Robô inteligência artificial lendo livro (Getty Images)
Colunista
Publicado em 13 de julho de 2025 às 09h39.
“A tecnologia existe para facilitar o nosso dia a dia, simplificar tarefas, otimizar o tempo e tornar a rotina mais leve, prática e produtiva.” Esta foi a definição que o ChatGPT me entregou. Em tese, ela está correta, mas, na prática, pode não ser bem assim.
Vivemos numa busca frenética por conveniência. Hoje em dia, não precisamos lembrar o número do celular do nosso melhor amigo, nem pensar no percurso para chegar a determinado destino. Estamos ficando preguiçosos — temos tudo na ponta dos dedos. E isso que nem estou falando ainda da inteligência artificial.
Hoje, ao tentar marcar uma reunião com um cliente pelo WhatsApp — há muito não se usam secretárias para agendar compromissos — recebi um link no qual ele — o cliente — disponibilizava todos os horários livres da semana. Bastou eu escolher um que me servia e, pronto, a reunião foi marcada, sem mais delongas.
Como eu dizia, a busca pela conveniência não tem limites e, muitas vezes, beira o absurdo. Outro dia, deparei-me com o aplicativo “Runpee” – algo como correr para fazer xixi, numa tradução livre. Ele serve para quem vai ao cinema e não quer perder a melhor parte do filme. Ou seja, o app avisa o melhor momento para ir ao banheiro e ainda conta o que você perdeu. E que tal o aplicativo “Nothing” — nada, em inglês? Isso mesmo: você o abre e vê uma tela em branco ou preto, com um cronômetro em contagem regressiva e a mensagem: “relaxe, não faça nada por dois minutos!”. Ou ainda o “No Phone Mode”, que serve para os viciados em celular se autobloquearem e conseguirem fazer outras atividades. Detalhe: você escolhe o tempo de bloqueio, de 15 minutos a 4 horas, e não há como reverter antes disso…
Bem, loucuras à parte, o fato é que o avanço desenfreado da tecnologia, especialmente com o advento da inteligência artificial, tem transformado de forma acelerada os ambientes de aprendizagem e produção de conhecimento. Porém, evidências emergentes — como as apresentadas em estudo recente conduzido pelo MIT Media Lab — acendem um sinal de alerta. O estudo sugere que o uso excessivo dos recursos da inteligência artificial pode acarretar efeitos adversos, como déficit de memória e retenção, menor capacidade de pensamento crítico, diminuição do nível de atenção, entre outras degenerações de habilidades cognitivas.
Portanto, pense duas vezes antes de se entregar por completo à tentação das facilidades e comodidades do mundo digital. As evidências indicam que seu uso excessivo pode fazer mal à saúde — mais do que isso, pode causar atrofia cerebral.