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Ambiental, Social e Governança (ASG), você já está atrasado

ASG é uma moda passageira, coisa de “abraçador de árvore” ou algo que veio para ficar?

Queimadas: questão ambiental vem ganhando mais relevância nos processo dos investidores (UniversalImagesGroup / Colaborador/Getty Images)
VS

Victor Sena

Publicado em 14 de julho de 2020 às 09h30.

Em 30 anos como investidor raramente vi uma tendência de investimentos ganhar tanto interesse em tão pouco tempo como ASG neste ano (ESG em inglês). Nos últimos dois meses recebi mais ligações sobre o tema do que nos últimos dois anos. Em julho o tema ganhou a capa dos jornais quando vários investidores internacionais cobraram o governo brasileiro sobre questões ambientais, principalmente ligadas a Amazônia. Afinal, ASG é uma moda passageira, coisa de “abraçador de árvore” ou algo que veio para ficar?

A sigla ASG agrega três temáticas importantíssimas: questões ambientais, sociais e de governança. GOVERNANÇA sempre foi um assunto muito importante para a grande maioria dos Investidores brasileiros. O tema se refere, a grosso modo, como as relações entre os acionistas e os controladores são governadas.  Alguns critérios são:

A pergunta na pratica é se o controlador da empresa segue os melhores padrões éticos. Neste quesito o investidor deve procurar empresas que tem os interesses de todos acionistas alinhados.

O 2º tema, SOCIAL engloba as relações da empresa com seus colaboradores, clientes e comunidade. Alguns fatores avaliados são:

A forma como a empresa se relaciona com seus colaboradores é hoje um tema mais importante do que nunca. Em alguns setores há uma escassez de talentos no Brasil e as empresas vencedoras tem de ter uma proposta interessante para atrair as melhores pessoas. Empresas que não investem nas pessoas tendem a perder os melhores profissionais no longo-prazo. Diversidade também é um assunto muito relevante. Por exemplo, se fossemos montar um grupo para desenvolver um novo produto de consumo qual time teria insights mais interessantes? Um time somente com pessoas como eu, homens brancos de meia idade; ou um time mais diverso, que conhece melhor o público consumidor em geral? Diversidade é uma vantagem competitiva, não proselitismo.

Em relação ao assunto clientes,  tratá-los de forma justa parece óbvio, mas ainda há empresas que tentam “se dar bem”. No passado quando as barreiras de entrada nos negócios eram maiores, os consumidores não tinham muitas opções. Sofremos com serviços de taxi ruins em algumas cidades e não tínhamos muitas alternativas. Quando apareceu o Uber rapidamente muitos clientes abandonaram os taxis. Cobrar demais ou ter um serviço ruim pode funcionar enquanto não há concorrência, mas quando aparece uma alternativa os clientes vão embora. Faz todo sentido investir em companhias que tratam bem os clientes pois estas tem chance muito maior de serem longevas. Enfim, como investidor procure empresas que tratam de forma correta e justa seus colaboradores, consumidores e a sociedade.

Finalmente a questão AMBIENTAL vem ganhando mais relevância nos processo dos investidores. Não há dúvida de que o problema de aquecimento global existe e as empresas podem ser parte do problema (alta emissão carbono) ou parte da solução.

A vida das empresas que emitem elevados teores de carbono em seus processos será cada vez mais difícil. Não só os consumidores buscam empresas mais conectadas com questões ambientais, como os custos de ser poluente só vão aumentar (custos, taxas e impostos). Aspectos a se observar nas questões ambientais de empresas são:

Investidores sempre questionam se há um trade-off entre buscar empresas com as melhores práticas ASG e performance do portfólio. Minha experiência é que ações de empresas que se preocupam com a sociedade e meio-ambiente tem tido na média uma performance bem superior aos índices e as empresas com práticas consideradas abaixo da média. Os melhores investidores tem cada vez mais adota políticas ASG de seleção de ações e esta é uma tendência que só vai se acelerar. Quem não se adaptar e evoluir vai ficar para trás.

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Em 30 anos como investidor raramente vi uma tendência de investimentos ganhar tanto interesse em tão pouco tempo como ASG neste ano (ESG em inglês). Nos últimos dois meses recebi mais ligações sobre o tema do que nos últimos dois anos. Em julho o tema ganhou a capa dos jornais quando vários investidores internacionais cobraram o governo brasileiro sobre questões ambientais, principalmente ligadas a Amazônia. Afinal, ASG é uma moda passageira, coisa de “abraçador de árvore” ou algo que veio para ficar?

A sigla ASG agrega três temáticas importantíssimas: questões ambientais, sociais e de governança. GOVERNANÇA sempre foi um assunto muito importante para a grande maioria dos Investidores brasileiros. O tema se refere, a grosso modo, como as relações entre os acionistas e os controladores são governadas.  Alguns critérios são:

A pergunta na pratica é se o controlador da empresa segue os melhores padrões éticos. Neste quesito o investidor deve procurar empresas que tem os interesses de todos acionistas alinhados.

O 2º tema, SOCIAL engloba as relações da empresa com seus colaboradores, clientes e comunidade. Alguns fatores avaliados são:

A forma como a empresa se relaciona com seus colaboradores é hoje um tema mais importante do que nunca. Em alguns setores há uma escassez de talentos no Brasil e as empresas vencedoras tem de ter uma proposta interessante para atrair as melhores pessoas. Empresas que não investem nas pessoas tendem a perder os melhores profissionais no longo-prazo. Diversidade também é um assunto muito relevante. Por exemplo, se fossemos montar um grupo para desenvolver um novo produto de consumo qual time teria insights mais interessantes? Um time somente com pessoas como eu, homens brancos de meia idade; ou um time mais diverso, que conhece melhor o público consumidor em geral? Diversidade é uma vantagem competitiva, não proselitismo.

Em relação ao assunto clientes,  tratá-los de forma justa parece óbvio, mas ainda há empresas que tentam “se dar bem”. No passado quando as barreiras de entrada nos negócios eram maiores, os consumidores não tinham muitas opções. Sofremos com serviços de taxi ruins em algumas cidades e não tínhamos muitas alternativas. Quando apareceu o Uber rapidamente muitos clientes abandonaram os taxis. Cobrar demais ou ter um serviço ruim pode funcionar enquanto não há concorrência, mas quando aparece uma alternativa os clientes vão embora. Faz todo sentido investir em companhias que tratam bem os clientes pois estas tem chance muito maior de serem longevas. Enfim, como investidor procure empresas que tratam de forma correta e justa seus colaboradores, consumidores e a sociedade.

Finalmente a questão AMBIENTAL vem ganhando mais relevância nos processo dos investidores. Não há dúvida de que o problema de aquecimento global existe e as empresas podem ser parte do problema (alta emissão carbono) ou parte da solução.

A vida das empresas que emitem elevados teores de carbono em seus processos será cada vez mais difícil. Não só os consumidores buscam empresas mais conectadas com questões ambientais, como os custos de ser poluente só vão aumentar (custos, taxas e impostos). Aspectos a se observar nas questões ambientais de empresas são:

Investidores sempre questionam se há um trade-off entre buscar empresas com as melhores práticas ASG e performance do portfólio. Minha experiência é que ações de empresas que se preocupam com a sociedade e meio-ambiente tem tido na média uma performance bem superior aos índices e as empresas com práticas consideradas abaixo da média. Os melhores investidores tem cada vez mais adota políticas ASG de seleção de ações e esta é uma tendência que só vai se acelerar. Quem não se adaptar e evoluir vai ficar para trás.

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