Mercado Por Elas: Inflação encolhe programa Casa Verde e Amarela à metade
Posicionamento do grupo Amazonita Clube* sobre as reduções das contratações pelo programa Casa Verde e Amarela
Fernanda Bastos
Publicado em 30 de maio de 2022 às 14h39.
Sobre os recentes estudos, divulgados pela imprensa, em especial a matéria da CBIC do dia 23/05, que abordam a diminuição das unidades contratadas pelo Casa Verde e Amarela, o grupo Amazonita Clube entende que:
As construtoras de pequeno e médio porte, além das grandes que constroem pelo Casa Verde e Amarela, estão passando por um momento muito complicado, principalmente as que já estavam com lançamentos em andamento. Uma empresa de Curitiba, por exemplo, comprou terrenos, se descapitalizou para fazer o produto e, durante a pandemia, não conseguiu dar continuidade por causa da alta dos insumos, o que, claro, inviabilizou o projeto. E também tem as construtoras que assinaram o contrato antes da pandemia e que já venderam todas as unidades, ou seja, não tem como repassar o preço. Neste caso, o cenário é ainda mais delicado, pois elas estão tendo que acabar o empreendimento sem nenhuma revisão no valor de custo de obra da Caixa.
Em linhas gerais, “entendemos que as causas principais dessa retração no programa CVA são (i) a capacidade de compra dos clientes, que não mudou, ao contrário, diminuiu com a alta dos preços (ii) os subsídios insuficientes e (iii) a análise do perfil do comprador para liberação de crédito excessivamente restritiva”, comenta Maria Julia Leoni, CFO da CP Construplan, empresa com forte atuação no mercado popular de São Paulo e região. Por mais que o governo tenha feito um movimento para ajudar o setor mantendo a taxa de juros e readequando a curva de distribuição de subsídio durante a pandemia, infelizmente esse movimento não conseguiu superar o problema crônico de hoje.
Não adianta subir os preços dos imóveis para as empresas que já venderam tudo porque isso não se recupera; não adianta repassar a inflação do custo para o preço de venda, porque as pessoas perderam a capacidade de endividamento. Também, não adianta apenas subir o subsídio porque muitos interessados perderam seus empregos. Vivemos um ciclo complicado: por mais que o preço e o subsídio sejam interessantes, o cliente não fecha negócio porque perdeu a capacidade de compra e está inseguro.
O descasamento entre a renda familiar e o valor de venda é algo que incomoda bastante o setor; “antigamente, famílias com renda de até R$ 2.600 conseguiam comprar seu imóvel pelo programa. Hoje, para comprar o mesmo imóvel, essa família tem que ter pelo menos R$ 4.000 de renda; isso é lamentável.” diz Maria Julia.
As ações do governo foram importantes para algumas situações bem pontuais e agora é preciso flexibilizar a análise de crédito para as famílias comprarem, “se o cliente não tem restrição no nome, o banco deveria liberar o crédito, sem condicioná-lo”, diz Maria Julia que continua “ voltar a cota máxima de 90% de
financiamento seria primordial para alavancar as contratações”. Além disso, é necessário dar um fôlego às empresas, principalmente as pequenas e médias. Do contrário, muitas vão quebrar no meio do caminho porque não vão conseguir terminar as obras devido aos custos da construção civil que não param de subir, já que elas estão com uma viabilidade financeira de tempos atrás. “Nesses casos, uma ação interessante seria a Caixa corrigir o valor de obra que ela repassa às construtoras; hoje, esse valor é congelado na data da contratação do apoio à produção”, diz Maria Julia. Atualmente, uma viabilidade de dois meses não fecha mais a conta por causa dos aumentos muito rápidos de insumos como ferro, concreto, materiais elétrico e hidráulico etc. Uma saída para reverter a situação é a Caixa fazer uma revisão nos custos de obras em andamento para poder dar um realinhamento de preços para essas construtoras de pequeno e médio porte conseguirem sobreviver. Se o governo não fizer isso, muitas empresas vão ficar pelo caminho e toda a cadeia produtiva será prejudicada. Se as grandes estão ficando, imagina as menores!
O programa Casa Verde e Amarela, desde que foi lançado como Minha Casa Minha Vida, em 2009, vem movimentando todos os setores da construção civil, gerando muitos empregos e estruturando as empresas que desenvolvem projetos pelo segmento econômico. É lamentável perceber que o programa habitacional está acabando. Vale lembrar que, antigamente, em julho e agosto já não tinha mais dinheiro no FGTS. Os estados ficavam brigando para buscar de onde não foi feito dinheiro para as construtoras lançarem nos locais onde estava mais aquecido. Aí você descobre que não gastaram nem a metade (1/4). Isso traz um impacto negativo muito grande para a mão de obra e para toda a economia. Segundo Maria Julia, “por isso, é importante ressaltar que o governo tem que atuar ativamente para prover uma conjuntura econômica que traga segurança política e segurança de trabalho para que clientes e empresas possam prosperar.”
Por mais que o mercado de médio e alto padrão esteja aquecido, não é a mesma coisa porque são projetos menores. Bem diferente do Casa Verde e Amarela que são maiores, pedem mais mão de obra e mais material. Portanto, é necessário olhar com mais carinho para o programa. O movimento feito pelo governo é muito importante, mas ele não é suficiente para o setor reagir. Para o mercado voltar a responder é preciso ter capacidade de compra e as construtoras precisam ter viabilidade para fazer, o que não está acontecendo porque os preços estão subindo muito.
“Para completar esse cenário delicado, a maioria das pequenas e médias empresas está tocando as obras mais devagar por conta da alta dos insumos, fora as que estão ficando no meio do caminho porque venderam tudo. O governo tem que olhar para todas as situações que envolvem o setor, abrindo mais possibilidades, oferecendo um subsídio melhor e flexibilizar mais nas contratações. Olhar para o custo da obra, principalmente das que estão em andamento e que venderam tudo. Isso é fundamental. O problema não é resultado menor e sim o prejuízo, pois o que a empresa recebe da Caixa hoje na comparação com o que foi assinado antes não fecha a conta e a construtora não tem fôlego para terminar devido às altas dos custos. Vale lembrar ainda que, apesar do sucesso do programa, o déficit habitacional continua alto, a pobreza aumentou com a pandemia e o número de pessoas que moram na rua é muito grande. É preciso olhar com a máxima urgência para um programa importante que já ajudou milhares de famílias do país a conquistarem a casa própria”, ressalta Mariliza Fontes Pereira, CEO da Rio8 Incorporações, conselheira do Instituto Mulheres do Imobiliário, e integrante do Amazonita Clube e do GRI (Comitê Brasil das Mulheres de Real Estate).
Amazonita Clube
O Amazonita Clube é um centro de reflexão e proposição de soluções para os temas mais importantes do setor imobiliário. Sua atuação está pautada em dois pilares centrais: expertise e diversidade.
A missão do clube é estimular a evolução do mercado imobiliário e, simultaneamente, crescentes presença e visibilidade femininas na sua liderança, a partir de uma agenda de trabalho consistente, de médio e longo prazos.
O Amazonita é um núcleo estratégico do Instituto Mulheres do Imobiliário, que agrega cerca de 750 profissionais ativas no mercado, de todas as partes do País. O clube foi criado por Elisa Rosenthal, idealizadora e presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, empreendedora e mentora.
Entre as integrantes do Amazonita Clube, estão: Rafaella Carvalho (Cyrela), Fernanda Rosalem (Patria Investimentos), Bianca Setin (Setin), Haaillih Bittar (Tishman Speyer), Tania Costa (Regus), Roberta Bigucci (MBigucci Construtora), Mariliza Pereira (RioOito Incorporações e Empreendimentos), Maria Julia Temprano (CP Construplan) e Cecília Maia Noal (Gamaro).
Sobre os recentes estudos, divulgados pela imprensa, em especial a matéria da CBIC do dia 23/05, que abordam a diminuição das unidades contratadas pelo Casa Verde e Amarela, o grupo Amazonita Clube entende que:
As construtoras de pequeno e médio porte, além das grandes que constroem pelo Casa Verde e Amarela, estão passando por um momento muito complicado, principalmente as que já estavam com lançamentos em andamento. Uma empresa de Curitiba, por exemplo, comprou terrenos, se descapitalizou para fazer o produto e, durante a pandemia, não conseguiu dar continuidade por causa da alta dos insumos, o que, claro, inviabilizou o projeto. E também tem as construtoras que assinaram o contrato antes da pandemia e que já venderam todas as unidades, ou seja, não tem como repassar o preço. Neste caso, o cenário é ainda mais delicado, pois elas estão tendo que acabar o empreendimento sem nenhuma revisão no valor de custo de obra da Caixa.
Em linhas gerais, “entendemos que as causas principais dessa retração no programa CVA são (i) a capacidade de compra dos clientes, que não mudou, ao contrário, diminuiu com a alta dos preços (ii) os subsídios insuficientes e (iii) a análise do perfil do comprador para liberação de crédito excessivamente restritiva”, comenta Maria Julia Leoni, CFO da CP Construplan, empresa com forte atuação no mercado popular de São Paulo e região. Por mais que o governo tenha feito um movimento para ajudar o setor mantendo a taxa de juros e readequando a curva de distribuição de subsídio durante a pandemia, infelizmente esse movimento não conseguiu superar o problema crônico de hoje.
Não adianta subir os preços dos imóveis para as empresas que já venderam tudo porque isso não se recupera; não adianta repassar a inflação do custo para o preço de venda, porque as pessoas perderam a capacidade de endividamento. Também, não adianta apenas subir o subsídio porque muitos interessados perderam seus empregos. Vivemos um ciclo complicado: por mais que o preço e o subsídio sejam interessantes, o cliente não fecha negócio porque perdeu a capacidade de compra e está inseguro.
O descasamento entre a renda familiar e o valor de venda é algo que incomoda bastante o setor; “antigamente, famílias com renda de até R$ 2.600 conseguiam comprar seu imóvel pelo programa. Hoje, para comprar o mesmo imóvel, essa família tem que ter pelo menos R$ 4.000 de renda; isso é lamentável.” diz Maria Julia.
As ações do governo foram importantes para algumas situações bem pontuais e agora é preciso flexibilizar a análise de crédito para as famílias comprarem, “se o cliente não tem restrição no nome, o banco deveria liberar o crédito, sem condicioná-lo”, diz Maria Julia que continua “ voltar a cota máxima de 90% de
financiamento seria primordial para alavancar as contratações”. Além disso, é necessário dar um fôlego às empresas, principalmente as pequenas e médias. Do contrário, muitas vão quebrar no meio do caminho porque não vão conseguir terminar as obras devido aos custos da construção civil que não param de subir, já que elas estão com uma viabilidade financeira de tempos atrás. “Nesses casos, uma ação interessante seria a Caixa corrigir o valor de obra que ela repassa às construtoras; hoje, esse valor é congelado na data da contratação do apoio à produção”, diz Maria Julia. Atualmente, uma viabilidade de dois meses não fecha mais a conta por causa dos aumentos muito rápidos de insumos como ferro, concreto, materiais elétrico e hidráulico etc. Uma saída para reverter a situação é a Caixa fazer uma revisão nos custos de obras em andamento para poder dar um realinhamento de preços para essas construtoras de pequeno e médio porte conseguirem sobreviver. Se o governo não fizer isso, muitas empresas vão ficar pelo caminho e toda a cadeia produtiva será prejudicada. Se as grandes estão ficando, imagina as menores!
O programa Casa Verde e Amarela, desde que foi lançado como Minha Casa Minha Vida, em 2009, vem movimentando todos os setores da construção civil, gerando muitos empregos e estruturando as empresas que desenvolvem projetos pelo segmento econômico. É lamentável perceber que o programa habitacional está acabando. Vale lembrar que, antigamente, em julho e agosto já não tinha mais dinheiro no FGTS. Os estados ficavam brigando para buscar de onde não foi feito dinheiro para as construtoras lançarem nos locais onde estava mais aquecido. Aí você descobre que não gastaram nem a metade (1/4). Isso traz um impacto negativo muito grande para a mão de obra e para toda a economia. Segundo Maria Julia, “por isso, é importante ressaltar que o governo tem que atuar ativamente para prover uma conjuntura econômica que traga segurança política e segurança de trabalho para que clientes e empresas possam prosperar.”
Por mais que o mercado de médio e alto padrão esteja aquecido, não é a mesma coisa porque são projetos menores. Bem diferente do Casa Verde e Amarela que são maiores, pedem mais mão de obra e mais material. Portanto, é necessário olhar com mais carinho para o programa. O movimento feito pelo governo é muito importante, mas ele não é suficiente para o setor reagir. Para o mercado voltar a responder é preciso ter capacidade de compra e as construtoras precisam ter viabilidade para fazer, o que não está acontecendo porque os preços estão subindo muito.
“Para completar esse cenário delicado, a maioria das pequenas e médias empresas está tocando as obras mais devagar por conta da alta dos insumos, fora as que estão ficando no meio do caminho porque venderam tudo. O governo tem que olhar para todas as situações que envolvem o setor, abrindo mais possibilidades, oferecendo um subsídio melhor e flexibilizar mais nas contratações. Olhar para o custo da obra, principalmente das que estão em andamento e que venderam tudo. Isso é fundamental. O problema não é resultado menor e sim o prejuízo, pois o que a empresa recebe da Caixa hoje na comparação com o que foi assinado antes não fecha a conta e a construtora não tem fôlego para terminar devido às altas dos custos. Vale lembrar ainda que, apesar do sucesso do programa, o déficit habitacional continua alto, a pobreza aumentou com a pandemia e o número de pessoas que moram na rua é muito grande. É preciso olhar com a máxima urgência para um programa importante que já ajudou milhares de famílias do país a conquistarem a casa própria”, ressalta Mariliza Fontes Pereira, CEO da Rio8 Incorporações, conselheira do Instituto Mulheres do Imobiliário, e integrante do Amazonita Clube e do GRI (Comitê Brasil das Mulheres de Real Estate).
Amazonita Clube
O Amazonita Clube é um centro de reflexão e proposição de soluções para os temas mais importantes do setor imobiliário. Sua atuação está pautada em dois pilares centrais: expertise e diversidade.
A missão do clube é estimular a evolução do mercado imobiliário e, simultaneamente, crescentes presença e visibilidade femininas na sua liderança, a partir de uma agenda de trabalho consistente, de médio e longo prazos.
O Amazonita é um núcleo estratégico do Instituto Mulheres do Imobiliário, que agrega cerca de 750 profissionais ativas no mercado, de todas as partes do País. O clube foi criado por Elisa Rosenthal, idealizadora e presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, empreendedora e mentora.
Entre as integrantes do Amazonita Clube, estão: Rafaella Carvalho (Cyrela), Fernanda Rosalem (Patria Investimentos), Bianca Setin (Setin), Haaillih Bittar (Tishman Speyer), Tania Costa (Regus), Roberta Bigucci (MBigucci Construtora), Mariliza Pereira (RioOito Incorporações e Empreendimentos), Maria Julia Temprano (CP Construplan) e Cecília Maia Noal (Gamaro).