Inteligência Artificial já é realidade no mercado imobiliário e no-code deve ser a próxima revolução
Empresas precisam se preparar para inovações tecnológicas que afetam até os setores mais tradicionais, como o imobiliário
Publicado em 27 de março de 2023 às, 13h03.
Por Vinicius Santos e Weslei Rios, da JLL*
A essa altura, você certamente já ouviu falar do ChatGPT – a inteligência artificial (IA) da empresa OpenIA que responde a perguntas feitas pelos usuários com textos elaborados a partir de varreduras em dados online. A ferramenta e suas possíveis aplicações são o assunto do momento, assim como há pouco tempo foi o metaverso.
A diferença entre um e outro é que o ChatGPT se baseia em uma tecnologia validada, a IA para modelos conversacionais, que está sendo desenvolvida por várias empresas. E, apesar de ainda estar em fase de testes, já tem aplicações práticas. No caso do ChatGPT, um dos principais objetivos é tornar o Bing, da Microsoft (que é investidora da OpenIA) um buscador em formato de conversa para fazer frente à hegemonia do Google – que, vale destacar, também está desenvolvendo sua IA conversacional, o Bard.
O potencial deste tipo de ferramenta é tão grande que está motivando debates intensos sobre seus impactos em vários aspectos da vida, da aprendizagem ao mercado de trabalho, pela capacidade de substituir pessoas em determinadas atividades. No ramo imobiliário, já há corretores utilizando a ferramenta para várias funções. Pesquisas de dados de mercado e tendências, redação de listas e anúncios e até atendimento ao cliente com respostas a perguntas frequentes, por exemplo.
Quando estiver em pleno funcionamento – ainda não se sabe quando nem quanto custará –, as possibilidades vão aumentar ainda mais. A integração com outros bancos de dados, como os que a JLL mantém de seus clientes local e globalmente, fornecerá informações muito mais precisas e facilitará as análises, reduzindo a quantidade de pessoas necessárias para interpretar portfólios imobiliários.
Adesão a novas tecnologias: corrida ou cautela?
Se, por um lado, a adoção rápida de novas tecnologias pode significar diferencial competitivo, por outro, é preciso cautela para avaliar o retorno que este investimento pode trazer. Além disso, é importante ter em vista que as ferramentas impactam nos processos. Ou seja, se a relação entre corretor e cliente vai ser transformada, são necessários certos alinhamentos, como o treinamento dos profissionais.
É fato que inteligências artificiais como o ChatGPT vão mudar diversos processos – e isso já está acontecendo. Porém, são vários os caminhos da evolução tecnológica e há outras tendências para ficar de olho.
Não é temerário dizer que o no-code, isto é, plataformas de desenvolvimento de software sem código que permitem que pessoas sem conhecimento em programação criem soluções digitais usando interfaces gráficas e outras configurações simplificadas, terá impacto maior no mercado imobiliário.
No-code: a próxima grande revolução
O no-code possibilita que profissionais com conhecimento do mercado imobiliário, mas não de desenvolvimento de softwares, possam ter autonomia para desenvolver sistemas que resolvam questões dos seus clientes ou do seu dia a dia de trabalho. Para isso, é necessário conhecer o básico da lógica de programação, por isso, esta é uma das principais competências que os profissionais precisam desenvolver daqui para frente para não se tornarem obsoletos com o avanço da tecnologia.
Apesar de, sim, algumas funções serem substituídas pela automação, não é possível confiar 100% de um processo a uma máquina. A interpretação humana sempre trará elementos impossíveis de serem reproduzidos pela tecnologia, mesmo as inteligências artificiais mais aprendentes. Afinal, são as pessoas que determinam como vão alimentá-las e aplicá-las. Aí vai residir o diferencial competitivo das empresas na adoção de novas tecnologias.
*Vinicius Santos é Gerente de Tecnologia da JLL Technologies e Weslei Rios é Consultor de Tecnologias da JLL.