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Como fazer boas escolhas e tomar decisões em situações complexas

O termo complexidade vem da palavra complexus, que significa 'o que está tecido junto'. E 'o que está tecido junto'? Praticamente tudo.

 (Shutterstock / by Marina Sun/Corall Consultoria)
(Shutterstock / by Marina Sun/Corall Consultoria)
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Gestão Fora da Caixa

Publicado em 31 de julho de 2018 às, 16h13.

Última atualização em 31 de julho de 2018 às, 18h52.

Uma situação complexa se caracteriza por ter infinitas variáveis com infinitas conexões entre elas. Vem da palavra complexus, que significa o que está tecido junto. E o que está tecido junto? Praticamente, tudo.

Hoje quero ser rápido e focado para compartilhar 4 preciosos conselhos para quem já percebeu que, diante de situações complexas, usar os princípios e metodologias que aprendemos nas escolas de administração ou de gestão não têm sido muito eficientes para fazer boas escolhas ou tomar decisões estratégicas.

(Como me proponho a ser rápido e focado, vou me permitir fazer algumas generalizações ou simplificações simplesmente por acreditar que elas facilitarão o entendimento e também trarão a curiosidade de uma pesquisa ou estudo mais profundo).

Primeiro: procure perceber se está diante de uma situação simples, complicada ou complexa
.

Numa situação simples, você tem poucas variáveis e conexões, conhece todas elas e consegue ter controle sobre elas. Quanto mais você pratica ou repete o procedimento, melhor é o resultado. Por exemplo, preparar um bolo, consertar uma peça. Boas metodologias para lidar com situações simples: receita, padrão, check list, etc.
 Numa situação complicada, você possui muitas variáveis e conexões simultâneas, conhece a maioria delas, consegue até controlá-las ou prever seu comportamento. Por exemplo, pilotar um avião, colocar um satélite em órbita. Veja, são situações realmente bem, bem difíceis, mas têm uma natureza semelhante às simples, geralmente são situações do "mundo mecânico". Boas metodologias para lidar com situações complicadas: PDCA, 6 Sigma, modelos matemáticos e estatísticos, e todas as avançadas ferramentas de gestão, planejamento e controle.

Agora, as situações complexas são de outra natureza. São infinitas variáveis com infinitas conexões interdependentes, tudo tecido junto (como já vimos no conceito). Não conhecemos todas as variáveis nem suas conexões e não conseguimos ter controle ou previsibilidade sobre elas. São situações inéditas, por mais que os eventos pareçam se repetir. Essas situações pertencem ao "mundo orgânico". Por exemplo: casamento, educar filhos, liderar pessoas, transformações organizacionais, cultura organizacional, etc. Boas metodologias para lidar com situações complexas: qualquer metodologia que ajude a lidar com o inédito ou o que está em constante mudança e evolução, como Ações Adaptativas e outras metodologias e abordagens do HSD Institute (EUA), The Creative Rollercoaster e outras abordagens da Now-Here (EN), abordagens e metodologias de Liberação de Potência, Generativo e Integrado, Evolução de Mindset, Ecologias e Ações de Acupuntura da Corall (BRA), princípios da Vulnerabilidade de Brené Brown (EUA), o estudo e pesquisa de complexidade de Humberto Mariotti (BRA).

 

Segundo: cerque-se de pessoas com visões de mundo, percepções e ideias diferentes das suas

Praticamente autoexplicativo, mas gostaria de adicionar algo que eu também sinto: dá muito trabalho, é meio chato e muitas vezes improdutivo ficar no meio de um grupo com tantas diferenças e opiniões divergentes. 
Mas, obviamente, tanto você quanto eu sabemos que é essencial ampliarmos os horizontes da nossa limitada visão, percepção e julgamento sobre o que acontece no mundo.
 O que tem me ajudado é procurar me conectar com pessoas que servem a propósitos ou princípios semelhantes aos meus e que, de alguma forma, eu as admire. 
Quando as conexões começam a acontecer, é incrível a diversidade de visões de mundo, perspectivas e intenções em um ambiente que não esgota energia.
Partindo daí, pode ser um bom caminho para se conectar a uma rede com diversidade.
Segundo parte 2: além de se conectar e se cercar dessas pessoas, ouça-as e se permita evoluir junto com elas. É essencial a entrega ao desconhecido, a porosidade e a vulnerabilidade.

Terceiro: pratique a atenção plena ao aqui e agora

Estar no aqui agora, com atenção plena, sem memórias ou previsões, no presente, é se colocar em Estado de Recurso e oferecer todas as suas múltiplas inteligências e possibilidades para lidar com a situação complexa e todo o tecido social que te conecta aos outros, a você mesmo e ao campo.
Veja, sempre que você percebe que está diante de uma situação verdadeiramente inédita, você não recorre ao passado nem ao futuro, você fica atento a tudo o que está acontecendo agora e não faz separação entre o que é razão, emoção, intuição, sensação, você simplesmente coloca tudo isso misturado e à sua disposição para experimentar ou prototipar um novo caminho, uma nova possibilidade, uma nova ação, uma escolha diferente, uma conversa, um movimento e, enquanto estiver experimentando, continuará atento ao que está funcionando ou não está, aprendendo e fazendo adaptações. Isso só é possível quando estamos com atenção plena no presente, acessando nosso estado de recurso.
Como praticar isso?
 Pesquise por exercícios de centramento, mindfulness, respiração profunda, sons com frequências que ajudam o cérebro a estar centrado, orações, meditação, etc.

Quarto: use um fluxo adaptativo, que está sempre aprendendo e evoluindo

Hoje em dia, até os aplicativos e o mundo da tecnologia aprenderam a operar em ciclos adaptativos rápidos e constantes, de evolução contínua. Você se lembra da primeira versão do Waze ou do WhatsApp?
Diante de uma situação complexa, o nosso operar, nosso movimento precisa acontecer em ciclos adaptativos constantes, com muito aprendizado e pouco julgamento, com poucas ações e de alto impacto. As decisões e escolhas vão se confirmando ou não ao longo do caminho. É um operar diferente do que estamos acostumados nas grandes organizações, onde as escolhas e decisões acontecem em momento prévio e separado das ações.
Um exemplo é o Ciclo de Ações Adaptativas criado pelo HSD Institute e adaptado pela Corall, onde temos um ciclo com 3 grandes fases que são realizadas de maneira rápida e constante:

  • WHAT descobrimos os padrões atuais do sistema/contexto/situação;
  • SO WHAT refletimos e revelamos quais os significados, crenças, pressupostos e mindset que sustentam os padrões atuais, quais fazem sentido, quais não fazem mais para o propósito ou movimento evolutivo;
  • NOW WHAT prototipamos poucas ações e de alto impacto em todo o sistema (acupuntura organizacional). Como na situação complexa tudo está tecido junto, não precisamos agir sobre todo o sistema, poucas ações pontuais e constantes reverberam e geram impacto no sistema inteiro;
  • NOVO WHAT dialogamos e reunimos aprendizados sobre o que foi feito, quais são os novos padrões do sistema e damos início a um novo ciclo.

Esses 4 conselhos têm me ajudado muito, ajudado meus sócios e nossos clientes líderes de grandes e pequenas organizações a lidar com os dilemas do mundo complexo que está cada vez mais presente e nos convidando a viver um novo operar nas organizações e no mundo do trabalho.
 Espero que eles sejam úteis para você e se quiser saber mais sobre eles, pode conversar comigo (alessandro@corall.net) ou qualquer sócio da Corall, ou ainda, com as outras instituições ou pessoas que citei no artigo.