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Recuperação da hotelaria demonstra amadurecimento do setor e aprendizados com a pandemia

Estudo mostra aumento significativo da diária média e ocupação acima dos níveis pré-pandemia

Hotéis diversificam fontes de receita com bares e restaurantes (Leandro Fonseca/Exame)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 08h43.

*Ricardo Mader

O ano de 2023 consolidou a recuperação da hotelaria no Brasil, iniciada em 2022. Houve um aumento expressivo, de 35%, no valor da diária média, que passou de R$ 289,8 em 2022 para R$ 390,8 em 2023. A ocupação não seguiu o mesmo ritmo, com leve variação de 3,2% em relação ao ano anterior, chegando a 60,8%. Ou seja, mesmo em meio a uma demanda não tão intensa, os hotéis estão reajustando suas tarifas. Isso demonstra que o mercado está mais maduro, focado na saúde financeira dos empreendimentos e na oferta de bons produtos e serviços, deixando para trás o cenário de guerra de preços.

Os dados são do estudo Hotelaria em Números, elaborado anualmente pela JLL em parceria com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) e a Resorts Brasil. O RevPAR, índice que combina a taxa de ocupação e a diária média para definir a receita por apartamento disponível, apresentou um crescimento de quase 40%, chegando a R$ 237,7 e também representa a eficiência na geração de caixa.

Este foi um legado da pandemia, uma vez que, com a queda brusca de receitas, foi necessário aumentar o controle sobre a operação e, mais do que isso, explorar outras fontes de faturamento. É neste sentido que cresceu também a importância do segmento de Alimentos e Bebidas nos hotéis.

Hotéis diversificam fontes de receita com bares e restaurantes

Tradicionalmente vistos como complementares à hospedagem, esses serviços têm assumido um papel central na geração de receitas e estão mudando também o design dos empreendimentos. No térreo, a área de recepção, com processos cada vez mais digitalizados, dá espaço a bares e restaurantes, assim como a cobertura, que ganha rooftops para atrair, inclusive, não-hóspedes.

Em 2013, Alimentos e Bebidas representavam 21,9% da receita dos hotéis e, em 2023, aumentaram sua participação para 26,8%. Este número é ainda maior nos hotéis de luxo, onde a venda de alimentos e bebidas responde por 28,4% do faturamento.

É evidente a maior demanda e valorização desses serviços por parte dos hóspedes, que buscam conveniência e experiências gastronômicas diferenciadas como parte da estadia. O que antes era apenas um diferencial, agora se tornou uma necessidade competitiva. Para muitos hotéis, os bares e restaurantes se tornaram fontes estratégicas de receita, permitindo uma diversificação na oferta de serviços e contribuindo para a retenção e atração de clientes.

Desafios atuais e perspectivas futuras do setor

Embora os resultados obtidos em 2023 destaquem a capacidade dos gestores hoteleiros em equilibrar as pressões de mercado e os custos operacionais, desafios como o aumento da folha de pagamento e a inflação devem seguir impactando diretamente o lucro operacional (GOP). O GOP médio dos hotéis urbanos foi de 37% em 2023, um ligeiro aumento em relação ao ano anterior, apesar das dificuldades. O setor de resorts apresentou números ainda mais expressivos, com uma ocupação de 60,7%, a maior desde 2010, e um GOP de 30%, contra 22,8% em 2022, impulsionado por uma maior procura por destinos de praia.

A expectativa é de um crescimento moderado na oferta de novos hotéis devido às altas taxas de juros e aos desafios econômicos globais. Assim, a perspectiva para 2024 é positiva. O equilíbrio entre oferta e demanda deve continuar favorecendo o aumento das tarifas, enquanto a ocupação deverá crescer de forma mais expressiva somente a partir de 2025.

O futuro próximo será desafiador, mas também repleto de oportunidades para os players que souberem se adaptar às novas dinâmicas de mercado, especialmente com o fortalecimento de serviços adicionais como restaurantes, bares e eventos, que têm se mostrado pilares cada vez mais relevantes para o sucesso financeiro da hotelaria. A resiliência do setor hoteleiro brasileiro em tempos de adversidade prova que o aprendizado da pandemia trouxe maturidade e novas estratégias que continuarão a moldar a recuperação e o crescimento sustentável nos próximos anos.

*diretor da área de Hotéis e Hospitalidade da JLL.

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*Ricardo Mader

O ano de 2023 consolidou a recuperação da hotelaria no Brasil, iniciada em 2022. Houve um aumento expressivo, de 35%, no valor da diária média, que passou de R$ 289,8 em 2022 para R$ 390,8 em 2023. A ocupação não seguiu o mesmo ritmo, com leve variação de 3,2% em relação ao ano anterior, chegando a 60,8%. Ou seja, mesmo em meio a uma demanda não tão intensa, os hotéis estão reajustando suas tarifas. Isso demonstra que o mercado está mais maduro, focado na saúde financeira dos empreendimentos e na oferta de bons produtos e serviços, deixando para trás o cenário de guerra de preços.

Os dados são do estudo Hotelaria em Números, elaborado anualmente pela JLL em parceria com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) e a Resorts Brasil. O RevPAR, índice que combina a taxa de ocupação e a diária média para definir a receita por apartamento disponível, apresentou um crescimento de quase 40%, chegando a R$ 237,7 e também representa a eficiência na geração de caixa.

Este foi um legado da pandemia, uma vez que, com a queda brusca de receitas, foi necessário aumentar o controle sobre a operação e, mais do que isso, explorar outras fontes de faturamento. É neste sentido que cresceu também a importância do segmento de Alimentos e Bebidas nos hotéis.

Hotéis diversificam fontes de receita com bares e restaurantes

Tradicionalmente vistos como complementares à hospedagem, esses serviços têm assumido um papel central na geração de receitas e estão mudando também o design dos empreendimentos. No térreo, a área de recepção, com processos cada vez mais digitalizados, dá espaço a bares e restaurantes, assim como a cobertura, que ganha rooftops para atrair, inclusive, não-hóspedes.

Em 2013, Alimentos e Bebidas representavam 21,9% da receita dos hotéis e, em 2023, aumentaram sua participação para 26,8%. Este número é ainda maior nos hotéis de luxo, onde a venda de alimentos e bebidas responde por 28,4% do faturamento.

É evidente a maior demanda e valorização desses serviços por parte dos hóspedes, que buscam conveniência e experiências gastronômicas diferenciadas como parte da estadia. O que antes era apenas um diferencial, agora se tornou uma necessidade competitiva. Para muitos hotéis, os bares e restaurantes se tornaram fontes estratégicas de receita, permitindo uma diversificação na oferta de serviços e contribuindo para a retenção e atração de clientes.

Desafios atuais e perspectivas futuras do setor

Embora os resultados obtidos em 2023 destaquem a capacidade dos gestores hoteleiros em equilibrar as pressões de mercado e os custos operacionais, desafios como o aumento da folha de pagamento e a inflação devem seguir impactando diretamente o lucro operacional (GOP). O GOP médio dos hotéis urbanos foi de 37% em 2023, um ligeiro aumento em relação ao ano anterior, apesar das dificuldades. O setor de resorts apresentou números ainda mais expressivos, com uma ocupação de 60,7%, a maior desde 2010, e um GOP de 30%, contra 22,8% em 2022, impulsionado por uma maior procura por destinos de praia.

A expectativa é de um crescimento moderado na oferta de novos hotéis devido às altas taxas de juros e aos desafios econômicos globais. Assim, a perspectiva para 2024 é positiva. O equilíbrio entre oferta e demanda deve continuar favorecendo o aumento das tarifas, enquanto a ocupação deverá crescer de forma mais expressiva somente a partir de 2025.

O futuro próximo será desafiador, mas também repleto de oportunidades para os players que souberem se adaptar às novas dinâmicas de mercado, especialmente com o fortalecimento de serviços adicionais como restaurantes, bares e eventos, que têm se mostrado pilares cada vez mais relevantes para o sucesso financeiro da hotelaria. A resiliência do setor hoteleiro brasileiro em tempos de adversidade prova que o aprendizado da pandemia trouxe maturidade e novas estratégias que continuarão a moldar a recuperação e o crescimento sustentável nos próximos anos.

*diretor da área de Hotéis e Hospitalidade da JLL.

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