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O sucesso demanda dedicação, ética e visão holística, afirma Rogério da HYVA

Na coluna desta semana, conheça a história de Rogério Luís De Antoni -Vice-presidente da HYVA para as Américas

Rogério Luís De Antoni -Vice-presidente da HYVA para as Américas (Blog Histórias de Sucesso/Reprodução)

Publicado em 18 de agosto de 2023 às 14h52.

O caminho para alicerçar minha carreira, que considero de sucesso, teve início ao lado da minha família, em um ambiente empresarial no qual assimilei os aprendizados imprescindíveis rumo ao meu desenvolvimento pessoal e profissional. Sempre destaco o valor da dedicação, da ética e das relações de confiança na composição do meu perfil, pois, desta maneira, superei enormes desafios até atingir a posição de vice-presidente do Grupo Hyva, prestigiada multinacional, onde me encontro há mais de 25 anos, fator de imensurável orgulho, satisfação e gratidão.

Nasci em Caxias do Sul (RS), em agosto de 1958, e costumo dizer que a minha trajetória profissional começa concomitantemente à empreitada da minha família. Meu tataravô, Antonio De Antoni, chegou ao Brasil em 1889 durante a imigração italiana para o Rio Grande do Sul, trazendo consigo seus filhos Luigia Maria e Alessandro, este com 18 anos. Em 1894, Alessandro, meu bisavô, fundou uma pequena fábrica de máquinas agrícolas, principalmente para a produção de trilhadeiras (máquina estacionária para debulhar o trigo). Com a morte prematura do pai aos 42 anos, seu filho mais velho, Evaristo De Antoni, meu avô, deu continuidade à herança trazida pelo avô e edificada pelo pai, com o apoio de seus irmãos mais novos, Francisco e Vicente. Meu pai, Aldo Antonio De Antoni, seus irmãos e primos deram continuidade ao negócio.

O viés da família De Antoni é muito conectado ao nicho industrial, tanto que a grande maioria dos descendentes na minha geração seguiu carreira ou empreendeu neste segmento. Sem dúvida, meu pai foi o meu grande mentor, uma pessoa extremamente ética, competente e ponderada, sempre cercado por amigos, com relações sadias, sem inimigos, enfim, uma real inspiração. Ele e minha mãe Lorita Pedó De Antoni proporcionaram uma infância e juventude ótimas para mim, meu irmão Roberto e minhas irmãs Loiva e Patrícia.

Cresci neste ambiente da empresa, já aos 8 anos andava em meio às máquinas quando a empresa estava parada, admirando o processo produtivo; aos 12-13 anos, trabalhava alguns dias durante minhas férias escolares fazendo pequenos serviços dentro da empresa, voluntariamente, pois gostava daquilo. Aos 14 anos, incentivado pelo meu pai, decidi cursar o SENAI, formando-me como ajustador mecânico, colocando-me na condição de trabalhar na De Antoni S.A, justamente nesta função. Não tardou para assumir desafios mais complexos, englobando a área de desenho técnico, e depois, mais lapidado, não tive dúvida em seguir minha carreira cursando a faculdade de Engenharia Mecânica, graduando-me pela Universidade de Caxias do Sul em 1982. Conciliei os estudos e o trabalho cursando a universidade à noite e no período vespertino, sem abandonar o trabalho. Neste mesmo ano, após minha formatura, me casei com Arlete Martinelli, minha esposa e incentivadora sempre.

Os desafios iniciais como executivo da Agrale S.A

Após sete anos atuando na empresa da família, percebendo um crescimento limitado dentro desta, e, aproveitando uma oportunidade para mudar de empresa onde poderia aprimorar e aplicar os conhecimentos que estavam sendo adquiridos no curso superior, tomei a decisão, em 1980, de migrar para a Agrale S.A, corporação regional de grande porte, Nesta organização, desenvolvi toda a minha carreira em termos de preparação, porque precisei entrar em contato com novas competências, iniciando como projetista de produto.

Neste ínterim, aproveitei para me especializar, ao cursar pós-graduação em Marketing, e um MBA em Administração, que me proporcionaram ter uma visão do negócio como um todo. Além da minha formação técnica, conforme progredia, buscava mais conhecimentos para seguir evoluindo, rumo à posição na qual me encontro.

À época, no início de 1980, fiquei incumbido de projetar sistemas e componentes, como a suspensão e direção dos caminhões da Agrale, junto de equipe de engenheiros muito capacitados. Posteriormente, fui responsável pela Engenharia Experimental no desenvolvimento de motores a diesel e testes em campo. Com a decisão da Agrale de fabricar motocicletas sob licença da italiana CAGIVA, participei ativamente na nacionalização destes produtos, em especial nos testes de motorização e adaptação dos motores à realidade brasileira. Desta forma, obtive uma significativa experiência internacional, abarcando temas sobre produção, componentes, fornecedores e permanecendo na empresa por dezessete anos.

Em 1987 tivemos a bênção do nascimento de nossa filha Débora, sendo mais um incentivo para continuar minha dedicação ao trabalho, para garantir uma boa qualidade de vida e futuro para a família.

Ao longo de quase duas décadas na Agrale, menciono como pude me aprimorar ao crescer paulatinamente dentro da empresa, ao iniciar na engenharia, engenharia experimental, área de vendas de motocicletas, passando pelo setor de compras, até atingir a posição de diretor de vendas, no segmento de motocicletas e caminhões.

Quando a Agrale decidiu produzir motocicletas no Brasil, importando tecnologia italiana, eu nem sequer sabia pilotar uma moto. Assim, determinei a mim mesmo que precisaria aprender a andar de moto. Aprendi e comecei a participar de “trilhas” nos finais de semana, depois entrei em competições de Enduro off-road. Eu e outros colegas participávamos destas provas nos finais de semana, e na segunda-feira analisávamos o que precisava ser mudado e aperfeiçoado para melhorar a performance e a resistência do produto. Desta forma, desenvolvemos a moto mais vendida do país, na época, para a prática do Enduro, a Agrale EX, superando grandes concorrentes de montadoras consagradas. Fiquei tão empolgado com este projeto que profissão e lazer se misturavam – cheguei até a ser vice-campeão gaúcho da categoria Enduro.

Foi neste período também que obtive uma grande experiência internacional, com visitas a centros de desenvolvimento de motores, como a inglesa Riccardo, a AVL austríaca e a diversos fornecedores na Itália, França, Alemanha e Espanha. A Agrale sempre foi uma empresa muito boa em nível de tecnologia e inovação, com alto impacto mercadológico devido ao potencial de seus produtos de alto nível, e a minha trajetória e passagem pela Agrale foram sem dúvida as impulsionadoras de meu conhecimento e da minha carreira. Foi uma fórmula de sucesso pautada pela dedicação e entrega.

A longa e exitosa jornada como líder da Hyva

Logo na sequência, surgiu a oportunidade de ingressar no conceituado Grupo Hyva, organização multinacional de origem holandesa, com o propósito de lançar os empreendimentos da empresa no Brasil, incluindo o desafio de começar tudo praticamente do zero. A Hyva apostou no país como sua primeira iniciativa fora da Europa, sendo que, atualmente, além do Brasil, a Hyva possui mais de 30 subsidiárias e onze fábricas espalhadas pelo mundo.

Em 1995, quando participava de uma feira de transporte em São Paulo, fui abordado pelo CEO da Hyva, Sr. Louwrens Dijkstra, propondo que eu administrasse a companhia no Brasil. Embora a proposta fosse atrativa e a abordagem do Sr. Dijkstra muito profissional e carismática, não estava em meus planos deixar a Agrale naquele momento pelo meu senso de responsabilidade e comprometimento com a empresa. Mas, obviamente, o desafio de empreender em uma empresa multinacional sendo o número 1 da companhia no Brasil não saiu da minha cabeça.

No final de 1997 fui novamente procurado pelo Sr. Dijkstra, alegando que havia tentado outro executivo para esta posição, mas que não deu certo, e gostaria de contar comigo à frente deste empreendimento. Como diz o ditado: “Não deixe o cavalo encilhado passar sem montar nele”, e então aceitei o convite, tendo o enorme desafio de deixar uma excelente posição executiva numa empresa consolidada e com todas as estruturas de apoio bem estruturadas para assumir, montar uma empresa praticamente do “zero” com um staff inicial diminuto.

Este é o momento de estender minha gratidão à minha família, muito especialmente à minha esposa Arlete e minha filha Débora, que sempre me apoiaram e participaram de decisões desafiadoras como esta, sempre dando apoio e suporte para seguir adiante, aliás, um dos pilares para o meu ingresso na Hyva.

Evidentemente, ao aceitar o convite da Hyva, em fevereiro de 1998, trabalhamos fortemente no planejamento estratégico de como seriam os próximos cinco, dez anos, e o que faríamos para nos tornar líderes de mercado, formando uma equipe de pessoas comprometidas e competentes, garantindo que atingíssemos nossos objetivos. Em nenhum momento deixei-me abater pelas dificuldades, e faria tudo novamente, por ter sido algo extremamente gratificante. Depois de três anos de operação, nossas decisões mostraram-se acertadas, e em 2001 já éramos líderes de mercado no Brasil, sendo que, pouco depois, assumimos também a liderança em toda a América do Sul.

Como vice-presidente do Grupo para as Américas, sinto muito orgulho de ter contribuído para o desenvolvimento da empresa e ter alcançado nestes 27 anos um faturamento anual superior aos R$ 600 milhões.

Dedicação, ética e honestidade devem prevalecer

Costumo dizer que uma coisa é o academicismo, englobando estudos iniciais na escola, no SENAI, universidade, cursos específicos e pós-graduações, mas outra grande escola a qual tive acesso foram as empresas pelas quais passei antes de me tornar um executivo consolidado, pois isso ajudou a alavancar a minha trajetória. Aprendi diversas coisas na prática, para poder aplicar em outros processos, especialmente na Hyva.

Ao ser indagado sobre os longos períodos aos quais permaneço na mesma corporação, simplesmente trato de focar nos objetivos da empresa e em meus objetivos pessoais. Enquanto eu puder contribuir para o crescimento da empresa e esta me oferecer condições estruturais e de relacionamento, com confiança e respeito, creio que é o lugar certo de estar, independentemente do tempo. Minha educação e profissionalismo estão voltados à dedicação e entrega, me levam e me motivam a edificar jornadas duradouras onde trabalho, porque considero imprescindível concluir projetos e atingir objetivos. Comecei em uma empresa familiar, para depois experimentar as operações de uma empresa regional – onde granjeei enormes aprendizados – até alcançar a oportunidade na Hyva, em uma alta posição, com enormes desafios e oportunidades.

A dedicação ao trabalho, com respeito e ética, amparada pelo relacionamento sadio junto aos clientes e colaboradores, é essencial, pois ninguém faz nada sozinho. A ética é algo que valorizo em demasia, sempre pensando em como ajudar os clientes, com esmero, seriedade, encontrando soluções para tornar o negócio deles mais rentável, enfim, são fatores que conduzem ao sucesso. Saliento também o valor da seriedade, profissionalismo e honestidade, com o intuito de fazer tudo confluir em uma caminhada exitosa para todos em uma relação ganha-ganha.

Sou muito grato pelas equipes que sempre trabalharam lado a lado comigo, porque não são as máquinas que entregam resultados, mas sim as pessoas. Neste aspecto, prezo pelas parcerias estabelecidas nos mais diversos níveis – sem pensar em hierarquia ou grau de formação. Muitos conselhos valiosos são perdidos por falta de humildade de quem está à frente do negócio.

A visão holística e a capacidade de adaptação

As armadilhas no universo corporativo são inúmeras, mas fazem parte do contexto de qualquer profissional. O que enfrentamos de mais contundente está relacionado aos movimentos do mercado, imposições derivadas por conta das constantes trocas de governo, algo extremamente delicado para se adaptar. Enfrentar essa insegurança aqui no Brasil, especialmente no campo jurídico, pode impactar futuramente, por uma questão da legislação. Neste quesito, recomendo a “resiliência”: não desista, faça o seu melhor, encontre alternativas e o caminho irá clarear.

Além disso, é mandatório saber lidar com as novas tecnologias, que surgem a todo instante, em um mundo em constante mudança. Para tal, estar na vanguarda é crucial para não ser surpreendido, podendo ser superado por quem se preparou melhor. Observar o mercado de perto – não somente no seu campo de atuação – é primordial para se manter atualizado, haja vista a importância de se adequar com ensinamentos provenientes de outros segmentos, como estar engajado com as novas tecnologias, incluindo, hoje, a IA (inteligência artificial). Se o líder parar de acompanhar o mercado por um breve instante, certamente ele perderá terreno para a concorrência, tornando-se obsoleto.

Outro ponto diz respeito ao trato com os clientes. Podem existir cenários que são mal interpretados, e isso, obviamente, gera relações estremecidas, que deterioram o negócio. Ao longo da minha carreira, sempre busquei passar credibilidade, com o propósito de estabelecer relações de confiança. No começo, muito jovem, quase apanhei, literalmente, de um cliente, por falta da comunicação mais adequada – mas são lições valiosas, que servem como ferramentas para não incorrer no erro.

Tendo em vista esta filosofia, destaco como o novo líder precisa dispor da visão holística do negócio, sabendo lidar com todos os stakeholders, clientes e fornecedores, e, principalmente, conseguir gerir suas equipes, motivando-as, pois, o principal desafio de quem está à frente dos negócios é este: posicionar-se como o ente de apoio para todos.

Jamais se deve pensar que você é um líder por ter sido alocado em determinado cargo, sem estar disposto a estimular as pessoas, mas sim focado em prol da busca de melhores resultados, em equilíbrio com as demandas dos indivíduos envolvidos, auxiliando os profissionais a realizarem os seus respectivos trabalhos. Por meio das suas atitudes, as equipes tornam-se mais eficientes.

Portanto, a primeira coisa que analiso em meus times são os comportamentos das pessoas. Aprecio indivíduos que saibam atuar em equipe, com o viés altruísta, pois é essencial compreender como os indivíduos se comprometem com o lado humano no ambiente de trabalho e no âmbito particular.

A expertise e as habilidades técnicas são essenciais, mas coloco-as num segundo plano, porque de nada adianta ser um exímio profissional sem conseguir edificar relações construtivas. E isso abarca deter um perfil colaborativo e participativo. Sem essa harmonia de trabalho, provavelmente as operações falharão. Evidentemente, neste universo, é preciso contemplar os fatores técnicos, haja vista como os negócios estão cada vez mais complexos e velozes. Ou seja, manter-se em atualização constante é uma característica crucial.

O ESG proporciona a oportunidade de se diferenciar

Saliento que, em nosso setor, estamos investindo fortemente em sustentabilidade. Por sermos uma multinacional, focamos em legislações que estão nascendo na Europa acerca destas pautas contemporâneas, especialmente no ESG. Considero como uma oportunidade para se diferenciar, porque a empresa que se preocupa e protege o meio ambiente, com responsabilidade social, e cuida de sua governança, com o intuito de implementar as diretrizes, está alinhada com os propósitos da sociedade.

Ademais, é preciso olhar desde a criação do produto, para que ele seja projetado de forma a impactar menos o ambiente, sem materiais agressivos, pensando na redução da emissão do carbono. Lidamos com equipamentos pesados, de transporte, ou seja, a energia está muito conectada ao nosso negócio. Conseguir implementar tecnologias e processos que atendam tais necessidades são oportunidades de estar à frente da concorrência.

Nossos clientes requerem isso também – são grandes montadoras, organizações alinhadas com esta importante agenda, de atender de maneira geral toda a legislação e as diretrizes do ESG. É um ciclo, haja vista como essa indústria também recebe essa demanda por parte de seus fornecedores, promovendo um vínculo valoroso e ininterrupto.

Reitero: o mercado já seleciona quem se destaca em termos de governança e compliance. Na Hyva, por exemplo, prezamos por um código de ética e conduta junto aos fornecedores, clientes e funcionários, possuímos também uma política de anticorrupção. Isso leva a influenciar o olhar mais atento de organizações maiores; é uma questão de conscientização de todas as partes envolvidas, gerando a simbiose em prol da sustentabilidade.

Atue com motivação e estabeleça vínculos de confiança!

O meu conselho aos jovens é simples e retrata o que relatei nesta breve biografia: busque trabalhar com aquilo que você gosta, responsável por lhe prover prazer. Ao acordar, tenha a plena convicção de estar motivado em dar o seu melhor, sem hesitar.

Quando há dedicação genuína em relação ao que se gosta de realizar, a satisfação profissional e pessoal vem naturalmente. Esse é o segredo do sucesso. Ao encontrar este caminho, envolva-se com afinco, inclua a sua família, leve-a junto em suas jornadas.

A busca pelo sucesso exige dedicação, ou seja, trabalhe para tal, com honestidade e ética. Caso precise assumir um erro, faço-o perante o time ou ao cliente, de maneira consciente e honesta – assim, cria-se uma ponte de confiança extremamente importante. Todas as dificuldades que enfrentei em meu caminho tratei de superar inspirado nessa maneira de agir. E deu certo!

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O caminho para alicerçar minha carreira, que considero de sucesso, teve início ao lado da minha família, em um ambiente empresarial no qual assimilei os aprendizados imprescindíveis rumo ao meu desenvolvimento pessoal e profissional. Sempre destaco o valor da dedicação, da ética e das relações de confiança na composição do meu perfil, pois, desta maneira, superei enormes desafios até atingir a posição de vice-presidente do Grupo Hyva, prestigiada multinacional, onde me encontro há mais de 25 anos, fator de imensurável orgulho, satisfação e gratidão.

Nasci em Caxias do Sul (RS), em agosto de 1958, e costumo dizer que a minha trajetória profissional começa concomitantemente à empreitada da minha família. Meu tataravô, Antonio De Antoni, chegou ao Brasil em 1889 durante a imigração italiana para o Rio Grande do Sul, trazendo consigo seus filhos Luigia Maria e Alessandro, este com 18 anos. Em 1894, Alessandro, meu bisavô, fundou uma pequena fábrica de máquinas agrícolas, principalmente para a produção de trilhadeiras (máquina estacionária para debulhar o trigo). Com a morte prematura do pai aos 42 anos, seu filho mais velho, Evaristo De Antoni, meu avô, deu continuidade à herança trazida pelo avô e edificada pelo pai, com o apoio de seus irmãos mais novos, Francisco e Vicente. Meu pai, Aldo Antonio De Antoni, seus irmãos e primos deram continuidade ao negócio.

O viés da família De Antoni é muito conectado ao nicho industrial, tanto que a grande maioria dos descendentes na minha geração seguiu carreira ou empreendeu neste segmento. Sem dúvida, meu pai foi o meu grande mentor, uma pessoa extremamente ética, competente e ponderada, sempre cercado por amigos, com relações sadias, sem inimigos, enfim, uma real inspiração. Ele e minha mãe Lorita Pedó De Antoni proporcionaram uma infância e juventude ótimas para mim, meu irmão Roberto e minhas irmãs Loiva e Patrícia.

Cresci neste ambiente da empresa, já aos 8 anos andava em meio às máquinas quando a empresa estava parada, admirando o processo produtivo; aos 12-13 anos, trabalhava alguns dias durante minhas férias escolares fazendo pequenos serviços dentro da empresa, voluntariamente, pois gostava daquilo. Aos 14 anos, incentivado pelo meu pai, decidi cursar o SENAI, formando-me como ajustador mecânico, colocando-me na condição de trabalhar na De Antoni S.A, justamente nesta função. Não tardou para assumir desafios mais complexos, englobando a área de desenho técnico, e depois, mais lapidado, não tive dúvida em seguir minha carreira cursando a faculdade de Engenharia Mecânica, graduando-me pela Universidade de Caxias do Sul em 1982. Conciliei os estudos e o trabalho cursando a universidade à noite e no período vespertino, sem abandonar o trabalho. Neste mesmo ano, após minha formatura, me casei com Arlete Martinelli, minha esposa e incentivadora sempre.

Os desafios iniciais como executivo da Agrale S.A

Após sete anos atuando na empresa da família, percebendo um crescimento limitado dentro desta, e, aproveitando uma oportunidade para mudar de empresa onde poderia aprimorar e aplicar os conhecimentos que estavam sendo adquiridos no curso superior, tomei a decisão, em 1980, de migrar para a Agrale S.A, corporação regional de grande porte, Nesta organização, desenvolvi toda a minha carreira em termos de preparação, porque precisei entrar em contato com novas competências, iniciando como projetista de produto.

Neste ínterim, aproveitei para me especializar, ao cursar pós-graduação em Marketing, e um MBA em Administração, que me proporcionaram ter uma visão do negócio como um todo. Além da minha formação técnica, conforme progredia, buscava mais conhecimentos para seguir evoluindo, rumo à posição na qual me encontro.

À época, no início de 1980, fiquei incumbido de projetar sistemas e componentes, como a suspensão e direção dos caminhões da Agrale, junto de equipe de engenheiros muito capacitados. Posteriormente, fui responsável pela Engenharia Experimental no desenvolvimento de motores a diesel e testes em campo. Com a decisão da Agrale de fabricar motocicletas sob licença da italiana CAGIVA, participei ativamente na nacionalização destes produtos, em especial nos testes de motorização e adaptação dos motores à realidade brasileira. Desta forma, obtive uma significativa experiência internacional, abarcando temas sobre produção, componentes, fornecedores e permanecendo na empresa por dezessete anos.

Em 1987 tivemos a bênção do nascimento de nossa filha Débora, sendo mais um incentivo para continuar minha dedicação ao trabalho, para garantir uma boa qualidade de vida e futuro para a família.

Ao longo de quase duas décadas na Agrale, menciono como pude me aprimorar ao crescer paulatinamente dentro da empresa, ao iniciar na engenharia, engenharia experimental, área de vendas de motocicletas, passando pelo setor de compras, até atingir a posição de diretor de vendas, no segmento de motocicletas e caminhões.

Quando a Agrale decidiu produzir motocicletas no Brasil, importando tecnologia italiana, eu nem sequer sabia pilotar uma moto. Assim, determinei a mim mesmo que precisaria aprender a andar de moto. Aprendi e comecei a participar de “trilhas” nos finais de semana, depois entrei em competições de Enduro off-road. Eu e outros colegas participávamos destas provas nos finais de semana, e na segunda-feira analisávamos o que precisava ser mudado e aperfeiçoado para melhorar a performance e a resistência do produto. Desta forma, desenvolvemos a moto mais vendida do país, na época, para a prática do Enduro, a Agrale EX, superando grandes concorrentes de montadoras consagradas. Fiquei tão empolgado com este projeto que profissão e lazer se misturavam – cheguei até a ser vice-campeão gaúcho da categoria Enduro.

Foi neste período também que obtive uma grande experiência internacional, com visitas a centros de desenvolvimento de motores, como a inglesa Riccardo, a AVL austríaca e a diversos fornecedores na Itália, França, Alemanha e Espanha. A Agrale sempre foi uma empresa muito boa em nível de tecnologia e inovação, com alto impacto mercadológico devido ao potencial de seus produtos de alto nível, e a minha trajetória e passagem pela Agrale foram sem dúvida as impulsionadoras de meu conhecimento e da minha carreira. Foi uma fórmula de sucesso pautada pela dedicação e entrega.

A longa e exitosa jornada como líder da Hyva

Logo na sequência, surgiu a oportunidade de ingressar no conceituado Grupo Hyva, organização multinacional de origem holandesa, com o propósito de lançar os empreendimentos da empresa no Brasil, incluindo o desafio de começar tudo praticamente do zero. A Hyva apostou no país como sua primeira iniciativa fora da Europa, sendo que, atualmente, além do Brasil, a Hyva possui mais de 30 subsidiárias e onze fábricas espalhadas pelo mundo.

Em 1995, quando participava de uma feira de transporte em São Paulo, fui abordado pelo CEO da Hyva, Sr. Louwrens Dijkstra, propondo que eu administrasse a companhia no Brasil. Embora a proposta fosse atrativa e a abordagem do Sr. Dijkstra muito profissional e carismática, não estava em meus planos deixar a Agrale naquele momento pelo meu senso de responsabilidade e comprometimento com a empresa. Mas, obviamente, o desafio de empreender em uma empresa multinacional sendo o número 1 da companhia no Brasil não saiu da minha cabeça.

No final de 1997 fui novamente procurado pelo Sr. Dijkstra, alegando que havia tentado outro executivo para esta posição, mas que não deu certo, e gostaria de contar comigo à frente deste empreendimento. Como diz o ditado: “Não deixe o cavalo encilhado passar sem montar nele”, e então aceitei o convite, tendo o enorme desafio de deixar uma excelente posição executiva numa empresa consolidada e com todas as estruturas de apoio bem estruturadas para assumir, montar uma empresa praticamente do “zero” com um staff inicial diminuto.

Este é o momento de estender minha gratidão à minha família, muito especialmente à minha esposa Arlete e minha filha Débora, que sempre me apoiaram e participaram de decisões desafiadoras como esta, sempre dando apoio e suporte para seguir adiante, aliás, um dos pilares para o meu ingresso na Hyva.

Evidentemente, ao aceitar o convite da Hyva, em fevereiro de 1998, trabalhamos fortemente no planejamento estratégico de como seriam os próximos cinco, dez anos, e o que faríamos para nos tornar líderes de mercado, formando uma equipe de pessoas comprometidas e competentes, garantindo que atingíssemos nossos objetivos. Em nenhum momento deixei-me abater pelas dificuldades, e faria tudo novamente, por ter sido algo extremamente gratificante. Depois de três anos de operação, nossas decisões mostraram-se acertadas, e em 2001 já éramos líderes de mercado no Brasil, sendo que, pouco depois, assumimos também a liderança em toda a América do Sul.

Como vice-presidente do Grupo para as Américas, sinto muito orgulho de ter contribuído para o desenvolvimento da empresa e ter alcançado nestes 27 anos um faturamento anual superior aos R$ 600 milhões.

Dedicação, ética e honestidade devem prevalecer

Costumo dizer que uma coisa é o academicismo, englobando estudos iniciais na escola, no SENAI, universidade, cursos específicos e pós-graduações, mas outra grande escola a qual tive acesso foram as empresas pelas quais passei antes de me tornar um executivo consolidado, pois isso ajudou a alavancar a minha trajetória. Aprendi diversas coisas na prática, para poder aplicar em outros processos, especialmente na Hyva.

Ao ser indagado sobre os longos períodos aos quais permaneço na mesma corporação, simplesmente trato de focar nos objetivos da empresa e em meus objetivos pessoais. Enquanto eu puder contribuir para o crescimento da empresa e esta me oferecer condições estruturais e de relacionamento, com confiança e respeito, creio que é o lugar certo de estar, independentemente do tempo. Minha educação e profissionalismo estão voltados à dedicação e entrega, me levam e me motivam a edificar jornadas duradouras onde trabalho, porque considero imprescindível concluir projetos e atingir objetivos. Comecei em uma empresa familiar, para depois experimentar as operações de uma empresa regional – onde granjeei enormes aprendizados – até alcançar a oportunidade na Hyva, em uma alta posição, com enormes desafios e oportunidades.

A dedicação ao trabalho, com respeito e ética, amparada pelo relacionamento sadio junto aos clientes e colaboradores, é essencial, pois ninguém faz nada sozinho. A ética é algo que valorizo em demasia, sempre pensando em como ajudar os clientes, com esmero, seriedade, encontrando soluções para tornar o negócio deles mais rentável, enfim, são fatores que conduzem ao sucesso. Saliento também o valor da seriedade, profissionalismo e honestidade, com o intuito de fazer tudo confluir em uma caminhada exitosa para todos em uma relação ganha-ganha.

Sou muito grato pelas equipes que sempre trabalharam lado a lado comigo, porque não são as máquinas que entregam resultados, mas sim as pessoas. Neste aspecto, prezo pelas parcerias estabelecidas nos mais diversos níveis – sem pensar em hierarquia ou grau de formação. Muitos conselhos valiosos são perdidos por falta de humildade de quem está à frente do negócio.

A visão holística e a capacidade de adaptação

As armadilhas no universo corporativo são inúmeras, mas fazem parte do contexto de qualquer profissional. O que enfrentamos de mais contundente está relacionado aos movimentos do mercado, imposições derivadas por conta das constantes trocas de governo, algo extremamente delicado para se adaptar. Enfrentar essa insegurança aqui no Brasil, especialmente no campo jurídico, pode impactar futuramente, por uma questão da legislação. Neste quesito, recomendo a “resiliência”: não desista, faça o seu melhor, encontre alternativas e o caminho irá clarear.

Além disso, é mandatório saber lidar com as novas tecnologias, que surgem a todo instante, em um mundo em constante mudança. Para tal, estar na vanguarda é crucial para não ser surpreendido, podendo ser superado por quem se preparou melhor. Observar o mercado de perto – não somente no seu campo de atuação – é primordial para se manter atualizado, haja vista a importância de se adequar com ensinamentos provenientes de outros segmentos, como estar engajado com as novas tecnologias, incluindo, hoje, a IA (inteligência artificial). Se o líder parar de acompanhar o mercado por um breve instante, certamente ele perderá terreno para a concorrência, tornando-se obsoleto.

Outro ponto diz respeito ao trato com os clientes. Podem existir cenários que são mal interpretados, e isso, obviamente, gera relações estremecidas, que deterioram o negócio. Ao longo da minha carreira, sempre busquei passar credibilidade, com o propósito de estabelecer relações de confiança. No começo, muito jovem, quase apanhei, literalmente, de um cliente, por falta da comunicação mais adequada – mas são lições valiosas, que servem como ferramentas para não incorrer no erro.

Tendo em vista esta filosofia, destaco como o novo líder precisa dispor da visão holística do negócio, sabendo lidar com todos os stakeholders, clientes e fornecedores, e, principalmente, conseguir gerir suas equipes, motivando-as, pois, o principal desafio de quem está à frente dos negócios é este: posicionar-se como o ente de apoio para todos.

Jamais se deve pensar que você é um líder por ter sido alocado em determinado cargo, sem estar disposto a estimular as pessoas, mas sim focado em prol da busca de melhores resultados, em equilíbrio com as demandas dos indivíduos envolvidos, auxiliando os profissionais a realizarem os seus respectivos trabalhos. Por meio das suas atitudes, as equipes tornam-se mais eficientes.

Portanto, a primeira coisa que analiso em meus times são os comportamentos das pessoas. Aprecio indivíduos que saibam atuar em equipe, com o viés altruísta, pois é essencial compreender como os indivíduos se comprometem com o lado humano no ambiente de trabalho e no âmbito particular.

A expertise e as habilidades técnicas são essenciais, mas coloco-as num segundo plano, porque de nada adianta ser um exímio profissional sem conseguir edificar relações construtivas. E isso abarca deter um perfil colaborativo e participativo. Sem essa harmonia de trabalho, provavelmente as operações falharão. Evidentemente, neste universo, é preciso contemplar os fatores técnicos, haja vista como os negócios estão cada vez mais complexos e velozes. Ou seja, manter-se em atualização constante é uma característica crucial.

O ESG proporciona a oportunidade de se diferenciar

Saliento que, em nosso setor, estamos investindo fortemente em sustentabilidade. Por sermos uma multinacional, focamos em legislações que estão nascendo na Europa acerca destas pautas contemporâneas, especialmente no ESG. Considero como uma oportunidade para se diferenciar, porque a empresa que se preocupa e protege o meio ambiente, com responsabilidade social, e cuida de sua governança, com o intuito de implementar as diretrizes, está alinhada com os propósitos da sociedade.

Ademais, é preciso olhar desde a criação do produto, para que ele seja projetado de forma a impactar menos o ambiente, sem materiais agressivos, pensando na redução da emissão do carbono. Lidamos com equipamentos pesados, de transporte, ou seja, a energia está muito conectada ao nosso negócio. Conseguir implementar tecnologias e processos que atendam tais necessidades são oportunidades de estar à frente da concorrência.

Nossos clientes requerem isso também – são grandes montadoras, organizações alinhadas com esta importante agenda, de atender de maneira geral toda a legislação e as diretrizes do ESG. É um ciclo, haja vista como essa indústria também recebe essa demanda por parte de seus fornecedores, promovendo um vínculo valoroso e ininterrupto.

Reitero: o mercado já seleciona quem se destaca em termos de governança e compliance. Na Hyva, por exemplo, prezamos por um código de ética e conduta junto aos fornecedores, clientes e funcionários, possuímos também uma política de anticorrupção. Isso leva a influenciar o olhar mais atento de organizações maiores; é uma questão de conscientização de todas as partes envolvidas, gerando a simbiose em prol da sustentabilidade.

Atue com motivação e estabeleça vínculos de confiança!

O meu conselho aos jovens é simples e retrata o que relatei nesta breve biografia: busque trabalhar com aquilo que você gosta, responsável por lhe prover prazer. Ao acordar, tenha a plena convicção de estar motivado em dar o seu melhor, sem hesitar.

Quando há dedicação genuína em relação ao que se gosta de realizar, a satisfação profissional e pessoal vem naturalmente. Esse é o segredo do sucesso. Ao encontrar este caminho, envolva-se com afinco, inclua a sua família, leve-a junto em suas jornadas.

A busca pelo sucesso exige dedicação, ou seja, trabalhe para tal, com honestidade e ética. Caso precise assumir um erro, faço-o perante o time ou ao cliente, de maneira consciente e honesta – assim, cria-se uma ponte de confiança extremamente importante. Todas as dificuldades que enfrentei em meu caminho tratei de superar inspirado nessa maneira de agir. E deu certo!

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