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O propósito do propósito

Na semana passada participei do CEO Summit organizado pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil com a presença do Prof Raj Sisodia. Foi um encontro que reuniu mais de 100 CEOS, líderes e jovens empreendedores para refletir sobre as empresas de sucesso na nova economia. São empresas que têm, como principal diferencial, uma cultura humanizada. Este é um dos muitos movimentos existentes, hoje no mundo, que busca oferecer uma reflexão e alternativa […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 24 de agosto de 2015 às 11h18.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h56.

Na semana passada participei do CEO Summit organizado pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil com a presença do Prof Raj Sisodia. Foi um encontro que reuniu mais de 100 CEOS, líderes e jovens empreendedores para refletir sobre as empresas de sucesso na nova economia. São empresas que têm, como principal diferencial, uma cultura humanizada.

Este é um dos muitos movimentos existentes, hoje no mundo, que busca oferecer uma reflexão e alternativa para o modelo atual. Eu entendo que temos um quase consenso geral sobre o esgotamento e a insuficiência do modelo atual em oferecer respostas aos grandes desafios globais que enfrentamos hoje. E de como ele tornou-se parte do problema e não mais da solução na evolução humana.

Acho que a força do debate está em tentar formular alternativas viáveis, sustentáveis e inclusivas para a humanidade. O que podemos construir no lugar do modelo atual que, descrevendo em um dos seus principais pilares, está baseado em maximizar o lucro para o acionista?

Além deste cenário de transição global também conversamos sobre o atual momento do Brasil e o impacto sobre os negócios e como podemos contribuir neste cenário.

O movimento do Capitalismo Consciente foca na transformação das empresas e de suas lideranças. Ele tem quatro pilares fundamentais. O primeiro é o do propósito. As empresas que vão ter maior força de influência, neste novo ecossistema de negócios, são empresas que manifestam coerentemente um propósito maior. A partir deste propósito é que a organização vai conversar e atuar conjuntamente com seus diversos stakeholders para construir uma solução possível que beneficie a todos. Este é o segundo pilar. Já o terceiro pilar é uma cultura humanizada, onde novos modelos de gestão mais participativos e baseados na criatividade e colaboração podem emergir. E, por fim, o quarto pilar é de uma liderança consciente e inspiradora que vai buscar continuamente viver e preservar essa coerência no dia-a-dia.

Em todas estas conversas – nenhuma delas simples ou fácil de responder, eu entendo que o pilar essencial é o propósito. Por que ele é tão relevante? Entendo que ele é o princípio generativo da organização e de todos os outros pilares citados. Eu o descrevo como a dimensão espiritual da organização. O espírito que vai animar todas as dimensões tangíveis de uma organização. Neste sentido é o ponto de partida. E, quando a crise aumenta ou nos sentimos desorientados, é para ele que devemos nos voltar.

O propósito tem muitas funções e consequências. A primeira função de um bom propósito é funcionar como um atrator. Ele ajuda a dar clareza à identidade de um sistema. Dizer quem somos nós e para que estamos juntos. Neste sentido, ele é o elemento mais essencial para o processo de atração. É o que nos ajuda a saber se a minha alma tem ressonância com a alma da organização. Toda vez que experimentamos esta harmonia eu tenho a experiência de estar no lugar certo, na hora certa e me desenvolvendo.

Além deste “fit” com o campo organizacional, o propósito cria uma fronteira simbólica e psíquica que determina o nosso pertencimento. É ele que cria a experiência do “Nós”. Geralmente quando a empresa está fragmentada e funcionando em silos é porque o propósito foi esquecido ou excluído de alguma forma.

O propósito também é o princípio organizador, não só da cultura como descrevi acima, mas da estratégia, da liderança, das marcas, da inovação e dos processos. Ele responde à pergunta do “Para quê?”. Qual a liderança que queremos e para quê? Vamos inovar para quê? Quais os produtos e serviços que melhor manifestam a força de nossa proposta de valor para o mundo? Nossos processos servem para quê?

Mas, acima de tudo, acho urgente refletirmos sobre o propósito dos negócios.

Atualmente as principais metáforas que articulamos para descrever o negócio revelam o propósito que está implícito em nosso fazer. As principais metáforas do negócio são a guerra, em que devemos combater, dominar e destruir nossos concorrentes e conquistar os mercados. Ou um jogo em que devemos ganhar o máximo possível e não deixar nada para os outros. Ou então a empresa e o negócio são descritos como uma máquina onde as pessoas, a natureza e as comunidades são vistas apenas como recursos, isto é, coisas que têm valor instrumental, sem dignidade. Em todas estas metáforas há um padrão em comum: que alguém deve perder e o meu ganho se dá às custas de tirar algo dos outros.

É essencial resgatar o propósito original do negócio. Eu imagino que o propósito original do negócio, muito anterior à Revolução Industrial, era acelerar a nossa evolução e ajudar a articular as nossas potências como humanos. Somos a espécie que conseguiu seguir um caminho de evolução através de um processo massivo colaborativo e criativo através da imaginação, de acreditar num valor intangível. Nenhuma outra espécie conseguiu isso até aqui. Assim as diferentes formas de fazer negócio que desenvolvemos, ao longo do tempo, tem permitido a criação de condições que permitam o emergir de uma civilização global e interconectada.

Neste sentido a essência de uma empresa é a Vida. E a proposta de valor é como o negócio devolve mais vida para o seu entorno. Como podemos criar condições que impactem positivamente o desenvolvimento das pessoas, das cadeias produtivas, das comunidades e de todas as outras formas de vida? O cientista Fritjof Capra chama a isso de uma ecologia profunda. É um propósito maior que seja capaz de abarcar e respeitar, como legítimas, todas as formas de vida.

Para que isso ocorra eu só consigo ver um caminho. A transformação de nossas lideranças. Ou seja, uma metamorfose do executivo ou empreendedor em um líder inspirador. Onde a sua principal competência é a Fé. A capacidade de acreditar na vida, no outro e que, qualquer que seja a dor atual e a confusão presente num sistema, ela faz sentido e somos capazes de dar sentido e lidar criativamente com isso.

Na semana passada participei do CEO Summit organizado pelo Instituto Capitalismo Consciente Brasil com a presença do Prof Raj Sisodia. Foi um encontro que reuniu mais de 100 CEOS, líderes e jovens empreendedores para refletir sobre as empresas de sucesso na nova economia. São empresas que têm, como principal diferencial, uma cultura humanizada.

Este é um dos muitos movimentos existentes, hoje no mundo, que busca oferecer uma reflexão e alternativa para o modelo atual. Eu entendo que temos um quase consenso geral sobre o esgotamento e a insuficiência do modelo atual em oferecer respostas aos grandes desafios globais que enfrentamos hoje. E de como ele tornou-se parte do problema e não mais da solução na evolução humana.

Acho que a força do debate está em tentar formular alternativas viáveis, sustentáveis e inclusivas para a humanidade. O que podemos construir no lugar do modelo atual que, descrevendo em um dos seus principais pilares, está baseado em maximizar o lucro para o acionista?

Além deste cenário de transição global também conversamos sobre o atual momento do Brasil e o impacto sobre os negócios e como podemos contribuir neste cenário.

O movimento do Capitalismo Consciente foca na transformação das empresas e de suas lideranças. Ele tem quatro pilares fundamentais. O primeiro é o do propósito. As empresas que vão ter maior força de influência, neste novo ecossistema de negócios, são empresas que manifestam coerentemente um propósito maior. A partir deste propósito é que a organização vai conversar e atuar conjuntamente com seus diversos stakeholders para construir uma solução possível que beneficie a todos. Este é o segundo pilar. Já o terceiro pilar é uma cultura humanizada, onde novos modelos de gestão mais participativos e baseados na criatividade e colaboração podem emergir. E, por fim, o quarto pilar é de uma liderança consciente e inspiradora que vai buscar continuamente viver e preservar essa coerência no dia-a-dia.

Em todas estas conversas – nenhuma delas simples ou fácil de responder, eu entendo que o pilar essencial é o propósito. Por que ele é tão relevante? Entendo que ele é o princípio generativo da organização e de todos os outros pilares citados. Eu o descrevo como a dimensão espiritual da organização. O espírito que vai animar todas as dimensões tangíveis de uma organização. Neste sentido é o ponto de partida. E, quando a crise aumenta ou nos sentimos desorientados, é para ele que devemos nos voltar.

O propósito tem muitas funções e consequências. A primeira função de um bom propósito é funcionar como um atrator. Ele ajuda a dar clareza à identidade de um sistema. Dizer quem somos nós e para que estamos juntos. Neste sentido, ele é o elemento mais essencial para o processo de atração. É o que nos ajuda a saber se a minha alma tem ressonância com a alma da organização. Toda vez que experimentamos esta harmonia eu tenho a experiência de estar no lugar certo, na hora certa e me desenvolvendo.

Além deste “fit” com o campo organizacional, o propósito cria uma fronteira simbólica e psíquica que determina o nosso pertencimento. É ele que cria a experiência do “Nós”. Geralmente quando a empresa está fragmentada e funcionando em silos é porque o propósito foi esquecido ou excluído de alguma forma.

O propósito também é o princípio organizador, não só da cultura como descrevi acima, mas da estratégia, da liderança, das marcas, da inovação e dos processos. Ele responde à pergunta do “Para quê?”. Qual a liderança que queremos e para quê? Vamos inovar para quê? Quais os produtos e serviços que melhor manifestam a força de nossa proposta de valor para o mundo? Nossos processos servem para quê?

Mas, acima de tudo, acho urgente refletirmos sobre o propósito dos negócios.

Atualmente as principais metáforas que articulamos para descrever o negócio revelam o propósito que está implícito em nosso fazer. As principais metáforas do negócio são a guerra, em que devemos combater, dominar e destruir nossos concorrentes e conquistar os mercados. Ou um jogo em que devemos ganhar o máximo possível e não deixar nada para os outros. Ou então a empresa e o negócio são descritos como uma máquina onde as pessoas, a natureza e as comunidades são vistas apenas como recursos, isto é, coisas que têm valor instrumental, sem dignidade. Em todas estas metáforas há um padrão em comum: que alguém deve perder e o meu ganho se dá às custas de tirar algo dos outros.

É essencial resgatar o propósito original do negócio. Eu imagino que o propósito original do negócio, muito anterior à Revolução Industrial, era acelerar a nossa evolução e ajudar a articular as nossas potências como humanos. Somos a espécie que conseguiu seguir um caminho de evolução através de um processo massivo colaborativo e criativo através da imaginação, de acreditar num valor intangível. Nenhuma outra espécie conseguiu isso até aqui. Assim as diferentes formas de fazer negócio que desenvolvemos, ao longo do tempo, tem permitido a criação de condições que permitam o emergir de uma civilização global e interconectada.

Neste sentido a essência de uma empresa é a Vida. E a proposta de valor é como o negócio devolve mais vida para o seu entorno. Como podemos criar condições que impactem positivamente o desenvolvimento das pessoas, das cadeias produtivas, das comunidades e de todas as outras formas de vida? O cientista Fritjof Capra chama a isso de uma ecologia profunda. É um propósito maior que seja capaz de abarcar e respeitar, como legítimas, todas as formas de vida.

Para que isso ocorra eu só consigo ver um caminho. A transformação de nossas lideranças. Ou seja, uma metamorfose do executivo ou empreendedor em um líder inspirador. Onde a sua principal competência é a Fé. A capacidade de acreditar na vida, no outro e que, qualquer que seja a dor atual e a confusão presente num sistema, ela faz sentido e somos capazes de dar sentido e lidar criativamente com isso.

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