arol Brazil, uma conquista maravilhosa, liderando uma instituição líder mundial do setor de capsulamento.
Novamente, edifiquei um projeto a partir do zero no Brasil, pois assumi a organização necessitando estruturar os processos, contratar funcionários, colocando o maquinário para importar e vender, assim como as peças de reposição, além de prover ênfase no atendimento de qualidade. Alcançamos grandes clientes, como Coca-Cola, Ambev, Danone, enfim, parceiros de enorme credibilidade mercadológico.
Na AROL, destaco o enorme orgulho de ter participado do case envolvendo o lançamento da garrafa em lata da Coca-Cola, o Can Bottle, em 2014. Esse processo envolveu a Coca-Cola Brasil, Coca-Cola Atlanta – onde fica a sede do grupo –, AROL Itália e AROL Brasil, além da CCL do Rio de Janeiro, que comanda toda essa parte de qualidade e desenvolvimento de embalagens. A minha principal missão foi a de trazer esse produto ao país, com a atribuição de cuidar de toda a parte de tampamento, testes de temperatura, vazão, enfim, contemplando todas as etapas dos processos.
O retorno para SIPA como vice-presidente
Já em maio de 2019, a SIPA me chamou para voltar, desta vez, para assumir o cargo de vice-presidente, como responsável pelas filiais do Brasil e de todo Cone Sul. Considerei positivo efetuar essa movimentação, amparado por uma proposta bem interessante. O trabalho que realizara no passado transmitia confiança ao grupo, portanto, deixei um legado da primeira vez, com as portas abertas para conseguir conquistar metas ainda maiores.
De imediato, recebi carta branca para implementar tudo que fosse necessário com o propósito de colocar a empresa novamente na rota de crescimento. Assim, implementei mudanças nas quais, antes do meu retorno, estavam sendo evitadas, como a troca de pessoal, a alteração das sedes de filiais e a montagem do setor de microferramentaria.
Com todo este empenho, tudo deu certo, e a companhia tem logrado um crescimento exponencial gigantesco. Só para se ter uma ideia, em quatro meses de 2023, já obtivemos faturamento superior ao de 2021 inteiro. Mesmo durante a Pandemia de Covid-19, contamos com resultados positivos, o que explica como a metodologia adotada funcionou com amplo êxito. Em pouco tempo, triplicamos os lucros da companhia em relação aos últimos dez anos.
A SIPA fabrica injetoras, sopradoras, injetoras e linhas completas de envase. A AROL é uma empresa que faz máquinas tampadoras e as vende também para SIPA, como fornecedora. Porém, a AROL é a maior empresa do mundo de máquinas deste produto, ou seja, também municia mercadorias para os concorrentes.
Persevere e jamais aceite cair no “piloto-automático”
Ao repassar os meus passos, nem sequer hesito em apontar como o meu maior ponto de inflexão o fato de ter migrado para a área comercial, na primeira passagem pela SIPA, logo após terminar o projeto da Bunge. O presidente mundial queria que eu efetuasse esse movimento, para assumir maiores responsabilidades. Obviamente, as demandas aumentaram, junto com os compromissos.
Contudo, marcou como um grande aprendizado, pois, de certa forma, deixou-me fora da possibilidade de entrar na perigosa zona de conforto. Compreendi como funciona a área comercial e percebi que se tratava de um nicho amplo, inclusive com necessidade de aplicações técnicas. Recordo-me de um debate na sala de aula, nos tempos de faculdade, quando um amigo me aconselhou a realizar tal movimentação para poder crescer na vida. À época, achava sem sentido, mas a maturidade me trouxe lucidez.
Outro ponto que evidencio como destaque em minha jornada abrange o sucesso na AROL, ao assumir a direção-geral da instituição com somente 33 anos. Dali em diante, tive a certeza de que estava no caminho certo, de que havia tomado as decisões corretas e poderia ir além, caso mantivesse o foco e a perseverança.
Ao analisar a minha trajetória, cito como a principal armadilha para um executivo a questão de entrar no modo “piloto-automático”, de pensar que está tudo muito certo – isso gera acomodação. E o profissional nem sequer percebe que o tempo o ultrapassa, ou seja, é preciso estar sempre atento, com certa dose de cautela, mas em busca de desafios, impondo o seu melhor em cada empreitada. Simplesmente, passa pela lógica de manter-se evoluindo constantemente.
São aprendizados que obtive ainda jovem, fora do contexto da mentoria estruturada. Lá atrás, a minha mãe teve esse papel, pois me instigava a batalhar, perseverar, e a continuar perseguindo os meus propósitos. Ela me ensinou a não desistir, pois, cedo ou tarde, viria a vencer. E deu certo!
A Pirâmide Invertida e o valor de saber escutar
No passado, as pessoas tinham muito medo da figura do chefe, por ele possuir o perfil mais sisudo, pouco acessível. Atualmente, no meu entender, esse cenário mudou demais – a pirâmide inverteu. O chefe não está lá em cima, ele precisa estar embaixo. Preciso ajudar a servir os meus colaboradores, compreender as suas demandas, para fazer com que eles se sintam bem, resultando em melhorias em todos os âmbitos.
O livro O Monge e o Executivo , do James C. Hunter, reflete o que eu sempre tive dentro de mim. A obra aborda com fidelidade o aspecto da pirâmide invertida, o fato de querer servir antes de ser servido, de se colocar na mesma altura que o próximo. Isso faz com que as pessoas se sintam valorizadas e cuidadas. Afinal, esses indivíduos constituem o verdadeiro cartão de visitas para os meus clientes.
Saliento como ouvimos um monte de coisas a todo instante. A grande questão é: será que escutamos de fato? Ouvi ótimos conselhos ao longo da vida, de parentes, amigos, pares profissionais, mas não assimilava adequadamente, por falta de maturidade. Só fui aprender o valor da escuta ativa depois de me tornar mais experiente, adquirindo mais capacidade para compreender o meu entorno.
Como líder, gosto de interagir, conversar com o pessoal, escutar a opinião deles. Por exemplo, as equipes são capazes de solucionar determinados problemas aos quais, sozinho, não conseguiria. Não raro, escuto em reuniões propostas essenciais provenientes dos profissionais que estão ao meu lado. São trocas imprescindíveis para o desenvolvimento das pessoas e dos negócios. Portanto, é mandatório saber trabalhar em equipe, ser capaz de escutar e reconhecer que outros indivíduos podem contribuir com ideias importantes, muitas vezes muito melhores que suas próprias e muito mais valiosas para o futuro da empresa como um todo.
Ademais, exalto o respeito ao próximo como algo fundamental – já presenciei casos de debates infrutíferos – algo péssimo para os relacionamentos interpessoais e para a empresa. Ou seja, deve haver a humildade para reconhecer como aprender com os outros, ou com os próprios erros, pois são as habilidades comportamentais basilares do mundo corporativo.
O trabalho consciente em prol da sociedade
O segmento do plástico está passando por mudanças significativas não somente no Brasil, mas também a nível global. Menciono como uma das principais metas o investimento na matéria biodegradável, haja vista como será o grande “boom” dos anos vindouros. Já temos os recicláveis disponíveis, que foram responsáveis por elevar ainda mais a solução de aplicação e aceitação em relação ao plástico. Enfim, é imperativo apresentar algo biodegradável como prioridade, mas, caso seja inviável, ao menos que seja reciclável.
O ESG é uma pauta bastante presente dentro do grupo SIPA. Já conseguimos medir a quantidade de emissão de gás carbono durante a produção, incluindo a montagem das máquinas. Com base nisso, um estudo foi realizado para reduzir tal impacto, e melhoramos muito em pouco tempo. Há a preocupação também com o descarte do lixo, com o propósito de se evitar contaminação do solo, dos lençóis freáticos.
Tudo isso convém para ajudar a sociedade, de forma direta. A qualidade da água e do ar melhoram, as doenças respiratórias diminuem com essas iniciativas. Todavia, não podemos parar somente nestes processos, pois existe a necessidade de enfatizar a ajuda direta, levar conhecimento à população com menos acesso.
É importante parar para pensar: o que a empresa deve fazer para ajudar as pessoas? Uma doação é valiosa, mas não é o suficiente. O conhecimento auxiliará o indivíduo a obter um trabalho melhor, estar mais conectado ao contexto social. Tudo isso faz parte do Governance, para assim alcançarmos o Environmental e o Social. Ajudar em projetos certamente impactará na construção de uma sociedade mais justa, propensa a prover mais oportunidades.
Junto a tais aspectos, aproveito para abordar a temática do aprendizado contínuo. Não se trata de estar somente atualizado, mas sim da força de permanecer estudando, permanecer em contato com o conhecimento, seja por meio de livros, cursos EaD, para aprender um pouco mais sobre outras áreas, ampliando o seu leque. São experiências que pessoas de setores diversos promovem que irão lhe ajudar mais adiante. Certamente, isso resultará em frutos na edificação de uma carreira exitosa.
“ O mundo que você anseia é real e pode ser seu! É possível chegar longe, acreditar nas conquistas, sempre lutando. O sucesso está logo ali – esperando a todos nós. ”