Gente não muda, se transforma
Mudar o modelo de gestão. Mudar processos. Mudar a estrutura. Mudar o modelo de negócio. Mudar a cultura. Mudar o modelo mental. Em sua história, toda organização passa por algum tipo de mudança. Mudar é natural e saudável – claro, quando é para melhor. O problema é que só se sabe disso depois que a mudança aconteceu. E, mesmo que ninguém deseje conscientemente mudar para pior, muitas vezes é o […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2015 às 14h48.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h10.
Mudar o modelo de gestão. Mudar processos. Mudar a estrutura. Mudar o modelo de negócio. Mudar a cultura. Mudar o modelo mental. Em sua história, toda organização passa por algum tipo de mudança. Mudar é natural e saudável – claro, quando é para melhor. O problema é que só se sabe disso depois que a mudança aconteceu. E, mesmo que ninguém deseje conscientemente mudar para pior, muitas vezes é o que ocorre. Se funcionou antes, não significa que funcionará de novo. O “para melhor”, portanto, é uma hipótese ainda a ser confirmada e não uma certeza.
Mudar pode ser uma questão de vida ou morte. Isso ajuda? Nem sempre. Sob alta pressão, nosso cérebro reptiliano, também conhecido como cérebro basal, assume o comando. De todas as infinitas possibilidades de ação que temos à mão, ficamos reduzidos a três tipos de reação: lutar, fugir ou congelar. A expressão “perder a cabeça” vem daí. O sangue se concentra onde ele é mais necessário numa situação de ameaça: nos músculos. Isso pode ser muito bom para escapar de um atropelamento ou fugir de um leão, mas uma verdadeira catástrofe num projeto de mudança organizacional que, para ser bem sucedida, carece de toda a inteligência disponível no sistema.
Se não dá para garantir o sucesso da mudança antes de realizá-la e ameaças podem provocar o efeito contrário, como realizar uma mudança organizacional bem sucedida?
Comece por mudar seu conceito de mudança. Mudar não é um processo, é uma consequência. O que acontece é sempre uma transformação. Coisas mudam de lugar. Seres vivos se transformam. E se transformam quando determinados elementos passam a se conservar. Exemplo: você resolve parar de fumar. E, ao conservar um modo de viver sem a presença do fumar, tudo se transforma ao seu redor. Outro: você começa a fazer exercícios físicos regularmente e, ao conservar o novo hábito, passa a dormir melhor, adota diferentes rotinas e dietas alimentares, muda seu horário de trabalho e até passa a frequentar novas rodas de amigos, com gente que também conserva o hábito de se exercitar regularmente.
Seres vivos são seres conservadores. Tudo o que querem é conservar sua “autopoiese”, ou seja, a produção de si mesmos. A conservação da autopoiese e da adaptação de um ser vivo ao seu meio são condições sistêmicas para a vida. Uma organização se transforma, portanto, em torno de determinados elementos que passam a se conservar. Funciona melhor quando os novos elementos que se conservam são congruentes com a conservação da “autopoiese” da organização e das pessoas que a compõem. Isso quer dizer que a velha estratégia de identificar os problemas e preencher os “gaps” entre o estado atual e o estado desejado pode não ser o melhor caminho. Funciona bem para máquinas, equipamentos, enfim, coisas. Quebrou uma peça? Troca. Para o bem ou para o mal, o fato é que somos seres complexos vivendo num mundo a cada dia mais complexo e que demanda soluções complexas – inovadoras, únicas, disruptivas.
Pode causar um certo espanto, mas você já parou para pensar que a narrativa sobre o problema faz nossa atenção se concentrar no problema? E onde vai a nossa atenção, vai a nossa energia. Dispendemos uma dose enorme de energia tentando entender os problemas e, finalmente, quando parecemos descobrir a resposta, passamos a explicar porque as coisas não acontecem como deveriam ou gostaríamos. Eliminar um cálculo renal não irá evitar que outros apareçam. E mesmo que você entenda por que, afinal, passou a produzir essas pedrinhas que não têm valor algum apesar de pontiagudas como diamantes e lhe fazem urrar de dor quando se movimentam por seus rins, isso também não será suficiente para livrar-se delas. Beba água! É isso o que suas cólicas renais estão lhe dizendo. Beba água! Crie um novo hábito e você verá não só seus rins, mas tudo ao seu redor se transformando: sua pele, sua disposição, outros órgãos funcionarão melhor por que você passou a beber mais água.
A medicina chinesa sabe disso há milhares de anos. A acupuntura, que ainda é reconhecida pela OMS apenas como um “tratamento complementar”, estimula a liberação de substâncias químicas que alteram o sistema nervoso e podem ter efeitos em todo o corpo, promovendo o equilíbrio do organismo. Nesse sentido, a acupuntura é o tratamento sistêmico mais antigo que se tem notícia. E é também uma tremenda fonte de inspiração para os projetos de transformação organizacional bem sucedidos. Ao invés de uma planilha Excel com “zilhões” de ações, que fazem qualquer um se desanimar assim que o planejamento fica pronto, opte por uma ou, no máximo, duas “agulhadas”. E como chegar a essas ações essenciais? Só mesmo fazendo junto, acessando a inteligência coletiva, mas essa já é uma outra conversa.
Mudar o modelo de gestão. Mudar processos. Mudar a estrutura. Mudar o modelo de negócio. Mudar a cultura. Mudar o modelo mental. Em sua história, toda organização passa por algum tipo de mudança. Mudar é natural e saudável – claro, quando é para melhor. O problema é que só se sabe disso depois que a mudança aconteceu. E, mesmo que ninguém deseje conscientemente mudar para pior, muitas vezes é o que ocorre. Se funcionou antes, não significa que funcionará de novo. O “para melhor”, portanto, é uma hipótese ainda a ser confirmada e não uma certeza.
Mudar pode ser uma questão de vida ou morte. Isso ajuda? Nem sempre. Sob alta pressão, nosso cérebro reptiliano, também conhecido como cérebro basal, assume o comando. De todas as infinitas possibilidades de ação que temos à mão, ficamos reduzidos a três tipos de reação: lutar, fugir ou congelar. A expressão “perder a cabeça” vem daí. O sangue se concentra onde ele é mais necessário numa situação de ameaça: nos músculos. Isso pode ser muito bom para escapar de um atropelamento ou fugir de um leão, mas uma verdadeira catástrofe num projeto de mudança organizacional que, para ser bem sucedida, carece de toda a inteligência disponível no sistema.
Se não dá para garantir o sucesso da mudança antes de realizá-la e ameaças podem provocar o efeito contrário, como realizar uma mudança organizacional bem sucedida?
Comece por mudar seu conceito de mudança. Mudar não é um processo, é uma consequência. O que acontece é sempre uma transformação. Coisas mudam de lugar. Seres vivos se transformam. E se transformam quando determinados elementos passam a se conservar. Exemplo: você resolve parar de fumar. E, ao conservar um modo de viver sem a presença do fumar, tudo se transforma ao seu redor. Outro: você começa a fazer exercícios físicos regularmente e, ao conservar o novo hábito, passa a dormir melhor, adota diferentes rotinas e dietas alimentares, muda seu horário de trabalho e até passa a frequentar novas rodas de amigos, com gente que também conserva o hábito de se exercitar regularmente.
Seres vivos são seres conservadores. Tudo o que querem é conservar sua “autopoiese”, ou seja, a produção de si mesmos. A conservação da autopoiese e da adaptação de um ser vivo ao seu meio são condições sistêmicas para a vida. Uma organização se transforma, portanto, em torno de determinados elementos que passam a se conservar. Funciona melhor quando os novos elementos que se conservam são congruentes com a conservação da “autopoiese” da organização e das pessoas que a compõem. Isso quer dizer que a velha estratégia de identificar os problemas e preencher os “gaps” entre o estado atual e o estado desejado pode não ser o melhor caminho. Funciona bem para máquinas, equipamentos, enfim, coisas. Quebrou uma peça? Troca. Para o bem ou para o mal, o fato é que somos seres complexos vivendo num mundo a cada dia mais complexo e que demanda soluções complexas – inovadoras, únicas, disruptivas.
Pode causar um certo espanto, mas você já parou para pensar que a narrativa sobre o problema faz nossa atenção se concentrar no problema? E onde vai a nossa atenção, vai a nossa energia. Dispendemos uma dose enorme de energia tentando entender os problemas e, finalmente, quando parecemos descobrir a resposta, passamos a explicar porque as coisas não acontecem como deveriam ou gostaríamos. Eliminar um cálculo renal não irá evitar que outros apareçam. E mesmo que você entenda por que, afinal, passou a produzir essas pedrinhas que não têm valor algum apesar de pontiagudas como diamantes e lhe fazem urrar de dor quando se movimentam por seus rins, isso também não será suficiente para livrar-se delas. Beba água! É isso o que suas cólicas renais estão lhe dizendo. Beba água! Crie um novo hábito e você verá não só seus rins, mas tudo ao seu redor se transformando: sua pele, sua disposição, outros órgãos funcionarão melhor por que você passou a beber mais água.
A medicina chinesa sabe disso há milhares de anos. A acupuntura, que ainda é reconhecida pela OMS apenas como um “tratamento complementar”, estimula a liberação de substâncias químicas que alteram o sistema nervoso e podem ter efeitos em todo o corpo, promovendo o equilíbrio do organismo. Nesse sentido, a acupuntura é o tratamento sistêmico mais antigo que se tem notícia. E é também uma tremenda fonte de inspiração para os projetos de transformação organizacional bem sucedidos. Ao invés de uma planilha Excel com “zilhões” de ações, que fazem qualquer um se desanimar assim que o planejamento fica pronto, opte por uma ou, no máximo, duas “agulhadas”. E como chegar a essas ações essenciais? Só mesmo fazendo junto, acessando a inteligência coletiva, mas essa já é uma outra conversa.