Conversas que transformam
Nunca precisamos tanto da habilidade de exercitar o diálogo transformador, ampliando nossa capacidade de permanecer curiosos diante de novas perspectivas
corallconsultoria
Publicado em 7 de abril de 2021 às 16h44.
Lembre-se da última vez em que você participou de uma conversa com a sensação de que saiu diferente e “maior”, engrandecido. Não sou mais o mesmo. Aprendi, expandi meus conceitos, perspectivas, pensamentos e sentimentos. Saí mais sábio. Este tipo de conversa, onde há trocas enriquecedoras e que trazem esta sensação de desenvolvimento e expansão é o que chamo de verdadeiro diálogo. E para mim estes momentos são como pérolas da Vida. Guardo lembranças valiosas de diálogos que tive com meus pais, filhos, esposa e colegas de trabalho onde algo se transformou em mim e no outro.
Mas se estes momentos são tão ricos e preenchem tanto nosso Ser, o que podemos fazer para torná-los mais frequentes?
Um primeiro movimento fundamental para alcançar este contexto onde o verdadeiro diálogo pode emergir vem de dentro de nós. Quando nos defrontamos com posições ou perspectivas diferentes das nossas somos invariavelmente ativados pelos nossos julgamentos. “Esta ideia não faz o menor sentido!”; “que absurdo!”; como essa pessoa não consegue ver isso que é tão óbvio!” e assim por diante, sem falar nos adjetivos que atribuímos ao outro quase que instantaneamente. Julgar é natural. Estamos treinados a fazer isso. Mas se treinamos nos deslocar desta posição de julgamento e crítica para a de genuína curiosidade, algo muito interessante acontece conosco: abrimo-nos ao diferente e deste lugar podemos fazer perguntas que fomentam um fluxo positivo entre as pessoas.
Notem que não estou dizendo que as pessoas não devam julgar. Mas sim que treinem se deslocar do julgamento para a curiosidade. Lembro da resposta que Dalai Lama deu quando lhe perguntaram se ele não sentia raiva de outras pessoas. Raiva, eu? Sim, sinto muita raiva às vezes, só que passa em um segundo. E com este treino, perguntas como “por que será que esta pessoa tem uma perspectiva tão diferente?”; “que hipóteses ou premissas esta pessoa está usando para afirmar o que afirma?”; “que história ela está se contando sobre isso?”; “que pedaços de informação ela considerou para chegar nessa história?”.
Quando conseguimos separar fatos de interpretações dos fatos nos abrimos a outras possíveis histórias, diferentes das que naturalmente nos contaríamos a partir do nosso conjunto de crenças e do nosso modelo mental. Não nos damos conta mas tudo o que fazemos está impregnado pela forma como fomos condicionados a ver e agir no mundo. Perguntaram a um jovem japonês que retornava ao Japão depois do intercâmbio de um ano aqui no Brasil, qual havia sido seu principal aprendizado do período. Sua resposta foi desconcertante: “aprendi sobre o que é ser japonês”. Sim, todas as vezes que agia de uma forma diferente do que os brasileiros normalmente agiam alguém lhe dizia: você age ou pensa assim por que é japonês. E seu viés ficava visível e consciente. A palavra viés (ou bias) é bem curiosa de fato pois no fundo cada um de nós é um ser intrinsecamente enviesado. Enviesado pelas nossas crenças cristalizadas. Ter consciência desse contexto que envolve a todos nós é o primeiro passo para termos diálogos transformadores.
E deste lugar de curiosidade e consciência de nós mesmos, seremos muito mais efetivos para sustentar boas conversas. E a pessoa consciente se torna capaz de fazer esse exercício consigo mesma, assim como ajudar seu interlocutor a realizar o mesmo exercício.
Temos para isso a técnica poderosa da exposição e indagação.
Enquanto expomos, nosso primeiro objetivo é realmente ser entendido e não convencer o outro de que nossa perspectiva é a correta, mas simplesmente uma outra perspectiva. Explicitamos o nosso raciocínio, nossas premissas e hipóteses. Contamos qual é a nossa história a partir das informações disponíveis, que naturalmente muitas vezes vêm carregadas pelas nossas crenças e modelos mentais. Buscamos diferenciar fatos das nossas interpretações e inferências. Damos exemplos para clarificar a compreensão do outro e a todo momento tentamos estar abertos para sermos questionados. Praticando a audição ativa, a atenção plena às palavras e emoções que emergem naquele encontro.
Ao indagar, por outro lado, nosso primeiro objetivo é realmente o de entender o outro. Colocamo-nos no seu lugar, pedindo esclarecimentos sem acusações e com tom adequado. Testamos nosso entendimento, parafraseando o que nosso interlocutor nos relatou. E novamente com plena atenção às palavras, tons e sentimentos emergentes.
E num mundo que se defronta com situações cada vez mais complexas, seja nos ambientes familiares, de negócios ou da sociedade, nunca antes precisamos tanto da habilidade de exercitar o diálogo transformador, que nos convida a um novo nível de autoconsciência, ampliando nossa capacidade de permanecer curiosos diante de perspectivas diferentes das nossas e que nos estimula a expor e indagar pensamentos. ideias e sentimentos com plena atenção no outro.
Lembre-se da última vez em que você participou de uma conversa com a sensação de que saiu diferente e “maior”, engrandecido. Não sou mais o mesmo. Aprendi, expandi meus conceitos, perspectivas, pensamentos e sentimentos. Saí mais sábio. Este tipo de conversa, onde há trocas enriquecedoras e que trazem esta sensação de desenvolvimento e expansão é o que chamo de verdadeiro diálogo. E para mim estes momentos são como pérolas da Vida. Guardo lembranças valiosas de diálogos que tive com meus pais, filhos, esposa e colegas de trabalho onde algo se transformou em mim e no outro.
Mas se estes momentos são tão ricos e preenchem tanto nosso Ser, o que podemos fazer para torná-los mais frequentes?
Um primeiro movimento fundamental para alcançar este contexto onde o verdadeiro diálogo pode emergir vem de dentro de nós. Quando nos defrontamos com posições ou perspectivas diferentes das nossas somos invariavelmente ativados pelos nossos julgamentos. “Esta ideia não faz o menor sentido!”; “que absurdo!”; como essa pessoa não consegue ver isso que é tão óbvio!” e assim por diante, sem falar nos adjetivos que atribuímos ao outro quase que instantaneamente. Julgar é natural. Estamos treinados a fazer isso. Mas se treinamos nos deslocar desta posição de julgamento e crítica para a de genuína curiosidade, algo muito interessante acontece conosco: abrimo-nos ao diferente e deste lugar podemos fazer perguntas que fomentam um fluxo positivo entre as pessoas.
Notem que não estou dizendo que as pessoas não devam julgar. Mas sim que treinem se deslocar do julgamento para a curiosidade. Lembro da resposta que Dalai Lama deu quando lhe perguntaram se ele não sentia raiva de outras pessoas. Raiva, eu? Sim, sinto muita raiva às vezes, só que passa em um segundo. E com este treino, perguntas como “por que será que esta pessoa tem uma perspectiva tão diferente?”; “que hipóteses ou premissas esta pessoa está usando para afirmar o que afirma?”; “que história ela está se contando sobre isso?”; “que pedaços de informação ela considerou para chegar nessa história?”.
Quando conseguimos separar fatos de interpretações dos fatos nos abrimos a outras possíveis histórias, diferentes das que naturalmente nos contaríamos a partir do nosso conjunto de crenças e do nosso modelo mental. Não nos damos conta mas tudo o que fazemos está impregnado pela forma como fomos condicionados a ver e agir no mundo. Perguntaram a um jovem japonês que retornava ao Japão depois do intercâmbio de um ano aqui no Brasil, qual havia sido seu principal aprendizado do período. Sua resposta foi desconcertante: “aprendi sobre o que é ser japonês”. Sim, todas as vezes que agia de uma forma diferente do que os brasileiros normalmente agiam alguém lhe dizia: você age ou pensa assim por que é japonês. E seu viés ficava visível e consciente. A palavra viés (ou bias) é bem curiosa de fato pois no fundo cada um de nós é um ser intrinsecamente enviesado. Enviesado pelas nossas crenças cristalizadas. Ter consciência desse contexto que envolve a todos nós é o primeiro passo para termos diálogos transformadores.
E deste lugar de curiosidade e consciência de nós mesmos, seremos muito mais efetivos para sustentar boas conversas. E a pessoa consciente se torna capaz de fazer esse exercício consigo mesma, assim como ajudar seu interlocutor a realizar o mesmo exercício.
Temos para isso a técnica poderosa da exposição e indagação.
Enquanto expomos, nosso primeiro objetivo é realmente ser entendido e não convencer o outro de que nossa perspectiva é a correta, mas simplesmente uma outra perspectiva. Explicitamos o nosso raciocínio, nossas premissas e hipóteses. Contamos qual é a nossa história a partir das informações disponíveis, que naturalmente muitas vezes vêm carregadas pelas nossas crenças e modelos mentais. Buscamos diferenciar fatos das nossas interpretações e inferências. Damos exemplos para clarificar a compreensão do outro e a todo momento tentamos estar abertos para sermos questionados. Praticando a audição ativa, a atenção plena às palavras e emoções que emergem naquele encontro.
Ao indagar, por outro lado, nosso primeiro objetivo é realmente o de entender o outro. Colocamo-nos no seu lugar, pedindo esclarecimentos sem acusações e com tom adequado. Testamos nosso entendimento, parafraseando o que nosso interlocutor nos relatou. E novamente com plena atenção às palavras, tons e sentimentos emergentes.
E num mundo que se defronta com situações cada vez mais complexas, seja nos ambientes familiares, de negócios ou da sociedade, nunca antes precisamos tanto da habilidade de exercitar o diálogo transformador, que nos convida a um novo nível de autoconsciência, ampliando nossa capacidade de permanecer curiosos diante de perspectivas diferentes das nossas e que nos estimula a expor e indagar pensamentos. ideias e sentimentos com plena atenção no outro.