Robôs na bolsa - Mito ou garantia de rentabilidade superior?
Sua vida ou o mercado financeiro nunca caberão em um algorítimo, mesmo que você seja um matemático.
profmaurocalil
Publicado em 29 de março de 2018 às 13h01.
A humanidade acumula dados desde sempre. Os homens das cavernas já faziam isso usando suas próprias mentes. E transmitiam estes dados contando histórias. Portanto a faculdade mental da memória, presente no homem e, talvez, em todos os animais, é nossa primeira forma de acumular dados.
Mas um bando de dados, não é um banco de dados. Este último está organizado, categorizado, ordenado e, portanto, tratado de alguma forma. Tal organização permite evolução, permite ao ser humano sonhar e criar com bases mais sólidas. Incrivelmente sonhar com o pé na realidade, projetar voos sabendo que irá alça-los.
Isto é tão poderoso que desenvolvemos o BigData e a inteligência artificial (IA) capaz de analisar e tomar decisões sobre o que fazer AGORA com base na experiência passada. Algo muito humano, não?
Eu mesmo não coloco meu dedo na tomada pois já fiz isso quando era criança. E a inteligência do meu pai me ensinou que posso fazer isso caso a chave geral da casa esteja desligada.
Pronto, as duas últimas sentenças do parágrafo acima acabam de montar um algorítimo simples, usando condicionantes e análise de dados. " Se colocar dedo na tomada com chave geral ligada, então levará choque, Se não colocar o dedo ou Se não tiver chave geral ligada, então choque igual a zero"
Assim funcionam os robôs que operam na bolsa. Analisam dados passados e tentam projetar o futuro. Mas isso funciona ou é mito? A resposta é sim para ambos. Sim funciona e sim é mito.
Para melhor entendimento vou usar minha própria experiência. Não sei se você se lembra de uma empresa chamada Aracurz papel e celulose, uma empresa que produzia um único produto, celulose de fibra curta.
Por ser uma indústria de base o comportamento de suas ações em bolsa era muito simples. Saia de um suporte para resistência e vice versa. Ou seja, de um preço mínimo para um máximo, com muita consistência pelos três meses entre a divulgação dos balanços trimestrais. Este ciclo era interrompido em algumas situações, quando surgia um fato relevante. E, muitos dos fatos relevantes eram positivos pois, tratavam da quebra de algum concorrente europeu ou canadense que não conseguiam competir com os países tropicais onde o ciclo de plantio e colheita do eucalipto é cada ano mais curto.
Se você prestou atenção nos parágrafos acima, e conhece um mínimo de bolsa, viu como é fácil montar um algorítimo e robotizar os ganhos. Eu mesmo operei esta empresa por anos. Lucrei muito, paguei muitas viagens com este algorítimo que, eu mesmo operava. E ainda assim tenho que ser sincero, preferia ter tido um robô para fazer isso por mim pois, chegava a ser enfadonho.
Fato é que esta empresa quebrou na crise de 2008, após uma aposta errada de seus executivos no mercado de câmbio. Talvez orientados por robôs e algorítimos. E neste momento que o robô se torna um mito. Nem o robô, nem eu ou qualquer analista podíamos prever essa derrocada. Por sorte eu estava fora das ações da empresa na época e perdi pouco com a crise. Mas, se eu tivesse automatizado a decisão, o prejuízo seria enorme.
Nós confiamos demais em algorítimos, chegamos a ter medo de questioná-los. Designamos autoridade aos robôs. Isso acontece pois algorítimos são construídos com lógica matemática, justamente a matemática que, já na escola primária, aprendemos a temer e respeitar. Contra números é difícil ter argumentos. Mas isto pode criar uma armadilha nos seus investimentos como o caso da cotação em bolsa das ações da Aracruz.
Recentemente li um artigo do CEO da #SAP, Bill McDermot intitulado "Máquinas não conseguem sonhar" (sugiro a leitura) onde ele menciona o termo Humanidade Aumentada. Ele usa uma frase muito forte para colocar as pessoas, os seres humanos em seu devido lugar . . .
No mesmo artigo Bill mostra um caminho sinérgico para humanos e máquinas. Entre sonhos (imaginação) e IA (dos robôs), justamente a Humanidade Aumentada. Onde tarefas enfadonhas como a de investir consistentemente sejam feitas pelos robôs, enquanto que a construção de estratégias, suas mudanças e julgamento de resultados serão feitos por humanos.
Algo que os melhores fundos multimercado já fazem.
Em uma das aulas do curso do Método FAST eu digo que sua vida não cabe em uma planilha, quanto menos o mercado financeiro inteiro. Ou você acha que um robô seria capaz de produzir uma inversão de posições da noite de 17/05/2017 para a manhã de 18/05/2017?
Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro
A humanidade acumula dados desde sempre. Os homens das cavernas já faziam isso usando suas próprias mentes. E transmitiam estes dados contando histórias. Portanto a faculdade mental da memória, presente no homem e, talvez, em todos os animais, é nossa primeira forma de acumular dados.
Mas um bando de dados, não é um banco de dados. Este último está organizado, categorizado, ordenado e, portanto, tratado de alguma forma. Tal organização permite evolução, permite ao ser humano sonhar e criar com bases mais sólidas. Incrivelmente sonhar com o pé na realidade, projetar voos sabendo que irá alça-los.
Isto é tão poderoso que desenvolvemos o BigData e a inteligência artificial (IA) capaz de analisar e tomar decisões sobre o que fazer AGORA com base na experiência passada. Algo muito humano, não?
Eu mesmo não coloco meu dedo na tomada pois já fiz isso quando era criança. E a inteligência do meu pai me ensinou que posso fazer isso caso a chave geral da casa esteja desligada.
Pronto, as duas últimas sentenças do parágrafo acima acabam de montar um algorítimo simples, usando condicionantes e análise de dados. " Se colocar dedo na tomada com chave geral ligada, então levará choque, Se não colocar o dedo ou Se não tiver chave geral ligada, então choque igual a zero"
Assim funcionam os robôs que operam na bolsa. Analisam dados passados e tentam projetar o futuro. Mas isso funciona ou é mito? A resposta é sim para ambos. Sim funciona e sim é mito.
Para melhor entendimento vou usar minha própria experiência. Não sei se você se lembra de uma empresa chamada Aracurz papel e celulose, uma empresa que produzia um único produto, celulose de fibra curta.
Por ser uma indústria de base o comportamento de suas ações em bolsa era muito simples. Saia de um suporte para resistência e vice versa. Ou seja, de um preço mínimo para um máximo, com muita consistência pelos três meses entre a divulgação dos balanços trimestrais. Este ciclo era interrompido em algumas situações, quando surgia um fato relevante. E, muitos dos fatos relevantes eram positivos pois, tratavam da quebra de algum concorrente europeu ou canadense que não conseguiam competir com os países tropicais onde o ciclo de plantio e colheita do eucalipto é cada ano mais curto.
Se você prestou atenção nos parágrafos acima, e conhece um mínimo de bolsa, viu como é fácil montar um algorítimo e robotizar os ganhos. Eu mesmo operei esta empresa por anos. Lucrei muito, paguei muitas viagens com este algorítimo que, eu mesmo operava. E ainda assim tenho que ser sincero, preferia ter tido um robô para fazer isso por mim pois, chegava a ser enfadonho.
Fato é que esta empresa quebrou na crise de 2008, após uma aposta errada de seus executivos no mercado de câmbio. Talvez orientados por robôs e algorítimos. E neste momento que o robô se torna um mito. Nem o robô, nem eu ou qualquer analista podíamos prever essa derrocada. Por sorte eu estava fora das ações da empresa na época e perdi pouco com a crise. Mas, se eu tivesse automatizado a decisão, o prejuízo seria enorme.
Nós confiamos demais em algorítimos, chegamos a ter medo de questioná-los. Designamos autoridade aos robôs. Isso acontece pois algorítimos são construídos com lógica matemática, justamente a matemática que, já na escola primária, aprendemos a temer e respeitar. Contra números é difícil ter argumentos. Mas isto pode criar uma armadilha nos seus investimentos como o caso da cotação em bolsa das ações da Aracruz.
Recentemente li um artigo do CEO da #SAP, Bill McDermot intitulado "Máquinas não conseguem sonhar" (sugiro a leitura) onde ele menciona o termo Humanidade Aumentada. Ele usa uma frase muito forte para colocar as pessoas, os seres humanos em seu devido lugar . . .
No mesmo artigo Bill mostra um caminho sinérgico para humanos e máquinas. Entre sonhos (imaginação) e IA (dos robôs), justamente a Humanidade Aumentada. Onde tarefas enfadonhas como a de investir consistentemente sejam feitas pelos robôs, enquanto que a construção de estratégias, suas mudanças e julgamento de resultados serão feitos por humanos.
Algo que os melhores fundos multimercado já fazem.
Em uma das aulas do curso do Método FAST eu digo que sua vida não cabe em uma planilha, quanto menos o mercado financeiro inteiro. Ou você acha que um robô seria capaz de produzir uma inversão de posições da noite de 17/05/2017 para a manhã de 18/05/2017?
Mauro Calil é fundador da Academia do Dinheiro