(Karin Salomão/Exame)
Redação Exame
Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 15h42.
*Anita Scal e Felipe Ribeiro
Por definição, empreendimentos multifamily são propriedades residenciais compostas por múltiplas unidades habitacionais, todas pertencentes a um único proprietário ou entidade, destinadas exclusivamente à locação. Esse modelo é amplamente consolidado nos Estados Unidos, representando a maior classe de ativos dentro dos Fundos de Investimento Imobiliário (REITs) americanos.
Apesar da relevância nos Estados Unidos, o conceito tem ganhado destaque no cenário imobiliário brasileiro apenas recentemente. De acordo com dados da SiiLA, o mercado de locação residencial para renda no Brasil deve crescer 31,5% em número de unidades até agosto de 2025. Atualmente, o país possui aproximadamente 9,2 mil apartamentos nesse modelo, sendo que 30% foram entregues nos últimos 12 meses, e outras 2,9 mil unidades estão previstas para serem disponibilizadas dentro de um ano.
Quando olhamos com o viés da demanda, no Brasil, 21,1% dos domicílios no país eram alugados no ano de 2022, um aumento significativo em relação aos 18,5% de 2016, segundo dados do IBGE. Esse crescimento reflete o crescimento na busca por moradias de qualidade, especialmente em mercados urbanos dinâmicos.
Nos Estados Unidos, o mercado multifamily é altamente desenvolvido e representa a maior classe de ativos em termos de investimento em imóveis comerciais. A indústria existe há mais de 100 anos, com diversas instituições financeiras e companhias focadas nesse setor.
Cerca de 40% da população vive em moradias locadas, com as propriedades “multifamily” movimentando mais de US$ 3,5 bilhões diariamente na economia norte-americana (US$ 1,3 trilhão/ano) e empregando mais de 12,3 milhões de trabalhadores, resultado de mais de 14,5 milhões de unidades multifamiliares espalhadas nas áreas metropolitanas, segundo números sobre o mercado de Real Estate nos Estados Unidos levantados pela XP em parceria com a CONTI.
O gráfico abaixo ilustra a participação do setor entre os diferentes segmentos dos Fundos de Investimento Imobiliário nos EUA. Observa-se que o multifamily responde por 18% do mercado, totalizando aproximadamente US$ 3 trilhões, quase o dobro do setor Industrial/Logístico, que representa 10%. No Brasil, as residências para locação ainda representam menos de 1% do mercado de Fundos Imobiliários, evidenciando um potencial significativo de crescimento e oportunidades para expansão desse segmento.
Entre os principais elementos para a robustez do setor, podemos citar:
São Paulo destaca-se como o principal mercado para empreendimentos multifamily no Brasil, representando aproximadamente 90% do total da oferta disponível, com a cidade atraindo profissionais, estudantes e famílias que buscam moradias próximas a centros comerciais e empresariais. A escassez de terrenos e a verticalização acentuada nesses centros indicam ainda uma tendência de valorização dos imóveis.
Em resumo, tratamos os fatores abaixo como os principais indicadores para impulsionar o mercado:
Além das questões estruturais que ratificam a força do setor como um investimento de longo prazo, em uma janela mais curta e com cenário de taxa de juros elevada no país, comprar um imóvel acaba ficando em segundo plano e, em alguns casos, impraticável às famílias. Sendo a moradia um item essencial a todos, o aluguel passa a ser uma decisão natural, trazendo resiliência para o investimento mesmo em tempos de crises macroeconômicas.
Diante do cenário atual, os empreendimentos multifamily no Brasil e principalmente em São Paulo representam uma oportunidade promissora para investidores que buscam aliar rentabilidade e segurança. A combinação de fatores demográficos, econômicos e governamentais cria um ambiente favorável para o desenvolvimento e expansão desse modelo no mercado imobiliário brasileiro.
Por acreditar no desenvolvimento do mercado, a Rio Bravo faz a gestão de um dos fundos pioneiros do mercado, o Rio Bravo Renda Residencial (RBRS11), proprietário de mais de 300 unidades residenciais na cidade de São Paulo, em regiões nobres como a Vila Mariana, Moema e Paraíso.
Após período de estabilização das operações do fundo, todos os empreendimentos iniciaram o ano com operações positivas e com perspectivas de melhora operacional em 2025.
* Anita Scal, sócia e diretora de Investimentos Imobiliários da Rio Bravo e Felipe Ribeiro, gestor de fundos da Rio Bravo Investimentos