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A importância do limite

Com disciplina e diversão, método de pontos transforma ida ao shopping com crianças em experiência educativa e sem imprevistos

Multiplan: Participação de 18,5% foi precificada a R$ 2,5 bi na transação (Multiplan/Divulgação)

Multiplan: Participação de 18,5% foi precificada a R$ 2,5 bi na transação (Multiplan/Divulgação)

Publicado em 25 de janeiro de 2025 às 09h00.

Eu me considero uma pessoa de hábitos, sendo alguns deles tão prosaicos quanto frequentar um shopping às quintas-feiras à noite. Busco meu filho de 11 anos na escola — junto com mais quatro ou cinco colegas — e os levo para desfrutar das atrações do local. Entre elas, uma área de brinquedos eletrônicos e interativos, um enorme playground e um espaço temático com trampolins. Depois da diversão, vamos jantar sempre no mesmo restaurante.

Isso ocorre desde que eles tinham sete anos. Muitos me perguntam, especialmente os pais das outras crianças, se não é extenuante cuidar da garotada em um shopping cheio de gente.

Na realidade, faço isso com prazer. Além de me divertir, aprendo coisas novas ouvindo as conversas e interagindo com as crianças. E o segredo para não haver intercorrências está no método disciplinar que criei de forma empírica, mas com ótimos resultados.

Logo nas primeiras vezes, eu dizia: “Existem apenas duas regras neste passeio. A primeira é ter comportamento, e a segunda é nunca esquecer da primeira.” Em seguida, idealizei um mecanismo de pontuação no qual cada um recebe 5 pontos ao entrar no carro. Qualquer deslize custa um ponto ou mais. Quem perder os 5 pontos não estará habilitado para o passeio da semana seguinte — o que, na realidade, nunca chegou a acontecer.

Cria-se um ambiente lúdico e, ao mesmo tempo, saudavelmente competitivo, que inclui diversão, disciplina e aprendizado. Além de não quererem correr o risco de ficar de fora da próxima ida ao shopping, também não querem terminar a noite com menos pontos do que os colegas. O método reforça a autoestima e estimula o bom comportamento do grupo.

O resultado é impressionante. A turma se diverte muito, praticamente sem ultrapassar os limites pré-estabelecidos. Nada de gritaria dentro do carro, correria pelo shopping ou algazarra no restaurante. Não colocar o cinto de segurança, por exemplo, é considerado falta grave — 3 pontos. A brincadeira me permite “comandar” as crianças com muita tranquilidade e sem sobressaltos. Neste ano que passou, um deles até me presenteou com uma planilha e uma prancheta para que eu pudesse controlar melhor a pontuação.

Como já disse, fiz tudo de forma empírica. Não tenho formação em pedagogia ou psicologia, e nem mesmo usei o sistema de pontos na criação dos meus filhos. Porém, sinto-me confortável em afirmar que, pelo menos para este grupo, a brincadeira tem funcionado muito bem. E, sem dúvidas, serve para reforçar a velha e boa tese: “Se queremos ampliar o horizonte das crianças, precisamos começar pelos limites.”

*Fernando Goldsztein é fundador da The Medulloblastoma Initiative e conselheiro da Children’s National Foundation.

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