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ChatGPT e revolução na forma de educar

Com o lançamento de ferramentas como o chatbot GPT, eu me pergunto como será a escola do futuro e como as crianças, serão impactadas?

ChatGPT  (Nikolas Kokovlis/NurPhoto/Getty Images)
ChatGPT (Nikolas Kokovlis/NurPhoto/Getty Images)
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Frederico Pompeu

Publicado em 9 de fevereiro de 2023 às, 20h27.

Eu sou pai de uma menina linda de 5 anos chamada Pietra, que estava eufórica para retornar à escola depois das férias. Assim que chegou em casa, ela veio me mostrar seus novos livros e falar sobre sua nova professora e as matérias que aprenderá neste ano. Enquanto a ouvia, pude sentir sua vontade de aprender cada vez mais e isso me fez refletir sobre como a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, está mudando a educação. Com o lançamento de ferramentas como o chatbot GPT, eu me pergunto como será a escola do futuro e como as crianças, serão impactadas? Estou animado para ver o que o futuro reserva para a educação e como ela se desenvolverá ao longo dos anos.

No tempo que eu frequentava o colégio, recordo-me da tensão que era decorar os livros de física para as temidas provas, ou mesmo as fórmulas de química para os inúmeros testes.

Tenho convicção que este processo me ajudou a construir o raciocínio lógico e minha maneira de pensar e criar soluções, mas fico pensando se a pequena Pietra apenas replicará a pergunta do teste para o Chat GPT, que utilizará a inteligência artificial para dar a melhor resposta possível para aquela pergunta? Nesse novo mundo que vivemos, faz sentido limitarmos o uso dessas ferramentas tão poderosas para avaliarmos os alunos através de questões que a inteligência artificial possa responder ou deveríamos repensar as cadeiras e matérias, de forma a estimulá-los em outras capacidades que poderão ser muito mais úteis do que a teoria mendeliana que aprendemos em Biologia no 3º ano?

Penso numa nova grade escolar onde as crianças possam aprender: “Como se relacionar e respeitar as pessoas?”, “Aprenda a lidar com dinheiro e a importância da poupança”, “Negociação e convencimento”, “A importância da persistência e da obstinação para superar desafios na vida”. As aulas e as provas poderiam ser baseadas em experiências pessoais ou estudos de caso (no melhor estilo Harvard), onde a inteligência artificial não conseguirá replicar sua experiência / aprendizado. Esses são apenas alguns exemplos de temas que ajudariam a formar não só um ótimo profissional, mas também o caráter dessa nova geração.

Recentemente, conversando com a Paula, CEO da Jobzi, uma startup que usa inteligência de dados para ajudar na contratação de pessoas por empresas, ela fez uma provocação interessante, que me fez parar para pensar. Fazendo um paralelo com a indústria fonográfica, a educação também pode estar passando por uma mudança estrutural. Veja bem, no passado, os músicos tinham que pensar numa sequência de, pelo menos, 12 músicas para lançar um CD, que a maioria das pessoas comprava para escutar uma ou duas músicas apenas. Hoje, eles sabem que podem focar no lançamento de singles, com um alcance muito maior através do Streaming ou das redes sociais (TikTok vem ganhando cada vez mais espaço neste quesito). Vindo para a educação, já pensou se a formação de um profissional deixasse de seguir uma grade engessada e pré-estabelecida para passar a ser construída através de competências individuais, que ele fosse selecionando (ou fosse forçado a selecionar pelo empregador) para aquela vaga que ele quer pleitear. Parece fazer sentido, concorda?

O Chat GPT (sigla para “Generative Pre-Trained Transformer” – algo como “Transformador pré-treinado generativo”) já pode ser considerado um dos maiores fenômenos da internet. Tendo alcançado mais de 1 milhão de usuários com menos de uma semana de lançamento, ele usa redes neurais e machine learning (aprendizado de máquina) para responder a questionamentos complexos de forma coesa. Ele é uma clara evolução da Siri e da Alexa, projetada para conversar com a pessoa de forma simples, usando feedbacks dos próprios usuários para fornecer respostas cada vez mais rápidas, precisas e inteligentes. Se você ainda não testou, eu recomendo. Você vai ver o quão poderosa é a ferramenta e te convido a pensar se fez sentido você passar meses decorando a Equação de Gauss, no segundo grau.

Ah, e antes que me esqueça, o primeiro parágrafo foi escrito pelo Chat GPT. Mas ele nunca poderia ter escrito sobre minhas experiências no colégio ou feito a analogia da mudança na educação com a mudança da indústria musical. Por isso, ainda que tendo a certeza de que ele pode ser bastante útil, tenho a esperança de não perder a minha vaga como colunista da Exame.