Ex MachinAI - Redefinindo o Impossível
Segundo Daniel Kahneman, Nobel de Economia, IA aprende mais rápido, analisa mais elementos e será capaz de tomar decisões melhores do que qualquer CEO
Colunista
Publicado em 8 de maio de 2023 às 11h14.
Recentemente eu voltei a assistir ao filme “Ex-Machina: Instinto Artificial”, escrito e dirigido por Alex Garland, em sua estreia como diretor. A película, lançada originalmente em 2014, conta a história do jovem programador Caleb, que ganha um concurso forjado e recebe como prêmio a oportunidade de testar um protótipo de inteligência artificial criado por Nathan, seu chefe, um brilhante, excêntrico e recluso bilionário. Mas conforme os testes progridem, Caleb descobre que essa inteligência artificial é tão sofisticada e imprevisível, que ele não sabe mais em quem confiar, no seu CEO ou na máquina. A obra é mais uma versão do desejo do ser-humano de brincar de Deus, criando um ser artificial à sua imagem e semelhança. Lembro-me que, quando assisti a esse filme pela primeira vez quase 10 anos atrás, ele não chamou muito a minha atenção. Minha recordação era a de uma envolvente trama de ficção, mas com uma história tão surreal, que acabou não me marcando, como desta vez marcou. Voltando agora de duas das principais Conferências do ecossistema Tech – a Brazil at Silicon Valley na California e o Web Summit no Rio de Janeiro – onde o tema Inteligência Artificial (IA) foi onipresente na maioria dos principais painéis, tenho uma leitura completamente diferente do filme e vejo que às vezes a ficção pode se tornar realidade.
Em 1950, o cientista Alan Turing criou um famoso teste, que acabou levando seu nome como homenagem. O Teste de Turing formou as bases do que chamamos hoje de IA, ao testar a capacidade de uma máquina exibir comportamento similar ao de um humano. O teste é caracterizado por uma conversa entre um ser humano e uma máquina por alguns minutos. Se ao término da interação a pessoa não perceber que sua contraparte não era humana, o computador passa no teste. No filme, Ava (a robô humanóide) passou assustadoramente com louvor e, na vida real, em dezembro de 2022, o ChatGPT, tema da minha última coluna, tornou-se o segundo chatbot a também passar no teste, de acordo com Max Woolf, cientista de dados do BuzzFeed.
A inteligência artificial generativa está sendo considerada uma daquelas invenções capazes de mudar o rumo da humanidade, assim como foi a internet. Mas por quê? Até hoje, a IA convencional era capaz de executar tarefas específicas, uma vez que fosse programada para isso. Já a IA generativa é capaz de criar algo novo e inesperado. Ela é uma tecnologia que permite que um computador crie um conteúdo original, como imagens (lembra do Papa com casaco de neve?), texto (experimenta pedir para o Chat GPT escrever um post para você), música ou até mesmo vídeos. O potencial é realmente impressionante. Segundo Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, a IA aprende mais rápido, analisa mais elementos e, em breve, será capaz de tomar decisões melhores do que qualquer CEO.
Revolução
A democratização do uso desta tecnologia será uma revolução nos negócios e no jeito de trabalhar tão grande quanto foi a revolução da mobilidade, trazendo um milhão de oportunidades para quem quiser empreender. Hoje, por exemplo, quando acesso algum chatbot, eu vou direto no botão “Falar com humano”, porque é difícil interagir com o computador. Certamente isso irá mudar. Como costuma-se dizer no Vale: “A maioria das pessoas superestima o que ela poderá fazer em um ano e subestima o que poderá fazer em uma década”.
Naturalmente a IA também traz muitos riscos e preocupações. Quando você vê o vídeo Deep fake do Obama ou mesmo o Geoffrey Hinton, ex-chefe de IA do Google, pedindo demissão afirmando que “Estas coisas terão aprendido conosco, lendo todos os romances que já existiram e tudo o que Maquiavel já escreveu, sobre como manipular as pessoas. Mesmo que não possam puxar as alavancas diretamente, certamente poderão fazer com que nós as puxemos”, você fica preocupado. Lembra do final do Ex-Machina (sem Spoiler, vai ter que assistir para saber)? Qualquer semelhança aqui, não parece ser uma mera coincidência.
Depois de tudo que vi e ouvi nestas últimas 2 semanas, tenho hoje uma forte convicção de que o Brasil deveria investir em uma política nacional para melhor aproveitar e estimular o uso da IA, promovendo um ambiente favorável ao empreendedorismo e à inovação, investindo em pesquisa e educação para garantir nossa competitividade em termos globais.
Steve Jobs costumava chamar os computadores de “bicicletas para a mente”, porque eles ampliam drasticamente nossas habilidades. É uma bela analogia. Mas se os computadores são a bicicleta para a mente, seria a inteligência artificial generativa um foguete? Assim como um foguete é capaz de levar as pessoas a lugares inimagináveis, a IA tem o potencial de expandir nossas capacidades criativas e transformar a forma como criamos, compartilhamos e consumimos conteúdo. Mas, assim como um foguete, ela também precisa ser cuidadosamente projetada e monitorada para evitar riscos e danos. Afinal, a exploração do espaço pode nos levar a novas fronteiras, mas também pode trazer desafios e incertezas. É importante que nos mantenhamos atentos e engajados em uma discussão franca e ética sobre o uso da inteligência artificial generativa, de modo a garantir que ela seja uma ferramenta para o progresso humano e não uma ameaça. Afinal, quero ter sempre o conforto e a tranquilidade de poder desligar o meu dispositivo, como faço diariamente lá em casa com um sonoro: “Alexa, boa noite”.
Recentemente eu voltei a assistir ao filme “Ex-Machina: Instinto Artificial”, escrito e dirigido por Alex Garland, em sua estreia como diretor. A película, lançada originalmente em 2014, conta a história do jovem programador Caleb, que ganha um concurso forjado e recebe como prêmio a oportunidade de testar um protótipo de inteligência artificial criado por Nathan, seu chefe, um brilhante, excêntrico e recluso bilionário. Mas conforme os testes progridem, Caleb descobre que essa inteligência artificial é tão sofisticada e imprevisível, que ele não sabe mais em quem confiar, no seu CEO ou na máquina. A obra é mais uma versão do desejo do ser-humano de brincar de Deus, criando um ser artificial à sua imagem e semelhança. Lembro-me que, quando assisti a esse filme pela primeira vez quase 10 anos atrás, ele não chamou muito a minha atenção. Minha recordação era a de uma envolvente trama de ficção, mas com uma história tão surreal, que acabou não me marcando, como desta vez marcou. Voltando agora de duas das principais Conferências do ecossistema Tech – a Brazil at Silicon Valley na California e o Web Summit no Rio de Janeiro – onde o tema Inteligência Artificial (IA) foi onipresente na maioria dos principais painéis, tenho uma leitura completamente diferente do filme e vejo que às vezes a ficção pode se tornar realidade.
Em 1950, o cientista Alan Turing criou um famoso teste, que acabou levando seu nome como homenagem. O Teste de Turing formou as bases do que chamamos hoje de IA, ao testar a capacidade de uma máquina exibir comportamento similar ao de um humano. O teste é caracterizado por uma conversa entre um ser humano e uma máquina por alguns minutos. Se ao término da interação a pessoa não perceber que sua contraparte não era humana, o computador passa no teste. No filme, Ava (a robô humanóide) passou assustadoramente com louvor e, na vida real, em dezembro de 2022, o ChatGPT, tema da minha última coluna, tornou-se o segundo chatbot a também passar no teste, de acordo com Max Woolf, cientista de dados do BuzzFeed.
A inteligência artificial generativa está sendo considerada uma daquelas invenções capazes de mudar o rumo da humanidade, assim como foi a internet. Mas por quê? Até hoje, a IA convencional era capaz de executar tarefas específicas, uma vez que fosse programada para isso. Já a IA generativa é capaz de criar algo novo e inesperado. Ela é uma tecnologia que permite que um computador crie um conteúdo original, como imagens (lembra do Papa com casaco de neve?), texto (experimenta pedir para o Chat GPT escrever um post para você), música ou até mesmo vídeos. O potencial é realmente impressionante. Segundo Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia, a IA aprende mais rápido, analisa mais elementos e, em breve, será capaz de tomar decisões melhores do que qualquer CEO.
Revolução
A democratização do uso desta tecnologia será uma revolução nos negócios e no jeito de trabalhar tão grande quanto foi a revolução da mobilidade, trazendo um milhão de oportunidades para quem quiser empreender. Hoje, por exemplo, quando acesso algum chatbot, eu vou direto no botão “Falar com humano”, porque é difícil interagir com o computador. Certamente isso irá mudar. Como costuma-se dizer no Vale: “A maioria das pessoas superestima o que ela poderá fazer em um ano e subestima o que poderá fazer em uma década”.
Naturalmente a IA também traz muitos riscos e preocupações. Quando você vê o vídeo Deep fake do Obama ou mesmo o Geoffrey Hinton, ex-chefe de IA do Google, pedindo demissão afirmando que “Estas coisas terão aprendido conosco, lendo todos os romances que já existiram e tudo o que Maquiavel já escreveu, sobre como manipular as pessoas. Mesmo que não possam puxar as alavancas diretamente, certamente poderão fazer com que nós as puxemos”, você fica preocupado. Lembra do final do Ex-Machina (sem Spoiler, vai ter que assistir para saber)? Qualquer semelhança aqui, não parece ser uma mera coincidência.
Depois de tudo que vi e ouvi nestas últimas 2 semanas, tenho hoje uma forte convicção de que o Brasil deveria investir em uma política nacional para melhor aproveitar e estimular o uso da IA, promovendo um ambiente favorável ao empreendedorismo e à inovação, investindo em pesquisa e educação para garantir nossa competitividade em termos globais.
Steve Jobs costumava chamar os computadores de “bicicletas para a mente”, porque eles ampliam drasticamente nossas habilidades. É uma bela analogia. Mas se os computadores são a bicicleta para a mente, seria a inteligência artificial generativa um foguete? Assim como um foguete é capaz de levar as pessoas a lugares inimagináveis, a IA tem o potencial de expandir nossas capacidades criativas e transformar a forma como criamos, compartilhamos e consumimos conteúdo. Mas, assim como um foguete, ela também precisa ser cuidadosamente projetada e monitorada para evitar riscos e danos. Afinal, a exploração do espaço pode nos levar a novas fronteiras, mas também pode trazer desafios e incertezas. É importante que nos mantenhamos atentos e engajados em uma discussão franca e ética sobre o uso da inteligência artificial generativa, de modo a garantir que ela seja uma ferramenta para o progresso humano e não uma ameaça. Afinal, quero ter sempre o conforto e a tranquilidade de poder desligar o meu dispositivo, como faço diariamente lá em casa com um sonoro: “Alexa, boa noite”.