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Colunista
Publicado em 13 de junho de 2025 às 20h20.
Bill Gates dispensa maiores apresentações. Cofundou a Microsoft em 1975, com apenas 20 anos de idade, tornando-a a maior desenvolvedora de software para computadores pessoais do mundo. Gates teve um papel fundamental na popularização do computador pessoal, com inovações como o MS-DOS e o Windows. Foi CEO da Microsoft até 2000 e, depois disso, passou a se dedicar às causas da saúde, da educação e ao combate à pobreza global por meio da Fundação Gates, uma das maiores organizações filantrópicas do mundo.
É possível que alguns leitores tenham críticas com relação a Bill Gates. Afinal, alguém que se mantém por 33 anos consecutivos – de 1992 a 2024 – entre os dez indivíduos mais ricos do planeta passa a ser muito influente e, por consequência, também muito visado. Ele já enfrentou desde processos que o acusaram, entre outras coisas, de práticas monopolistas na Microsoft, até acusações infundadas — e absurdas — de ter tido interesses obscuros nas vacinas e em supostos chips de rastreamento durante a pandemia.
Bill Gates, em conjunto com Warren Buffett, é um dos fundadores do Giving Pledge, um movimento baseado em um compromisso público assumido por bilionários de todo o mundo para doar a maior parte de sua fortuna a causas filantrópicas, seja em vida ou em testamento. Trata-se de um movimento moral e voluntário que busca inspirar uma nova cultura de generosidade entre os mais ricos do planeta
A Fundação Gates, por sua vez, é uma das maiores e mais influentes do mundo. Seu foco principal está em resolver problemas globais urgentes combatendo doenças como malária, HIV, tuberculose e poliomielite; melhorar a educação básica e o acesso ao saneamento em países em desenvolvimento entre outros objetivos.
Apesar de tudo o que ele já fez e vem fazendo no mundo empresarial e da filantropia, a maior de suas realizações foi anunciada neste último dia 8 de maio. Bill Gates comunicou que vai doar toda a sua fortuna nos próximos 20 anos, através da Fundação Gates. E que, no dia 31 de dezembro de 2045, a Fundação fechará suas portas de forma permanente. Declarou Gates:
“A Fundação Gates buscará salvar e melhorar o maior número possível de vidas. Ao acelerar nossas doações, minha esperança é que possamos tirar milhões de pessoas da pobreza. Acredito que podemos ajudar a aproximar o mundo de um futuro em que todos, em todos os lugares, tenham a chance de viver uma vida saudável e produtiva. Podemos ajudar a deixar a próxima geração em melhor situação e mais preparada para enfrentar o próximo conjunto de desafios.
A expectativa é que a Fundação doe mais de U$ 200 bilhões entre agora e 2045. O valor exato dependerá dos mercados e da inflação. A missão da Fundação Gates continua enraizada na ideia de que o local onde você nasce não deve determinar as suas oportunidades.”
A atitude de Gates, mais uma vez, quebra paradigmas e deverá influenciar positivamente muitos outros milionários e bilionários mundo afora. Gates, ao contrário do usual entre os filantropos detentores de grandes fortunas, não pretende deixar uma Fundação para a posteridade. Não está criando um Fundo perpétuo que continuará indefinidamente após sua morte. Ele acredita que o mundo precisa de transformação agora e que as mudanças urgentes não podem ser adiadas.
E mais, ao doar em vida, ele poderá supervisionar, orientar e garantir que seus recursos estejam sendo aplicados exatamente de acordo com sua visão e princípios.
Para finalizar, Gates também passa mensagem do conceito do “suficiente”. Isso porque, mesmo tendo três filhos, ele vai doar 99% de sua fortuna. Ainda que esse 1% restante represente muito dinheiro, doar 99% é um gesto de generosidade extraordinária. É uma demonstração de que, depois de um determinado patamar de riqueza, acumular patrimônio indefinidamente não muda mais a vida de ninguém. Porém, a distribuição de parte desse patrimônio pode, sim, mudar o mundo.
Encerro este texto com uma frase do empresário e filantropo Chuck Feeney (1931-2023), que foi a grande inspiração para a filantropia de Gates:
“A felicidade que você sente ao ajudar outras pessoas é um tipo de felicidade que você não consegue sentir de nenhuma outra forma.”