Acelerando a evolução de Modelos Mentais
Será que estamos limitados pela nossa capacidade de percepção das ameaças e oportunidades trazidas por este contexto de evolução acelerada de tecnologias?
Publicado em 2 de outubro de 2017 às, 08h59.
Tenho constatado que líderes empresariais estão cada vez mais conscientes da evolução acelerada de tecnologias e modelos de negócios; fico até surpreso ao ver como rapidamente estão trazendo para agenda de suas empresas questões sobre as implicações e impactos de todas essas novas forças transformadoras.
Ao mesmo tempo experimento uma sensação de inquietude com relação a uma questão fundamental: será que estamos limitados pela nossa capacidade de percepção das ameaças e oportunidades que este novo contexto traz? São tantas possibilidades que surgem com cada novidade tecnológica que tenho a sensação que ficamos míopes de suas implicações, mais importante ainda, das oportunidades que cada uma delas e do efeito exponencial que a combinação entre elas trazem para nossos negócios, nosso trabalho e para nossas vidas.
Considero que o maior gargalo no fluxo de geração de valor e prosperidade hoje em dia é nossa capacidade de entender e sentir essas implicações, afinal nosso “sistema operacional” básico não evolui há aproximadamente 300.000 anos: nosso processo inconsciente de filtrar os estímulos e informações, dar significado e agir/reagir no mundo continua a mesma desde que caçávamos nas savanas para nossa sobrevivência.
Operamos no mundo através de modelos mentais, que são construídos e armazenados em nossas memórias subconsciente e inconsciente ao decorrer de nossa história. Esses modelos nos permitem navegar pela vida de forma eficaz, mas, num mundo em franca transformação e ebulição, talvez não sejam mais tão eficientes.
Nesta forma de descrever o que está acontecendo, o fator fundamental para transformação dos negócios passa a ser a capacidade de evoluirmos nossos modelos mentais para lidar com a enormidade de informação e oportunidades que estão disponíveis. Para isso é preciso usar cognição e emoção de uma forma muito diferente do que é normal hoje em dia, ou seja, tipicamente usamos somente nossa capacidade analítica e conceitual.
Para expandir nossos modelos mentais é necessário acionar outros talentos subutilizados no trabalho: a imaginação/criatividade e utilizar a inteligência das sensações corporais. Cada um destes talentos acessa uma área de entendimento e significado muito mais abrangente que o analítico e conceitual e nos ajudam a enxergar e identificar essas oportunidades.
Outra mudança na forma de trabalho comum é nos conectarmos à inteligência coletiva, e para isso faz-se necessário saber ouvir empaticamente e construir ideias a partir do insight e percepção das outras pessoas; somar o seu próprio fluxo criativo ao fluxo criativo de outros para expandir o entendimento de oportunidades e lapidar ideias. Aqui técnicas como escuta profunda, presença e comunicação não violenta ajudam a trazer para o ambiente de trabalho um contexto onde a inteligência coletiva floresça.
Recentemente um cliente nos procurou porque precisava fazer funcionar uma organização matricial responsável por entregar uma nova estratégia de negócios. Diferente de uma abordagem tradicional de desenho organizacional, desenhamos uma experiência para que o time executivo expandisse a forma de olhar e sentir a questão em si e também o contexto de disrupção onde operavam. Através deste olhar/sentir expandido do que estava em jogo eles conseguiram resolver rapidamente a questão organizacional e adicionalmente identificaram um ponto cego da estratégia com relação ao seu ecossistema de negócios, a partir do qual criaram uma nova frente para lidar com as oportunidades de big data.
Em suma, para aumentar a capacidade de adaptação e inovação de sua empresa, ajude sua liderança a expandir e renovar seus modelos mentais através de experiências que incorporem a imaginação e a presença e fortaleça a inteligência coletiva por meio de relações mais profundas e calcadas na confiança.