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A transformação digital começa com a mudança de mindset

Como reagir às mudanças num mundo em que é necessário se adaptar rapidamente às tendências de mercado?

A criatividade depende de mudanças organizacionais (divulgação/Divulgação)
KS

Karina Souza

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 16h02.

Quase 90% das empresas mais ricas do mundo em 1950 já não existem mais. Você já deve ter ouvido falar desse dado em algum artigo ou palestra sobre inovação e tecnologia. Mas o que é pouco falado e discutido são os motivos que levaram as gigantes de meados do século passado a sumirem do mapa.

O mundo está mudando cada vez mais rápido, o mercado está cada vez mais volátil e dinâmico e o consumidor mais exigente.  A velocidade com que surgem novos canais, sistemas, dados e processamento de informação é exponencial e, portanto, aqui vai a dura verdade: se você não está acompanhando essa transformação você corre o risco de acabar como uma das organizações da estatística acima.

Nos dias de hoje temos pouco controle e visibilidade sobre os concorrentes. Já não é mais tão fácil montar o nosso “War Room” (Mapa de Guerra) colocando as tachinhas nas empresas que sabemos que nossos clientes podem preferir ao invés da nossa. Isso porque, pode surgir um competidor indireto e “invisível”, que focado na nossa ineficiência vai abocanhando parte do mercado. O que tem acontecido é que atualmente não é mais a luta do grande contra o pequeno, mas sim do ágil contra o lento.

A agilidade está ligada a responder rápido as tendências de mercado e assimilar a transformação que estamos vivendo e isso exige mudança. Exige a necessidade de abraçar uma adaptação estrutural e cultural promovendo o uso da tecnologia para melhorar o desempenho, aumentar o alcance e garantir resultados melhores para o negócio.

Só que por mais que isso seja a realidade escancarada aos nossos olhos toda essa transição não acontece. E por quê? Porque diversas vezes as instituições estão sob o efeito dos glóbulos brancos. Aquelas áreas que são totalmente avessas ao risco corporativo e que não estão nem um pouco dispostas a dar aos funcionários a liberdade e recurso para criar, testar e falhar.

Além disso, as empresas e seus líderes muitas vezes cultivavam a Síndrome do Pequeno Poder, burocratizando precocemente processos internos quando começam alcançar sucesso. Criando barreiras, níveis hierárquicos desnecessários e importando metodologias de grandes instituições, matando assim tudo o que fez ela chegar até ali.

Outro ponto, é que elas criam uma área focada em criatividade e chamam isso de inovação. Quando na verdade, a inovação tem que fazer parte do dia a dia, tem que ser enraizada na organização e não necessariamente ligada à tecnologia. Pode ser inovação de processo, de modelo de negócios, de canal, entre outros.

É comum também que as organizações valorizem o intraempreendedorismo, só que sem o suporte da liderança o intraempreendedor é apenas um sonhador. Fazendo um exercício de autorreflexão, qual foi a última vez que você líder abraçou a ideia de um funcionário e deu a liberdade para que ele pudesse implementar? A verdade é que as pessoas não deixam as corporações, elas se livram dos seus chefes.

O que também vale destacar, é que muitas vezes as empresas ficam só no planejamento e aí, ou elas seguem à risca o que está no papel ou não colocam em prática as ideias que foram propostas. Existe uma lei do exército canadense que diz que “se houver disparidade entre o mapa e o terreno, fique sempre com o terreno”. Isso quer dizer que se você tem um mapa do tesouro que fala que num lugar passa um rio, e você está naquele lugar e não passa um rio, acredita no que você está vendo, não começa a nadar na areia. E ele vale no mundo dos negócios: acredite nas tendências de mercado e comece a agir.

E por que tudo isso acontece? Porque as empresas estão presas no passado, enraizadas numa cultura da falsa segurança do planejamento-controle e se apegando aos produtos, serviços e modelos que as trouxe até aqui. Mas aqui o clichê vai fazer sentido: “o que te trouxe até aqui, não é garantia que vai te levar até muito mais longe”.

A Transformação Digital que é amplamente difundida hoje em dia começa com um exercício tão simples quanto complexo: mudança de mindset, ou seja, transformar a mentalidade da organização como um todo. Isso envolve repensar crenças e ideias pré-concebidas para propor novos processos que tragam mais eficiência às operações, com foco sempre em metodologias mais ágeis e inovadoras. Para isso, é importante mudar paradigmas e treinar a mente para estar aberto a novas possibilidades. Sabe aquela máxima de que não adianta ter as mesmas atitudes e esperar um resultado diferente? Ela se aplica perfeitamente nesse caso.

Hoje, é muito comum ouvirmos falar que as empresas têm que adotar a mentalidade das startups. Isso não quer dizer simplesmente adotar as tecnologias mais modernas ou trabalhar só com o digital; isso tem a ver com ter agilidade, responder as tendências de mercado e entregar valor para os clientes.

E pra que isso aconteça primeiro a empresa tem que entender que precisa mudar, e mais importante, montar uma estrutura para que isso possa acontecer. Num exercício de autorreflexão corporativa é importante entender o seu nível de maturidade digital e pensar como fazer algo 10 vezes mais rápido, 10 vezes mais barato e com 10 vezes mais valor para o cliente? A solução vai passar por adoção de novas tecnologias? Pode ser que sim. Mas na grande maioria das vezes o caminho será essa mudança de mindset e adaptação da operação e dos processos.

Lembre-se: a transformação digital é feita por pessoas que são guiadas por uma cultura interna. Se elas tiverem o ambiente, suporte e autonomia para executarem os projetos e estarem abertas às mudanças você cria alicerces sólidos na sua companhia para que ela possa prosperar.

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Quase 90% das empresas mais ricas do mundo em 1950 já não existem mais. Você já deve ter ouvido falar desse dado em algum artigo ou palestra sobre inovação e tecnologia. Mas o que é pouco falado e discutido são os motivos que levaram as gigantes de meados do século passado a sumirem do mapa.

O mundo está mudando cada vez mais rápido, o mercado está cada vez mais volátil e dinâmico e o consumidor mais exigente.  A velocidade com que surgem novos canais, sistemas, dados e processamento de informação é exponencial e, portanto, aqui vai a dura verdade: se você não está acompanhando essa transformação você corre o risco de acabar como uma das organizações da estatística acima.

Nos dias de hoje temos pouco controle e visibilidade sobre os concorrentes. Já não é mais tão fácil montar o nosso “War Room” (Mapa de Guerra) colocando as tachinhas nas empresas que sabemos que nossos clientes podem preferir ao invés da nossa. Isso porque, pode surgir um competidor indireto e “invisível”, que focado na nossa ineficiência vai abocanhando parte do mercado. O que tem acontecido é que atualmente não é mais a luta do grande contra o pequeno, mas sim do ágil contra o lento.

A agilidade está ligada a responder rápido as tendências de mercado e assimilar a transformação que estamos vivendo e isso exige mudança. Exige a necessidade de abraçar uma adaptação estrutural e cultural promovendo o uso da tecnologia para melhorar o desempenho, aumentar o alcance e garantir resultados melhores para o negócio.

Só que por mais que isso seja a realidade escancarada aos nossos olhos toda essa transição não acontece. E por quê? Porque diversas vezes as instituições estão sob o efeito dos glóbulos brancos. Aquelas áreas que são totalmente avessas ao risco corporativo e que não estão nem um pouco dispostas a dar aos funcionários a liberdade e recurso para criar, testar e falhar.

Além disso, as empresas e seus líderes muitas vezes cultivavam a Síndrome do Pequeno Poder, burocratizando precocemente processos internos quando começam alcançar sucesso. Criando barreiras, níveis hierárquicos desnecessários e importando metodologias de grandes instituições, matando assim tudo o que fez ela chegar até ali.

Outro ponto, é que elas criam uma área focada em criatividade e chamam isso de inovação. Quando na verdade, a inovação tem que fazer parte do dia a dia, tem que ser enraizada na organização e não necessariamente ligada à tecnologia. Pode ser inovação de processo, de modelo de negócios, de canal, entre outros.

É comum também que as organizações valorizem o intraempreendedorismo, só que sem o suporte da liderança o intraempreendedor é apenas um sonhador. Fazendo um exercício de autorreflexão, qual foi a última vez que você líder abraçou a ideia de um funcionário e deu a liberdade para que ele pudesse implementar? A verdade é que as pessoas não deixam as corporações, elas se livram dos seus chefes.

O que também vale destacar, é que muitas vezes as empresas ficam só no planejamento e aí, ou elas seguem à risca o que está no papel ou não colocam em prática as ideias que foram propostas. Existe uma lei do exército canadense que diz que “se houver disparidade entre o mapa e o terreno, fique sempre com o terreno”. Isso quer dizer que se você tem um mapa do tesouro que fala que num lugar passa um rio, e você está naquele lugar e não passa um rio, acredita no que você está vendo, não começa a nadar na areia. E ele vale no mundo dos negócios: acredite nas tendências de mercado e comece a agir.

E por que tudo isso acontece? Porque as empresas estão presas no passado, enraizadas numa cultura da falsa segurança do planejamento-controle e se apegando aos produtos, serviços e modelos que as trouxe até aqui. Mas aqui o clichê vai fazer sentido: “o que te trouxe até aqui, não é garantia que vai te levar até muito mais longe”.

A Transformação Digital que é amplamente difundida hoje em dia começa com um exercício tão simples quanto complexo: mudança de mindset, ou seja, transformar a mentalidade da organização como um todo. Isso envolve repensar crenças e ideias pré-concebidas para propor novos processos que tragam mais eficiência às operações, com foco sempre em metodologias mais ágeis e inovadoras. Para isso, é importante mudar paradigmas e treinar a mente para estar aberto a novas possibilidades. Sabe aquela máxima de que não adianta ter as mesmas atitudes e esperar um resultado diferente? Ela se aplica perfeitamente nesse caso.

Hoje, é muito comum ouvirmos falar que as empresas têm que adotar a mentalidade das startups. Isso não quer dizer simplesmente adotar as tecnologias mais modernas ou trabalhar só com o digital; isso tem a ver com ter agilidade, responder as tendências de mercado e entregar valor para os clientes.

E pra que isso aconteça primeiro a empresa tem que entender que precisa mudar, e mais importante, montar uma estrutura para que isso possa acontecer. Num exercício de autorreflexão corporativa é importante entender o seu nível de maturidade digital e pensar como fazer algo 10 vezes mais rápido, 10 vezes mais barato e com 10 vezes mais valor para o cliente? A solução vai passar por adoção de novas tecnologias? Pode ser que sim. Mas na grande maioria das vezes o caminho será essa mudança de mindset e adaptação da operação e dos processos.

Lembre-se: a transformação digital é feita por pessoas que são guiadas por uma cultura interna. Se elas tiverem o ambiente, suporte e autonomia para executarem os projetos e estarem abertas às mudanças você cria alicerces sólidos na sua companhia para que ela possa prosperar.

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