Um guia para investir em 2021 – e não para prever 2021
Procure analisar o que acontecerá nas empresas, e não na economia ou nos mercados
Karina Souza
Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 06h19.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2021 às 12h57.
Quando comecei minha carreira no mercado financeiro há 30 anos, eu acreditava que era possível ter uma boa previsibilidade do futuro. Na ingenuidade e animação dos 20 anos, quanto mais curto o prazo, mais eu achava que saberia o que ia acontecer. Eu montava um portfolio de ações para um cenário que eu tinha certeza que se realizaria. Tudo muito bem estudado e preparado. Pura ilusão.
As previsões do investidor podem até chegar perto do que realmente vai acontecer na economia. Mas daí para acertar o que acontecerá nos mercados será provavelmente pura sorte. Os tais “mercados” são compostos por milhares de pessoas, cada uma com suas opiniões e idiossincrasias. Mesmo assim, a maioria dos investidores tenta ter uma opinião e fazer as suas apostas, principalmente no final de cada ano.
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Chegamos ao final de 2020, hora de aprender com o que vivemos neste ano e tentar ter alguma visibilidade do que pode acontecer em 2021. O que aprendi em 2020?
1 - Este ano foi muito difícil para todos, e tristemente a desigualdade social aumentou. Porém, felizmente assuntos como distribuição de renda, racismo e diversidade voltaram à pauta.
2 - Quando a humanidade toda se une contra um inimigo em comum, neste caso um vírus, coisas incríveis acontecem. A velocidade da criação de vacinas foi surpreendente. A ciência está de parabéns.
3 - Nunca subestime a capacidade de adaptação do empreendedor. Quando parecia que a economia iria parar, empresas e empreendedores se adaptaram, foram criativos e acharam novas maneiras de gerar valor. Quem se focou em resolver uma “dor do cliente” durante este novo cenário teve mais chance de se sair melhor.
4 - Liderança faz diferença. Nas horas de crise é que se percebe a diferença que um bom líder faz. “Colocar a bola no chão”, dar o exemplo, pensar no bem-estar físico e mental dos funcionários, dar um norte para a empresa, liderar a tropa e “mostrar a cara” para os colaboradores e clientes foram ações que fizeram a diferença em 2020. É mais fácil ser líder quando tudo está bem. Nas crises é que crescemos.
5 - Esteja preparado e atento às transformações de modelo de negócios. Empresas que já estavam avançadas na transformação digital foram muito mais ágeis em atender os clientes em novos canais e recuperar vendas. A mensagem dos clientes foi clara: “me ofereça o melhor preço com a melhor conveniência, me poupe tempo e dinheiro”.
6 - Os resultados das principais empresas abertas, com destaque para terceiro trimestre, estão bem acima do que se esperava. Quem pode se adaptou, cortou custos e achou novas maneiras de aumentar a receita. Novamente, não subestime o senso de sobrevivência e a adaptabilidade dos empresários e seus colaboradores.
7 - Felizmente terminaremos o ano em um nível do Ibovespa mais alto do que as expectativas de março e abril. O mercado americano também desempenhou muito bem, especialmente as empresas de tecnologia. Foram necessários 42 anos para a Apple atingir um valor de mercado de um trilhão de dólares mas apenas 20 semanas para sair de um trilhão para dois trilhões (de março a agosto deste ano). O ditado popular diz: “não há bem que nunca acabe, nem mal que sempre dure”.
Está claro que o ano de 2020 foi impossível de prever. Teremos mais sorte nas previsões para 2021?
Se você, investidor, quiser ter um melhor índice de acertos, procure analisar o que acontecerá nas empresas, e não na economia ou nos mercados. É menos dificil prever os resultados de médio-prazo da Localiza ou B3 por exemplo, que continuarão líderes em seus setores, do que a inflação ou o nível do Ibovespa.
Eu não sei em que situação o Brasil estará em 5 anos (torcendo e trabalhando para que continue evolindo), porém acredito que a Natura, Stone, Localiza entre outras empresas líderes estarão mais fortes e com lucros maiores. No final do dia, os preços das ações acompanham os lucros. Se os lucros crescerem no médio-prazo o investidor deve ter um retorno decente, principalmente se não pagar caro demais pelas ações.
Com o ambiente de juros baixos mantido e a economia se recuperando lentamente em um cenário de abrandamento da pandemia com início da vacinação, o fluxo para o mercado de ações deve continuar forte. O ambiente de aberturas de capital e fusões e aquisições também estará muito aquecido. Teremos várias surpresas positivas e muitas negativas em 2021.
A melhor estratégia é montar um portfólio de boas empresas que deve ter retornos muito interessantes nos próximos três anos. Não esqueça que teremos ainda muita volatilidade pela frente. Como diz Warren Buffett: “Faça como Noé, não tente prever o tempo, o melhor é construir a arca”.
Quando comecei minha carreira no mercado financeiro há 30 anos, eu acreditava que era possível ter uma boa previsibilidade do futuro. Na ingenuidade e animação dos 20 anos, quanto mais curto o prazo, mais eu achava que saberia o que ia acontecer. Eu montava um portfolio de ações para um cenário que eu tinha certeza que se realizaria. Tudo muito bem estudado e preparado. Pura ilusão.
As previsões do investidor podem até chegar perto do que realmente vai acontecer na economia. Mas daí para acertar o que acontecerá nos mercados será provavelmente pura sorte. Os tais “mercados” são compostos por milhares de pessoas, cada uma com suas opiniões e idiossincrasias. Mesmo assim, a maioria dos investidores tenta ter uma opinião e fazer as suas apostas, principalmente no final de cada ano.
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Chegamos ao final de 2020, hora de aprender com o que vivemos neste ano e tentar ter alguma visibilidade do que pode acontecer em 2021. O que aprendi em 2020?
1 - Este ano foi muito difícil para todos, e tristemente a desigualdade social aumentou. Porém, felizmente assuntos como distribuição de renda, racismo e diversidade voltaram à pauta.
2 - Quando a humanidade toda se une contra um inimigo em comum, neste caso um vírus, coisas incríveis acontecem. A velocidade da criação de vacinas foi surpreendente. A ciência está de parabéns.
3 - Nunca subestime a capacidade de adaptação do empreendedor. Quando parecia que a economia iria parar, empresas e empreendedores se adaptaram, foram criativos e acharam novas maneiras de gerar valor. Quem se focou em resolver uma “dor do cliente” durante este novo cenário teve mais chance de se sair melhor.
4 - Liderança faz diferença. Nas horas de crise é que se percebe a diferença que um bom líder faz. “Colocar a bola no chão”, dar o exemplo, pensar no bem-estar físico e mental dos funcionários, dar um norte para a empresa, liderar a tropa e “mostrar a cara” para os colaboradores e clientes foram ações que fizeram a diferença em 2020. É mais fácil ser líder quando tudo está bem. Nas crises é que crescemos.
5 - Esteja preparado e atento às transformações de modelo de negócios. Empresas que já estavam avançadas na transformação digital foram muito mais ágeis em atender os clientes em novos canais e recuperar vendas. A mensagem dos clientes foi clara: “me ofereça o melhor preço com a melhor conveniência, me poupe tempo e dinheiro”.
6 - Os resultados das principais empresas abertas, com destaque para terceiro trimestre, estão bem acima do que se esperava. Quem pode se adaptou, cortou custos e achou novas maneiras de aumentar a receita. Novamente, não subestime o senso de sobrevivência e a adaptabilidade dos empresários e seus colaboradores.
7 - Felizmente terminaremos o ano em um nível do Ibovespa mais alto do que as expectativas de março e abril. O mercado americano também desempenhou muito bem, especialmente as empresas de tecnologia. Foram necessários 42 anos para a Apple atingir um valor de mercado de um trilhão de dólares mas apenas 20 semanas para sair de um trilhão para dois trilhões (de março a agosto deste ano). O ditado popular diz: “não há bem que nunca acabe, nem mal que sempre dure”.
Está claro que o ano de 2020 foi impossível de prever. Teremos mais sorte nas previsões para 2021?
Se você, investidor, quiser ter um melhor índice de acertos, procure analisar o que acontecerá nas empresas, e não na economia ou nos mercados. É menos dificil prever os resultados de médio-prazo da Localiza ou B3 por exemplo, que continuarão líderes em seus setores, do que a inflação ou o nível do Ibovespa.
Eu não sei em que situação o Brasil estará em 5 anos (torcendo e trabalhando para que continue evolindo), porém acredito que a Natura, Stone, Localiza entre outras empresas líderes estarão mais fortes e com lucros maiores. No final do dia, os preços das ações acompanham os lucros. Se os lucros crescerem no médio-prazo o investidor deve ter um retorno decente, principalmente se não pagar caro demais pelas ações.
Com o ambiente de juros baixos mantido e a economia se recuperando lentamente em um cenário de abrandamento da pandemia com início da vacinação, o fluxo para o mercado de ações deve continuar forte. O ambiente de aberturas de capital e fusões e aquisições também estará muito aquecido. Teremos várias surpresas positivas e muitas negativas em 2021.
A melhor estratégia é montar um portfólio de boas empresas que deve ter retornos muito interessantes nos próximos três anos. Não esqueça que teremos ainda muita volatilidade pela frente. Como diz Warren Buffett: “Faça como Noé, não tente prever o tempo, o melhor é construir a arca”.