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No mundo pós-pandemia, a América Latina lidera o caminho da transformação digital

Salas de cinema foram substituídas por streamings, idas a barzinhos impulsionaram o delivery, e o e-commerce ficou mais frequente

Os comportamentos mais consolidados são exceção no cenário global (Henrik Sorensen/Getty Images)
Os comportamentos mais consolidados são exceção no cenário global (Henrik Sorensen/Getty Images)
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Florian Hagenbuch

Publicado em 28 de setembro de 2022 às, 15h13.

Última atualização em 29 de setembro de 2022 às, 18h46.

Um meme circulando na internet traz uma reflexão sobre como o processo de digitalização afeta não só o mercado, como todo o comportamento de uma sociedade: "Essa loja não aceita Pix, vou ter que pagar com cartão físico, como faziam os incas”.

Para quem não lembra das aulas de História, os incas foram a ‘pré-civilização’ colombiana, que vivia nos Andes nos anos de 4.500 A.C. Se você ainda não é gabaritado em humor de web, explico o paralelo: os comércios que não aderiram ao Pix estão arcaicos como essa civilização que não existe há, literalmente, milhares de anos.

O pix é apenas um dos exemplos. O isolamento da pandemia catalisou o boom tech em toda a América Latina. Salas de cinema foram substituídas por streamings, idas a barzinhos e restaurantes impulsionaram o mercado de delivery, e as compras pelo e-commerce ficaram mais inteligentes e variadas, com plataformas que atendem também os comerciantes de bairro.

Os comportamentos mais consolidados são exceção no cenário global. Para ilustrar: no início de 2022, a participação do online no total de vendas de varejo nos EUA havia retornado à tendência histórica pré-pandemia. Empresas como Shopify, queridinha de Wall Street, cortaram milhares de funcionários, com uma correção da expectativa criada nos últimos dois anos.

Já no extremo sul da fronteira, no Brasil, os ganhos totais de participação online no setor mantiveram a curva. A penetração do e-commerce no país chegou no fim do ano a um patamar cerca de três anos à frente do que a tendência histórica indicaria, de acordo com o novo relatório de transformação digital publicado pelo fundo de venture capital Atlantico.

No setor de alimentação, empresas como o gigante iFood reforçam a solidez da aceleração digital na pandemia, registrando um crescimento de 72% desde abril de 2020.

O segmento financeiro, um dos mais tradicionais, assiste à consolidação de fintechs e bancos 100% digitais, como o Nubank e seus mais de 60 milhões de clientes. Em seu aniversário de um ano, em novembro de 2021, o Pix atingiu a marca de 348 milhões de chaves cadastradas e 1.6 bilhão de transações, movimentando R$ 4 trilhões na economia brasileira. Setores como educação e medicina também mostraram uma curva de digitalização consistente.

Após o pico de investimento em 2021, o funding nos dois primeiros trimestres de 2022 na região sofreu uma redução de 40%, mas se mostrou em linha com os números de 2020 e 2019.
Mesmo com o mercado em um momento desafiador, o potencial é grande. O índice de transformação digital brasileira é de 3%, de acordo com o Atlantico. A possibilidade de criação de valor na região se aproxima de US$ 1 trilhão se comparado à China, e supera US$ 3 trilhões em relação aos Estados Unidos. Estamos nos aproximando de uma potência tech cada vez mais.

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