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O <em>impeachment</em> e o (seu) dinheiro

De onde realmente vem a indignação verbalizada no discurso da presidente Dilma Roussef (PT), cuidadosamente pontuado, com as acusações que pairam sob a cabeça do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, PMDB/RJ? Não vem pelo simples fato dele aceitar o pedido de impeachment mas, sim, pela constatação de que ao enviar e lutar pela aprovação da PLN 5/15 — que acabou por autorizar o governo a fechar o orçamento […] Leia mais

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Etiqueta Financeira

Publicado em 5 de dezembro de 2015 às, 08h38.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h49.

De onde realmente vem a indignação verbalizada no discurso da presidente Dilma Roussef (PT), cuidadosamente pontuado, com as acusações que pairam sob a cabeça do presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, PMDB/RJ?

Não vem pelo simples fato dele aceitar o pedido de impeachment mas, sim, pela constatação de que ao enviar e lutar pela aprovação da PLN 5/15 — que acabou por autorizar o governo a fechar o orçamento de 2015 com déficit de R$119,9 bilhões — deu fôlego e governabilidade à atual equipe. É claro que esse medida também viabilizou manobrar o transatlântico econômico que não para de fazer água em seus porões, seja qual for o capitão deste navio.

No primeiro dia após a notícia, a bolsa sobe, o dólar cai, assim como os juros futuros. Demonstração clara de animação dos investidores com a notícia de possível mudança no comando do Brasil. Porém, investidores menos afoitos e mais frios sabem que, neste processo, não há uma unanimidade política. Já assistimos a situação semelhante como no caso do impeachment do então presidente Fernando Collor Mello que, por sinal, foi eleito por uma legenda pequena que sequer existe hoje, o PRN.

Este processo tende a ser bem mais complicado e repleto de discussões calorosas. Haverá ainda promessas de passeatas dos que defendem e dos que são contra. Mas a discussão já começou: teremos, ou não, recesso parlamentar a partir de 22/12/2015 até o primeiro dia útil de fevereiro de 2016. Esse é o primeiro questionamento. Além deste, teremos muitos outros em cada etapa do processo de impeachment que, uma vez iniciado, deve ser seguido até o final.

Qualquer que seja o resultado, será um calvário para os governistas que deverão despender muito esforço para se manterem no poder, em detrimento da energia que seria direcionada para fazer a economia voltar a andar adequadamente. Neste ponto Impeachment e Dinheiro se olham de frente.

O que fazer?

Se você é alguém bastante capitalizado, experiente em bolsa de valores, que pode acompanhar em tempo real as cotações das ações e dólar, ao mesmo tempo em que acompanha as etapas cruciais do processo de impeachment e, além disso, tem ainda velocidade e sangue frio para tomar decisões acertadas, você pode e deve surfar as ondas da volatilidade da renda variável. Acredite, será possível fazer bastante dinheiro desde que as premissas que citei estejam totalmente presentes.

Se você é capitalizado mas não tem os demais fatores citados, aproveite as taxas de renda fixa. Elas já se elevaram e, no curto prazo (até três anos), chegaram a impressionantes 18% ao ano. Quer dar um tempero de renda variável com menor volatilidade porém, tendo os mesmos três anos de tempo para esperar? Faça então uso dos fundos de investimentos imobiliários. Existem preços muito baixos por aí, basta procurar.

Porém, se você não tem reserva alguma e depende exclusivamente de seu emprego para pagar as contas, a notícia que vou te dar é triste: o processo de impeachment traz incerteza da situação política que deve agravar a crise econômica, até que tenha terminado. Com isso, o desemprego e inflação devem aumentar e a renda cair. A recomendação é clássica: mantenha-se empregado, corte custos e tenha suas contas sob absoluta disciplina e controle.

Não tenho ideia de quanto tempo o processo pode durar. Também não consigo antecipar qual será o desfecho. O que sei é que seu dinheiro será afetado e, por isso, cuide dele da melhor forma possível.