4 pilares para a transformação
4 pilares para a transformação. Encaro a transformação como um chamado da Vida para a evolução.
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 11h11.
Última atualização em 8 de maio de 2019 às 15h10.
Poucos dias atrás eu estava dando uma palestra a um grupo de 50 pessoas de uma empresa parceira que está passando por um grande processo de transformação. O gestor responsável pela área havia me pedido para fazer um “aquecimento” com este público, trazendo conceitos que usaremos ao longo da jornada que iniciamos para que os participantes pudessem entender os fundamentos, os pilares que usaremos neste movimento.
Já havia falado muitas vezes e para públicos bem diversos sobre o modelo que usamos na Corall como base para os projetos de transformação em que trabalhamos, mas naquele momento algo internamente me disse que seria importante falar e fazer paralelos com transformações no campo pessoal e das relações a dois ou de pequenos grupos, mesmo que eu não tivesse em mente ainda como faria as correlações. Mas este “chamado interno” foi tão claro que eu me aventurei a falar com esta lente sobre o tema, mesmo sem saber direito como seriam as comparações.
Encaro a transformação como um chamado da Vida para a evolução. Estamos num ponto inicial onde há uma tensão, um anseio de mudar para um novo estado escolhido e desejado. E um aspecto importante deste olhar é que deve existir uma intenção genuína para a mudança, e para iniciar esta jornada é importante ter consciência que nós também precisaremos mudar. Com frequência pessoas esperam que para uma relação ou situação melhorar o outro deve mudar, deve fazer coisas de uma forma diferente, mas não há a disposição interna para também olhar para si e checar como contribuímos para que o estado atual se preserve. Um de meus sócios na Corall, num dia de grande engarrafamento em São Paulo, teve um insight muito significativo: “Eu sou o trânsito! ” Sim! Ele e todos nós, ao decidirmos pegar nossos carros para nos deslocar na cidade, contribuímos para preservar esta situação. Não estamos desconsiderando que existem muitos fatores externos legítimos que contribuem para o atual cenário, mas se você acha que não faz parte do problema, não tem como fazer parte da solução! No campo organizacional, conversamos por vezes com alguns líderes que dizem querer a transformação, mas no fundo não estão dispostos a olhar para si mesmos, e checar o que precisam mudar em si mesmos que contribuirá para a transformação desejada.
O primeiro pilar para uma transformação efetiva é ter um propósito claro e inspirador, que funcionará como um grande atrator para onde queremos ir. Quanto mais fizer sentido para mim, quanto mais se conectar com meu propósito e sonho pessoal mais me energizarei e me engajarei na jornada. Isto vale para uma relação a dois, para uma equipe ou para uma organização inteira. Num casal, este sonho pode ser focado numa relação de crescimento mútuo, de cumplicidade. Pode incluir a formação de filhos que sejam pessoas conscientes e felizes, ou de construir uma casa para desfrutar momentos de descanso e lazer. No campo organizacional, algumas empresas conseguiram expressar seu propósito de uma forma bastante engajadora. Um exemplo que chama minha atenção é o da Lego que o definiu como “ inspirar e desenvolver os construtores de amanhã”. Assim movimentos estratégicos ganham contornos bem diferentes do que simplesmente aumentar vendas e lucros. Expandir-se mundialmente passa a ser “dar a milhões de outras crianças acesso aos blocos de construção da LEGO”. Investimento e inovação não tem a ver com desenvolver novos produtos, mas com o “permitir que mais crianças experimentem a alegria de aprender através de brincadeiras”.
O segundo pilar está conectado à qualidade da dinâmica relacional. No coletivo podemos nomear este elemento como a cultura do grupo. E a ciência da complexidade revela que a capacidade de um sistema humano para transformar e evoluir é definida pela qualidade das relações entre seus membros. O quanto conseguimos desenvolver um ambiente de confiança e de segurança onde as pessoas podem se expressar de forma autêntica? O quanto se sentem verdadeiramente admiradas e respeitadas para que possam se sentir confiantes com os desafios impostos pela transformação? Estou disponível para me colocar de forma vulnerável e corajosa, trazendo o que é valor para mim, estando consciente de minhas necessidades e sentimentos associados? Nas dinâmicas coletivas em que trabalho, presencio com muita frequência o grande “salto quântico” da dinâmica relacional do grupo, quando um participante, e se for o líder ainda mais poderoso fica o movimento, dá um primeiro passo, trazendo suas perspectivas mais profundas, carregadas com os sentimentos que revelam o seu lado humano, e que abre espaço para que o humano dos demais presentes também se revele e se conecte.
O terceiro pilar se revela através de elementos estruturantes. No campo da relação entre pessoas esta estrutura se manifesta através de combinados e pactos para o conviver. No âmbito de grupos maiores e organizações, este pilar está também nos processos, inclusive no processo de tomada de decisão, na governança que estipula alçadas e dinâmicas de participação, e também na estrutura formal reinante, com papéis e responsabilidades dos membros envolvidos. Em diversos trabalhos que desenvolvi, transformações estavam sendo fortemente prejudicadas, quando estes elementos estruturantes estavam frágeis ou obscuros, respingando inclusive na dinâmica relacional dos envolvidos. As famosas bolas mal divididas, ou os cachorros de dois donos, que ficam gordos ou morrem de fome, se enquadram aqui quando este pilar não é bem trabalhado.
Finalmente, o quarto pilar, tem a ver com a nossa liderança sobre o movimento de transformação. E acima de tudo com a coerência que trazemos para todos os pilares anteriormente mencionados. Os caminhos para se conseguir evoluir e se transformar não são únicos. Quando vemos casais que passaram por crises e que conseguem se reinventar ou organizações que são capazes de se transformar continuamente, identificamos consistentemente este elemento da coerência entre propósito, das dinâmicas relacionais e dos elementos estruturantes que os sustentam. E quanto maior a coerência entre os pilares aqui citados, maior a força e velocidade para a transformação desejada.
Sinta-se à vontade para trocar mais ideias sobre o tema escrevendo para mim. Meu e-mail é ney@corall.net.
Poucos dias atrás eu estava dando uma palestra a um grupo de 50 pessoas de uma empresa parceira que está passando por um grande processo de transformação. O gestor responsável pela área havia me pedido para fazer um “aquecimento” com este público, trazendo conceitos que usaremos ao longo da jornada que iniciamos para que os participantes pudessem entender os fundamentos, os pilares que usaremos neste movimento.
Já havia falado muitas vezes e para públicos bem diversos sobre o modelo que usamos na Corall como base para os projetos de transformação em que trabalhamos, mas naquele momento algo internamente me disse que seria importante falar e fazer paralelos com transformações no campo pessoal e das relações a dois ou de pequenos grupos, mesmo que eu não tivesse em mente ainda como faria as correlações. Mas este “chamado interno” foi tão claro que eu me aventurei a falar com esta lente sobre o tema, mesmo sem saber direito como seriam as comparações.
Encaro a transformação como um chamado da Vida para a evolução. Estamos num ponto inicial onde há uma tensão, um anseio de mudar para um novo estado escolhido e desejado. E um aspecto importante deste olhar é que deve existir uma intenção genuína para a mudança, e para iniciar esta jornada é importante ter consciência que nós também precisaremos mudar. Com frequência pessoas esperam que para uma relação ou situação melhorar o outro deve mudar, deve fazer coisas de uma forma diferente, mas não há a disposição interna para também olhar para si e checar como contribuímos para que o estado atual se preserve. Um de meus sócios na Corall, num dia de grande engarrafamento em São Paulo, teve um insight muito significativo: “Eu sou o trânsito! ” Sim! Ele e todos nós, ao decidirmos pegar nossos carros para nos deslocar na cidade, contribuímos para preservar esta situação. Não estamos desconsiderando que existem muitos fatores externos legítimos que contribuem para o atual cenário, mas se você acha que não faz parte do problema, não tem como fazer parte da solução! No campo organizacional, conversamos por vezes com alguns líderes que dizem querer a transformação, mas no fundo não estão dispostos a olhar para si mesmos, e checar o que precisam mudar em si mesmos que contribuirá para a transformação desejada.
O primeiro pilar para uma transformação efetiva é ter um propósito claro e inspirador, que funcionará como um grande atrator para onde queremos ir. Quanto mais fizer sentido para mim, quanto mais se conectar com meu propósito e sonho pessoal mais me energizarei e me engajarei na jornada. Isto vale para uma relação a dois, para uma equipe ou para uma organização inteira. Num casal, este sonho pode ser focado numa relação de crescimento mútuo, de cumplicidade. Pode incluir a formação de filhos que sejam pessoas conscientes e felizes, ou de construir uma casa para desfrutar momentos de descanso e lazer. No campo organizacional, algumas empresas conseguiram expressar seu propósito de uma forma bastante engajadora. Um exemplo que chama minha atenção é o da Lego que o definiu como “ inspirar e desenvolver os construtores de amanhã”. Assim movimentos estratégicos ganham contornos bem diferentes do que simplesmente aumentar vendas e lucros. Expandir-se mundialmente passa a ser “dar a milhões de outras crianças acesso aos blocos de construção da LEGO”. Investimento e inovação não tem a ver com desenvolver novos produtos, mas com o “permitir que mais crianças experimentem a alegria de aprender através de brincadeiras”.
O segundo pilar está conectado à qualidade da dinâmica relacional. No coletivo podemos nomear este elemento como a cultura do grupo. E a ciência da complexidade revela que a capacidade de um sistema humano para transformar e evoluir é definida pela qualidade das relações entre seus membros. O quanto conseguimos desenvolver um ambiente de confiança e de segurança onde as pessoas podem se expressar de forma autêntica? O quanto se sentem verdadeiramente admiradas e respeitadas para que possam se sentir confiantes com os desafios impostos pela transformação? Estou disponível para me colocar de forma vulnerável e corajosa, trazendo o que é valor para mim, estando consciente de minhas necessidades e sentimentos associados? Nas dinâmicas coletivas em que trabalho, presencio com muita frequência o grande “salto quântico” da dinâmica relacional do grupo, quando um participante, e se for o líder ainda mais poderoso fica o movimento, dá um primeiro passo, trazendo suas perspectivas mais profundas, carregadas com os sentimentos que revelam o seu lado humano, e que abre espaço para que o humano dos demais presentes também se revele e se conecte.
O terceiro pilar se revela através de elementos estruturantes. No campo da relação entre pessoas esta estrutura se manifesta através de combinados e pactos para o conviver. No âmbito de grupos maiores e organizações, este pilar está também nos processos, inclusive no processo de tomada de decisão, na governança que estipula alçadas e dinâmicas de participação, e também na estrutura formal reinante, com papéis e responsabilidades dos membros envolvidos. Em diversos trabalhos que desenvolvi, transformações estavam sendo fortemente prejudicadas, quando estes elementos estruturantes estavam frágeis ou obscuros, respingando inclusive na dinâmica relacional dos envolvidos. As famosas bolas mal divididas, ou os cachorros de dois donos, que ficam gordos ou morrem de fome, se enquadram aqui quando este pilar não é bem trabalhado.
Finalmente, o quarto pilar, tem a ver com a nossa liderança sobre o movimento de transformação. E acima de tudo com a coerência que trazemos para todos os pilares anteriormente mencionados. Os caminhos para se conseguir evoluir e se transformar não são únicos. Quando vemos casais que passaram por crises e que conseguem se reinventar ou organizações que são capazes de se transformar continuamente, identificamos consistentemente este elemento da coerência entre propósito, das dinâmicas relacionais e dos elementos estruturantes que os sustentam. E quanto maior a coerência entre os pilares aqui citados, maior a força e velocidade para a transformação desejada.
Sinta-se à vontade para trocar mais ideias sobre o tema escrevendo para mim. Meu e-mail é ney@corall.net.