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A produtividade e a lição que vem do cafezinho

A maior produtividade tornará os negócios mais competitivos possibilitando a conquista de novos mercados

 (Imagem gerada por inteligência artificial/Adobe Firefly/Exame)
(Imagem gerada por inteligência artificial/Adobe Firefly/Exame)

Outro dia li um artigo interessante publicado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) sobre produtividade. Todos queremos ser mais produtivos, nāo é mesmo?

Independente da profissão ou ramo do negócio, existem apenas duas formas de se aumentar a produção. Realizando uma maior alocaçāo dos insumos, como trabalho (mão de obra) e capital (matéria-prima, máquinas e equipamentos). Ou, aumentar a eficiência com que estes recursos são utilizados, através do aumento da produtividade.

Enquanto trabalho e capital são finitos, a produtividade pode crescer sem limites com base em fatores como inovaçāo, tecnologia, gestāo, planejamento, treinamento, entre outros. A maior produtividade tornará os negócios mais competitivos possibilitando a conquista de novos mercados. O resultado serāo lucros e salários maiores com o aumento da renda e do bem-estar da população.

O relatório da CNI comparava a evolução da produtividade entre Brasil e Coréia do Sul. Uma análise realizada nos primeiros 20 anos deste século atesta, de forma inequívoca, que o crescimento da produtividade sul coreana fez os seus salários reais (já descontada a inflação) dobrarem, enquanto no Brasil, ficaram estagnados.

Lembrei deste tema ao tomar um cafezinho num quiosque de um shopping. O que chamou à minha atenção não foi o sabor do café, a variedade dos doces ou a decoração do local. Mas, sim, o número de funcionários que trabalhavam no local. Eram nada menos do que nove pessoas trabalhando naquele quiosque com menos de 30 m².

Um funcionário no caixa, dois para tirar os pedidos, um para levar os pedidos até as mesas, um para limpar as mesas, um na máquina do café, um para tirar os doces da vitrine e colocar nos pratos, um para lavar os pratos e, finalmente, o gerente, que supervisionava tudo. O que poderia aparentar organização e eficiência, na realidade era um exemplo clássico de baixa produtividade.

Não tenho dúvidas que com o uso da tecnologia, processos e treinamento, seria viável oferecer o mesmo serviço com apenas quatro funcionários - mais bem treinados, obviamente. Com este incremento de produtividade, o cafezinho e os doces custariam menos para produzir. Assim, o preço final seria mais acessível e as vendas aumentariam. E, de quebra, os quatro funcionários remanescentes teriam salários maiores.

Talvez, a esta altura, você possa estar pensando nos outros funcionários que perderiam o emprego. O que seria feito deles? Ora, com vendas maiores, certamente o dono do estabelecimento vai expandir, abrir novas lojas e contratar novos funcionários.

Este exemplo do quiosque no shopping pode ser extrapolado para toda a atividade econômica. Porém, é bom não esquecer que, para melhorar a produtividade do país, são necessárias também ações governamentais que incluam reformas no sistema educacional, investimentos em infraestrutura, simplificação do sistema tributário e burocrático, além de políticas públicas voltadas para a inovação e desenvolvimento.

Enfim, o recado é simples. Se quisermos realmente melhorar o bem-estar da população e reduzir o abismo da desigualdade social no Brasil, precisamos aumentar a nossa produtividade. Nāo existe outra forma.