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Gestão de negócios: desmistificando a função e as atividades do CFO

Hoje, as expectativas que recaem sobre a atividade do CFO são mais amplas, e vão além de contabilidade, gerenciamento de caixa e pagamento de contas

a gestão dos relacionamentos externos faz parte do dia a dia do CFO atual (courtneyk/iStockphoto)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 07h09.

Guilherme Carvalho*

No passado, o CFO, ou diretor financeiro, era aquele profissional com um escopo restrito, responsável pelo controle das contas da empresa. Hoje, as expectativas que recaem sobre a atividade do CFO são mais amplas, e vão além de contabilidade, gerenciamento de caixa e pagamento de contas. O jogo mudou drasticamente nesse sentido. Mais do que supervisionar todas as atividades relacionadas às finanças, o CFO atua em conjunto com o CEO e os outros integrantes do time executivo na definição de estratégias de negócio e é co-responsável pelo desempenho financeiro e operacional da companhia.

Com o jogo sendo diferente, a receita de sucesso dos profissionais do passado não será útil ou até mesmo apropriada para o CFO de hoje e do futuro. Pensando em profissionais que estão chegando em cadeiras de liderança em finanças, acho produtivo dividir um pouco da minha rotina e de como aloco o meu tempo nesse novo modelo de responsabilidades mais amplas para o CFO. Nesse sentido, divido minha atuação em cinco grandes blocos que não estão sequenciados por importância:

O primeiro deles é voltado para a administração das funções financeiras da companhia, dentre elas contabilidade, tesouraria, contas a pagar e receber, tributário e planejamento financeiro. O batimento de bumbo diário está relacionado à execução de maneira eficiente destas funções. Uma primeira dica valiosa: os CFO que têm background em disciplinas mais tradicionais de finanças tendem a passar mais tempo nessa área do que em outras, algo a ser monitorado com frequência.

O segundo bloco de alocação de tempo está associado à gestão de stakeholders externos (auditores fiscais, auditores contábeis, bancos, consultores tributários) e à participação em fóruns de relacionamento com outros profissionais de finanças (como os do IBEF e os do IBGC). Empresas listadas na bolsa terão uma indexação maior nessa área, e determinadas fases de evolução de uma empresa (troca de liderança, lançamento de grandes projetos, abertura de capital) irão requerer mais atuação com pessoas e entidades fora da empresa. Fato é que, seja de maneira proativa ou reativa, a gestão dos relacionamentos externos faz parte do dia a dia do CFO atual.

O terceiro bloco da minha atuação é dedicado à gestão da comunicação da empresa com o Conselho de Administração e com os acionistas. Novamente, temos uma variabilidade grande dependendo da estrutura de capital da empresa e do nível de envolvimento dos acionistas em board com o dia a dia da companhia. No caso do Grupo OLX, que é uma joint venture de duas empresas estrangeiras, o contato com os times financeiros de fora é bastante constante. Além disso, com um conselho atuante e comitês efetivos, a comunicação e alinhamento com os vários membros é bem frequente.

O quarto bloco, talvez seja o mais importante e que exige uma série de skills não financeiros, é o gerenciamento de questões relativas às pessoas, incluindo análise de performance, feedbacks, orientações, coach, mentoria, contratações, desligamentos etc.. Por mais que seja clichê, ter um time engajado e efetivo é o primeiro e mais importante passo na trajetória de um líder de sucesso. E aqui não tem segredo nenhum, é preciso uma dedicação grande de tempo para ter certeza de que a companhia tem as pessoas certas nas posições mais críticas e que todos estão bem instrumentalizados para realizar as entregas.

Por fim, o meu último grande bloco de atuação, e com certeza o maior em termos de dedicação de tempo, é a gestão do negócio propriamente dito. A participação em comitês de gestão, reuniões de trabalho, liderança em projetos estratégicos, contato com clientes e fornecedores relevantes, elaboração de planejamento estratégico, entre muitas outras, são essenciais para o entendimento da performance da empresa e para a análise da alocação de recursos, de modo a assegurar que estejamos andando no caminho certo, rumo a crescimento e a aumento de lucratividade. Aqui uma dica valiosa para os CFOs com background não tradicional em finanças – observe se você passa mais tempo nesse bloco do que deveria.

Se no passado o CFO tinha uma atuação muito mais voltada para o escopo operacional da área financeira, hoje a expectativa é diferente e muito mais ampla. O alinhamento com CEO e conselho sobre a atuação do CFO é muito importante e o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos fora das rotinas de finanças é fundamental. No meu dia a dia, busco ter uma atenção grande sobre como o meu tempo está alocado para ter certeza de que estou cobrindo adequadamente todos os grandes itens.

*Guilherme Carvalho é CFO do Grupo OLX no Brasil desde agosto de 2023, após ter passado mais de 10 anos atuando em áreas financeiras fora do Brasil.

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Guilherme Carvalho*

No passado, o CFO, ou diretor financeiro, era aquele profissional com um escopo restrito, responsável pelo controle das contas da empresa. Hoje, as expectativas que recaem sobre a atividade do CFO são mais amplas, e vão além de contabilidade, gerenciamento de caixa e pagamento de contas. O jogo mudou drasticamente nesse sentido. Mais do que supervisionar todas as atividades relacionadas às finanças, o CFO atua em conjunto com o CEO e os outros integrantes do time executivo na definição de estratégias de negócio e é co-responsável pelo desempenho financeiro e operacional da companhia.

Com o jogo sendo diferente, a receita de sucesso dos profissionais do passado não será útil ou até mesmo apropriada para o CFO de hoje e do futuro. Pensando em profissionais que estão chegando em cadeiras de liderança em finanças, acho produtivo dividir um pouco da minha rotina e de como aloco o meu tempo nesse novo modelo de responsabilidades mais amplas para o CFO. Nesse sentido, divido minha atuação em cinco grandes blocos que não estão sequenciados por importância:

O primeiro deles é voltado para a administração das funções financeiras da companhia, dentre elas contabilidade, tesouraria, contas a pagar e receber, tributário e planejamento financeiro. O batimento de bumbo diário está relacionado à execução de maneira eficiente destas funções. Uma primeira dica valiosa: os CFO que têm background em disciplinas mais tradicionais de finanças tendem a passar mais tempo nessa área do que em outras, algo a ser monitorado com frequência.

O segundo bloco de alocação de tempo está associado à gestão de stakeholders externos (auditores fiscais, auditores contábeis, bancos, consultores tributários) e à participação em fóruns de relacionamento com outros profissionais de finanças (como os do IBEF e os do IBGC). Empresas listadas na bolsa terão uma indexação maior nessa área, e determinadas fases de evolução de uma empresa (troca de liderança, lançamento de grandes projetos, abertura de capital) irão requerer mais atuação com pessoas e entidades fora da empresa. Fato é que, seja de maneira proativa ou reativa, a gestão dos relacionamentos externos faz parte do dia a dia do CFO atual.

O terceiro bloco da minha atuação é dedicado à gestão da comunicação da empresa com o Conselho de Administração e com os acionistas. Novamente, temos uma variabilidade grande dependendo da estrutura de capital da empresa e do nível de envolvimento dos acionistas em board com o dia a dia da companhia. No caso do Grupo OLX, que é uma joint venture de duas empresas estrangeiras, o contato com os times financeiros de fora é bastante constante. Além disso, com um conselho atuante e comitês efetivos, a comunicação e alinhamento com os vários membros é bem frequente.

O quarto bloco, talvez seja o mais importante e que exige uma série de skills não financeiros, é o gerenciamento de questões relativas às pessoas, incluindo análise de performance, feedbacks, orientações, coach, mentoria, contratações, desligamentos etc.. Por mais que seja clichê, ter um time engajado e efetivo é o primeiro e mais importante passo na trajetória de um líder de sucesso. E aqui não tem segredo nenhum, é preciso uma dedicação grande de tempo para ter certeza de que a companhia tem as pessoas certas nas posições mais críticas e que todos estão bem instrumentalizados para realizar as entregas.

Por fim, o meu último grande bloco de atuação, e com certeza o maior em termos de dedicação de tempo, é a gestão do negócio propriamente dito. A participação em comitês de gestão, reuniões de trabalho, liderança em projetos estratégicos, contato com clientes e fornecedores relevantes, elaboração de planejamento estratégico, entre muitas outras, são essenciais para o entendimento da performance da empresa e para a análise da alocação de recursos, de modo a assegurar que estejamos andando no caminho certo, rumo a crescimento e a aumento de lucratividade. Aqui uma dica valiosa para os CFOs com background não tradicional em finanças – observe se você passa mais tempo nesse bloco do que deveria.

Se no passado o CFO tinha uma atuação muito mais voltada para o escopo operacional da área financeira, hoje a expectativa é diferente e muito mais ampla. O alinhamento com CEO e conselho sobre a atuação do CFO é muito importante e o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos fora das rotinas de finanças é fundamental. No meu dia a dia, busco ter uma atenção grande sobre como o meu tempo está alocado para ter certeza de que estou cobrindo adequadamente todos os grandes itens.

*Guilherme Carvalho é CFO do Grupo OLX no Brasil desde agosto de 2023, após ter passado mais de 10 anos atuando em áreas financeiras fora do Brasil.

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