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Londres e São Paulo: o que o mercado de escritórios de cada capital pode aprender com o outro?

Como os dois polos econômicos respondem aos desafios de flexibilidade e sustentabilidade

São Paulo é o centro financeiro e empresarial mais importante da América Latina (Leando Fonseca/Exame)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de fevereiro de 2024 às 07h15.

* por Rafael Calv o

Algumas cidades no mundo são expoentes para determinados mercados e segmentos. No caso do real estate, é comum apontarem Nova Iorque como uma geradora de tendências – o que é verdade –, mas vale destacar também Londres como uma capital que antecipa movimentos e revela o apetite de investidores internacionais. Nesse sentido, ao compararmos com São Paulo, percebemos que as duas cidades vivenciam semelhanças e particularidades interessantes para serem analisadas quando falamos especificamente de escritórios.

Tanto Londres quanto a capital paulista são importantes centros financeiros e econômicos, atraindo empresas nacionais e internacionais em busca de espaços corporativos de alta qualidade. A primeira, em particular, é conhecida por sua proeminência no setor financeiro global, sediando companhias de grande porte. Por sua vez, São Paulo é o centro financeiro e empresarial mais importante da América Latina. Ambas têm uma ampla variedade de opções de escritórios, incluindo espaços premium e edifícios comerciais modernos.

No entanto, existem algumas diferenças notáveis entre as cidades. O mercado de escritórios em Londres está enfrentando um período de aumento da oferta e desaceleração dos preços de aluguel. Esse movimento tem sido visto com a chegada de empreendimentos ao centro da cidade europeia, com 10 novos edifícios aprovados. Estão sendo construídos 1,5 milhão de m², e a mesma quantidade é esperada para futuros projetos, já em fase de planejamento.

A expansão do número de empreendimentos tem se mostrado alinhada à busca por maior flexibilidade no espaço corporativo, permitindo às empresas adaptarem seu tamanho e formato de acordo com as demandas do mercado. Essa alta tem chamado a atenção de proprietários e investidores, levando ao desenvolvimento de soluções que ofereçam, justamente, maior versatilidade de layout e opções de compartilhamento de espaço.

Além disso, há um foco crescente em tecnologias que melhorem a eficiência operacional dos escritórios e permitam uma experiência aprimorada para os ocupantes.  Um exemplo é a disponibilização de espaços abertos ao público nas torres, como o Sky Garden no topo do edifício “Walkie-Talkie”. Outro edifício, o mais alto da cidade, foi inaugurado no ano passado com uma galeria de observação no 58º andar chamada Horizon 22. Uma outra galeria também foi instalada no topo da nova torre vizinha.

E por aqui?

Muito do que vemos em Londres se relaciona com a adoção maciça do trabalho híbrido. No Brasil e em São Paulo, essa tendência também é verdadeira e tem levado as companhias a elaborarem rotinas que exigem a presença dos colaboradores nos escritórios por alguns dias da semana. Assim, por aqui, a disponibilidade de espaços corporativos de primeiro nível pode ser mais limitada em algumas regiões, como na Faria Lima e na JK, resultando em uma maior concorrência e preços de aluguel mais altos.

Na capital paulista, a questão da flexibilidade tem se tornado realidade também por meio do investimento crescente da modalidade turn-key. Isto é, quando o espaço é alugado pronto para o uso imediato do ocupante, sem necessidade de reformas e adaptações, e já com mobiliário. Isso exige menor investimento dos locatários na entrada e maior facilidade na hora de devolver um imóvel, por exemplo.

Em paralelo, se proprietários têm apostado em edifícios comerciais mais inovadores e sustentáveis, que atendam às necessidades de uma força de trabalho moderna e estejam alinhados com as melhores práticas do ESG. Nesse sentido, 71% do estoque da cidade pode ser considerado verde, possuindo certificações de desempenho.

Histórias cruzadas

Ambos os mercados devem continuar se adaptando às mudanças no ambiente de trabalho. O trabalho híbrido, que combina o presencial e o remoto, já se tornou o formato de trabalho dominante, e os escritórios devem continuar a oferecer espaços flexíveis que atendam a essa demanda. A sustentabilidade também é uma tendência crescente e que não tem volta, ao contrário, somente avanços. Ou seja, cientes de todos os benefícios e pressionados pelos ocupantes, os proprietários devem continuar desenvolvendo projetos e edifícios mais verdes e eficientes – especialmente, em termos de energia – em qualquer lugar do mundo.

Por fim, Londres e São Paulo convergem também sob o ponto de vista da humanização do mercado. O bem-estar dos colaboradores, como estratégia de retenção e atração de talentos, deve continuar pautando o mercado imobiliário corporativo, promovendo ambientes cada vez mais produtivos, agradáveis e acolhedores.

*Rafael Calvo é Diretor de Locação da Divisão de Escritórios da JLL desde 2011. Entre 2018 e 2021, atuou em Londres como diretor de transações responsável pela conta de um grande player do setor de e-commerce.

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* por Rafael Calv o

Algumas cidades no mundo são expoentes para determinados mercados e segmentos. No caso do real estate, é comum apontarem Nova Iorque como uma geradora de tendências – o que é verdade –, mas vale destacar também Londres como uma capital que antecipa movimentos e revela o apetite de investidores internacionais. Nesse sentido, ao compararmos com São Paulo, percebemos que as duas cidades vivenciam semelhanças e particularidades interessantes para serem analisadas quando falamos especificamente de escritórios.

Tanto Londres quanto a capital paulista são importantes centros financeiros e econômicos, atraindo empresas nacionais e internacionais em busca de espaços corporativos de alta qualidade. A primeira, em particular, é conhecida por sua proeminência no setor financeiro global, sediando companhias de grande porte. Por sua vez, São Paulo é o centro financeiro e empresarial mais importante da América Latina. Ambas têm uma ampla variedade de opções de escritórios, incluindo espaços premium e edifícios comerciais modernos.

No entanto, existem algumas diferenças notáveis entre as cidades. O mercado de escritórios em Londres está enfrentando um período de aumento da oferta e desaceleração dos preços de aluguel. Esse movimento tem sido visto com a chegada de empreendimentos ao centro da cidade europeia, com 10 novos edifícios aprovados. Estão sendo construídos 1,5 milhão de m², e a mesma quantidade é esperada para futuros projetos, já em fase de planejamento.

A expansão do número de empreendimentos tem se mostrado alinhada à busca por maior flexibilidade no espaço corporativo, permitindo às empresas adaptarem seu tamanho e formato de acordo com as demandas do mercado. Essa alta tem chamado a atenção de proprietários e investidores, levando ao desenvolvimento de soluções que ofereçam, justamente, maior versatilidade de layout e opções de compartilhamento de espaço.

Além disso, há um foco crescente em tecnologias que melhorem a eficiência operacional dos escritórios e permitam uma experiência aprimorada para os ocupantes.  Um exemplo é a disponibilização de espaços abertos ao público nas torres, como o Sky Garden no topo do edifício “Walkie-Talkie”. Outro edifício, o mais alto da cidade, foi inaugurado no ano passado com uma galeria de observação no 58º andar chamada Horizon 22. Uma outra galeria também foi instalada no topo da nova torre vizinha.

E por aqui?

Muito do que vemos em Londres se relaciona com a adoção maciça do trabalho híbrido. No Brasil e em São Paulo, essa tendência também é verdadeira e tem levado as companhias a elaborarem rotinas que exigem a presença dos colaboradores nos escritórios por alguns dias da semana. Assim, por aqui, a disponibilidade de espaços corporativos de primeiro nível pode ser mais limitada em algumas regiões, como na Faria Lima e na JK, resultando em uma maior concorrência e preços de aluguel mais altos.

Na capital paulista, a questão da flexibilidade tem se tornado realidade também por meio do investimento crescente da modalidade turn-key. Isto é, quando o espaço é alugado pronto para o uso imediato do ocupante, sem necessidade de reformas e adaptações, e já com mobiliário. Isso exige menor investimento dos locatários na entrada e maior facilidade na hora de devolver um imóvel, por exemplo.

Em paralelo, se proprietários têm apostado em edifícios comerciais mais inovadores e sustentáveis, que atendam às necessidades de uma força de trabalho moderna e estejam alinhados com as melhores práticas do ESG. Nesse sentido, 71% do estoque da cidade pode ser considerado verde, possuindo certificações de desempenho.

Histórias cruzadas

Ambos os mercados devem continuar se adaptando às mudanças no ambiente de trabalho. O trabalho híbrido, que combina o presencial e o remoto, já se tornou o formato de trabalho dominante, e os escritórios devem continuar a oferecer espaços flexíveis que atendam a essa demanda. A sustentabilidade também é uma tendência crescente e que não tem volta, ao contrário, somente avanços. Ou seja, cientes de todos os benefícios e pressionados pelos ocupantes, os proprietários devem continuar desenvolvendo projetos e edifícios mais verdes e eficientes – especialmente, em termos de energia – em qualquer lugar do mundo.

Por fim, Londres e São Paulo convergem também sob o ponto de vista da humanização do mercado. O bem-estar dos colaboradores, como estratégia de retenção e atração de talentos, deve continuar pautando o mercado imobiliário corporativo, promovendo ambientes cada vez mais produtivos, agradáveis e acolhedores.

*Rafael Calvo é Diretor de Locação da Divisão de Escritórios da JLL desde 2011. Entre 2018 e 2021, atuou em Londres como diretor de transações responsável pela conta de um grande player do setor de e-commerce.

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