Exame.com
Continua após a publicidade

A inteligência artificial é útil para você?

A boa notícia é que, caso você esteja no time dos que ainda não encontraram utilidade real para a IA na sua rotina ou empresa, você não está sozinho

IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images)
IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images)

Dependendo da sua área de atuação e do mercado em que está inserido, é possível que você não passe um dia sem testar ou falar sobre uma nova ferramenta de Inteligência Artificial (IA). Pode ser também que você se sinta pressionado a usar essa tecnologia, ainda que você não saiba muito bem o que fazer com ela.

+ Uma startup da qual você nunca ouviu falar pode virar a indústria de software de cabeça para baixo

A boa notícia é que, caso você esteja no time dos que ainda não encontraram utilidade real para a IA na sua rotina ou empresa, você não está sozinho. Profissionais respeitados como Benedict Evans, investidor de empresas de tecnologia, já levantaram esse debate. Afinal, onde estão os grandes casos de uso de IA?

É claro que algumas profissões já fazem bom uso de modelos de linguagem natural lançados nos últimos dois anos. Vejo times de Marketing usando IA Generativa para brainstorming ou para gerar o primeiro rascunho de um texto, assim como observo programadores criando códigos em um tempo muito menor do que há cinco anos.

Mas o ponto de Evans e outros, e que quero explorar aqui, é: quão longe estamos do lançamento de um killer app em Inteligência Artificial?

+ OpenAI: a demissão de Altman e a importância das estruturas de governança

Em seu artigo sobre o tema, e que me inspirou a escrever este texto, Benedict Evans compara o estágio atual das IAs Generativas com os primeiros anos dos computadores pessoais. É como se todos reconhecessem que estamos, mais uma vez, diante de uma tecnologia impressionante, embora ainda não esteja evidente como ela pode ser aproveitada pela maioria das pessoas.

O primeiro killer app que tivemos, o Google e Evans me lembram, foi o Visicalc, a primeira planilha eletrônica, criada para o Apple II. A Visicalc mexeu o ponteiro. Era um programa tão superior aos que existiam até então que aumentou a compra desse modelo específico de computador. Independentemente do preço, todos queriam usar a ferramenta capaz de fazer uma semana de cálculo em algumas horas.

Com o tempo, foram criadas outras tantas aplicações igualmente transformadoras, como processadores de texto e imagem, e o computador se tornou um item quase indispensável para todo tipo de profissional.

Personalidades como Bill Gates dizem que a IA é revolucionária justamente porque não precisamos criar um software para cada tarefa que desejamos completar, como foi no passado. Que não precisamos ter um único propósito nas aplicações, mas sim ferramentas generalistas, que podem fazer qualquer coisa.

O fato é que ainda precisamos ver esses casos de uso. Hoje, o principal contato que muitos de nós temos com Inteligência Artificial é a solidão de digitar um comando ou pergunta em uma tela em branco que lembra, em algum grau, o MS-DOS.

Como investidor, tenho o privilégio de estar em contato, quase que diariamente, com pessoas que estão trabalhando muito para construir esses casos de uso e vencer a corrida pelo próximo killer app. Torço muito para que o vencedor venha do Brasil.

Nessas andanças, conheci soluções como a brasileira Magie, cuja proposta é ser um "banco" dentro do WhatsApp. Gratuita, essa ferramenta é uma conta inteligente que entende áudio, escrita ou imagens e executa, sozinha, pagamentos e agendamentos de Pix e boletos. Também responde saldo da conta, fornece extrato e responde toda e qualquer dúvida sobre seu funcionamento. Tudo isso usando modelos de linguagem com IA, sem usar um app. A Canary, fundo Venture de Capital do qual sou cofundador, fez um aporte seed na Magie.

Talvez ainda sejam necessários alguns anos para que a Inteligência Artificial, assim como aconteceu com os computadores pessoais, amadureça e se torne indispensável para um número cada vez maior de pessoas. A única certeza que podemos ter é que ainda há muito a ser explorado e construído.