A Evolução da Liderança: Liderança Evolutiva
“Os alquimistas estão chegando…estão chegando os alquimistas…” Jorge Ben Jor Vivemos um momento único na história da humanidade. Em qualquer lugar reconhecemos grandes transformações acontecendo. Ainda não sabemos exatamente a cara do futuro que está emergindo. Mergulhamos não em uma transformação de Era, mas em uma Era de Transformações, com ciclos cada vez mais rápidos e contínuos em escala global; em um cenário de incertezas, imprevisibilidade e complexidade crescente. Eu […] Leia mais
Publicado em 22 de junho de 2015 às, 11h52.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h01.
“Os alquimistas estão chegando…estão chegando os alquimistas…” Jorge Ben Jor
Vivemos um momento único na história da humanidade. Em qualquer lugar reconhecemos grandes transformações acontecendo. Ainda não sabemos exatamente a cara do futuro que está emergindo. Mergulhamos não em uma transformação de Era, mas em uma Era de Transformações, com ciclos cada vez mais rápidos e contínuos em escala global; em um cenário de incertezas, imprevisibilidade e complexidade crescente. Eu a defino como uma Era de Infinitas Possibilidades, ao mesmo tempo…
E faço uma distinção entre transformações e mudanças. Entendo as mudanças como processos de melhoria, que ajudam a manter e/ou aprimorar as características ou funcionalidades de uma pessoa ou sistema. Por outro lado, as transformações tem uma característica bem distinta. Elas são disruptivas. Elas modificam a identidade e, assim, criam novas dinâmicas e experiências. Um bom exemplo é o nascimento de um filho. O casamento numa mais será o mesmo depois da chegada de uma criança. E terá que ser recriado.
Neste sentido, essa nova realidade de transformações produz grandes impactos tanto nas pessoas como em nossas instituições. Esse futuro incerto e cheio de possibilidades impõe novas formas de pensar e agir. Afinal, nossos modelos de organização e representação estão cada vez mais esgotados. Na política, por exemplo, os partidos e a democracia representativa não são mais suficientes para direcionar construtivamente os anseios de participação e fluxos da nova vida social.
As empresas sentem intensamente este impacto. Muitos problemas surgem ao mesmo tempo. A fidelização às marcas e o engajamento dos colaboradores, por exemplo, são desafios diários. E entendo que os líderes são os que sofrem o maior impacto em função do esgotamento dos modelos de negócio, das arquiteturas organizacionais e dos modelos de gestão, liderar e pensar. Toda essa agonia é a parte de um processo maior de evolução.
Neste mundo que se transforma rapidamente, então, qual é o futuro e o papel da liderança?
A grande tarefa da liderança, neste cenário, é criar as condições que permitam a organização a se manter em uma jornada contínua de transformação, ao mesmo tempo em que ajuda a manter a sua coerência, a conexão com sua essência. Estas condições de contínua transformação é o que encontramos em um ecossistema.
Um ecossistema está constantemente gerando novas formas de vida e regenerando formas existentes. Assim a grande tarefa da liderança em uma Era de Transformações é fazer a organização funcionar como um ecossistema. Aonde a empresa é vista como parte de um sistema maior e tem a função de devolver mais vida e valor ao seu entorno. E a liderança é a grande articuladora deste ecossistema ao construir containers e contextos para tratar temas complexos explorados de forma criativa e intuitiva através de um processo de inteligência coletiva baseado no talento das pessoas.
Esse desafio implica em uma evolução da liderança. Evoluir de um modelo de liderança empreendedora que controla e comanda a execução para um modelo de liderança generativa ou evolutiva. Isto é uma liderança que está mais consciente de que estamos evoluindo e que intencionalmente busca influenciar esse processo. São os novos alquimistas transmutando o chumbo em ouro, os desafios em valor. É a tradição antiga de metamorfosear, de transformar intencionalmente, o que quer que seja, em algo melhor. São líderes que incorporam e manifestam integridade, transparência, autenticidade e paixão em criar um mundo melhor e mais sustentável para todas as formas de vida.
Todavia, nosso sistema social e organizacional não está mais desenhado para apoiar as pessoas em suas jornadas de transformação. Para isso precisamos ajudar no despertar de qualidades e competências humanas, que estão atrofiadas e foram excluídas nos últimos séculos. Acredito que as organizações do século XXI possam ser os novos “vasos alquímicos” para essa metamorfose.
Assim a principal qualidade da liderança evolutiva é acreditar em um futuro melhor e na capacidade das pessoas co-criarem novas realidades. Além disso, fazer convites genuínos para enfrentar desafios relevantes em nome de um propósito maior. Construir, mobilizar e articular redes. Sustentar o espaço para que a tensão criativa possa levar a reflexão e o diálogo para níveis de compreensão e insights mais profundos que nos permitam prototipar novas soluções.
Como líderes evolutivos, precisamos aceitar o convite que a vida nos faz através das turbulências – tanto globais quanto locais, para convidar e anfitriar diversos stakeholders a construírem uma comum-unidade onde podemos imaginar novos caminhos evolutivos para a humanidade e o nosso planeta. Transformando líderes heroicos e carismáticos em líderes que sustentam espaços para que a luz de cada pessoa possa brilhar e oferecerem o seu melhor em uma vida cheia de significado.