(Peacefoo/Getty Images)
Florian Hagenbuch
Publicado em 26 de novembro de 2020 às 12h47.
Com a proximidade do fim do ano, multiplicam-se nas redes as postagens sobre como 2020 foi um ano desafiador e sobretudo longo - um dos últimos memes que vi no Instagram dizia, meio como um desabafo para aliviar o peso dos últimos tempos, que o mês de novembro já estaria durando inacreditáveis… cinco anos. Brincadeiras à parte, o fim de um ciclo nos ajuda a botar na ponta do lápis os aprendizados que tivemos e também a recobrar o fôlego e a nos estruturar para encarar o que teremos pela frente. É tempo de fazermos um balanço.
Relembremos, pois. A pandemia do coronavírus foi classificada pela Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) como a crise mais desafiadora que o mundo enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial. "Isso é muito mais que uma crise de saúde", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em relatório divulgado em abril. "O coronavírus está atacando as sociedades em sua essência." E estávamos apenas no início.
No campo pessoal, sem dúvida, a face mais sombria da Covid diz respeito às perdas das vidas de familiares, amigos, conhecidos, colegas de trabalho, sejam eles anônimos ou famosos. Hoje, passados nove meses desde o registro oficial do primeiro caso da doença no Brasil, em 26 de fevereiro, o país continua à espera da chegada da vacinação em massa para se livrar dessa triste realidade, bem como das máscaras e das regras de distanciamento social.
É preciso, mais do que nunca, ter paciência e resiliência. Passamos da marca de 6 milhões de casos no país, somando mais de 170 mil mortes. Em todo o mundo, estamos perto de atingir o patamar de 60 milhões de contaminados e 1,5 milhão de mortes, de acordo com dados da Universidade Jonns Hopkins.
Os abalos sócio-econômicos nos países varridos pela Covid só deverão ser integralmente conhecidos dentro de mais alguns anos - ou décadas. O mesmo pode ser dito em relação aos danos psicológicos sofridos pelas pessoas devido às pressões do confinamento, sejam elas ligadas a fatores emocionais ou práticos.
De fato, a rotina de todo mundo virou de cabeça para baixo. Mães, pais e filhos trabalhando e estudando sob o mesmo teto. Ou fora da escola e desempregados - segundo o IBGE, o Brasil fechou, em apenas um ano, 12 milhões de postos de trabalho e soma 14 milhões de desempregados. Há ainda aqueles que não puderam manter o distanciamento e têm que se arriscar nas ruas todos os dias por força do seu trabalho.
Ao pensarmos na nossa rotina profissional, hoje, nem parece que vivíamos uma outra realidade - e nem faz tanto tempo que tudo mudou. Há apenas oito meses, em uma sexta-feira, dia 13 de março, decidimos colocar os funcionários da Loft em esquema de trabalho remoto para zelar pela segurança deles e a de seus familiares. A mesma decisão foi tomada em diversas empresas. O home office, até então não tão comum no Brasil, cristalizou-se e faz parte do que se convencionou chamar de novo normal.
A reboque do home office, a frase “Sobrevivi a outra reunião que poderia ter sido um e-mail” também se tornou cada vez mais comum. Pudera. O cafezinho, as conversas de corredor, as reuniões presenciais, as ideias, insigths e projetos que brotam até mesmo após conversas informais e todas as trocas orgânicas entre a equipe foram substituídos por reuniões à distância. Resultado: o número de calls explodiu na mesma proporção em que o trabalho remoto se consolidou na rotina das empresas.
Neste caso, a tecnologia também compensou a ausência física. Aplicativos de reuniões, como Zoom e Google Meets, e de troca de mensagens, como Slack, tornaram-se ferramentas essenciais no cotidiano das companhias.
Claro que as interações fora desses apps também são importantes, mas há algumas regras simples que podem ajudar equipes a usar seu bem mais precioso - o tempo - de forma produtiva.
Em julho de 2019, muito tempo antes da pandemia, compartilhei com o time da Loft algumas dicas sobre isso, que se mostraram úteis naqueles tempos. E continuam válidas. Vamos a elas?
Foco. Toda reunião deve ter uma decisão a ser tomada e um tomador de decisão. Do contrário, qual o motivo da reunião?
Tic-tac. O tempo padrão é de 30 minutos.
Prioridades. A maior parte dos assuntos a serem discutidos ou decisões a serem tomadas pode começar com uma boa troca no Slack ou por e-mail.
Menos é mais. Cinco pessoas por call e nada mais (exceção quando super necessário). Quanto mais gente, maiores as chances de uma conversa ser improdutiva.
É pra todo mundo ir? Certifique-se de que todos que estão no invite precisam, fundamentalmente, participar da reunião. A regra, claro, não se aplica a rituais de cultura ou happy hours da equipe.
Ata no invite. Deixe explícito o que será discutido durante a conversa no próprio convite da reunião. A ata deve conter: os temas a serem abordados; o que já foi estudado; e qual decisão precisa ser tomada antes de todo mundo desligar a câmera do computador. É sempre importante, também, especificar os to-dos de cada um antes de a reunião acabar.
Unidos pelo fim do "eu acho...". Estimule a equipe a aniquilar, o máximo possível, adjetivos e impressões pessoais. Números e dados tornam discussões mais ricas e certeiras e facilitam a tomada de decisão!
Sem atrasos. Cinco minutos deve ser o máximo de tolerância para atrasos. Mesmo que a pessoa atrasada seja a tomadora de decisão, não faz sentido que o time espere eternamente alguém chegar/entrar na sala do Zoom. Uma reunião atrasada é gatilho para outras reuniões atrasadas, gera um efeito cascata.
É claro que colocar essas regras em prática exige um bocado de disciplina. E, de fato, não é todo mundo - ou quase ninguém - que tem vontade de ser "o(a) chato(a)" que cronometra o tempo das conversas entre a equipe. Mas o esforço vai valer à pena.
Em um momento no qual as fronteiras entre trabalho e vida pessoal estão tão tênues, é importante incentivar comportamentos e atitudes como esses. Dessa forma, todo mundo vai poder usar seu bem mais precioso - o tempo, repito - da melhor forma.
Espero ter contribuído de alguma maneira na organização da sua rotina nesses dias pandêmicos. E você, o que faz para tornar suas reuniões mais produtivas? Lápis e papel em mãos. E que venha 2021.