Comunicação Não-Violenta: melhore relacionamentos pessoais e profissionais
Que tal usar a CNV neste campo de interações digitais à distância e reuniões onde os participantes precisaram lidar com muitas emoções em jogo?
corallconsultoria
Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 15h14.
Última atualização em 10 de dezembro de 2020 às 15h17.
Muitas vezes a comunicação que usamos ou recebemos contém termos agressivos, julgadores e parciais. Nesses momentos nós e nossos interlocutores naturalmente nos colocamos em posição de defesa, mesmo que de forma inconsciente, e a possibilidade de se gerar um encaminhamento positivo para o tema discutido reduz-se drasticamente. Você conhece a CNV?
A técnica da CNV nos prepara para lidar com estas situações, seja como ouvinte ou comunicador. Sou imensamente grato pelos inúmeros conflitos familiares e profissionais que pude lidar de forma construtiva a partir da sua aplicação.
Antes de usar a CNV eu já conhecia a importância de se desenvolver a escuta empática e a capacidade de expor meus pontos de vista, a fim de me fazer entendido, e de indagar meu interlocutor de forma genuinamente curiosa, para compreender suas perspectivas. Esta abordagem sem dúvida me ajudou muito na construção de bons diálogos.
No entanto, quando há emoções calorosas presentes, o simples expor e indagar, ainda que trazidos de forma empática, não se mostra suficiente para lidar com a situação. Nestes casos a CNV é especialmente efetiva e poderosa.
CNV: um método simples, mas que demanda um mergulho em nós mesmos
A técnica da Comunicação Não Violenta é descrita em 4 etapas. Imagine que você está diante de seu interlocutor e que vai iniciar uma conversa potencialmente difícil pois há muita emoção presente devido a uma situação que gerou desconforto. Neste cenário, a CNV indica que você deve:
- Relatar o ocorrido da forma mais factual e neutra possível;
- Revelar como você se sentiu diante do ocorrido;
- Explicar qual é ou são suas necessidades subjacentes ao sentimento desperto;
- Efetuar um pedido (ao invés de uma exigência) que pode gerar um novo encaminhamento àquela situação.
Quando menciono a técnica a clientes, revelo que a mais desafiadora para mim é a etapa zero. Nesta “pré-etapa” precisamos identificar o que realmente estamos sentindo, porque a situação está “pegando” para nós e qual é a necessidade não atendida que está fomentando aquele sentimento. E isso pode não ser tão simples pois nossos sentimentos se misturam muitas vezes.
Lembro de uma situação com minhas filhas adolescentes que, ao viajar para a casa de familiares, com frequência esqueciam de me avisar quando chegavam. Numa noite adormeci mais cedo e quando acordei já era de madrugada, o que me gerou um dilema. Se eu ligasse para checar se haviam chegado bem poderia acordar pessoas da casa.
Se, simplesmente acreditasse que tinham chegado bem e que não se lembraram de me enviar uma mensagem, dormiria com preocupação. Dormi sem ligar e acordei muito irritado com elas na manhã seguinte. Mas decidi me aprofundar naquele sentimento e verifiquei que por baixo da irritação e raiva havia uma tristeza.
A tristeza infantil de não me sentir tão importante para elas. Uso infantil aqui pois não tenho dúvidas de elas me amam e sou importante para elas, mas havia um lado meu que sentiu aquela tristeza.
Ao ligar para elas pela manhã, usei a CNV revelando minha tristeza e minha necessidade de me sentir relevante para elas. Foi a conversa mais impactante que poderia ter conduzido e, a partir daquela data, elas se tornaram muito mais cuidadosas com este tipo de situação.
Meus principais aprendizados com a CNV
O primeiro grande insight que tive com a CNV foi o poder da frase “Eu me senti…”. E já usei na sequência da frase palavras como excluído, enganado, desrespeitado entre tantas outras. Mas ao usar o sentir-se na 1ª pessoa, ao invés de “Você me…” excluiu, enganou, desrespeitou etc. manifesto algo que é incontestável e que não entra no mérito da intenção do outro.
Simplesmente trago para a consciência do outro qual foi o impacto de determinada situação, sem qualquer acusação. Neste caso o interlocutor não tem como dizer “Não, você não se sentiu…”
E ao ficar mais consciente da importância de descobrir e revelar meus sentimentos e necessidades subjacentes, tornei-me muito mais curioso e hábil para ajudar meus interlocutores e identificarem e revelarem seus sentimentos e necessidades. Pesquisas na neurociência têm nos ajudado a entender inclusive o que acontece com nossa fisiologia e bioquímica.
Ao nominar e explicitar o sentimento, permitimos que haja um deslocamento da atividade na nossa amígdala, estrutura cerebral responsável pela gestão do lutar ou correr, para a parte frontal do cérebro, que trabalha com decisões mais planejadas e equilibradas.
A CNV ensinou-me o poder da vulnerabilidade (vídeo) e da coragem de revelar algo valioso sem ter a garantia de como será recebido pelo interlocutor, mas que invariavelmente cria conexões humanas genuínas e espaços para diálogos profundos e transformadores.
Em tempos de pandemia passamos a ter muitas interações no campo digital, inúmeras reuniões onde dois ou mais participantes precisaram lidar com situações por vezes difíceis e onde há muitas emoções em jogo. Que tal usar a CNV neste campo de interações digitais à distância? Garanto que os resultados vão surpreender.
Muitas vezes a comunicação que usamos ou recebemos contém termos agressivos, julgadores e parciais. Nesses momentos nós e nossos interlocutores naturalmente nos colocamos em posição de defesa, mesmo que de forma inconsciente, e a possibilidade de se gerar um encaminhamento positivo para o tema discutido reduz-se drasticamente. Você conhece a CNV?
A técnica da CNV nos prepara para lidar com estas situações, seja como ouvinte ou comunicador. Sou imensamente grato pelos inúmeros conflitos familiares e profissionais que pude lidar de forma construtiva a partir da sua aplicação.
Antes de usar a CNV eu já conhecia a importância de se desenvolver a escuta empática e a capacidade de expor meus pontos de vista, a fim de me fazer entendido, e de indagar meu interlocutor de forma genuinamente curiosa, para compreender suas perspectivas. Esta abordagem sem dúvida me ajudou muito na construção de bons diálogos.
No entanto, quando há emoções calorosas presentes, o simples expor e indagar, ainda que trazidos de forma empática, não se mostra suficiente para lidar com a situação. Nestes casos a CNV é especialmente efetiva e poderosa.
CNV: um método simples, mas que demanda um mergulho em nós mesmos
A técnica da Comunicação Não Violenta é descrita em 4 etapas. Imagine que você está diante de seu interlocutor e que vai iniciar uma conversa potencialmente difícil pois há muita emoção presente devido a uma situação que gerou desconforto. Neste cenário, a CNV indica que você deve:
- Relatar o ocorrido da forma mais factual e neutra possível;
- Revelar como você se sentiu diante do ocorrido;
- Explicar qual é ou são suas necessidades subjacentes ao sentimento desperto;
- Efetuar um pedido (ao invés de uma exigência) que pode gerar um novo encaminhamento àquela situação.
Quando menciono a técnica a clientes, revelo que a mais desafiadora para mim é a etapa zero. Nesta “pré-etapa” precisamos identificar o que realmente estamos sentindo, porque a situação está “pegando” para nós e qual é a necessidade não atendida que está fomentando aquele sentimento. E isso pode não ser tão simples pois nossos sentimentos se misturam muitas vezes.
Lembro de uma situação com minhas filhas adolescentes que, ao viajar para a casa de familiares, com frequência esqueciam de me avisar quando chegavam. Numa noite adormeci mais cedo e quando acordei já era de madrugada, o que me gerou um dilema. Se eu ligasse para checar se haviam chegado bem poderia acordar pessoas da casa.
Se, simplesmente acreditasse que tinham chegado bem e que não se lembraram de me enviar uma mensagem, dormiria com preocupação. Dormi sem ligar e acordei muito irritado com elas na manhã seguinte. Mas decidi me aprofundar naquele sentimento e verifiquei que por baixo da irritação e raiva havia uma tristeza.
A tristeza infantil de não me sentir tão importante para elas. Uso infantil aqui pois não tenho dúvidas de elas me amam e sou importante para elas, mas havia um lado meu que sentiu aquela tristeza.
Ao ligar para elas pela manhã, usei a CNV revelando minha tristeza e minha necessidade de me sentir relevante para elas. Foi a conversa mais impactante que poderia ter conduzido e, a partir daquela data, elas se tornaram muito mais cuidadosas com este tipo de situação.
Meus principais aprendizados com a CNV
O primeiro grande insight que tive com a CNV foi o poder da frase “Eu me senti…”. E já usei na sequência da frase palavras como excluído, enganado, desrespeitado entre tantas outras. Mas ao usar o sentir-se na 1ª pessoa, ao invés de “Você me…” excluiu, enganou, desrespeitou etc. manifesto algo que é incontestável e que não entra no mérito da intenção do outro.
Simplesmente trago para a consciência do outro qual foi o impacto de determinada situação, sem qualquer acusação. Neste caso o interlocutor não tem como dizer “Não, você não se sentiu…”
E ao ficar mais consciente da importância de descobrir e revelar meus sentimentos e necessidades subjacentes, tornei-me muito mais curioso e hábil para ajudar meus interlocutores e identificarem e revelarem seus sentimentos e necessidades. Pesquisas na neurociência têm nos ajudado a entender inclusive o que acontece com nossa fisiologia e bioquímica.
Ao nominar e explicitar o sentimento, permitimos que haja um deslocamento da atividade na nossa amígdala, estrutura cerebral responsável pela gestão do lutar ou correr, para a parte frontal do cérebro, que trabalha com decisões mais planejadas e equilibradas.
A CNV ensinou-me o poder da vulnerabilidade (vídeo) e da coragem de revelar algo valioso sem ter a garantia de como será recebido pelo interlocutor, mas que invariavelmente cria conexões humanas genuínas e espaços para diálogos profundos e transformadores.
Em tempos de pandemia passamos a ter muitas interações no campo digital, inúmeras reuniões onde dois ou mais participantes precisaram lidar com situações por vezes difíceis e onde há muitas emoções em jogo. Que tal usar a CNV neste campo de interações digitais à distância? Garanto que os resultados vão surpreender.