(Global Partners)
Colunista
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 20h03.
O mundo está mudando muito rápido. E neste cenário as empresas que se sobressaem dentro de um mercado competitivo são as que conseguem se adaptar. Mas o organismo vivo de uma organização são as pessoas. Então, no fundo, é preciso que existam profissionais capazes de se adequar prontamente às novas realidades e, com suas ações, consigam restabelecer minimamente a ordem, abrindo caminhos para que outros possam executar suas funções de maneira mais harmônica. Pensar em não ter essa competência pode custar caro.
Essa característica tão essencial sempre fez parte da minha jornada pessoal e profissional. Sou uma pessoa bastante ativa e considero minha energia elevada. Nasci em São Paulo, e sou filho de imigrantes espanhóis e italianos. Minha mãe, Maria Isabel, chegou ao Brasil com 10 anos, junto com os pais e os cinco irmãos. Meu pai, Antonio, de ascendência italiana e indígena, tinha seis irmãos. Consequentemente, cresci integrado a uma família grande e unida, com muitos primos. Meus pais sempre abdicaram de muitos recursos para garantir que minha irmã e eu tivéssemos uma educação de primeira linha, com a oportunidade de estudar em boas escolas e também desfrutar de momentos de lazer e diversão.
A escolha pela Engenharia vem da infância. Sempre gostei de entender como tudo funciona e, além disso, gostava muito de carros. O tempo passou, fiz o Ensino Médio, com formação de técnico em Mecânica, e depois engatei a graduação na FEI em Engenharia de Produção Mecânica. No início, a ideia era ser engenheiro automotivo, mas acabei optando por ser engenheiro de produção mecânica, pois quando estava na faculdade já trabalhava neste nicho e tinha um pouco mais de ideia do tamanho do mercado. Os estudos não pararam por aí e depois fiz algumas especializações, entre elas uma pós em finanças e eficiência empresarial e um MBA em Gestão de Negócios.
Quando o inglês abre portas
Iniciei a carreira ainda na escola técnica, meu primeiro emprego foi em uma fábrica de caminhões como estagiário. Durante a faculdade, comecei a trabalhar na indústria de autopeças, que foi onde eu passei da Engenharia para Vendas. E este é um momento que considero marcante porque fui efetivado por ser uma das poucas pessoas que falava inglês dentro do departamento. O fato é que
apenas “arranhar” um outro idioma já não é mais suficiente. É preciso saber negociar e argumentar com as pessoas ao seu redor, para então convencê-las de suas ideias e pontos de vista, ou para conduzir uma reunião ou projeto.
Ao ser efetivado, eu, como um dos mais novos da equipe, tive a clara percepção de que entregar algo a mais é importante nesse ambiente de trabalho; e que o estudo, acima de tudo, é o que te faz progredir.
Transforme os desafios em estímulos
Tenho orgulho de dois momentos da minha carreira. O primeiro, aos 26 anos, foi liderar um projeto multicultural, negociando com profissionais até 40 anos mais experientes. Isso me levou da Engenharia para Vendas e Gestão. O segundo foi na Borealis, onde liderei a transformação da estratégia comercial. Tornamos a operação mais rentável, com clientes mais satisfeitos e ganho de market share. Liderança não vem com o cargo, mas com a forma de enfrentar desafios. Sempre preferi criar caminhos e engajar pessoas com transparência, justiça e convencimento, não com imposição. Gosto de mostrar a direção, mas dar liberdade para que o time construa seu percurso. Também faço questão de estar em campo quando necessário, vivenciando a estratégia junto com a equipe. Liderar é estudar continuamente, se preparar bem e entregar mais do que esperam. Trabalhe para puxar os outros, não para ser empurrado. Isso é protagonismo. Isso é liderança.
Esteja próximo do seu time
Admiro líderes que possuem uma comunicação transparente, simples, direta e assertiva, que têm empatia para estar próximo dos times e entendem o seu papel de suportar e de ensinar. Acredito que, quando se está próximo das pessoas, diminui-se a chance de elas caírem no erro. Neste contexto, fale sempre a verdade e trate todos como adultos, sem mascarar a situação, seja ela boa ou ruim. Isto ajuda a criar não só proximidade, como também um círculo de confiança. É algo que sempre digo para o time: às vezes vamos tomar decisões erradas. Mas, isto acontecendo, sinaliza também que nos propusemos a fazer, como equipe. Esse alinhamento de comunicação, sendo próximo e sincero, tira ruídos que possam vir a surgir.
Os líderes precisam buscar autoconhecimento suficiente para entender seu impacto nas pessoas em sua volta. Não houve uma única pessoa ou acontecimento que tenha me influenciado mais. Acredito que fui moldando a imagem que tenho de liderança ao longo do tempo, entendendo o que dava certo e o que dava errado, sendo pelas minhas atitudes ou pelas que eu observava nos outros.
Três superpoderes de uma carreira promissora
Costumo dizer que existem três superpoderes que são atemporais e funcionam em qualquer organização: diálogo, respeito e vontade. Diálogo para comunicar e debater os objetivos e problemas, para questionar o status quo; respeito para ouvir muito, principalmente quando os pontos de vista são diferentes dos teus. É assim que crescemos e permitimos que aqueles que estão à nossa volta cresçam também; e vontade para fazer acontecer, resolver os problemas e ser o protagonista e não um coadjuvante da sua própria história.
Bacana falar também sobre o conhecimento, que precisa ser o pano de fundo de todas as nossas habilidades. Mas apenas ele não basta. É preciso aprender rápido para acompanhar todas as evoluções de mercado, de tecnologia, de geopolítica, de gerações, de serviços e produtos.
Para as organizações já não basta mais um bom alinhamento, é preciso ser capaz de alinhar-se com velocidade para garantir a dianteira nos negócios, para se destacar. E é neste contexto que entram os novos profissionais de alta performance, que conseguem dar resultados em qualquer posição, e possuem alta adaptabilidade pois aprendem mais rápido que a grande maioria.
Armadilhas que te impedem de avançar
Existem armadilhas que deixam muitos talentos à deriva. Uma delas é a falta de humildade. Sabe aquelas pessoas que inflam o ego e criam uma barreira em torno de si mesmas? Isso limita o potencial de mover a equipe e, obviamente, quando isso ocorre, o impacto é proporcionalmente menor. Sempre me inspirei por pessoas que se mostram de verdade e não se escondem atrás de posições ou cargos… que têm coragem de direcionar quando é preciso, e ao mesmo tempo têm humildade para pedir ajuda quando não sabem a rota. Não importa se estão ou não no topo, simplesmente não tem receio de pedir orientações.
Outra pequena armadilha é não entender que algumas batalhas no mundo corporativo não iremos vencer. Às vezes é preciso ceder, mesmo que continuemos acreditando que nossa ideia era melhor. É necessário colocar o coletivo na frente do indivíduo, para que o resultado para todos seja melhor.
Equilíbrio define a base do crescimento
Sucesso para mim é uma composição. Não adianta um super sucesso na empresa e uma conta bancária farta às custas da vida pessoal ou da saúde em frangalhos. Hoje penso no sucesso como
este equilíbrio entre o Daniel “corporativo” (que contribui ativamente para o sucesso da companhia e das pessoas); e o Daniel “indivíduo”, que gosta de esportes, de leitura, de acordar cedo… e vive uma vida boa, saudável, próximo da família, ao lado da minha esposa Luana e nossos filhos, Leonardo e Felipe e sempre junto com os amigos próximos.
Tenham coragem para trilhar seus próprios caminhos, muita resiliência para aguentar as lombadas desta estrada de crescimento e humildade do início ao fim. O estudo é a chave para acessar as coisas boas na vida, para encher nossa cabeça com ideias, propósitos e o trabalho é o meio que encontramos de realizar, de deixar nossa pegada neste mundo, de transformar o que acreditamos e também de gerar nosso ganha pão. É necessário se esforçar muito, mas vale a pena!
Leituras recomendadas por Daniel Furió de Souza:
Monday Morning Leadership: 8 Mentoring Sessions You Can't Afford to Miss, de David Cottrell. Cornerstone Leadership Institute, 2002.