(Global Partners)
Colunista
Publicado em 25 de abril de 2025 às 20h39.
Minhas raízes no ramo da construção vêm de família, desde muito jovem eu acompanhava meu pai em nossas obras familiares. Nasci em São Bernardo do Campo, hoje tenho 48 anos, meu pai Romeu Hugo Martinelli, 88, e minha mãe Nair Batistin Martinelli, 78. Tenho 3 irmãs e toda a minha família se fixou e ainda reside em São Bernardo. Apesar de ter construído minha vida profissional em São Paulo, sempre viajando de uma cidade para outra, me permiti ter a base no ABC, motivo pelo qual também escolhi estudar Engenharia Civil no Instituto de Engenharia Mauá em São Caetano do Sul. Posteriormente fiz pós-graduação em Administração e Gerenciamento de Projetos na FGV.
Sou casado com a Lilian e temos dois filhos: o Lucca, de 14 anos, e a Lívia, de 10. A família é um pilar muito forte em minha vida, assim como a religião, pois temos raízes bem católicas.
Meu pai sempre foi empreendedor, mas eu parti para o caminho do mundo corporativo. Os estudos me levaram longe e cheguei até aqui pensando não apenas em mim, mas também em quem está ao meu redor.
Entrei na Sika em 2007, primeiro na área comercial. De lá para cá, me desenvolvi, evoluí, exerci cargos de coordenação e de gerência em primeiro nível. Em 2014, virei membro do comitê executivo da unidade Sika Brasil e me tornei presidente da empresa em 2018. Desde então sou responsável por todas as operações no Brasil.
Conforme amadurecemos, o conceito de sucesso muda. Ao sair da faculdade, achamos que sucesso é atingir altos cargos, traçando um plano de carreira com esse fim. Com o passar do tempo, entendemos que sucesso não é só alcançar objetivos individualmente, mas também proporcionar a outras pessoas a possibilidade de serem bem-sucedidas, é dar condições para que isso aconteça no coletivo, afinal, o nosso sucesso nunca depende somente de nós mesmos.
Para uma carreira fluir, é preciso conciliar o dinamismo e a ação, nunca esquecendo da importância de uma boa comunicação. Sempre buscando administrar o tempo, porque ele não volta. Gerenciar as tarefas com a loucura da correria do dia a dia é um grande desafio para uma carreira bem-sucedida.
Atualmente, por conta da globalização, o imediatismo aparece como uma grande armadilha. As novas gerações querem tudo para ontem, idealizam prazos difíceis de acontecer. Em alguns casos, há uma cronologia a ser seguida, mas nunca podemos cair na armadilha da zona de conforto, o desafio deve ser constante!
Outro dia, encontrei um ex-colega de trabalho de muito tempo atrás. Conversamos sobre como foi bom ter começado a trabalhar na área comercial há mais de 20 anos e como a nossa rotina era diferente da atual. Nas primeiras horas da manhã, íamos para a rua vender, voltávamos e a secretária entregava um papel com os recados de quem havia ligado e precisava de retorno. Então, era hora de sentar-se no escritório e fazer os contatos necessários. Agora, estamos 100% conectados, o tempo todo, e essa necessidade de resposta imediata virou uma realidade do mercado. Administrar tudo isso é difícil e mais complexo para jovens, porque só com a experiência conseguimos equilibrar um pouco esse acesso constante às informações.
Para mim, é importante ter foco para saber qual o objetivo traçado e os passos necessários. O restante fica em segundo plano. É preciso parar, se organizar e planejar. Falo muito para a minha equipe: não admito alguém vir com a desculpa da falta de tempo para fazer suas obrigações, o que existe é falta de prioridade.
A comunicação clara e aberta é a chave desse processo. Transmitir as mensagens para sua equipe de forma clara e honesta, especialmente com os mais jovens, é fundamental. Defina metas, micro objetivos que possam ser atingidos de forma gradual e mostre o passo a passo de como atingi-los com foco.
A minha maior motivação é a minha família. Por eles, encaro a jornada diária e o ritmo profissional corrido. Uma outra motivação, e posso dizer a minha missão hoje, é dar condições para outras pessoas se desenvolverem. Após a definição de estratégias e objetivos, é isso que permite a evolução profissional de um time. Ver o crescimento pessoal e profissional da equipe me incentiva a continuar em frente.
Uma grande ferramenta para a motivação da equipe é juntar clareza e honestidade, mostrando que todos irão chegar juntos e conseguir o resultado desejado. Se o resultado não chegar, continuaremos todos juntos porque não existe ganhar ou perder separados. A equipe ganha, a equipe perde. Quando todos se sentem parte do projeto, são reconhecidos como parte fundamental do processo, facilita e muito o caminho a ser percorrido.
Lembre-se que o ser humano nem sempre é motivado pela parte financeira, mas também pelo lado pessoal, por ter o devido reconhecimento pelo trabalho exercido.
Meu estilo de liderar é uma coparticipação. Não de forma impositiva, mas participativa, procurando estar próximo das pessoas, de forma aberta e conjunta, encontrando as soluções para alcançar objetivos. Quero manter a companhia dentro dos trilhos e para isso preciso que todos estejam alinhados. Valorizo uma liderança comunicativa, clara, simples, focada no desenvolvimento das pessoas, liderança exemplar, alinhada com a cultura da empresa. Comunicação é super importante.
Tanto na minha vida profissional, quanto na pessoal, meu pai foi o meu maior mentor. Não carregamos o mesmo nome à toa. Eu me lembro de muito pequeno rodar obras e trabalhar junto com ele. Mentor de prioridades e valores. Outro exemplo que me ajudou muito foi o Andrea Russo, um italiano que veio trabalhar no Brasil e ficou aqui por alguns anos. Trabalhei diretamente com ele, quando foi presidente da Sika Brasil, um homem à frente de seu tempo. Quando ele voltou para a Itália, eu assumi sua função. Como tenho uma descendência italiana, meu avô paterno era italiano, a nossa empatia foi quase imediata.
Esses dois mentores, verdadeiros exemplos em minha vida pessoal e profissional, me ajudaram muito a entender a importância de sempre estar atualizado. Com isso em mente, entendo que o mundo digital não é mais o futuro, mas o presente. Temos que lidar com essa realidade e tirar o melhor do que é oferecido. Cabe a nós termos discernimento e implementar ferramentas de trabalho úteis para o nosso campo de atuação.
Aqui na empresa, as políticas de compliance são muito valorizadas, porque ajudam a manter a boa reputação em todos os níveis da companhia. Não como um fiscal, mas uma ferramenta informativa para ajudar as pessoas a basearem atitudes e posicionamentos de forma que fiquem protegidas dentro da empresa.
Não há nada mais importante que a nossa reputação e a reputação do lugar onde trabalhamos. Hoje em dia, o mundo digital é muito cruel e é fundamental ter uma boa base de informação, sabendo o que pode ou não prejudicar todo o time e a corporação. A partir do momento que temos uma imagem de bons princípios, honesta, sincera, fica mais difícil sermos vítimas de situações negativas que nos atinjam de forma consistente. Se você tem boa reputação e surge uma má notícia sobre sua conduta, fica até difícil de acreditar, porque há uma espécie de redoma, um escudo contra qualquer inverdade quanto à sua imagem.
É um pilar a ser construído e desenvolvido dia a dia. Quando olho para trás, não faria nada diferente na minha trajetória. Passei por caminhos duros e dificuldades, mas isso constrói um homem e cria musculatura para a resolução de problemas. Nós, brasileiros, somos um povo resiliente. E é essencial manter essa boa conduta, com persistência, acreditando no próprio potencial para seguir firme em uma jornada de sucesso.
Em uma entrevista de duas ou três horas é difícil ter um raio x completo do profissional e identificar se o candidato se enquadra na vaga oferecida. É importante estar atento não apenas nas competências técnicas, mas também considerar a cultura da empresa, seu DNA, princípios e valores. Eu sempre busco características como a valorização das pessoas, a colocação dos clientes em primeiro lugar, a priorização da segurança e sustentabilidade. Com bons treinamentos, é possível ensinar habilidades técnicas, mas os valores dificilmente se modificam ou se formam na fase adulta.
Só com o passar do tempo entendemos isso. E não tem fórmula mágica: a base de tudo é a formação e a educação. Procuro dizer para meus filhos e para quem começa a trabalhar comigo: estude sempre, leia muito, ouça mais do que fale e tente capturar o máximo de informação possível. Atualmente, o acesso à internet é extremamente fácil e é preciso tomar cuidado com as fontes de conhecimento consultadas. Nenhum estudo é demais.
Hoje, a vida profissional começa mais tarde do que no meu início, mas é importante aliar prática e teoria. Aproveite as oportunidades profissionais para aplicar aquilo que você aprende na sala de aula. É esse equilíbrio que vai fazer sua carreira ter sucesso.
Sou uma pessoa muito positiva, um otimista por natureza. Sempre acredito nas possibilidades, que tudo dará certo e trabalho firme para isso. Persistência é a palavra-chave. Não desista. Se você acredita e acha que é possível, com embasamento que justifique suas crenças sem abstrações, vá em busca! Com certeza, terá a oportunidade de executar e implementar. Procure estar cercado de pessoas talentosas. Nunca caia na armadilha, tão comum no mundo corporativo, de se sentir ameaçado por estar perto dos bons. Quem tem qualidade sempre encontra espaço, mesmo com forte concorrência.
Meu sábio avô dizia: o mundo é redondo, o mundo gira. Momentos de baixa acontecem e também são de grande aprendizado. É nessas horas que nos tornamos mais fortes e as empresas ganham eficiência. Companhias de todos os segmentos precisam de seus altos e baixos para ganhar solidez e saírem fortalecidas. Entenda que nem sempre estamos em momentos de alta. Nos de baixa, tire lições. Nada é tão complexo que não tenha solução. Redes de apoio como a família, a religião e o estudo são pilares que vão ajudar a ter o equilíbrio necessário para seguir em frente sem desanimar.
Eu tirei lições até mesmo da prática esportiva. Isso traz disciplina. Quando eu era muito novo, jogava handebol. Com o passar do tempo, notei que tanto contato físico implicava em risco de lesões, resolvi mudar para o tênis e me encantei com o esporte. Era muito agradável, joguei por muito tempo, mas senti dores no ombro por me esforçar demais. Hoje, sou adepto da musculação e da corrida, com o objetivo de manter a saúde em dia.
Além da disciplina, o esporte também cria o importante conceito de trabalho em equipe, especialmente nas modalidades coletivas. Você aprende a envolver o outro, a estar junto, a se alinhar. Isso é fundamental em empresas, porque ninguém rema sozinho. Recomendo demais a prática esportiva, porque também auxilia no controle mental.
O grande objetivo de um gestor é colocar as pessoas certas nos lugares certos com as ferramentas certas. E isso me lembra o livro “Alien Thinking”, do Jean-Louis Barsoux, de quem participei de um treinamento que me ajudou a renovar meu estilo de liderança.
Por fim, deixo uma mensagem para profissionais de todas as idades, em qualquer área de atuação: não desista nunca, acredite sempre em você e na sua capacidade, planeje e vá atrás dos seus objetivos. O sucesso vem!