O que você escolhe, cigarros ou um carro novo?
As queixas mais recorrentes que ouço em palestras, cursos e consultas são variações da seguinte frase: Não tenho como investir, não sobra nada no final do mês. Eu compreendo tal queixa, pois lido com isso há muito tempo e minha solução para isso é simplesmente mudar a forma de pensar das pessoas através da racionalidade. Um dos casos mais marcantes que atendi um casal de alta renda (50 mil reais […] Leia mais
Publicado em 11 de julho de 2014 às, 15h02.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h24.
As queixas mais recorrentes que ouço em palestras, cursos e consultas são variações da seguinte frase: Não tenho como investir, não sobra nada no final do mês. Eu compreendo tal queixa, pois lido com isso há muito tempo e minha solução para isso é simplesmente mudar a forma de pensar das pessoas através da racionalidade.
Um dos casos mais marcantes que atendi um casal de alta renda (50 mil reais por mês somados) ao me abrirem sua vida financeira contaram que seu maior incômodo era ter acumulado somente 44 mil reais em um plano de previdência após 12 anos de casados. O sentimento que tinham era que trabalhavam para os outros, visto que sempre tinham carnês para pagar. Isso era a mais pura verdade, pois tudo na vida deles era financiado, inclusive aquilo que chamavam de investimento, um imóvel que compraram na planta para vender na entrega das chaves, também havia sido adquirido via financiamento, ou seja, pagando juros.
Enquanto as premissas não mudarem nada mudará na vida financeira de quem quer que seja. Para esclarecer, uma premissa é a ideia inicial, a primeira concepção, da qual se parte para formar um raciocínio. Ou seja, se a sua premissa para fazer um pão for usar farinha, você provavelmente terá um pão ao final do processo, mas se for usar areia, mesmo que branquinha como a farinha, morrerá de fome.
Ao ter como premissa que investimento é algo para receber juros (e não pagá-los) te livrará de muitos e péssimos gastos ao longo de sua vida. No caso que citei, o casal poderia fazer o mesmo investimento imobiliário pagando à vista, e parcelas iguais, usando uma eventual carta de consórcio, etc., mas nunca faria um financiamento convencendo-se que é “investimento”.
No entanto adequar apenas as premissas pode não ser suficiente para a maior parte das pessoas. Quando falamos em enriquecer e formar um grande e sólido patrimônio, também as prioridades devem ser mudadas ou realocadas. Prioridade é a preferência, ou o que você quer mais em detrimento de outras alternativas.
Se eu perguntar a uma pessoa adulta o que seria mais importante para um adolescente de 18 anos, ganhar de seus pais um carro ou ter um pai e uma mãe fumantes? Mesmo dos fumantes, tenho certeza que a resposta seria o carro. No entanto a prioridade, ao menos para os pais fumantes, é fumar e não presentear seu filho com um carro. Veja como funciona:
Um maço custa pelo menos R$4,00. Em um mês são transformados em fumaça R$240,00 (um maço por dia para o pai e outro para a mãe). Em um ano foram gastos R$2.880,00. Com os juros de caderneta de poupança de 0,5% ao mês (sem considerar outras e melhores aplicações) o casal acumularia R$92.964,77 em 18 anos de investimento. Mais que o suficiente para deixar seu filho feliz. São dois filhos? OK, então seriam 46.482,00 para cada filho. Suficiente para o carro e alguns extras.
A mudança na prioridade ocorreria pela simples racionalização e posterior conscientização de que cada maço de cigarros afasta, ao longo dos anos, o outro objetivo que também custa algum dinheiro. Usei os fumantes como exemplo pois tenho certeza que a maior parte deseja largar o vício.
Por muito tempo, muito mesmo, foi colocado no inconsciente coletivo de que é preciso viver o momento, aproveitar o presente, pois ninguém sabe como será o futuro se é que um dia chegará. E eu pergunto: Esta premissa é correta? Se for então realmente é mais prioritário consumir cigarros agora do que presentear os filhos no futuro.
Ninguém duvida que pai ou mãe algum, fumante ou não, quer o melhor para seus filhos. A questão é qual a prioridade que você dá a tudo que se passa em sua vida? É melhor abdicar de pequenos e passageiros prazeres no presente para ter imensos prazeres no futuro? Essas respostas são muito particulares. Nas finanças pessoais você só saberá se obteve as melhores respostas, ou se trilhou o melhor caminho, quando chegar à terceira idade com patrimônio suficiente para manter seu status e padrão de consumo sem depender de favores de parentes (filhos ou não) ou da magra aposentadoria governamental.