Reforma da previdência – Perda de direitos ou aumento de deveres?
Sem equiparação de teto para recebimento do benefício, a reforma da previdência significará aumento de deveres do contribuinte da iniciativa privada.
Publicado em 15 de março de 2017 às, 13h55.
No dia de hoje (15), foi convocada uma greve geral para protestar contra praticamente tudo que o governo de transição pretende ou já está fazendo.
A paralisação de setores estratégicos como transportes e escolas (inclusive, algumas bem elitizadas), fez com que pessoas que não queriam aderir ao movimento, compulsoriamente passassem para o lado da estatística de quem permaneceu em casa. Isso dará força aos números que os organizadores mostrarão.
O fato que me chama a atenção é o foco exclusivo na “perda de direitos”. Enquanto que ninguém menciona o “aumento de deveres”.
Reza a lenda que o nosso sistema previdenciário governamental não se sustenta. Isso pois não é um sistema de capitalização como na previdência privada, onde você poupa a vida toda para você mesmo receber no futuro.
Não, o nosso sistema não é esse. A previdência social usa o sistema de REPARTIÇÃO, ou seja, quem está na ativa não paga para si, mas para quem já se aposentou. E paga também o sistema de saúde, e outras coisas. Por isso, com o aumento da expectativa de vida, encarecimento da medicina, diminuição da natalidade e dos empregos “tradicionais”, a fórmula se esgotou.
Esses são os maiores argumentos para a reforma. E por isso que alerto nossos alunos na Academia do Dinheiro a tomarem conta, eles mesmos, de garantir seus futuros.
Os números do sistema estão cerrados em uma caixa preta. Não há transparência suficiente para estudos sérios e isentos que mencionem se, por exemplo, 20% dos beneficiários recebem 80% dos benefícios. Talvez a proporção seja outra, melhor ou pior.
Também não há como saber quanto da contribuição dos trabalhadores da iniciativa privada é destinada aos aposentados do setor público. Lembro aqui que o teto do benefício para o trabalhador CLT é de pouco mais de R$5.000,00. Já os funcionários públicos podem receber seus salários integrais e podem se aposentar até mais cedo, com tetos que superam R$25.000,00.
Aqui eu pergunto: um motorista de um Tribunal de Justiça ou dos Palácios de governos ou das Câmaras do Brasil afora, seria um ser humano melhor, ou prestou um serviço melhor à sociedade em sua carreira pública, do que um motorista de ônibus ou do transporte escolar privado?
Por favor me convençam que aqui não há discriminação entre seres humanos. Discriminação de classe social ou profissional – público x privado.
Então, o que na verdade teremos com a reforma será uma carga maior de deveres. O setor privado terá a responsabilidade de sustentar o público por um período maior. Coisa de idade média. Vassalos sustentando as cortes.