Empreender demanda dedicação, comprometimento e disciplina, afirma Walter Leandro Marques
Na coluna desta semana, conheça a história de Walter Leandro Marques, VP M&A na nuvini
Colunista
Publicado em 10 de maio de 2024 às 12h59.
Minha liderança empreendedora enfatiza a inovação, a visão estratégica e a capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes em ambientes de constante mudança. O viés para atuar no segmento tecnológico surgiu precocemente e, após me movimentar com sabedoria pelo mercado, deparei-me com a relevância do segmento de software para e-commerce, no qual passei a me destacar, até alcançar a posição de vice-presidente da nuvini.
Nasci e cresci em Marília (SP), onde estabeleci os meus primeiros passos como um profissional de sucesso. Costumo reiterar como sou empreendedor desde jovem, pois contei com a forte influência da minha família, especialmente dos meus pais Valter e Dinah e o do meu avô Euclides. Casado com a Rosana, somos pais do Vitor e da Bianca, e saliento como contar com o apoio familiar é imprescindível – no meu caso, trata-se do meu porto seguro, principalmente para os momentos de dificuldades ou de importantes mudanças.
Além desse viés para empreender, recebi valores preciosos, além da noção do caminho a ser trilhado para alcançar êxito. Com apenas 14 anos, comecei a trabalhar como office boy, e já com 17 montei a minha primeira empresa, uma distribuidora de tintas no interior, um negócio que se tornou um empreendimento da família.
Logo notei como era um autêntico empreendedor serial, haja vista como estruturei companhias de bonés, confecção de camisetas esportivas, indústria de frascaria, enfim, jamais me detive frente às oportunidades. Ressalto como a grande lição para lograr prosperidade passa por se dedicar bastante ao trabalho, amparado por persistência e dedicação.
Ao longo da jornada, alicerçando relações sólidas e demonstrando o meu potencial, guarneci crescimento, sendo que, atualmente sou vice-presidente da nuvini. A holding abriu o capital na Nasdaq, e somos uma das 14 empresas brasileiras com capital nesta bolsa. Enfim, é muito mais questão de suor do que qualquer outra coisa.
Além disso, requer bastantefé, acreditando como Deus estará ao seu lado, na medida em que se conta com bons propósitos, construindo algo responsável por impactar a vida das pessoas. Ao se realizar algo positivo para a sociedade, as coisas darão certo.
O valor do equilíbrio entre a prática e o academicismo
Com apenas 25 anos já era um empresário estabelecido, responsável por cerca de 150 colaboradores, com escritório em São Paulo, atendendo grandes empresas e agências. Porém, por ter começado cedo, ainda não havia cursado faculdade. A imersão dedicada aos negócios atrasou o meu desenvolvimento acadêmico. Compreendi que precisava cursar o Ensino Superior para expandir o meu repertório e, assim, lidar melhor com os desafios do cotidiano.
Dessa forma, graduei-me em Administração de Empresas na Universidade de Marília, em 2004, para depois realizar um MBA em Gestão Econômica e Financeira pela FGV e outro, um MBA Executivo Internacional em Administração, pela FIA. Recentemente, fiz um módulo executivo específico em M&A em Stanford, nos EUA. Todavia, trabalhava demais – a fábrica de bonés possuía uma máquina que operava 24 horas por dia. Saía da faculdade e já voltava para a empresa, contemplando inúmeros turnos. Sempre trabalhei por prazer, para crescer mais e gerar empregos.
O melhor conselho que posso dar é o saber equilibrar o trabalho com o academicismo; a prática com o conceito. A teoria só conduz alguém ao sucesso se a vocação da pessoa for para atuar no ambiente acadêmico. E para quem tem prática, é imperativo continuar aprendendo, assimilando inovações, entrando em contato com novas tecnologias. Caso contrário, limita o potencial.
Pontuo como tratei de assimilar o máximo de ferramentas para criar um perfil de liderança robusto, especialmente uma estrutura de comunicação. Isso engloba saber como transmitir o negócio, amparado pela visão ampla, a missão, os valores, o planejamento estratégico, de como efetuar a checagem em níveis diversos.
É fundamental aplicar as ferramentas da administração com a metodologia de descentralização, na qual se distribui o poder através das pessoas, provendo agilidade ao time de desenvolvimento, para otimizar as entregas. Tudo o que deriva do academismo pode ser introduzido no negócio, aprimorando os processos. Hoje, por meio da intranet, criam-se os portais de comunicação, auxiliando na disposição de reuniões, com integração dos times, de todas as áreas. Isso origina em construir a cultura da empresa, pois com a rotina, a comunicação flui, evoluiu, e as pessoas passam a ter discernimento acerca do ambiente.
Como sou organizado e autocrítico, cuidava bem da minha agenda, com disciplina, para poder suplantar todas as atividades com as quais me envolvia. Sempre soube delegar tarefas, inclusive para não ficar sobrecarregado, e para prover autonomia aos indivíduos. Aliás, tenho enorme orgulho de ter contribuído na formação de outras pessoas, que hoje se encontram em cargos de expressão, de liderança. São profissionais que começaram cedo comigo e estão em grandes empresas.
A guinada determinante rumo ao segmento tecnológico
Ao voltar a estudar, desenvolvi uma empresa de software. Ou seja, à época, conduzia uma confecção, uma empresa de bonés, outra de camisetas e mais uma de brindes. Posteriormente, apostei em uma companhia tecnológica, que representou como um grande case de sucesso. O setor estava começando no Brasil e tratei de me aplicar para resolver problemas nas minhas outras atividades. Sem dúvida, marcou como a primeira grande virada da minha vida.
Recordo-me de quando ganhei um livro do meu irmão sobre administração de produção. Meu foco era o de melhorar a minha confecção de bonés. Já era a maior empresa do segmento em São Paulo e uma das três maiores do Brasil. Comecei a conversar com executivos do mundo todo. Ao ingressar na faculdade, tive o intuito de aperfeiçoar o meu perfil, para seguir em ascensão. Não havia imaginado uma guinada tão grande, de 180 graus, rumo à tecnologia.
O meu irmão caçula já tinha uma companhia de software para e-commerce e vinha se desenvolvendo. Como sempre fui um apoio e referência para ele, resolvemos unir forças, formando uma sociedade. Desta maneira, saí de todos os outros negócios, para focar somente na Tray Plataforma.
Nesse ínterim, desenvolvemos um novo software dentro da Tray, em um período no qual nem sequer existia o termo fintech. Assim, nos aplicamos no setor para que atendêssemos aos nossos lojistas. O empreendimento cresceu exponencialmente e, em 2006, vendemos essa operação para o Buscapé. Não raro, ao se vender uma startup, é preciso apoiar o seu desenvolvimento, sendo que eu e meu irmão permanecemos até 2009 no grupo para auxiliar no crescimento desse projeto.
A Tray coexistiu nesse período, e retornamos para a administração em 2009, até nos associarmos em 2012 com a Locaweb, por meio de uma fusão. Nesse momento, tudo o que a Locaweb realizava de comércio eletrônico passou a ser administrado por mim. Tratava-se de uma holding de seis empresas, enfim, algo parecido com o que realizei no início da carreira, ao lado de boas pessoas, distribuindo responsabilidades, provendo direcionamento, com autonomia. Permaneci cinco anos nesta função, efetuei toda a sucessão da Tray para o meu irmão, até me tornar diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios e M&A da Locaweb, comprando novas companhias, durante os cinco anos dedicados à organização.
Movimentações corajosas e a ascensão como líder da nuvini
Ao sair da Locaweb, deixei a zona de conforto para voltar a empreender. E a empreender para empreendedores, levando-me a prospectar projetos que pudesse apoiar. Nesse ciclo, adquiri uma participação na Oneclick, em 2019. Em menos de dois anos, dobramos de tamanho, trouxemos novos clientes e adquirimos empresas, fortalecendo o portfólio. Nessa fase, a nuvini surgiu em minha vida com um projeto maravilhoso, liderado pelo fundador Pierre Schurmann, e a organização apresentou uma proposta de aquisição.
Já conhecia o Pierre, mas nunca havíamos trabalhado juntos. O projeto da nuvini seduziu a todos os sócios da Oneclick, pois faríamos parte de um grupo maior que buscava executar o IPO, com desenvolvimento e crescimento a longo prazo. As negociações aconteceram rapidamente, para o padrão de mercado M&A, decorrendo na transação em questão de meses.
Deparei-me com um dilema genuíno, porque era um investidor e havia acabado de embarcar neste novo negócio. Contudo, para a minha surpresa, o Pierre e outros fundadores disseram que só haviam investido na empresa por conta de eu ser um dos principais ativos envolvidos. Assim, continuei tocando o negócio, como diretor da Oneclick, até a nuvini me convidar, no início de 2022, para participar da holding, com o propósito de realizar o IPO.
Havia a necessidade de focar em investimentos e toda a burocracia do IPO. Eles notaram como eu era uma pessoa capacitada para conduzir a área de M&A e, dessa forma, aceitei a oferta, tornando-me vice-presidente da nuvini, em 2022. Atualmente, estou com novos desafios internos, apoiando também a área de Operações, por deter bastante experiência no setor de startups.
Tal ascensão ocorreu devido ao meu sucesso prévio em minha jornada, além do meu potencial para auxiliá-los no segmento de M&A. Com tudo devidamente bem estruturado, no final de 2023 efetuamos o IPO da empresa em Nova Iorque, algo que considero como o meu maior case de sucesso.
Obviamente, precisei superar desafios complexos até atingir a posição na qual me encontro. Durante a Pandemia de Covid-19, por exemplo, a minha vida mudou muito. No primeiro momento, as empresas de tecnologia sofreram como as demais devido às incertezas – não havia nada mais importante do que preservar vidas. Contudo, com adaptações, a chegada de vacinas, o mercado entendeu que a tecnologia seria uma solução para salvar os negócios. Houve um crescimento acelerado, até mesmo irracional, do setor.
Ao contemplar o passado recente, é mais fácil examinar a crise. Com a flexibilização, companhias tecnológicas cresceram exponencialmente, inclusive, pensava-se que seria o novo normal. Mas o ser humano tem outras necessidades, entre as quais o convívio social de trabalho – a economia criativa depende de insights derivados do cotidiano.
Ou seja, as empresas de tecnologia começaram a ruir, houve recessão, aumento de juros. Vimos isso na Oneclick. Em outra fase de irracionalidade, essas companhias consideraram que seriam gigantes, algo que ocorreu conosco. Foi quando ocorreu a transação com a nuvini. Deparei-me com um projeto ainda mais audacioso, por conta do tamanho da empresa e de seus propósitos, porém, ao mesmo tempo, com equilíbrio e planejamento.
O líder precisa saber orientar com foco em diversidade
A soberba é uma grande armadilha que interrompe o desenvolvimento, haja vista como o excesso de confiança conduz o indivíduo a considerar saber o suficiente. Dessa maneira, a pessoa deixa de ouvir os outros, fica desprovido de empatia, sem humildade. Nesse mundo extremamente dinâmico, estar com a mente aberta é primordial para se angariar novos conhecimentos, em prol da evolução.
O planeta tem 7 bilhões de pessoas; civilizações milenares deixaram legados magníficos para a sociedade. Simplesmente não podemos menosprezar tudo isso, porque o ser humano é capaz de realizar coisas relevantes em todos os âmbitos.
O papel do líder é cada vez mais voltado para a orientação e o direcionamento do que propriamente o ato de executar. É fundamental saber como apoiar os seus liderados, sempre aberto ao diálogo sadio. Quem está à frente dos negócios precisa contar com o senso de autocrítica bem desenvolvido, para que vislumbre o processo de evolução, sendo carismático, cativando os indivíduos ao seu redor. Se ele não vender o sonho, deixando de motivar as pessoas, não dará certo, pois, ao se deparar com dificuldades, faltará tal habilidade.
Outro ponto diz respeito a como o líder deve tomar cuidado para não contratar pessoas com o mesmo perfil, mas sim buscar por profissionais com características complementares, especialmente nos aspectos comportamentais e alinhados aos propósitos.O time precisa ser o mais heterogêneo possível, incluindo diferentes faixas etárias e evitando preconceitos, tanto em comportamentos quanto em atitudes. Quanto mais diversificado o time, melhor ele vai se sair em qualquer situação, com mais entregas.
O gestor deve saber quando a pessoa está feliz por executar determinada atividade, para extrair o melhor de cada um. Muitas vezes, durante uma entrevista de contratação, o profissional nem sequer sabe se realmente a vaga atende ao que ele quer de fato. Essa pauta passa pelo fator do engajamento, demanda muito diálogo e comunicação de mão dupla. Porém, não quer dizer que o líder deva ser um palestrante – ele deve ouvir, pontuar, questionar, saber fazer as perguntas corretas e ouvir adequadamente. Para liderar uma equipe complexa, o principal combustível é a comunicação.
A mentoria e o networking são fundamentais na carreira
Tive muito apoio desde o início, mas certamente poderia ter assimilado determinados aprendizados em função do meu escopo, porque reúno características bem comerciais, pautadas em relações, diálogos, habilidades que tenho muita facilidade. Constantemente, procuro interagir com novas pessoas, com o intuito de adquirir mais conhecimentos.
Precisamos estar próximos dos jovens, por isso cito o meu irmão Willians Marques como alguém especial em minha trajetória e que admiro muito. Mas o meu principal mentor foi o meu avô, que teve inúmeros negócios, mas sem tanto sucesso, por conta de algumas fatalidades. Ele sempre me apoiou e tive o privilégio de trabalhar com ele por mais de dez anos.
Evidentemente, me inspiro em pessoas de enorme impacto na sociedade, e detentoras de vieses que almejo ter. O Romero Rodrigues, fundador do Buscapé, me ensinou demais, assim como contei com a sorte de atuar com o Gilberto Mautner, na época da Locaweb. Já o Flávio Jansen, fundador do Submarino, é uma pessoa brilhante. Pondero como tenho a honra e o privilégio de me reportar ao próprio Pierre Schurmann, um empreendedor serial. Tenho um grande amigo e sócio, o Paulo Narcélio, responsável pelo IPO do UOL, que me apresentou ao meu único coach formal, o João Alberto Santos, pessoa que também admiro muito.
Certamente, aprendi a separar a forma do conteúdo, a ser um pouco melhor a cada instante, com discernimento, respeitando o próximo. São lições amealhadas constantemente, e que jamais podem sair de vista no planejamento da carreira.
Podemos realizar tudo em que acreditamos. Vim de uma família muito simples, mas sempre acreditei em meu potencial, empenhando-me com afinco às minhas empreitadas.
A pessoa pode até não ser a melhor em determinado segmento, mas pode ser a sua melhor versão desde que se aplique com disciplina – ou seja, a sua competição é consigo próprio.
Confiem nas pessoas que vocês amam e não aceitem o “não”, caso queiram ir mais longe. Busquem as ferramentas para alcançar os seus objetivos – o mundo está mudando demais, requer deter o perfil multidisciplinar. Ou seja, jamais fiquem presos aos mesmos conhecimentos aprendidos no seu segmento, vão além!
Minha liderança empreendedora enfatiza a inovação, a visão estratégica e a capacidade de tomar decisões rápidas e eficazes em ambientes de constante mudança. O viés para atuar no segmento tecnológico surgiu precocemente e, após me movimentar com sabedoria pelo mercado, deparei-me com a relevância do segmento de software para e-commerce, no qual passei a me destacar, até alcançar a posição de vice-presidente da nuvini.
Nasci e cresci em Marília (SP), onde estabeleci os meus primeiros passos como um profissional de sucesso. Costumo reiterar como sou empreendedor desde jovem, pois contei com a forte influência da minha família, especialmente dos meus pais Valter e Dinah e o do meu avô Euclides. Casado com a Rosana, somos pais do Vitor e da Bianca, e saliento como contar com o apoio familiar é imprescindível – no meu caso, trata-se do meu porto seguro, principalmente para os momentos de dificuldades ou de importantes mudanças.
Além desse viés para empreender, recebi valores preciosos, além da noção do caminho a ser trilhado para alcançar êxito. Com apenas 14 anos, comecei a trabalhar como office boy, e já com 17 montei a minha primeira empresa, uma distribuidora de tintas no interior, um negócio que se tornou um empreendimento da família.
Logo notei como era um autêntico empreendedor serial, haja vista como estruturei companhias de bonés, confecção de camisetas esportivas, indústria de frascaria, enfim, jamais me detive frente às oportunidades. Ressalto como a grande lição para lograr prosperidade passa por se dedicar bastante ao trabalho, amparado por persistência e dedicação.
Ao longo da jornada, alicerçando relações sólidas e demonstrando o meu potencial, guarneci crescimento, sendo que, atualmente sou vice-presidente da nuvini. A holding abriu o capital na Nasdaq, e somos uma das 14 empresas brasileiras com capital nesta bolsa. Enfim, é muito mais questão de suor do que qualquer outra coisa.
Além disso, requer bastantefé, acreditando como Deus estará ao seu lado, na medida em que se conta com bons propósitos, construindo algo responsável por impactar a vida das pessoas. Ao se realizar algo positivo para a sociedade, as coisas darão certo.
O valor do equilíbrio entre a prática e o academicismo
Com apenas 25 anos já era um empresário estabelecido, responsável por cerca de 150 colaboradores, com escritório em São Paulo, atendendo grandes empresas e agências. Porém, por ter começado cedo, ainda não havia cursado faculdade. A imersão dedicada aos negócios atrasou o meu desenvolvimento acadêmico. Compreendi que precisava cursar o Ensino Superior para expandir o meu repertório e, assim, lidar melhor com os desafios do cotidiano.
Dessa forma, graduei-me em Administração de Empresas na Universidade de Marília, em 2004, para depois realizar um MBA em Gestão Econômica e Financeira pela FGV e outro, um MBA Executivo Internacional em Administração, pela FIA. Recentemente, fiz um módulo executivo específico em M&A em Stanford, nos EUA. Todavia, trabalhava demais – a fábrica de bonés possuía uma máquina que operava 24 horas por dia. Saía da faculdade e já voltava para a empresa, contemplando inúmeros turnos. Sempre trabalhei por prazer, para crescer mais e gerar empregos.
O melhor conselho que posso dar é o saber equilibrar o trabalho com o academicismo; a prática com o conceito. A teoria só conduz alguém ao sucesso se a vocação da pessoa for para atuar no ambiente acadêmico. E para quem tem prática, é imperativo continuar aprendendo, assimilando inovações, entrando em contato com novas tecnologias. Caso contrário, limita o potencial.
Pontuo como tratei de assimilar o máximo de ferramentas para criar um perfil de liderança robusto, especialmente uma estrutura de comunicação. Isso engloba saber como transmitir o negócio, amparado pela visão ampla, a missão, os valores, o planejamento estratégico, de como efetuar a checagem em níveis diversos.
É fundamental aplicar as ferramentas da administração com a metodologia de descentralização, na qual se distribui o poder através das pessoas, provendo agilidade ao time de desenvolvimento, para otimizar as entregas. Tudo o que deriva do academismo pode ser introduzido no negócio, aprimorando os processos. Hoje, por meio da intranet, criam-se os portais de comunicação, auxiliando na disposição de reuniões, com integração dos times, de todas as áreas. Isso origina em construir a cultura da empresa, pois com a rotina, a comunicação flui, evoluiu, e as pessoas passam a ter discernimento acerca do ambiente.
Como sou organizado e autocrítico, cuidava bem da minha agenda, com disciplina, para poder suplantar todas as atividades com as quais me envolvia. Sempre soube delegar tarefas, inclusive para não ficar sobrecarregado, e para prover autonomia aos indivíduos. Aliás, tenho enorme orgulho de ter contribuído na formação de outras pessoas, que hoje se encontram em cargos de expressão, de liderança. São profissionais que começaram cedo comigo e estão em grandes empresas.
A guinada determinante rumo ao segmento tecnológico
Ao voltar a estudar, desenvolvi uma empresa de software. Ou seja, à época, conduzia uma confecção, uma empresa de bonés, outra de camisetas e mais uma de brindes. Posteriormente, apostei em uma companhia tecnológica, que representou como um grande case de sucesso. O setor estava começando no Brasil e tratei de me aplicar para resolver problemas nas minhas outras atividades. Sem dúvida, marcou como a primeira grande virada da minha vida.
Recordo-me de quando ganhei um livro do meu irmão sobre administração de produção. Meu foco era o de melhorar a minha confecção de bonés. Já era a maior empresa do segmento em São Paulo e uma das três maiores do Brasil. Comecei a conversar com executivos do mundo todo. Ao ingressar na faculdade, tive o intuito de aperfeiçoar o meu perfil, para seguir em ascensão. Não havia imaginado uma guinada tão grande, de 180 graus, rumo à tecnologia.
O meu irmão caçula já tinha uma companhia de software para e-commerce e vinha se desenvolvendo. Como sempre fui um apoio e referência para ele, resolvemos unir forças, formando uma sociedade. Desta maneira, saí de todos os outros negócios, para focar somente na Tray Plataforma.
Nesse ínterim, desenvolvemos um novo software dentro da Tray, em um período no qual nem sequer existia o termo fintech. Assim, nos aplicamos no setor para que atendêssemos aos nossos lojistas. O empreendimento cresceu exponencialmente e, em 2006, vendemos essa operação para o Buscapé. Não raro, ao se vender uma startup, é preciso apoiar o seu desenvolvimento, sendo que eu e meu irmão permanecemos até 2009 no grupo para auxiliar no crescimento desse projeto.
A Tray coexistiu nesse período, e retornamos para a administração em 2009, até nos associarmos em 2012 com a Locaweb, por meio de uma fusão. Nesse momento, tudo o que a Locaweb realizava de comércio eletrônico passou a ser administrado por mim. Tratava-se de uma holding de seis empresas, enfim, algo parecido com o que realizei no início da carreira, ao lado de boas pessoas, distribuindo responsabilidades, provendo direcionamento, com autonomia. Permaneci cinco anos nesta função, efetuei toda a sucessão da Tray para o meu irmão, até me tornar diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios e M&A da Locaweb, comprando novas companhias, durante os cinco anos dedicados à organização.
Movimentações corajosas e a ascensão como líder da nuvini
Ao sair da Locaweb, deixei a zona de conforto para voltar a empreender. E a empreender para empreendedores, levando-me a prospectar projetos que pudesse apoiar. Nesse ciclo, adquiri uma participação na Oneclick, em 2019. Em menos de dois anos, dobramos de tamanho, trouxemos novos clientes e adquirimos empresas, fortalecendo o portfólio. Nessa fase, a nuvini surgiu em minha vida com um projeto maravilhoso, liderado pelo fundador Pierre Schurmann, e a organização apresentou uma proposta de aquisição.
Já conhecia o Pierre, mas nunca havíamos trabalhado juntos. O projeto da nuvini seduziu a todos os sócios da Oneclick, pois faríamos parte de um grupo maior que buscava executar o IPO, com desenvolvimento e crescimento a longo prazo. As negociações aconteceram rapidamente, para o padrão de mercado M&A, decorrendo na transação em questão de meses.
Deparei-me com um dilema genuíno, porque era um investidor e havia acabado de embarcar neste novo negócio. Contudo, para a minha surpresa, o Pierre e outros fundadores disseram que só haviam investido na empresa por conta de eu ser um dos principais ativos envolvidos. Assim, continuei tocando o negócio, como diretor da Oneclick, até a nuvini me convidar, no início de 2022, para participar da holding, com o propósito de realizar o IPO.
Havia a necessidade de focar em investimentos e toda a burocracia do IPO. Eles notaram como eu era uma pessoa capacitada para conduzir a área de M&A e, dessa forma, aceitei a oferta, tornando-me vice-presidente da nuvini, em 2022. Atualmente, estou com novos desafios internos, apoiando também a área de Operações, por deter bastante experiência no setor de startups.
Tal ascensão ocorreu devido ao meu sucesso prévio em minha jornada, além do meu potencial para auxiliá-los no segmento de M&A. Com tudo devidamente bem estruturado, no final de 2023 efetuamos o IPO da empresa em Nova Iorque, algo que considero como o meu maior case de sucesso.
Obviamente, precisei superar desafios complexos até atingir a posição na qual me encontro. Durante a Pandemia de Covid-19, por exemplo, a minha vida mudou muito. No primeiro momento, as empresas de tecnologia sofreram como as demais devido às incertezas – não havia nada mais importante do que preservar vidas. Contudo, com adaptações, a chegada de vacinas, o mercado entendeu que a tecnologia seria uma solução para salvar os negócios. Houve um crescimento acelerado, até mesmo irracional, do setor.
Ao contemplar o passado recente, é mais fácil examinar a crise. Com a flexibilização, companhias tecnológicas cresceram exponencialmente, inclusive, pensava-se que seria o novo normal. Mas o ser humano tem outras necessidades, entre as quais o convívio social de trabalho – a economia criativa depende de insights derivados do cotidiano.
Ou seja, as empresas de tecnologia começaram a ruir, houve recessão, aumento de juros. Vimos isso na Oneclick. Em outra fase de irracionalidade, essas companhias consideraram que seriam gigantes, algo que ocorreu conosco. Foi quando ocorreu a transação com a nuvini. Deparei-me com um projeto ainda mais audacioso, por conta do tamanho da empresa e de seus propósitos, porém, ao mesmo tempo, com equilíbrio e planejamento.
O líder precisa saber orientar com foco em diversidade
A soberba é uma grande armadilha que interrompe o desenvolvimento, haja vista como o excesso de confiança conduz o indivíduo a considerar saber o suficiente. Dessa maneira, a pessoa deixa de ouvir os outros, fica desprovido de empatia, sem humildade. Nesse mundo extremamente dinâmico, estar com a mente aberta é primordial para se angariar novos conhecimentos, em prol da evolução.
O planeta tem 7 bilhões de pessoas; civilizações milenares deixaram legados magníficos para a sociedade. Simplesmente não podemos menosprezar tudo isso, porque o ser humano é capaz de realizar coisas relevantes em todos os âmbitos.
O papel do líder é cada vez mais voltado para a orientação e o direcionamento do que propriamente o ato de executar. É fundamental saber como apoiar os seus liderados, sempre aberto ao diálogo sadio. Quem está à frente dos negócios precisa contar com o senso de autocrítica bem desenvolvido, para que vislumbre o processo de evolução, sendo carismático, cativando os indivíduos ao seu redor. Se ele não vender o sonho, deixando de motivar as pessoas, não dará certo, pois, ao se deparar com dificuldades, faltará tal habilidade.
Outro ponto diz respeito a como o líder deve tomar cuidado para não contratar pessoas com o mesmo perfil, mas sim buscar por profissionais com características complementares, especialmente nos aspectos comportamentais e alinhados aos propósitos.O time precisa ser o mais heterogêneo possível, incluindo diferentes faixas etárias e evitando preconceitos, tanto em comportamentos quanto em atitudes. Quanto mais diversificado o time, melhor ele vai se sair em qualquer situação, com mais entregas.
O gestor deve saber quando a pessoa está feliz por executar determinada atividade, para extrair o melhor de cada um. Muitas vezes, durante uma entrevista de contratação, o profissional nem sequer sabe se realmente a vaga atende ao que ele quer de fato. Essa pauta passa pelo fator do engajamento, demanda muito diálogo e comunicação de mão dupla. Porém, não quer dizer que o líder deva ser um palestrante – ele deve ouvir, pontuar, questionar, saber fazer as perguntas corretas e ouvir adequadamente. Para liderar uma equipe complexa, o principal combustível é a comunicação.
A mentoria e o networking são fundamentais na carreira
Tive muito apoio desde o início, mas certamente poderia ter assimilado determinados aprendizados em função do meu escopo, porque reúno características bem comerciais, pautadas em relações, diálogos, habilidades que tenho muita facilidade. Constantemente, procuro interagir com novas pessoas, com o intuito de adquirir mais conhecimentos.
Precisamos estar próximos dos jovens, por isso cito o meu irmão Willians Marques como alguém especial em minha trajetória e que admiro muito. Mas o meu principal mentor foi o meu avô, que teve inúmeros negócios, mas sem tanto sucesso, por conta de algumas fatalidades. Ele sempre me apoiou e tive o privilégio de trabalhar com ele por mais de dez anos.
Evidentemente, me inspiro em pessoas de enorme impacto na sociedade, e detentoras de vieses que almejo ter. O Romero Rodrigues, fundador do Buscapé, me ensinou demais, assim como contei com a sorte de atuar com o Gilberto Mautner, na época da Locaweb. Já o Flávio Jansen, fundador do Submarino, é uma pessoa brilhante. Pondero como tenho a honra e o privilégio de me reportar ao próprio Pierre Schurmann, um empreendedor serial. Tenho um grande amigo e sócio, o Paulo Narcélio, responsável pelo IPO do UOL, que me apresentou ao meu único coach formal, o João Alberto Santos, pessoa que também admiro muito.
Certamente, aprendi a separar a forma do conteúdo, a ser um pouco melhor a cada instante, com discernimento, respeitando o próximo. São lições amealhadas constantemente, e que jamais podem sair de vista no planejamento da carreira.
Podemos realizar tudo em que acreditamos. Vim de uma família muito simples, mas sempre acreditei em meu potencial, empenhando-me com afinco às minhas empreitadas.
A pessoa pode até não ser a melhor em determinado segmento, mas pode ser a sua melhor versão desde que se aplique com disciplina – ou seja, a sua competição é consigo próprio.
Confiem nas pessoas que vocês amam e não aceitem o “não”, caso queiram ir mais longe. Busquem as ferramentas para alcançar os seus objetivos – o mundo está mudando demais, requer deter o perfil multidisciplinar. Ou seja, jamais fiquem presos aos mesmos conhecimentos aprendidos no seu segmento, vão além!