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Mudanças climáticas, juventude e diversidade

Jovens lideranças trazem para a mesa uma importante questão quando falamos sobre mudanças climáticas: a diversidade

 (Leonhard Foeger/Reuters)
(Leonhard Foeger/Reuters)
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Francine Lemos

Publicado em 15 de junho de 2021 às, 20h15.

Por Francine Lemos

Qual o futuro da liderança empresarial? Qual o papel dos jovens profissionais em temas sensíveis como mudanças climáticas, diversidade, inclusão social e distribuição de renda? Como esses temas se relacionam? Mesmo com todos os percalços, o mundo evolui e, com ele, as pessoas, os processos e as próprias empresas. 

Nosso Planeta vem nos mostrando com clareza que atingimos um limite crítico em relação à utilização de seus recursos naturais. A necessidade de repensar o modelo econômico ganhou ainda mais urgência com a chegada de uma geração atenta a questões como sustentabilidade e justiça social, além do entendimento de que, somente a partir do princípio da interdependência conseguiremos sobreviver e conservar o meio ambiente. As novas gerações estão chegando às empresas, consumindo, empreendendo e também caminhando para assumir a liderança política. 

Uma das questões que está no centro da preocupação das novas gerações é aquela relacionada às mudanças climáticas. O planeta está aquecendo. As últimas duas décadas foram as mais quentes em mil anos e o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas indica um aumento da temperatura média global entre 1,8°C e 4,0°C, além de um crescimento do nível do mar na ordem de até 0,59 metros nos próximos 100 anos. 

Essas alterações podem comprometer espécies, alterar ciclos da natureza que comprometem a agricultura e tornar inviável a vida em algumas regiões, além de aumentarem o potencial de desastres naturais como enchentes e tsunamis. Os jovens são os principais interessados no tema justamente porque essa é uma questão que pode alterar (e até mesmo colocar em xeque) o futuro de sua própria existência. 

Não é por acaso que vemos um fenômeno como Greta Thunberg chamando atenção para o tema, mobilizando redes e grandes organizações mundiais por conta do movimento que ela gerou em seu país natal. Porém, estamos também ouvindo os jovens de países que não são ricos como a Suécia? Estamos atentos à periferia para saber seus anseios, entender sua realidade e encontrar formas de trazer as mudanças climáticas para a pauta nessas localidades? Pois, ao que tudo indica, são justamente essas pessoas que irão sofrer mais com os impactos das mudanças climáticas e elas não podem ficar fora da discussão.

Nossos jovens líderes estão atentos a esse tema e sabem da importância de gerar um debate diverso para que as soluções propostas sejam realistas, factíveis e benéficas para todos. É preciso agir rápido para mudar o cenário das mudanças climáticas e, para se ter mudanças com aderência, representatividade é essencial. 

Nesse próximo mês de julho, teremos uma importante amostra de como a diversidade e a liderança jovem podem contribuir para a criação de soluções mais alinhadas com demandas e especificidades da sociedade. No fim de julho, acontece o Y20 (Youth 20), evento que reúne delegados da União Europeia e dos 19 países com as maiores economias do mundo para que jovens articulem questões globais e proponham soluções que serão levadas a líderes mundiais do G20, em outubro. Entre esses jovens líderes, temos três jovens negras brasileiras: Amanda Costa, Juliana Degani e Lara Martins (essa última, Head de Relacionamentos do Sistema B Brasil).

Está na hora de ouvir os mais interessados no futuro e também as diferentes vozes para buscar soluções para as mudanças climáticas e outros problemas socioambientais. Se estamos propondo um modelo econômico mais inclusivo, diverso e atento ao seu entorno, temos que trabalhar esse conceito na base e também nos círculos de influência e de tomada de decisões. A transformação é feita de pessoas e está mais do que na hora de escutarmos o que nossas jovens lideranças têm a dizer e a propor.